Os cavalos da GNR e a procissão da Rainha Santa, em Coimbra

Chegam-me ecos dos cavalos da GNR tombados no cumprimento do dever, incapazes de adaptar os cascos às rampas de cadeira de rodas, empalidecendo o brilho que deviam emprestar à procissão da Rainha Santa.

O elefante Salomão, depois batizado de Solimão, que estava em Lisboa, vindo da Índia, foi oferecido por D. João III ao primo, arquiduque da Áustria, Maximiliano II. Segundo Saramago, viajou até Viena, sem tropeçar, e foi capaz de se ajoelhar à porta da basílica de Santo António, em Pádua, num desvio para ajudar os padres da Contrarreforma com o milagre obrado pelo proboscídeo.

Os cavalos da GNR, hoje é menor o poder da Igreja, saíram da Av. Dias da Silva para se estatelarem junto à Igreja de Santa Cruz. Não foi certamente a falta de fé dos cavaleiros, foi o declive liso e escorregadio, ingrato para perissodáctilos, que os derrubou.

Na “Viagem do Elefante”, Saramago mostra como é efémera a vida. O elefante Solimão mostrou o poder do rei e prestou um enorme serviço à Igreja católica para acabar com as patas cortadas, para serem usadas como recipiente de guarda-chuvas e bengalas.

A queda dos cavalos da GNR, mobilizados nos anos pares, para a Procissão, retirou-lhes a glória do garbo na pungente despedida da Rainha Santa Isabel da igreja de Santa Cruz, de regresso ao Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

O PAN interpelou a Autarquia, que declina responsabilidades, e a GNR. A Confraria da Rainha Santa Isabel, organizadora do evento, garante que “há sempre uma passadeira” que, este ano, a câmara Municipal não colocou.

A foto da CNN-TV pode levar a GNR a não sacrificar mais cavalos e a tornar mais laica a instituição. As patas dos cavalos, quando fraturam, não têm cura e, ao contrário das do elefante não servem para recipientes de guarda-chuvas.



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