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A mostrar mensagens de agosto, 2020

Notas Soltas – agosto/2020

Donald Trump – Acossado por sondagens adversas e pelo desnorte com a COVID-19, sugeriu o adiamento das eleições, enquanto radicalizava o discurso para manter exaltada a base de apoio, e antecipava acusações de fraude, para justificar uma eventual derrota.  Comissão Europeia – A presidente, Ursula von der Leyen, prepara um ataque legal aos países com vantagens fiscais para multinacionais, Irlanda, Luxemburgo, Holanda, Malta e Bélgica. Se se confirmar a notícia do Financial Times, Bruxelas vai no bom caminho. Juan Carlos – A emigração do rei emérito, investigado por corrupção, sem honra, sem glória e sem a rainha, é um rude golpe na monarquia espanhola e um prenúncio de que a dinastia que iniciou findará no filho que lhe deu a guia de marcha. Beirute – A cidade que há meia dúzia de décadas era cosmopolita, cheia de vida, estava ferida com a guerra. Depois do brutal acidente que levou a destruição e a morte, tornou-se um pungente campo de escombros, a caminho de ser a ex-c

O carácter do Sr. Bastonário

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Francisco Louçã, no habitual espaço «o tabu de Francisco Louçã» de comentário na Edição da Noite de sexta-feira, foi insuperável com o Momento Zen do último programa. Mas vale a pena ler o contributo que recebi por amável deferência do jornalista, político e amigo, Alfredo Barroso.

Associação 25 de Abril

Car@(s) Associad@(s) Na sequência da divulgação que fizemos de três artigos sobre a situação nos Lares, recebemos um texto do nosso associado Carlos Pereira Martins. Como ele próprio o refere, o Carlos Martins tem conhecimentos, currículo e autoridade para se pronunciar sobre o tema "Ordens Profissionais e bastonários". Razão tem o Carlos Matos Gomes, ao terminar o seu texto com a sugestão de se enviar um bastonário para um povo que habita as florestas do Congo, os Simba. Parece-nos que o referido bastonário não deve ir só. Se se procurar bem, encontra-se certamente alguém com condições para o acompanhar. Talvez num sector afim... Parabéns, caro Carlos Martins! Cordiais saudações de Abril Vasco Lourenço As Ordens Profissionais As Ordens Profissionais actuam com poderes delegados pelo Parlamento, única e exclusivamente para “regular o exercício da Profissão” Escrevo  com  muito conhecimento de causa. Presidi  durante quase  uma década, à Comissão Executiva do Co

Reflexões

Reflexões 1 – Disse-me um médico amigo que o seu bastonário recebe o vencimento do Estado, a pingue remuneração da função, além de chorudas regalias, e está autorizado, pela OM, a exercer medicina privada. Apenas não usufrui o direito de substituir os sindicatos e de se dedicar à carreira político-partidária, em competição com a sua homóloga enfermeira. O que faz. Surpreende-me, quem teve a confiança dos pares, que seja tão lento a pensar. Depois de ter declarado que a reunião com o PM decorreu em ambiente de cordialidade mútua e que aceitou as explicações e o elogio a toda a classe médica, soube que nas redes sociais se afirmava que teve entradas de leão e saída de sendeiro. Então, rugiu como entrou e portou-se como foi acusado de ter saído. 2 – A exibição televisiva de um arguido, presumível delinquente perigoso em pirataria informática, com algemas, é um abuso que me choca. Não sei se a lei determina o uso, a meu ver, mal, quer se trate de um assassino ou de um ladrão não v

O marisco e o molete – Desventuras de um provinciano (minicrónica)

Enquanto vivi na Guarda, com dinheiro escasso, eram raras as extravagâncias, refeições fora de casa, lanches com amigos ou cervejas. Nem para o tabaco e o café bastava o que recebia dos avós, pais e vários expedientes, que incluíam a visita a padrinhos e algumas cartas de namoro encomendadas, por cuja redação me fazia pagar. As maiores despesas eram feitas no Bife à Floresta, no restaurante que lhe dava o nome, e nas imperiais da Casa de Sumos, com tremoços, o marisco de Cavadoude, e raramente com moelas ou amendoins, pagos à parte. Não sei se sabia o que era o marisco e ignorava seguramente o sabor. Quando fui para a Covilhã dar aulas, graças a convites dos amigos do grupo do Dr. Raposo de Moura, que me acolheram, participei, com o apetite da idade, em opíparos banquetes. As sardinhadas das segundas-feiras, na quinta do Sr. João Heleno, com sardinhas oferecidas pelo Jerónimo dos Santos, compradas no fim de semana na lota da Figueira da Foz, eram um agradável festim. No entanto

O garoto rural e a cidade (minicrónica)

Até aos 10 anos, com memória desde os 4, não me recordo de casas de banho. Conhecia a retrete de madeira, com buraco para a corte dos animais ou para a pocilga. Julgava que a retrete em louça, ignorava o termo sanita, fosse exclusiva dos comboios e estações da CP. Havia naturalmente grandes banheiras de zinco, em casas de gente rica, que, depois dos banhos, eram encostadas à parede até novas abluções com água aquecida em caldeiros suspensos sobre a lareira. Era assim no Cume, a 10 km da Guarda, onde a minha mãe dava aulas, e na Miuzela do Coa, onde os avós maternos me mimavam nas férias. Nessas aldeias não havia água canalizada, saneamento, eletricidade ou telefone; na Miuzela, nem água potável. Para beber, ia-se buscá-la à horta do Vale e à do Espadanal, em cântaros de lata, nas cangalhas da burra. Quando entrei no liceu, tinha o pai em Bragança à espera de uma vaga na categoria que o tinha desterrado. Em outubro fiquei numa casa sem saneamento, de gente amiga, logo a seguir ao

26 de agosto – efemérides

1789 – A Assembleia Constituinte francesa aprova a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. (Fizeram mais os deputados franceses num só dia do que todos os clérigos desde que o deus de cada um deles criou o Mundo). 1931 – Tentativa de golpe de Estado em Portugal contra a ditadura. (Há azares que se pagam durante duas gerações. Este levou quase 43 anos a reparar). 2004 – O Supremo Tribunal do Chile retirou a imunidade ao antigo ditador Augusto Pinochet. (Vale mais tarde do que nunca).

O Expresso, o PM e a OM

Quem divulga uma conversa privada, sabendo os danos que pode causar, não cumpre o dever de informar, trai a confiança, que não merece, e exonera a ética da conduta. Não é um jornalista, é um delator que a Pide recrutaria, que qualquer polícia secreta gostaria de ter como informador, exigindo-lhe a exclusividade. Mas, as virgens ofendidas, os promotores de campanhas negras, deviam também refletir sobre a sua postura moral, nomeadamente o bastonário que desconhece os poderes das Ordens, que podem ser revogados pelo Estado que os delegou. Há quem confunda as Ordens, resquícios do corporativismo, que se multiplicaram, com os sindicatos, e bastonários que se julgam em comissão de serviço dos partidos onde se reveem ou de que são militantes. Ninguém ficou bem na fotografia. Todos perderam, o Expresso, o Governo, a Ordem dos Médicos e, sobretudo, a democracia, que ficou mais frágil.

«O Sonho comanda a vida»

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O bicentenário do constitucionalismo português

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O dia de hoje está escrito a letras de ouro no meu devocionário. Duzentos anos passados sobre o fim do absolutismo monárquico é uma data emblemática e um dos raros momentos históricos do calendário da liberdade, em Portugal. Tinha umas ideias alinhadas para o texto de um livre-pensador que não deixaria passar a data sem a celebrar, quando fui agradavelmente surpreendido por um grande Historiador e indefetível amigo, Amadeu Homem, que escreveu um texto irrepreensível na forma e suculento na substância, que vai enriquecer este mural. Quaisquer outras palavras seriam supérfluas e, durante as próximas 24 horas não haverá aqui nova publicação. Fica o texto de Amadeu Homem:                                                                                        *** Amadeu Carvalho Homem NO BICENTENÁRIO DO CONSTITUCIONALISMO PORTUGUÊS : O SINÉDRIO E O VINTISMO (Para os meus Amigos Carlos Esperança e Firmino Silva) Num texto académico em que procurei explanar a “razão e sentimento

A luta política e os venenos

Alexei Navalny, oposicionista do governo de Putin, na Rússia, está inconsciente num hospital, sob suspeita de envenenamento, o que tanto pode ser aproveitamento político da oposição, como um método de combate do Governo. Depois dos assassinatos do político Boris Nemtsov, da jornalista Anna Politkovskaya e do envenenamento de Alexander Litvinenko, no RU, esta reincidente intoxicação torna-se suspeita, e lembra a conhecida anedota do homem que ficara viúvo pela quarta vez. O viúvo recebia pêsames e um amigo quis saber como tinha morrido a primeira mulher, com cogumelos, e a segunda, idem, e a terceira, também. Aqui, o amigo perguntou-lhe se a última também tinha sido envenenada com cogumelos, que não, sofrera uma fratura de crânio. Ah, que azar! Afinal, a última não gostava de cogumelos.

A religião, a moral e a política

No Brasil, uma menina de 10 anos, grávida e violada pelo tio, desde os 6, foi autorizada por um juiz a interromper a gravidez , contra a forte contestação de grupos evangélicos e de extrema-direita que levaram vários hospitais a recusarem fazer o aborto. O juiz determinou ainda a saída da menina da cidade de São Mateus, no Espírito Santo, onde vivia, para Recife, estado de Pernambuco, a fim de fugir aos grupos violentos que procuravam impedir o aborto, agitados pela extremista Sara Winter, líder de um grupo radical de apoio a Bolsonaro. A demência prosélita da senhora Sara Winter levou-a a publicitar a identidade da vítima e o hospital para onde fora transferida, acirrando os fanáticos a impedirem o aborto e a hostilizarem a criança, tendo sido necessária a intervenção policial para controlar o tumulto. Não surpreenderam os grupos evangélicos de extrema-direita que levaram Bolsonaro ao poder, e cultivam o ódio e a violência. Aliás, quem despreza o risco de vida materna, na gravid

Prémio merecido

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A Festa do Avante e a cruzada sanitária

Não tenho opinião definitiva sobre as garantias de segurança da Festa do Avante, mas recuso-me a condená-la, pelo que representa no campo cultural, partidário e político. Não posso, aliás, vê-la de forma diferente à da última peregrinação a Fátima, em 13 de agosto, esperando na Quinta da Atalaia mais precauções do que na Cova da Iria. Aliás, as consequências da celebração pia podem alterar a minha opinião, favorável a ambas. Não me deixo afetar pela qualidade excecional dos espetáculos a que assisti na Festa do Avante pela módica quantia do custo da EP (Entrada Permanente) nem pelo apreço que guardo da luta do PCP contra o fascismo. Influi, neste caso, a oportunidade para músicos e artistas de qualidade excecional terem o palco que merecem e manterem vivo o gosto e o hábito de serem apreciados, ficando para os comunistas a homilia de encerramento. Já as críticas que diariamente são dirigidas ao PCP, numa campanha de anticomunismo primário, merecem o meu repúdio. Nos média, na

Os velhos, as orelhas e as próteses (minicrónica do quotidiano)

As orelhas que, na infância, servem para mostrar a vigilância das mães sobre a higiene e o seu vigor a esfregá-las, adquirem, com o tempo, novas funcionalidades. Os velhos, quando não usaram óculos na infância, começam, então, a suportá-los. Vêm, depois, os aparelhos auditivos. A pandemia veio acrescentar a máscara com os elásticos a segurá-las nas orelhas. Como são um grupo de risco, especialmente preferido pelo coronavírus para a sua tarefa devastadora, é prudente, em aglomerados, que acumulem a viseira para a proteção que a multiplicação de moléstias, que a idade traz, exige. É na ida ao café, quando da chávena aquecida saem eflúvios convidativos à degustação, e, inebriados, nos apressamos a tirar a máscara, a bebida não pode ser saboreada sem a retirar, que nos damos conta de que um dos aparelhos ficou dependurado, os óculos se deslocaram para a ponta do nariz e a viseira caiu sobre a mesa. É então que nos apercebemos de que o único par de orelhas é exíguo para a parafernál

O Público e a banalidade do mal

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Socorro-me da conhecida expressão criada por Hannah Arendt, para explicar a origem do nazismo, para condenar o caráter amoral que perpassa num banal artigo do Público, de ontem, pág.10, da jornalista Liliana Borges. Na secção «Política», a jornalista procura fazer a contabilidade da última sondagem das intenções de voto dos portugueses. Não me interessa a leitura que faz ou a opinião da referida jornalista. O que me indigna é a qualificação dos partidos portugueses, do que aparece em destaque, metáfora do seu pensamento (?), a arrumação política qualitativa. Quando o Chega aparece como partido de direita, qualificativo unânime para os partidos democráticos que integram o PPE, conservadores e democrata-cristãos, branqueia o seu carácter fascista e normaliza a sua aceitação como partido bem frequentado. Tirem os leitores as conclusões, através da foto que deixo.

Assassinado pelos franquistas -18 de agosto de 1936

Frederico Garcia Lorca foi um dos maiores poetas e dramaturgos espanhóis, fuzilado e enterrado em segredo na proximidade de uma estrada por quem odiava a cultura e a vida. Os restos mortais nunca foram localizados, e a poesia resiste ao tempo, a recordar que lhe esconderam o corpo com os versos de fora. Verde que te quiero verde (Federico García Lorca - 1928) Verde que te quiero verde verde viento verdes ramas el barco sobre la mar el caballo en la montaña. Verde, que yo te quiero verde. Con la sombra en la cintura ella sueña en la baranda verdes carne, pelo verde su cuerpo de fría plata. Compadre quiero cambiar mi caballo por tu casa mi montura por tu espejo mi cuchillo por tu manta. Compadre vengo sangrando desde los Puerta de Cabra y si yo fuera mocito este trato lo cerraba. Poema original de Federico García Lorca: Romance sonámbulo Verde que te quiero verde. Verde viento. Verdes ramas. El barco sobre la mar y el caballo en la montaña. Con la som

COVID-19

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Demitam-se as ministras! Era dever da ministra da Saúde evitar os retiros do Opus Dei onde demasiada proximidade entre os padres e excessivo afastamento de Deus, contaminaram, pelo menos, 7 sacerdotes . Nos lares das IPSSs e Misericórdias, a ministra da Segurança Social é a responsável pelas infeções do coronavírus. Devia nomear os provedores em vez de deixar essa tarefa aos bispos e empresários das IPSSs.

Nadador / Salvador

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Há quem só exiba as qualidades quando as televisões estão perto, mas não se pode privar quem não tem essa função de escolher quem quer salvar.

“SALVEMOS AS PEGADAS DE DINOSSÁURIOS DE CARENQUE”

Defender as jazidas de Carenque é um dever cívico e um ato civilizacional. Sensibilizar a opinião pública para a defesa do Património. Para já, urge exigir que se trave a degradação em curso protegendo eficazmente a jazida, à espera de melhores dias. É preciso obter, para já, o compromisso da Câmara de Sintra e do Governo na preservação e, no futuro, a conservação e valorização da jazida com Pegadas de Dinossáurios no Pego Longo, em Belas. Guterres salvou as gravuras de Foz-Côa contra a autarquia, contra a opinião pública e contra a Oposição. António Costa pode salvar as PEGADAS DE DINOSSÁURIOS DE CARENQUE. As gravuras de Foz-Côa não sabiam nadar e as pegadas de Carenque não sabem pedir socorro. Leiam os últimos posts do Prof. António Galopim de Carvalho, uma referência cívica, cultural e científica, sobre o assunto, e participem na luta contra a ignorância e a incúria. https://www.facebook.com/Prof.Galopim

O gatuno e a vítima (Parábola dominical)

Já participei algumas vezes à polícia os assaltos de fui alvo, um deles do automóvel, que apareceu a menos de 1 km do apartamento onde morava, em Lisboa. Participei outros furtos, sempre por arrombamento do automóvel, e se, por acaso, fossem descobertos os gatunos, sentiria o dever cívico de ajudar as autoridades no combate ao crime. Tenho pensado no comportamento que teria se um gatuno roubasse informação que me estivesse confiada, devassasse a minha intimidade e percorresse a casa ou o gabinete da empresa onde trabalhei, e tivesse a sorte de a polícia descobrir o autor. Se tivesse a felicidade acrescida de ser chamado por um qualquer DIAP para apresentar queixa, por se tratar de um crime semipúblico ou particular, e a ação penal exigir queixa do ofendido, não hesitaria a fazê-lo. Contrariamente a pessoas cujo espírito cristão as impele para o perdão, mesmo tendo os bens à sua guarda vasculhados, eu seria implacável. Nunca abdicaria de cooperar com a Justiça na repressão ao crim

Recordando Jaime Cortesão no 60.º aniversário da sua morte

Com 2 dias de atraso. Jaime Cortesão – “Ode à Liberdade” Quero-te, como quero ao ar e à luz Porque não sou a ovelha do rebanho, Nem vendi ao pastor alma e a grei; E onde não haja mais do que o redil, Es tu a minha pátria e a minha Lei. Leva-me onde as estradas me pertençam. Porque as vozes viris que me conduzem Ninguém, melhor do que eu, sabe dizê-las; Porque eu não temo as livres solidões, Onde habitam os ventos e as estrelas. Leva-me ao teu sopro, éter divino, Porque me queima a sede das alturas E o meu amor se oferece sem limite; E és tu que abres as asas aos condores, És tu que ergues os astros ao zénite. Toma-me nas tuas mãos de Sagitário, Faze de mim o arco retesado Pelo teu braço e a tua força inquieta, Pois, quando o meu desejo atinge o alvo, És tu o impulso que dispara a seta. E lá, sempre mais longe, além do Oceano, Nos limites do mundo conhecido, Em plena selva e onde há que abrir a senda, Que eu quero devorar os frutos novos E erguer à beira

O avanço e a desfaçatez do fascismo

Se a tentativa de intimidar personalidades influentes na luta antirracista não provocar um sobressalto cívico e o repúdio generalizado da população, renunciando ao dever de cidadania, abdicamos da liberdade oferecida numa madrugada de Abril de 1974. A investigação e repressão à ameaça anónima, não dispensam a vigilância e a denúncia de intimidações e apelos ao ódio e ao racismo, numa permanente defesa da democracia e da civilização. A indignação não é maior por visarem causas com que sou solidário, teria igual repulsa se o ignóbil ato anónimo fosse dirigido ao deputado fascista. A luta política faz-se com argumentos, não com ameaças, com pedagogia cívica e não sob anonimato. Quanto às organizações fascistas, proibidas pela CRP, devem ser extintas pelos Tribunais. É dever das polícias e do Ministério Público serem céleres e implacáveis na perseguição porque são instrumentos do Estado de direito, cuja defesa lhes cabe, e não corporações que decidam quando e a quem perseguir. É um

A FRASE

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COVID-19 «Não se pode sacrificar segurança e eficácia [da vacina] em nome da rapidez.» (Marta Temido, ministra da Saúde)

Estado amoral

O Ministério Público acusou um cidadão de assaltar clubes desportivos, escritórios de advogados, organismos públicos e a própria PGR, de violar correspondência e tentar extorquir, por chantagem, pingues quantias a troco da entrega dos roubos. Acusa-o de um total de 75 crimes que, a serem provados, transformam em perigoso delinquente o arguido que, aliás, foi detido durante um dilatado prazo. A Justiça, durante a sua investigação, reconhece que há furtos que a beneficiam, que o assaltante pode continuar a atividade, em vez de delinquir por conta própria, ao serviço da Justiça, de modo legal, sob autorização judicial. Quando a Justiça julgar vantajoso e a quem pretender, certamente com o compromisso de honra de só fazer assaltos a pedido e em exclusividade, o delinquente pode tornar-se polícia. Por mais simpatia e interesse que os portugueses possam ter, e têm, pela perseguição de criminosos, e compreensão pelas dificuldades da investigação de determinados crimes, é difícil aceitar

Juan Carlos e o franquismo

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Não interessa quando ou onde se nasce ou morre, importa saber como se vive e o legado que se deixa no campo ético, político ou social. A guerra civil espanhola foi das mais ferozes guerras civis do século passado. De ambos os lados, foi inaudita a crueldade e sequiosa a orgia de sangue, mas era impensável que, depois da rendição do governo, finda a guerra, os vencedores tivessem assassinado mais espanhóis do que todos os que morreram, durante a guerra, dos dois lados. Franco, Hitler e Stalin foram, na Europa, os grandes genocidas dos seus próprios povos. Junto deles, Monsenhor Jozef Tiso foi um menino de coro e Mussolini um humanista. Nunca a Península Ibérica conheceu genocida tão cruel como Francisco Franco, criador da nova dinastia iniciada por Juan Carlos de Bourbon, seu lacaio, educado na Falange. Há dias, J-m Nobre Correia, professor jubilado de Informação e Comunicação da ULB, citava oportunamente declarações ao diário digital “El Diário” de “Ian Gibson, irlandês,

Sobre a liberdade de expressão e outras liberdades

Engana-se quem pensa que é apenas o código penal a limitar a liberdade de expressão, no caso português, honrosamente liberal, e com jurisprudência que a privilegia. Os constrangimentos sociais são suficientemente fortes para condicionar a liberdade dos cidadãos. A tradição é a anacrónica desculpa para a limitar e até o maldito aforismo, “A nossa liberdade acaba onde começa a dos outros”, serve para intimidar quem não desiste da sua defesa. As ideologias políticas e, sobretudo, as religiosas têm tendência a ser totalitárias. Não é a fé individual que está em causa, é o poder institucional das religiões. O proselitismo é a tara monoteísta que começou com Paulo de Tarso e impregnou o cristianismo e a mais implacável das três religiões do livro, o Islão. Só escapou o judaísmo que tem a loucura exclusiva, ser detentor da escritura do Notariado Divino, domiciliado em parte incerta, que lhe confere direitos imprescritíveis sobre a Palestina. O que seria da liberdade de expressão se os c

Biografia do rei designado pelo ditador Francisco Franco

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Ataturk – citação (Homenagem à criação do museu Agia Sophia)

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“As regras e teorias de um velho sheik árabe chamado Maomé e as abstrusas interpretações de gerações de sujos e ignorantes padrecos fixaram a lei civil e penal da Turquia. Eles determinaram a forma da constituição, as mais pequenas acções e gestos do cidadão, a sua alimentação, as horas para levantar e dormir, tradições e hábitos e mesmo os mais íntimos pensamentos. O Islão, essa absurda teologia de um beduíno amoral, é um cadáver podre que envenena a nossa vida. A população da república turca, que reclama o direito a ser civilizada, tem de demonstrar a sua civilização através das suas ideias, sua mentalidade, através da sua vida familiar e seu modo de vida”. (in: BLANCO VILLALTA, Kemal Ataturk, 7ª ed. Ediciones Agon: Buenos Aires, 1993) – Wikipédia

Moçambique – Os portugueses não são racistas (Crónica – 4600 carateres)

Durante 26 meses e 5 dias estive afastado da Pátria, integrado nas forças de ocupação de Moçambique, na guerra colonial. As vicissitudes por que passei antes do embarque, a ansiedade sofrida e a que criei nos meus pais, levaram-me a renunciar às férias em Portugal, enquanto não fosse transferido da zona de guerra para uma zona de paz, o que nunca sucedeu porque se ia dilatando a primeira na proporção em que minguava a segunda. Passei as férias de 1968 e 1969 em Nampula, na excelente pensão de uma conterrânea, de Figueira de Castelo Rodrigo, com idas frequentes à paradisíaca Ilha de Moçambique, hoje património da Humanidade. Convivi com a comunidade civil portuguesa e conheci uma prima direita de meu pai, nascida em Espanha, casada com um português, ambos funcionários dos Correios. Nos dois meses que por ali andei, nunca vi um casal misto ou um criado caucasiano. Ninguém me acreditava quando dizia que a guerra estava perdida, era questão de tempo, sobretudo em 1969, quando a guerr

Isto, sim, é islamofobia a sério

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Há três anos, “Os membros do grupo norueguês “Fedrelandet viktigst” – Pátria primeiro, em tradução para português –, confundiram uma fotografia de um autocarro vazio com mulheres de burka e o ódio foi lançado na internet.” Lutar pela emancipação da mulher é combater todos preconceitos misóginos, religiosos, políticos, sociais ou outros, não é fazer a apologia do ódio a quem foi envenenado desde a nascença com base em livros sagrados e pouco recomendáveis.

Hiroshima - 75.º aniversário do pesadelo coletivo

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Não esquecer, não repetir. Há 75 anos, os EUA eram o único país com capacidade nuclear, e não hesitou em lançar a primeira bomba sobre a população da cidade mártir de um país cúmplice do fascismo internacional onde o anacrónico imperador, tal como hoje, era uma divindade. O crime de Hiroxima não absolve a criminosa participação japonesa na guerra, a acéfala devoção ao imperador e a agressividade japonesa, mas o dia de hoje é para recordar as vítimas e não para julgar o nazi/fascismo na guerra de 1939/45. Hoje, são numerosos os países com capacidade nuclear incomparavelmente superior à de então, do único país, e não faltam líderes, eleitos ou não, capazes de repetir o horror, de provocar novas e mais trágicas destruições. As eleições escrutinam governantes, não avaliam a sanidade dos candidatos, e a sensatez eleitoral já teve melhores dias. A luta pela eliminação das armas nucleares não é um mero objetivo ideológico, é condição de sobrevivência para o planeta de todos n

Juan Carlos foi expatriado

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Tudo o que se passa em Espanha tem reflexos em Portugal, e vice- versa, da economia à política, da saúde pública à das empresas, das instituições às ideias, depois de afastados os países, no campo cultural, quando a repressão fascista era comum e a cultura chegava no Sud Expresso da CP, dissimulada na bagagem, a fugir à vigilância da Pide. Foi assim que a queda da ditadura em Portugal apressou a democratização de Espanha, onde o genocida Francisco Franco ainda se manteve o tempo suficiente para morrer na cama, impune, bem sacramentado, sucedido pelo regime que impôs e o ator que designou, educado nas madraças da Falange e na ética franquista. A deportação do rei emérito Juan Carlos, sem honra nem glória, nem esposa legítima, é um rude golpe na instituição monárquica de alto valor simbólico – a Casa Real –, que, sem o criador da dinastia e sem uma das filhas, afastada com o marido, depois da prisão deste, transforma a Casa Real em albergue de geometria mprevisível. A monarquia f

Momento de poesia

MALDIÇÃO (poema a Salazar) - Jaime Cortesão Por ti, pelo teu ódio à Liberdade à Razão e à Verdade, a tudo o que é viril, humano e moço, a fome e o luto apagaram os lares e os homens agonizam aos milhares no exílio, no hospital, no calabouço. Por ti raivoso abutre cujo apetite sôfrego se nutre de lágrimas, de gritos, de aflições gemem nas aspas da tortura ou baixam em segredo à sepultura os mártires que atiras às prisões. A este claro Povo, herói dos povos, que deu ao Mundo mundos novos, mais estrelas ao Céu, mais luz ao dia; a este livre e luminoso Apolo atas as mãos, os pés e o colo, e encerras numa lôbrega enxovia. Falas do céu, como um doutor no templo mas tu encarnação e vivo exemplo da hipocrisia vil dos fariseus, pelos sagrados laços que desunes, pelos teus crimes, até hoje impunes roubas ao mesmo crente a fé em Deus. Passas... e mirra a erva nos caminhos, as aves, com terror, fogem aos ninhos, e ao ver-te o vulto gélido e felino, mulheres e mães,

Obrigado, ministério da Saúde!

Sou dos acreditam que a esperança de vida não aumentará eternamente, que, no futuro, haverá avanços e recuos e, no presente, efeitos nefastos do combate que a COVD-19 mobilizou e dos que aproveitaram o pretexto para diminuírem a atividade assistencial. Dito isto, foi com asco que, há dias, ouvi a calúnia de que em Portugal teriam sido dadas ordens para diminuir os testes covid para reduzir o número de infetados a anunciar. Não só era mentira como Portugal é dos países que mais testes efetua, per capita. Os alarmistas profissionais e terroristas acidentais não vão de férias. Hoje, a RTP-1, jornal das 20H00, José Rodrigues dos Santos anunciava, com excitação, que nunca tinha morrido tanta gente em Portugal como no mês de julho deste ano, antes de dar a palavra ao bastonário da Ordem dos Médicos, alarmista de serviço e aparente adversário do SNS. Foi consolador ter recebido, horas antes, este email do catedrático jubilado de Pediatria, Henrique Carmona da Mota, uma referência étic

Humor Político (2)

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Rir a bandeiras despregadas

Humor político - Arco da Governação

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Louvado seja o caruncho 'per omnia secula seculorum'!

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Aniversário Há 52 anos, na véspera do dia de aniversário do infeliz milagre da defunta rainha Santa Isabel, a cadeira cumpriu a obrigação para que o caruncho laboriosamente a tinha preparado. Em 3 de agosto de 1968 caiu com a cadeira

COVID-19 (2)

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 Kim Jong-un a queixar-se de Forças de Segurança

COVID-19

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O coronavírus a queixar-se de Bolsonaro

Portugal e a silly season

Portugal não precisa de silly season porque são loucas as quatro estações e tem quem as alimente na sua insânia, má fé ou proselitismo. Tem Marques Mendes todas as semanas, como Pitonisa de Belém ou bruxo de Fafe, que fala com o PR a meio da noite e, a horas acessíveis, com devotos que esperam as suas profecias para alinharem a opinião. Tem António Barreto, a escrever nos jornais e a aparecer com o rótulo de esquerda, que não desmente, para ser a voz da direita mais tesa e a vuvuzela de serviço ao patronato. Tem o ora Dr. Marta Soares, especialista em fogos postos e espontâneos, a aumentar a temperatura estival. Tem o führer de um partido racista que, proibindo a CRP manifestações racistas, cria desfiles antirracistas para negar que seja racismo o assassinato de um ator negro por quem lhe dizia, “Preto, vai para a tua terra”, “volta para a sanzala” e, entrou na cadeia a dizer que “Em Angola, matei vários como este”, com a satisfação do dever cumprido. Tem o PR a comentar todos

Homenagem ao abutre de Santa Comba, em Vimieiro

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Homenagem ao abutre de Santa Comba, em Vimieiro No dia 27 de julho foi pífia a romagem ao cemitério onde o ditador continua morto. Eram escassas as dezenas de nostálgicos, orgulhosos do ódio à democracia, a exibirem as fronhas, a bem da Nação. Mas não nos iludamos, por cada fascista sem vergonha de dar a cara, há centenas que se reveem na ditadura que caiu numa madrugada de Abril, e pretendem outra. Os meliantes anteciparam a homenagem ao cadáver para a véspera, de modo a poderem, depois de deposta a coroa de flores na campa, assistir à missa dominical onde as rezas, o incenso e a água benta servem de detergente para as nódoas do perverso ditador. Depois de aliviada a alma, foram aconchegar a mucosa gástrica tendo como digestivo o discurso do inefável ten. coronel Brandão Ferreira, há várias décadas a bolçar ódio à democracia no correio dos leitores dos diversos jornais. A parte mais aplaudida do discurso do militar, segundo o jornal fascista que o cobriu, foi a referência à