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A mostrar mensagens de março, 2020

Notas Soltas – março/2020

Guiné – A negociação dos acordos sobre as jazidas de petróleo e o tráfico da droga são motivos de turbulência no país onde o tribalismo continua, a tropa é quem mais ordena e a criação de um Estado de direito não passa de utopia. Turquia – A chantagem do PR Erdogan sobre a Europa, enviando os refugiados que lhe rendem pingues milhões de euros, foi um ato de desespero de quem perdeu aliados na política expansionista, na crueldade contra os curdos e na re-islamização do seu país. PR – A queda para os beijos, quando a D. G. S. advertia para os perigos de contágio, foi um péssimo exemplo. Imitou um ex-ministro da Agricultura a comer mioleira quando o eurodeputado António Campos combatia o perigo da doença das vacas loucas. Síria – A tragédia agrava-se, com o Irão e a Arábia Saudita a competirem na hegemonia regional, o sunismo e o xiismo a digladiarem-se e a Turquia e a Rússia a interferirem no horror que produz incontáveis mortos e milhões de refugiados. BPN – Olivei

COVID- 19 – A Diretora-Geral de Saúde

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Graça Freitas - Diretora-Geral de Saúde Se alguém revela ponderação, calma e energia à exposição mediática, é a D-G de Saúde. É a mulher que nos desvanece, a pessoa que melhor transmite serenidade, confiança e esperança, a expor os dados da situação que vivemos, numa crise sem precedentes. Nos momentos dramáticos emergem pessoas assim, cuja firmeza e resistência as tornam credoras do respeito e admiração geral. A sua voz serena é o lenitivo da ansiedade, na sua coragem, dedicação e competência. Obrigado, Dr.ª Graça Freitas.

A voz de um troglodita paramentado

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É bem pior do que os que tenho zurzido. É um bispo medieval a pensar como os patriarcas tribais da Idade do Bronze . « COVID-19 é ‘um clamor de Deus’ causado pelo aborto, eutanásia e ideologia de género» - disse. Quem o ungiu como bispo, João Paulo II, já chegou a santo vitalício.

O Pavor em Tempos de Cólera

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Na guerra a morte gostava dos jovens, na pandemia gosta dos mesmos jovens, agora velhos. Ainda que não a houvesse depois da pandemia, há mais vida além do COVID- 19. A leitura de um poema ou um bom naco de prosa são bálsamo para as feridas de uma época de pavor, tão parecidas com as que acumulam os que fizeram a guerra colonial. Deturpei o título do belo romance de Gabriel García Márquez, onde conta a história do amor de Florentino por Fermina, não para falar do livro do grande escritor colombiano, mas para evocar os tempos que ora vivemos e divulgar um excelente poema de António Lobo Antunes.

COVID- 19 – Oportunistas, canibais e promotores do pânico

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Já cansa ouvir os dirigentes das Ordens dos Médicos, Enfermeiros, Farmacêuticos e do SIM (Sindicato Independente dos Médicos) na batalha política contra as autoridades de saúde e no ataque ao Governo, sem se oferecerem para trabalhar num hospital. Sempre foram assim, mas há parte da frase, «estamos em estado de emergência nacional», que não percebem, e portam-se como antes da crise, agora com mais vigor e mediatismo. E se fossem os 4 alvo de requisição civil, obrigados a trabalhar ao lado dos colegas? Os profissionais exercem com coragem e abnegação as funções, dentro das Unidades de Saúde, enquanto os bastonários e o presidente do SIM, geram dúvidas, incitam o medo e exigem impossíveis, a partir do conforto dos gabinetes.   A constante aparição nas TVs é aterradora. Exigem mais profissionais, quando são eles quem melhor sabe os que há (a inscrição é obrigatória); mais proteção, como se alguém a conhecesse melhor do que os próprios; mais meios, como se numa guerra imprevisível

Jornalismo ou alarmismo?

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Quem tivesse passado ontem por um escaparate de jornais, certamente juntaria às suas legítimas preocupações o medo que tolhe a razão e a angústia que dilacera a esperança. A informação converte-se num veículo de intimidação de uma sociedade já assustada.

Os média, as Igrejas e a COVID- 19

É deprimente e medíocre a informação da maioria dos órgãos de comunicação. Quando as autoridades de saúde se têm pautado por impecáveis princípios éticos e assumido a função pedagógica com exemplar serenidade, há jornais, canais de televisão e de rádio que exploram o medo para aumentarem audiências. Há, em alguns média, o gosto mórbido de convidarem alarmistas profissionais e líderes de corporações que não dão tréguas a um Governo que tem sido a âncora da esperança, na rapidez das decisões, na qualidade da informação e na esperança que transmite. É lastimável o alarmismo das falhas do SNS, apontadas por quem não o queria, como se algum país estivesse preparado para uma situação tão tremenda, como se as mesmas, ou piores, carências não fossem comuns aos países mais ricos. Salvou-se, nesta conjuntura, a grandeza cívica do apoio declarado de Rui Rio ao Governo, sem esperar dividendos da tragédia. Mas, se os necrófagos pululam, dos média às redes sociais, esperava-se das Igre

COVID- 19 – Lido hoje

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Dan Patrick, vice-governador do Texas, disse que preferia morrer a ver as recentes medidas de saúde pública prejudicarem a economia dos EUA (DN) Donald Trump disse que estava ansioso para levar o país a regressar à vida normal o mais rápido possível e sugeriu que uma crise económica poderia resultar em mais mortes, através do suicídio, do que uma pandemia global. (DN) Bolsonaro, o Trump tropical e analfabeto: “No meu caso particular, com meu histórico de atleta, caso fosse contaminado, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria quando muito acometido de uma gripezinha, ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão” (Rede Brasil Atual – RBA) Não são bestas perfeitas porque ninguém é perfeito, mas aproximam-se. Valha-nos, nestes momentos dolorosos, como antiemético, a voz dos poetas, neste caso de um grande poeta:

COVID-19

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Na lúgubre e monótona informação que nos chega não podemos deixar-nos vencer pelo desânimo ou sucumbir à depressão. Em tempos de pesadelo, os sonhos nutrem a vida e dão-nos força para resistir ao isolamento e à morbidez dos pensamentos que provoca. O humor torna-se um bálsamo e o amor uma bênção. Amor com humor se paga

Espanha

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O rei que o genocida Francisco Franco educou nas madraças da Falange, e impôs aos espanhóis, tem sido o maior vírus a molestar a monarquia. Poucos fizeram tanto pelo regresso à República como o rei emérito, Juan Carlos, a sua família e as amantes. Os negócios sujos, as contas no estrangeiro e a sofreguidão sexual estão a desintegrar a monarquia. A via uterina, a mesma que legitima o poder hereditário, denuncia as contas no estrangeiro, as comissões do petróleo, os subornos e as prodigalidades às parceiras de caçadas. Não há máscara que o salve o caçador das denúncias das suas presas.

O CORVID 19, o medo e as liberdades

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Os média referiram as divergências entre o PR e o PM nas medidas que dão ao segundo um poder excessivo, que o próprio não queria e o País desejava. O decreto que institui o estado de emergência teve, na sua moderação, a sensatez de António Costa. Quando está instalado o medo de um vírus, que ameaça as vidas, de imprevisível poder destruidor, de países, instituições, liberdade e civilização, a liberdade é o bem de que as pessoas prescindem, em primeiro lugar. As ditaduras do século passado foram filhas do medo, do desemprego, da insegurança, dos outros, dos diferentes, do desconhecido. O medo, ampliado por alguns média e, sobretudo, pelas redes sociais, onde os néscios dominam, constituem uma poderosa rede de pressão para a repressão. É arrepiante assistir a um noticiário da CMTV. O gosto do sangue e o cheiro a morte atraem os espetadores. Aliás, cada medíocre celebridade que amplia o medo e exige o que uma pessoa serena sabe ser impossível, tem audiência aumentada e uma atenção

No meu país do medo…

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Quando o medo nos domina, porque é incerto o futuro e imprevisíveis as mutações do vírus, porque à nossa volta a insegurança nos contagia, a primeira vítima é o carácter. Perdemos o amor-próprio e descremos do futuro, arruinamos a confiança e duvidamos da sobrevivência, deixamo-nos envolver pelo temor e acabamos em pânico. Vão maus os tempos, em Portugal e no Mundo. Parece que a vocação suicida vai tomando conta de nós. Os novos anseiam um futuro e os velhos temem o abandono. A cultura é um luxo que a vida atual dispensa, a leitura um capricho que alguns teimosos ainda ousam e a arte uma atividade supérflua à espera de outros dias. As pragas que outrora pressagiavam desgraças de um Deus vingativo, sinal do Céu de que bruxas, judeus ou hereges tinham ofendido o deus de Abraão, são agora a realidade que exige máscaras de proteção e o isolamento das pessoas. O medo é a arma contra a dignidade. E o medo, um medo que não é irracional, tolhe-nos primeiro a coragem, corrompe-nos depoi

Equinócio da Primavera

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Lá fora a chuva cai sem pressa de chegar ao chão e o frio pauta um dia pardacento onde o equinócio da Primavera, no Hemisfério Norte, teve lugar às 3H50. H 17 anos, na sequência da infeliz reunião nos Açores, começaram a cair bombas sobre Bagdade. Foi o início da guerra que não finda e de uma catástrofe. A mentira serviu de pretexto – armas de destruição maciça –, e os objetivos alegados – a democratização do Iraque –, estiveram à altura da insensatez demente dos autores da tragédia. Hoje, 17 anos depois, não são as bombas que ameaçam um país, é a guerra global que chega, com igual terror e incerteza, então levados ao Iraque, agora sob a forma de um ataque biológico indiscriminado e sem fronteiras. Gostava de saudar este equinócio com o famoso quadro, «Alegoria da Primavera», de Sandro Botticelli, e a meteorologia aconselha-me a esperar por dias melhores, mas a cada Inverno há de suceder sempre uma Primavera. Por isso, no dia de hoje, valha-nos um cartunista com humor para re

COVID- 19 – A Ana e o Fernando

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Quando o medo e a incerteza se agravam, as notícias não tranquilizam e as redes sociais disseminam o pânico, a insegurança apodera-se das pessoas e surge o que há de pior em cada um. O egoísmo dos açambarcadores, os instigadores do ódio e os pregadores do apocalipse encontram terreno fértil para a demência a insensatez e a maldade. É nestas alturas que, a par da pusilanimidade, do egoísmo e da desumanidade, aparecem exemplos que nos redimem, atos que, na sua singeleza, revelam o altruísmo que habita as pessoas de bem. Seria enorme ingratidão silenciar o exemplo que preenche esta crónica, de onde exonero a literatura para referir a comovedora disponibilidade da Ana e do Fernando. Quero viver para os abraçar, quando, depois da tempestade, vier a bonança. No prédio onde habito há 17 apartamentos de tipologia diversa e os moradores são maioritariamente idosos, os mais vulneráveis ao coronavírus, alguns com dificuldade de locomoção. No 2.º andar vive um casal jovem cujos nomes des

Covid- 19

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                                                              A IURD e os milagres Quando os pagadores de dízimo ao sr. Edir Macedo, promotor da eleição de Bolsonaro, mais precisavam dos milagres da sua Igreja, o agiota da fé suspende a produção e a distribuição. Nas suas igrejas estavam armados os altares, com a mala em cima e os seus discípulos prontos a fazer milagres, quando o Sr. Edir lhes ordena: fujam, que esses gajos têm vírus. As vítimas da sua gula são desprezadas e privadas de espetáculos milagreiros que fazem a riqueza e o fausto do pregador que se estabeleceu no ramo com assinalável êxito. Não é justo. Crise na indústria dos milagres

PORTUGAL ACAGAÇADO

O portuga parece que já está a entender o que se passa. Olha à sua volta e vê cada vez menos semelhantes. Olha para a tv e até a cmtv dá mais desgraças, como se fosse possível. E, desgraça das desgraças, não há futebol!!! O que vai ser da gente? Quando nem a Católica tem resposta ... E mesmo Fátima vai fechar ... Que não falte vinho ... meu Deus, pelo menos. ORAÇÃO SENHOR PROTEGEI-NOS SENHOR SOMOS PORTUGAL SENHOR SOMOS FÁTIMA SENHOR, TERRA DE VOSSA MÃE ....................................................... PAI NOSSO AVÉ MARIA ....................................................... Senhor livrai-nos deste terrível vírus ........................................................ Senhor perdoai-nos os nossos pecados ...................................................................... PAI NOSSO AVÉ MARIA ATO DE CONTRIÇÃO .................................................................... Senhor protegei o futebol Senhor protegei as telenovelas Senhor protegei a Fát

Cimeira das Lajes – 16 de março de 2003

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Se na tarde de hoje, há 17 anos, tivessem estado na Ilha Terceira, na base das Lajes, os da fotografia anexa, em vez dos quatro que todos conhecemos, não teria havido a cimeira da guerra onde, em macabra encenação, foi anunciada a invasão do Iraque. O mundo não se teria livrado dos vírus, mas ter-se-ia evitado a tragédia cujas ondas de choque nunca mais deixaram de fazer sentir-se, no terrorismo, nas tensões entre o sunismo e o xiismo, na instabilidade das fronteiras do Médio Oriente e da paz mundial.

Coronavírus – A diferença entre o humanismo e os negócios

Há, neste exemplo obsceno, o abismo entre quem defende a vida e quem faz negócios, entre a solidariedade e o lucro à custa do sofrimento humano, entre quem se sacrifica para salvar vidas e quem sacrifica a vida dos outros para promover um investimento. É o carácter abjeto que torna execrável o neoliberalismo e faz a diferença entre Merkel e Trump, entre a Europa e os EUA, entre a civilização e a barbárie. Governo alemão confirma: Trump tentou ter direito exclusivo a vacina contra coronavírus .

Há vida para além do Covid- 19, mas urge tomar precauções.

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Em vez de ouvir autarcas infetados pelo oportunismo, desejosos de se converterem em figuras nacionais, de passarem da presidência da paróquia à do País, é de elementar bom senso estar atento ao que nos pedem ou exigem as autoridades sanitárias, e ignorar o que dizem os néscios que se julgam cientistas. Os opinantes da localização de aeroportos transferiram-se para a ciência do combate ao coronavírus, sempre com melhores soluções do que o Governo, mais preparados do que os infeciologistas, com a certeza reforçada pela fé, o oportunismo e a vaidade. Tenho-me preservado das relações sociais que tanto aprecio, disciplinado e certo de que qualquer conselho da OMS ou das autoridades nacionais é incomensuravelmente mais importante do que o que dizem uns provincianos mediáticos armados em cientistas. Há medidas ideais, inconciliáveis com a necessidade de reabastecimento dos produtos essenciais, mas parecem não pensar nisso alguns azougados bonzos regionais e locais, incapazes de preverem

SNS – Um bem incomensurável e insuficiente

Quando surgem tragédias imprevistas, por mais benefícios que os necrófagos procurem tirar delas, há momentos de reflexão que se impõem. Nunca serão suficientes os meios, não chegarão a todos e hão de tirar-se conclusões sobre os custos/benefícios do SNS. O efeito demolidor de um vírus nas sociedades neoliberais, na economia, no emprego e na qualidade de vida de futuras gerações, há de rever muitos conceitos e anunciar novos paradigmas para os quais ainda não temos modelo. Mas haverá conclusões irreversíveis.  A saúde privada é um negócio, não é um serviço.

A pandemia, a morbilidade partidária e a insânia episcopal

O Mundo não estava preparado para a pandemia do coronavírus e muitos indivíduos não estão preparados para viver em sociedade. Alguns, com elevadas responsabilidades, não têm a inteligência emocional, a racionalidade e a decência que deviam. A incapacidade de perceberem que estamos a viver um momento de enormes incertezas e profundas alterações, uma catástrofe cujo desfecho ignoramos, transforma as pessoas aparentemente normais em execráveis trogloditas. O jornalista Rui Tavares Guedes, refere na Visão, ontem, a conferência premonitória de Bill Gates, em Vancouver, março de 2015, em que disse a uma plateia calada que tinha crescido a temer a possibilidade de uma guerra nuclear e que tinha mudado de opinião, afirmando: “É mais provável morrerem 10 milhões de pessoas nas próximas décadas devido a um vírus altamente contagioso do que devido a uma guerra nuclear. A maior ameaça já não são os mísseis, mas sim os micróbios” (pág. 22). Disse-o há 5 anos. Entre a capacidade intelectual e

Coronavírus

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«Fabio Wajngarten, o chefe da Secretaria de Comunicação do governo brasileiro, está infetado com coronavírus, após uma viagem de estado aos EUA. De acordo com o jornal O Globo, o secretário de Bolsonaro realizou o exame em São Paulo e aguarda agora contraprova, em isolamento. Wajngarten esteve no fim de semana passado a almoçar com Donald Trump, presidente dos EUA, pelo que a embaixada norte-americana já pediu satisfações a Brasília.» Fonte: Jornal de Negócios, ontem Comentário: A proibição dos voos europeus por Donald Trump pode ser um equívoco quanto à localização geográfica do Brasil.

Nem tudo está perdido…

A disponibilização de centenas de médicos reformados para reforçarem os cuidados de saúde, cujos recursos se tornaram ainda mais escassos nesta situação de emergência, é um ato de grande generosidade e humanismo. Quando os estudantes da Universidade, fechada para evitar situações de contágio com o coronavírus, superlotaram as discotecas, e numerosas pessoas, contrariando autoridades de saúde, se aproveitaram do Sol de março para uma ida à praia, julgamos que o País é habitado por loucos. Mas, quando médicos reformados, idosos e mais vulneráveis, renunciam ao descanso e aceitam correr alguns riscos para fazerem o que sempre foi a sua profissão, cuidar dos doentes, é justo acreditar que o humanismo e a solidariedade os habitam. Há nesta disponibilidade uma grandeza ética e um sentido de dever que enternece quem julgava que só o dinheiro e o poder comandam a vida. Os médicos que renunciaram ao merecido descanso, depois de uma vida de trabalho, para ajudarem os que se encontram em pl

A morte de Oliveira e Costa e a ingratidão

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O fundador do BPN faleceu ontem e não se vê nos média um voto de pesar, o anúncio de uma única personalidade no velório ou a fotografia do condomínio da Coelha onde os seus amigos mais próximos eram vizinhos e, eventualmente, beneficiários. Não se viu a compunção dos que colaboraram na SLN/BPN, onde se sentaram, entre outros, ex-ministros e altos dirigentes do PSD, como Dias Loureiro, Daniel Sanches, Arlindo de Carvalho, Rui Machete, Duarte Lima e Joaquim Coimbra, ou beneficiaram dos investimentos na galáxia do ora defunto, como o próprio Cavaco Silva. Afastado do BPN em 2008, com uma indemnização de 800 mil euros, o ex-governante morreu com presunção de inocência, sem transitar em julgado a condenação de 2017, 14 anos de prisão por crimes de falsificação, fraude fiscal qualificada, burla qualificada e branqueamento de capitais. Oliveira e Costa era pródigo. Enquanto foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais concedeu vultuosos perdões fiscais a empresas da zona de Aveiro, o

Marcelo e o Governo_2

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No meu texto de ontem, houve leitores que confundiram o júbilo referido com a tomada de posse do atual PR com o apoio ao inquilino de Belém, aliás em reclusão voluntária na sua própria casa, por motivos incompreensíveis, depois de se saberem negativos os testes do coronavírus. Independentemente de não lhe fazer a ofensa de o comparar ao antecessor, o que seria injusto, e do respeito que lhe devo pelas funções que exerce, o regozijo deveu-se à saída do antecessor e da tralha que acabou por acompanhá-lo, há quatro anos.

Marcelo e o Governo

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Em momento particularmente grave, já com alarme do efeito demolidor do coronavírus na economia mundial, sem previsão das graves consequências no país, o PR veio dizer que não dissolve a AR neste seu mandato e, perante as lutas partidária e as dificuldades do Governo, que “Não se pode começar a legislatura com ambiente de fim de ciclo”. A primeira afirmação faz dos eleitores parvos. Seria o suicídio político, a impedir-lhe a reeleição, quando só dispõe de seis meses para usar a sua prerrogativa, dissolver a AR, vedada nos últimos seis meses deste mandato e nos primeiros seis do segundo. É uma forma injusta e sibilina de fragilizar um Governo para o qual ainda não há alternativa. A segunda afirmação, em modo de intriga, é mais grave. É um ataque feroz ao Governo e à AR onde os partidos fazem política, como devem, e o Governo negoceia como pode. É uma afirmação demolidora, e não se vê que colha qualquer benefício pessoal, além da vontade de apoiar a direita, fora do tempo, porque n

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Há maior pontaria a preservar a fé do que a combater as epidemias.

Portugal, um país exótico – A Operação Marquês

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«No primeiro dia do debate instrutório do processo da Operação Marquês, o Procurador Rosário Teixeira avisou que o país pode perder a confiança na justiça, se o caso, que envolve José Sócrates, não for a julgamento.» (SIC-N) Como os meus amigos sabem e os leitores podem verificar, mantive sobre o processo o mais completo silêncio, mesmo quando as violações do segredo de Justiça eram graves e os atropelos aos direitos dos arguidos, que em qualquer momento pode ser um de nós, se revelaram danosos para o Estado de Direito. Foram anos de julgamentos na rua e nos média do costume, sem presunção de inocência. Agora, quando o principal investigador do processo admite a possibilidade da não ida a julgamento do ‘caso’ e invoca, não as provas, mas a necessidade de manter a confiança na Justiça, parece não haver forma mais eficaz de lançar suspeitas sobre a investigação e as provas obtidas. A agravar as dúvidas, aparece no último Expresso, na primeira coluna da contracapa do primeiro ca

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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À mãe, à mulher, à filha e às netas. À primeira recordo-a com saudade, à segunda com a gratidão e amor de 45 anos e à filha e netas com a imensa ternura do pai e avô que delas se orgulha. E a todas as mulheres.  As mulheres são metade da Humanidade e a outra metade é filha delas.

Até aqui cheguei…

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Há dias vi um excelente filme, “J'Accuse – O Oficial e o Espião”, a história do capitão Alfred Dreyfus cuja memória me remeteu para o artigo de Émile Zola, um escritor que influiu na formação do meu gosto literário. O filme, de Roman Polanski surpreendeu-me pela qualidade e rara beleza de que só a genialidade do velho cineasta foi capaz. Quando surge um novo filme de Woody Allen, não resisto igualmente à delícia que o notável cineasta, músico, intérprete, escritor e comediante me proporciona. Desconheço se as acusações de que são alvo quanto a longínquas e reprováveis atitudes contra mulheres são verdadeiras. Não serei eu a absolver ou minimizar os crimes, e não deixarei de apreciar as suas obras e tê-las por imprescindíveis. É a mesma razão que me levou a conduzir mil quilómetros para ver Guernica, quando o quadro de Picasso veio para Espanha e foi apresentado no Palácio do Bom Retiro, um quadro emblemático do maior artista plástico do século XX, que voltei a apreciar demora

A FRASE

«No primeiro dia do debate instrutório do processo da Operação Marquês, o Procurador Rosário Teixeira avisou que o país pode perder a confiança na justiça, se o caso, que envolve José Sócrates, não for a julgamento. (SIC-N)» Comentário - Esta frase é que abala a Justiça, pelas dúvidas que o investigador principal levanta e pela sua falta de confiança nas provas.

É a vida...

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Os média prosseguem no frenesim do coronavírus, o PR na incontinência verbal, as Bolsas nas quedas das cotações e a população, assustada, entre abúlica e ansiosa, à espera das desgraças que lhe são servidas em doses tóxicas. Prepara-se a tempestade perfeita para a crise económica, financeira, política e cívica, com os partidos que sustentaram o anterior Governo mais empenhados na sua quota de eleitorado do que na hecatombe de que podem ser vítimas. Valha-nos o humor galego para aliviar a pressão .

Marcelo, política externa e exposição mediática

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Não esqueço o alívio da tomada de posse do atual PR, depois de o meu voto ter ido, como devia, para Sampaio da Nóvoa, por coerência e fidelidade aos meus princípios. Mantêm-se, aliás, as razões do alívio, após duas décadas alternadas de um ressentido e rancoroso PM e PR. Marcelo, inteligente, culto e simpático, criou um ambiente salubre, com a vantagem de prescindir da prótese, omissa na CRP, uma primeira dama, resquício monárquico que as Repúblicas deviam abolir, porque é uninominal o cargo e há muitas razões para ser mulher a titular, e nenhuma para ser adereço. Perdoei ao PR a outorga da Ordem da Liberdade a Cavaco Silva, a venera que devia ser reservada aos militares de Abril e aos que lutaram, sofreram e resistiram à ditadura. Vi no ato uma traquinice de quem serve sopa temperada com presunto a um muçulmano. Depois disso, vieram os ósculos aos anéis dos bispos, as genuflexões pias, as cerimónias públicas com crescente clericalização, cerimónias onde os clérigos romanos man

O SMMP, a PGR e a democracia

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A atual configuração do Ministério Público deve-se a um excelente magistrado, Cunha Rodrigues, que parecia eternizar-se no cargo, e foi o arquiteto de uma magistratura que, apesar de hierárquica, está equiparada à magistratura judicial em vencimentos. Há vantagens e inconvenientes na atual configuração do MP, que deixou de ser o acesso à magistratura judicial. A perturbação e, talvez, pela politização, surgiu com o advento de sindicatos de magistrados, uma aberração, sobretudo a ASJ, com direito à greve num órgão da soberania. A politização verifica-se nos sindicatos com dirigentes sindicalistas, como é natural, e que leva a situações menos claras. A campanha feita pelo SMMP contra o PGR, juiz-conselheiro Fernando Pinto Monteiro, após a saída, só rivalizou com a defesa da sua sucessora, oriunda do Ministério Público, que, apesar de ter escrito e dito publicamente que considerava o mandato único, depois de ter sido alargado, e da opinião expressa pelo jurista Marcelo Rebelo de S

O PR, o coronavírus e a doença das vacas loucas

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Há mais de três décadas surgiu na Europa uma doença neurodegenerativa que afetava o gado doméstico bovino e se propagou aos humanos, com iguais consequências. Em vez de se tomarem as medidas devidas, preferiu-se negar a doença, na defesa dos interesses dos criadores de vacas. O então ministro da Agricultura apareceu a comer mioleira de vaca à frente das câmaras de televisão, enquanto se pôs em marcha a campanha que atacava o carácter e denegria, de forma demolidora, o eurodeputado António Campos, que teve a coragem de insistir nos perigos da doença e alertar, não apenas Portugal, mas a Europa. Só quem estivesse couraçado nas lutas contra a ditadura, como o eurodeputado estava, teria a coragem de insistir na denúncia do perigo e nas medidas de prudência, perante a vaga de insultos, ofensas e ameaças. A encefalopatia espongiforme bovina, que ficou conhecida por doença das vacas loucas, foi debelada, se a memória me não falha, pela proibição de alimentar os bovinos com farinhas on

O VINTISMO – 2 de março

No último ano desta segunda década do novo século e milénio, comemora-se o primeiro ano do «Vintismo», um bicentenário caro aos democratas, em que é dever homenagear os arautos da liberdade. Começo por referir efemérides do dia de hoje, 2 de março. Vintismo é o nome genérico da situação política em que predominaram soluções liberais e que dominou Portugal entre agosto de 1820 e abril de 1823. Iniciado em 24 de agosto de 1820 no pronunciamento militar do Porto, conduziu à formação da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino presidida pelo brigadeiro António da Silveira Pinto da Fonseca. Terminaria ingloriamente com a Vilafrancada, em 27 de maio de 1823, em Vila Franca de Xira, na sublevação militar que levou à abolição da Constituição Política da Monarquia Portuguesa de 1822, mas a semente germinaria depois. Desse período exaltante, espero que o ilustre historiador Amadeu Homem e outros historiadores democratas nos deem, a partir de 24 de agosto p. f., o seu contributo para a c

A corrupção, a política e a demagogia

Quando alguém afirma que “todos os políticos são corruptos”, interrogo-me se esse alguém é ignorante, fascista ou pretende, apenas, gritar as frustrações e dizer que, ao contrário de ‘todos os políticos’, (ele ou ela) não é ou não pode. Cinco anos de ditadura militar e 43 de fascismo deixaram marcas indeléveis na nossa sociedade. A raiva contra os políticos é a herança transitada por má fé ou ignorância, de geração em geração, como se os políticos fossem menos honrados do que o comum dos cidadãos e as generalizações não fossem a revelação da indigência intelectual e cívica que habita um país cujas causas do atraso foram magistralmente analisadas por Antero de Quental na conferência sobre «As Causas da Decadência dos Povos Peninsulares». No entanto, a corrupção corrói a democracia, tanto, ou mais, do que o nacionalismo e o populismo de que se alimenta a extrema-direita. O combate à corrupção é uma tarefa urgente, que envolve a sociedade, e não pode contar com acusadores profissionai