No meu país do medo…

Quando o medo nos domina, porque é incerto o futuro e imprevisíveis as mutações do vírus, porque à nossa volta a insegurança nos contagia, a primeira vítima é o carácter. Perdemos o amor-próprio e descremos do futuro, arruinamos a confiança e duvidamos da sobrevivência, deixamo-nos envolver pelo temor e acabamos em pânico.

Vão maus os tempos, em Portugal e no Mundo. Parece que a vocação suicida vai tomando conta de nós. Os novos anseiam um futuro e os velhos temem o abandono. A cultura é um luxo que a vida atual dispensa, a leitura um capricho que alguns teimosos ainda ousam e a arte uma atividade supérflua à espera de outros dias.

As pragas que outrora pressagiavam desgraças de um Deus vingativo, sinal do Céu de que bruxas, judeus ou hereges tinham ofendido o deus de Abraão, são agora a realidade que exige máscaras de proteção e o isolamento das pessoas.

O medo é a arma contra a dignidade. E o medo, um medo que não é irracional, tolhe-nos primeiro a coragem, corrompe-nos depois a dignidade e, finalmente, mata-nos. Com os sucessivos eclipses da ética, da honra e da solidariedade, acabamos como vegetais, sem luz para a fotossíntese, e mortos. De medo e de vergonha.

António Costa não perdeu a cabeça e mostra que é ele o comandante de um barco cujas águas onde navega nenhum marinheiro conhece.

Saibamos estar à altura da tragédia que a Humanidade enfrenta, preparados para recuar aos níveis económicos do primeiro quartel do século passado, sem perder os valores que moldaram a civilização europeia nem renunciar à democracia e aos Direitos Humanos.

Nota – Adaptação de um texto escrito há cinco anos.

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