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A mostrar mensagens de dezembro, 2020

Notas Soltas – dezembro/2020

Eduardo Lourenço – Faleceu um dos nossos mais originais e influentes pensadores de sempre. Fecundo ensaísta, filósofo, historiador, escritor e crítico literário, nascido em S. Pedro do Rio Seco (Almeida), foi uma figura ímpar da segunda metade do séc. XX e do século que deixou aos 97 anos. Eduardo Lourenço_2 – A missa nos Jerónimos, com dois cardeais, foi a confiscação feita pela Igreja, Governo e PR do cadáver do intelectual cujo pensamento recusou duas ortodoxias, o catolicismo, alicerce ideológico da ditadura, e o marxismo. Sérgio Moro – O juiz venal que perseguiu Lula da Silva e foi ministro de Bolsonaro, é o novo diretor da empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal, administradora judicial da Odebrecht, empresa que ele investigou e usou para perseguições políticas. Hungria – O eurodeputado de extrema-direita, József Szájer, casado e com 1 filho, foi detido pela polícia belga numa orgia gay com mais 25 homens. Da máxima confiança do PR Viktor Orban era o grand

Saddam Hussein – um ditador laico assassinado pelo Eixo do Bem

Não podemos esquecer o crime contra a Humanidade nem o sangue que derramaram no Médio Oriente os 4 do bando reunido nos Açores, sob o signo da violência e a pretexto da democracia, invocando o que sabiam ser mentira, a existência de armas químicas. Os quatro Cruzados cristãos, sob o comando do evangélico Bush, decidiram destruir um país e empenhar-se numa orgia de sangue. Os europeus eram católicos. Blair, ainda com o pseudónimo de anglicano, por conveniência eleitoral, transferiu-se para o catolicismo quando acabou o mandato de PM do R.U. Aznar, o empedernido franquista, e Barroso, um mordomo disponível para todos os negócios, completaram o sinistro gangue. Os quatro do bando, do Eixo do Bem, partilhavam a amoralidade e a violência. Não lhes tremeu a mão ao assinarem a invasão, e nenhum deles se envergonhou da pena de morte banida dos códigos penais dos países europeus. O enforcamento de Saddam, o primarismo medieval de sabor texano que alguns países conservam, foi executado per

Eleições presidenciais - A frase de um beato hipócrita

“Se não fosse a situação complexa faria um comentário mais duro ao Orçamento”. (Marcelo Rebelo de Sousa, recandidato às eleições, dissimulando um duro comentário)

O dilúvio na freguesia de Ponta Delgada, na Madeira

 As tragédias madeirenses merecem pouco mais atenção do que os governos autocratas do PSD que têm assinatura onde o salazarismo tinha raízes. Terminaram as provocações de Jardim, mas a autocracia continua e o Continente serve apenas como inimigo para a propaganda eleitoral, participação nos orçamentos e fiador dos desmandos financeiros. Neste Natal, a freguesia de Ponta Delgada, no concelho de S. Vicente, no norte da ilha da Madeira, foi fustigada com 30 horas ininterruptas de chuva diluviana, enquanto a montanha se desfazia em derrocadas sobre a fajã em que a pequena vila se localiza. A chuva irrompeu pelas casas e estradas, desfez o cemitério e deixou sem água, luz e comunicações a população. Falharam as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que apenas tinha divulgado um benigno aviso amarelo, apesar do investimento de mais de três milhões de euros num sofisticado radar meteorológico, inaugurado em janeiro com pompa e circunstância. Uma obra pública em cu

Religiões monoteístas

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  Proteja-se Se é consciente do perigo da covid-19 e de que a idade é um risco acrescido, vacine-se logo que o chamem. Se é homem e preza a salvação, não se esqueça de usar cuecas metálicas pois o perigo espreita-o e pode comprometer o destino da alma. Palavra do Senhor: ***** A antiguidade é um posto (Humor de Eugénio Merino - Espanha)

O coronavírus e a informação

O coronavírus, além da tragédia global que provocou e continuará a acentuar, tornou-se o indutor do ensandecimento coletivo, particularmente a nível informativo. Todos recordamos a ansiedade com que os média procuraram o anónimo português que trabalhava num navio, algures na costa do Japão, e cuja quarentena impediu que as TVs o exibissem como troféu do primeiro infetado nacional. Era um motivo de vergonha do país, que não podia ombrear com outros onde a infeção chegou primeiro. Nem um caso! O orgulho nacional só se recompôs com os primeiros casos relados de forma épica e que diariamente eram gritados com sucessivas marcas onde a Madeira permanecia a nódoa que não apresentava um só caso de infeção, primeiro, e de qualquer morte depois. Passaram a ser servidos, todas as horas, os números de infetados, hospitalizados, mortos e recuperados do dia anterior, em épica euforia, como se a epopeia da desgraça fosse um desígnio e a pressão sobre os serviços de saúde devesse colapsá-los.

Eleições presidenciais – Carta aberta aos socialistas

Car@s socialistas Sou um social-democrata sem vínculo partidário, desolado com as intenções de voto no candidato Marcelo Rebelo de Sousa, por quem se diz de esquerda e simpatizante do PS.   “Quem não se sente não é filho de boa gente”. Recordo aos ingénuos que Marcelo é um candidato de direita, que prescinde de campanha eleitoral porque apenas prolonga a que faz há cinco anos, permitindo-se ofender-vos e humilhar-vos. Esquecem-se da ameaça a Mário Centeno quando solicitou dois lugares no camarote do presidente de um clube de futebol, para ele e filho, por razões de segurança, no estádio onde tem camarote privativo? Foi vil a afronta que o ora recandidato então lhe fez. Mário Centeno não foi convidado de Ricardo Salgado para o jantar preparativo de uma candidatura presidencial nem lhe aceitou férias no Brasil. É um servidor público da mais elevada competência e probidade. Constança Urbano, ministra da Administração Interna, quando da tragédia dos fogos de Pedrógão, não merecia

O mundo virado do avesso

Na noite de hoje, que a tradição fez pretexto para reuniões familiares, há o desalento de quem costumava rumar às terras de origem para o convívio, à volta da mesa, na festa dos afetos e na ternura do encontro de várias gerações. O ágape desta noite era ansiado por todos, crentes de vários deuses e de nenhuns, ritual mais profano do que religioso, uma ansiada liturgia cuja repetição se desejava todos os anos. Era a festa da família. Este ano, tudo mudou. A prudência aconselha preservar a saúde de quem estimamos e a defesa da nossa. Ficaram silenciosas as casas e mais crispados os rostos na sólita solidão a que nos vamos resignando. Erguemos os braços e o espaço fica vazio; ensaiamos os beijos e faltam as faces que os acolhiam; esboçamos sorrisos e sentimos esgares com a ausência de destinatários. O que o frio, a neve e a distância não conseguiam evitar, os encontros familiares que os afetos exigiam, conseguiu-o um vírus que trouxe consigo a destruição da economia, da sociedade e

Passos Coelho (PPC) interrompeu a docência e a decência

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Aliviado do pelo no coiro e, na lapela, do PIN da bandeira da República a que apagou o feriado, o catedrático de Gestão, no hiato de doutoramentos e mestrados que ora orienta, surgiu de supetão nas televisões a acusar o atual Governo de fugir às responsabilidades. Quem se esquecia de pagar à Segurança Social e ao Fisco, em sucessivas fugas às suas responsabilidades, não é o mais indicado para as acusações que teceu, inspirado em Frei Tomás, à espera de que o Governo faça o que ele diz, esquecido do que faz e fez. PPC chegou ao Governo, imposto pelo Dr. Miguel Relvas, através do chumbo do PEC4, programa que evitava a intervenção da troika em Portugal e fora aprovado na Comissão Europeia e no Conselho Europeu, já apoiado pela Alemanha e BCE, que queriam evitar um novo resgate e os sacrifícios, depois dos infelizes resgates da Grécia e da Irlanda. Foi mais forte a tentação do poder para quem não estava preparado do que os interesses do País, opondo-se ao acordo, única forma de ser ele a c

O Professor Marcelo e a Dr.ª Graça Freitas

O Professor Marcelo, em visita de Estado ao principado de Andorra, setembro de 2017, afirmou que “quando viro à direita em Portugal, a direita não nota” [sic]. Talvez por isso, pela estupidez que admite na sua área ideológica que, aliás, não tem o monopólio, como se vê pelos eleitores do PS que se dispõem a votar nele, resolveu de forma clara fazer agora a Eduardo Cabrita o que fez, cruelmente, à anterior titular, Dr.ª Constança Urbano, quando dos incêndios de Pedrógão, coagindo-a a demitir-se. Se, desta vez, a direita não nota que vira à direita, de onde nunca saiu, o que surpreende é a intenção do voto de quem lho confia com a leviandade de quem julga defender o PS. Enquanto este candidato da direita, por ser candidato, se abstém da mensagem de Ano Novo, servindo-a diariamente em suaves prestações, e se intromete na composição do Governo, os média e os ignotos ex-PR e ex-PM apareceram a dar uma ajuda, ainda que fosse maior a aversão que provocaram do que o desgaste do Governo,

Cavaco e a entrevista ao Observador

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 No intervalo de 48 horas apareceram no espaço mediático dois catedráticos que estavam em hibernação, um a reger a cátedra por convite e outro a acumular pensões e a ruminar vinganças no convento preparado para satisfazer os desejos e os direitos de ex-PR. De Passos Coelho ficou a desolação de verem careca e gordo a quem viveu da imagem e da gestão da Tecnoforma, a primeira que lhe rendeu votos e a segunda que o alcandorou à cátedra de gestão. Fica para outra altura a autópsia do cadáver político do ex-PM. É da entrevista de Cavaco que este texto devia falar, da publicação do seu 24.º livro, um número que ombreia com os mais fecundos escritores da literatura mundial, caso raro de um fértil escritor que excede na publicação de livros o número dos que leu, mas quando o tema é a política, atividade que detesta, é loquaz nas palavras e pobre nos conceitos. Enquanto destilou veneno era apenas a opinião de um salazarista que tinha tal horror ao Tribunal Constitucional que preferia subm

O Islão explicado às criancinhas

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DOIS MÍSTICOS, duas frases

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"Por isso, acredito agora que ajo de acordo com as prescrições do Criador Onipotente. Lutando contra o judaísmo, estou realizando a obra de Deus." (Hitler, Mein Kampf)

Natal – deem uma oportunidade à vida

Todos sabemos como a data que celebrava o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno foi apropriada pela Igreja católica no séc. III para converter os povos pagãos do Império Romano, e passou a comemorar o nascimento de Jesus, o Cristo. Independentemente do que representa para o imaginário cristão, é a festa da família que anualmente repete uma das melhores tradições familiares e nos remete para as afetuosas recordações de infância, quando três ou quatro gerações se reuniam à mesa da consoada. Não havia, então, nas aldeias portuguesas, eletricidade, água canalizada ou saneamento, faltavam as luzes que piscam, os presentes caros e os embrulhos reluzentes, mas havia o Presépio da escola primária e da igreja onde os musgos seguravam esmeradas figuras de barro, saídas de olarias rudimentares, que gerações de artesãos anónimos moldavam e pintavam com desvelo e arte.   Com ou sem presépio, este substituído pela árvore de Natal, como o Menino Jesus pelo Pai Natal, também de pr

O candidato Marcelo Rebelo de Sousa e o PS

Obtido o apoio expresso do PM e do presidente da AR, conquistado o eleitorado menos politizado do PS, o PR despiu o fato multicolor de PR e calçou as sapatilhas da direita, as únicas que se lhe ajustam aos pés, para o passeio eleitoral. Deixa Belém o PR, vem para a rua o histrião. Aumenta a pressão e as dificuldades ao Governo para facilitar a viragem à direita, tanto mais fácil quanto mais eloquente for a vitória, que a última sondagem dá por adquirida. O empático PR parece ter regressado às traquinices da juventude, a tocar campainhas de portas para incomodar os moradores e comprometer os amigos, e às artimanhas da sua antiga luta de bastidores onde promoveu e ganhou as jogadas mais direitistas. Marcelo Rebelo de Sousa, José Miguel Júdice, Santana Lopes, Manuel Durão Barroso e António Pinto Leite apareceram no início de 1984, organizados, para reporem no poder a direita mais conservadora, com o pseudónimo de “Nova Esperança”. Influenciaram o congresso do PSD, [1984, Braga] le

As eleições do EUA

Esgotados os truques do ditador desequilibrado e litigante de má fé, o colégio eleitoral dos EUA proclamou Joe Biden presidente. Não há, na decisão tomada, surpresa ou regozijo, há apenas a sensação de alívio, uma pausa na náusea e medo que a fragilidade democrática nos reserva. A democracia liberal, a pior com exceção de todas as outras, é uma porta que se escancara aos mais abjetos políticos, mais sinistros dirigentes e mais perigosos ditadores. Trump corroeu os fundamentos da democracia, depois de eleito democraticamente. Hoje rebentou o furúnculo infetado que quase metade dos eleitores americanos e muitos decisores quiseram manter contra a Constituição, a decência e, apesar de tudo, a maioria dos eleitores, mas a confiança nas democracias ficou abalada com o exemplo deplorável do último inquilino da Casa Branca cujas tropelias deixaram minadas as instituições do mais poderoso país do mundo, nomeadamente com a composição do Supremo Tribunal. É salutar para cidadãos americanos

A impertinência de um diretor-geral

Na sequência de um gravíssimo crime cometido por agentes de uma força policial, para os quais se espera a pena adequada e implacável dos tribunais, parece que os mais altos funcionários perderam o tino e a noção das suas competências. Depois de uma reunião do PR com o diretor nacional da PSP, um direito que assiste ao PR, reunir com quem lhe aprouver, o referido funcionário teve a desfaçatez de dar uma entrevista à televisão a expor o que e como, no seu entendimento, deverá ser feito sobre uma eventual reestruturação daspolícias . Não é crível que o PR, com assessores de imprensa e o Dr. Marques Mendes, não sendo seu hábito deixar de pronunciar-se sobre o que é e o que não é da sua competência, lhe permitisse falar em seu nome. Por outro lado, qualquer funcionário de nível médio sabe que as conversas com o ministro, PM ou PR não são para revelar pelo subordinado. O que terá levado o diretor nacional da PSP a trocar a discrição que deve ao cargo pelos minutos de glória de aparecer

As eleições presidenciais – A excelência dos candidatos

Partir do princípio de que será reeleito o atual PR é uma presunção de quem desvaloriza a campanha eleitoral, aumentando a abstenção, e pretende retirar do debate o escrutínio dos candidatos, o combate ideológico e a análise da personalidade dos candidatos. Não há vencedores saídos das sondagens e do conservadorismo dos eleitores, e o mérito dos excelentes candidatos que estão anunciados merece ser apreciado na campanha que, sem começar, está a beneficiar de forma desmesurada o atual inquilino de Belém. Há quem, na estreiteza de pensamento, por sectarismo ou maniqueísmo, este herdado de Tomás de Aquino, que impregnou a filosofia cristã do século 13, e ainda hoje marca indelevelmente o pensamento de muitos, só considere excelente o/a candidato/a em quem vota, depreciando todos os outros. Abro um parêntese para recordar dois excelentes candidatos que protagonizaram o mais dramatizado combate eleitoral da democracia, Mário Soares e Freitas do Amaral. Quem negará a dimensão intelectual, po

Portugal e a União Europeia

A legitimidade democrática de quem apoia a pertença do País à União Europeia é igual à de quem a condena e não me parece honesto dividir os portugueses entre bons e maus, segundo a sua posição a este respeito. Como sempre defendi a adesão à UE e, indo mais longe, a federalização, sinto que devo basear as minhas posições em argumentos que se afiguram cada vez mais poderosos. Interrogo-me sobre o acesso às vacinas da Covid-19 caso Portugal não integrasse a UE e, perante a tragédia que se abateu sobre o mundo, com a pandemia, quem nos manteria juros baixos e financiamentos para sobrevivermos. Penso igualmente na moeda única, no que teria sucedido às pensões, com o desequilíbrio financeiro, se, em vez de serem calculadas em euros permanecessem em escudos, o que permitiria facilmente reduzir a dívida pública à custa de desvalorizações sucessivas e da condenação dos pensionistas à progressiva miséria. Com o ruído mediático que anda aí, com a lepra nacionalista que alastra, não ficari

Eleições presidenciais – os candidatos relevantes

Não penso que a minha opinião influencie quem quer que seja, mas faz parte da minha intervenção cívica manifestá-la, sem a grosseria que alimenta as redes sociais e insultos que substituem os argumentos. Não é a injúria a um/a candidato/a de vasto currículo cívico, político e democrático, que menoriza a candidatura, é preciso que sejam sólidos os argumentos e honesta a crítica para valorizar o/a candidato/a que preferimos face aos adversários. Depreciar os candidatos com insultos, só revela a baixeza de quem o faz. Esqueço o dia de ontem do PR, as declarações infelizes de analista e decisor, nas vestes de líder do poder executivo que a CRP não lhe confere; a tentativa de exonerar o MAI, depois da crueldade e injustiça, quando dos incêndios de Pedrógão, para com a ministra de então; e a desajustada referência pública a uma força policial, na primeira e tardia declaração sobre o execrável crime de agentes seus. A deceção de não ficar na História como o mais popular PR da segunda Repúbl

Há dias felizes

 11 de dezembro – efemérides 1908 – Nasce o cineasta Manoel de Oliveira que hoje comemoraria 111 anos. 1925 – Bernardino Machado é eleito, pela segunda vez, presidente da República Portuguesa. 1937 – A Itália fascista de Mussolini é expulsa da Liga das Nações. 1974 – O Parlamento britânico rejeita a proposta de reintrodução da pena de morte para crimes de terrorismo. 2004 – Demite-se o Governo de Pedro Santana Lopes.

Espanha – A débil transição democrática e a frágil sustentação

A Revolução do 25 de Abril, em Portugal, deixou atónitos os numerosos fiéis do maior genocida ibérico de todos os tempos. Soaram campainhas de alarme no país vizinho e, entre a aventura da invasão de Portugal e o medo de uma Revolução onde o sangue tem tradições, os liberais da ditadura espanhola, logo que o facínora se finou, começaram a tecer a difícil e incerta transição para a democracia. Adolfo Suárez foi o artífice da complexa teia de compromissos, a quem a Espanha deve a Constituição democrática sem derramamento de sangue, que a memória dos familiares das vítimas da Guerra Civil, de ambos os lados, ainda temia. Foi em ambiente de medo e ansiedade, com a coragem e sagacidade de um conservador espanhol, que nasceu a Constituição, com a monarquia que o ditador impôs e os postos-chave da administração pública, Tribunais, autarquias, Forças Armadas e de Segurança, nas mãos de empedernidos falangistas, com a Igreja católica a permanecer franquista. A adesão à União Europeia cons

Marcelo e a reescrita da História

Depois da lastimável declaração do PR, referindo como atentado o acidente que vitimou Sá Carneiro, pondo em causa a decisão dos Tribunais, decisão que sucessivas comissões de inquérito parlamentar, durante 30 anos, não conseguiram contrariar, e que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos validou, Marcelo, ao afirmar o crime, feriu o Estado, de que é a primeira figura, no ato de demagogia eleitoral, ética e politicamente inaceitável. Percebeu-se que era uma afirmação eleitoralista antes do anúncio tardio que logo fez da recandidatura, tão tardio que impediu de ser confrontado com essa e outras declarações. Marcelo é um democrata, a sua reeleição não assusta, mas não é o único democrata que se sujeita ao escrutínio popular e não é certamente o que ocupa a área social-democrata. É liberal na economia e conservador nos costumes, arredado da minha área política. Se, quanto à defesa da democracia liberal, não me oferece preocupações, já foi vacinado pelo fim inglório e humilhante do re

Marcelo diz se é candidato ou não

Marcelo Rebelo de Sousa anunciará hoje à tarde em Lisboa a sua decisão sobre uma recandidatura ao cargo de Presidente da República.  Os apoiantes estão ansiosos e, perante as pressões que tem sofrido, para se candidatar, como já declarou, seria natural que não cedesse a pressões. Mas, com Marcelo, tudo é possível. Aceitam-se apostas.

Laicidade_2

A laicidade e a Universidade de Coimbra Há 115 anos (6-12-1905) foi aprovada a separação da Igreja e do Estado pelo Senado francês em resposta às críticas do Papa Pio X, e um exemplo que serviu de modelo à Lei da Separação do Estado das Igrejas, de 20 de abril de 1911 da República Portuguesa. Foi um avanço civilizacional que as próprias religiões defendem, se minoritárias, e condenam quando são maioritárias. A laicidade é, aliás, uma referência democrática da atual CRP portuguesa, comum a numerosas constituições de países democráticos. A Universidade de Coimbra, depois da jubilação do Prof. Rui Alarcão, regressou aos hábitos pios da ditadura, com os recentes Reitores, ainda alcunhados de Magníficos, que à decência democrática preferem a salvação da alma à custa do cargo que exercem. Quando o reitor da Universidade decide convidar os professores, funcionários e alunos para a missa, abdica de ser uma autoridade académica e torna-se o ‘muezim’ incumbido de anunciar o momento da or

Laicidade

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Ponte Europa presta homenagem a Vital Moreira e Luís Reis torgal, dois catedráticos jubilados, que nunca se conformaram com este atropelo pio : Vital Moreira escreve no blogue Causa Nossa, onde coloca o convite: 1.   Como mostra a imagem junta, o Reitor da Universidade de Coimbra volta a desafiar o  princípio da laicidade do Estado , convidando oficialmente a comunidade académica para uma missa de homenagem à "padroeira da Universidade". Volto a protestar, como é meu direito e dever cívico. Quando é que o Reitor da UC, 110 anos depois da República, percebe a simplicidade deste silogismo: a Universidade é do Estado - o Estado é laico - logo, a Universidade é laica? E quando é que aceita que a laicidade das entidades públicas implica não poderem celebrar missas nem participar em cerimónias religiosas,  sendo oficialmente neutras em matéria religiosa? 2.  É evidente que os crentes católicos entre a comunidade académica da UC - incluindo o Reior, a título pessoal - têm todo o di

SURPRESA

Hoje o PR apareceu no noticiário das 13 horas a falar aos portugueses: 1 – Sobre a situação sanitária e as medidas relacionadas com a Covid-19. 2 – Para anunciar que Sá Carneiro foi vítima de um atentado. Há tanto tempo que os portugueses não sabiam do PR 😊 😊 😉

A homossexualidade e a hipocrisia

As pessoas do meu tempo, quando o sexo era tabu, a homossexualidade uma doença, os homossexuais alvo de insultos, discriminação e agressões, imaginam o drama que vivia quem era atraído por pessoas do mesmo sexo. O próprio sexo, usado como método tradicional e o mais popular para a reprodução, era pecado mortal fora do casamento religioso, com gravidade acrescida e maiores penas do Inferno para as mulheres. A educação sexual só existia nos confessionários, onde padres recalcados aterrorizavam os rapazes com a cegueira e a tuberculose, além das perpétuas penas do Inferno, pelas práticas da masturbação. No liceu, só no 3.º ciclo, apenas para os alunos de ciências, se estudava o aparelho sexual… da minhoca. Não sei que sujidade povoava as mentes de então, alheias à ansiedade que causavam e à ignorância que cultivavam, como se o sexo não fosse natural, saudável e imprescindível para que hoje eu possa estar aqui a recriminar a hipocrisia de um político húngaro. «O eurodeputado de ext

Caleidoscópio noticioso

1 – O PR disse estar a sentir pressões e apoios para se recandidatar. É inadmissível que alguém pressione o PR e, sobretudo, que ele ceda a pressões 😊 . 2 – Um jornalista da SIC (omito o nome) que confundiu a cidade de Vence e a data das publicações, que aparecem no fim de escritos de Eduardo Lourenço, julgou tratar-se do prazo de validade dos textos e protagonizou uma monumental gaffe televisiva. 3 – A infeção da Dr.ª Graça Freitas, competente e abnegada D-G de Saúde, com Covid-19, deu origem aos mais soezes e cruéis comentários da fauna que vive nos esgotos dos comentários às notícias. Desejo rápidas melhoras a tão dedicada servidora do Estado. 4 – A missa de corpo presente de Eduardo Lourenço, agnóstico desde Coimbra, há mais de 75 anos, foi a apropriação oportunista do cadáver do enorme intelectual pela Igreja católica, que abrilhantou o ato com dois cardeais, um reacionário e outro progressista, com a conivência do Governo e do PR.

A covid-19 e as vacinas

Na euforia de uma vacina cuja investigação, experimentação, fabrico e aprovação bateu todos os registos anteriores conseguidos pela indústria farmacêutica, abriram-se ainda novas linhas de investigação para vacinas de outras doenças, o que é admirável. Há resultados auspiciosos, que respondem à ansiedade provocada pela mais devastadora pandemia dos últimos cem anos. Registe-se a solidariedade da U. E. para com os países que a integram, certa de que o vírus ignora fronteiras e percorre a todos os continentes. O coronavírus restringe as nossas liberdades, mas será demolidor para os nacionalismos dos países que exaltam o isolacionismo e são incapazes de resolver sozinhos os desafios sanitários que se lhes colocam. Curiosamente, a ansiedade, que deu origem à euforia, tem impedido a reflexão sobre os fracassos que hão de surgir e a desilusão que podem gerar. A ignorância, indecisão e conselhos contraditórios para a prevenção da Covid-19, que as mais prestigiadas e confiáveis institu

Viva o 1.º de Dezembro! Viva a República!

Ontem, na morte de Eduardo Lourenço, não referenciei a data que, com o 5 de Outubro e o 25 de Abril, é uma relevante marca da História e da identidade portuguesas. Podem os monárquicos reclamar a data do 1.º de Dezembro, com legitimidade igual às da chegada à Índia e ao Brasil ou à da batalha de Aljubarrota, mas essas, e outras datas, são património do país que somos. Pertencem a todos os portugueses, incluindo os que, por incultura ou má fé, eliminaram os feriados do 5 de Outubro e 1.º de Dezembro. O 5 de outubro de 2013 foi o primeiro a que roubaram a dignidade de feriado, e feriram a memória dos heróis da Rotunda. Nesse ano decorreu o primeiro 1.º de Dezembro onde os conjurados de 1640 foram exonerados da evocação que merecem. O PR e o PM de turno queriam exonerar da memória coletiva os 40 conjurados de 1640 que restauraram a independência de Portugal. A monarquia, habituada ao direito divino e ao sucessório, pela via nupcial e uterina, só viria a considerar feriado o 1.º de dezembr

Eduardo Lourenço

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Faleceu um dos maiores, mais originais e influentes pensadores portugueses de sempre. Fecundo ensaísta, filósofo, historiador, escritor e crítico literário, este professor nascido na pequena aldeia do concelho de Almeida, S. Pedro do Rio Seco, foi uma figura ímpar da segunda metade do século XX e do século que hoje o viu desaparecer aos 97 anos de idade. Amante da música e das artes, é vasto o património cultural que nos lega. Mais do que os encómios que podem tecer-se, vale a obra que deixou.  O País perdeu uma enorme referência intelectual e cívica e um exemplo de cidadania.  Foto do J. N.