Portugal e a União Europeia
A legitimidade democrática de quem apoia a pertença do País à União Europeia é igual à de quem a condena e não me parece honesto dividir os portugueses entre bons e maus, segundo a sua posição a este respeito.
Como sempre defendi a adesão à UE e, indo mais longe, a
federalização, sinto que devo basear as minhas posições em argumentos que se
afiguram cada vez mais poderosos.
Interrogo-me sobre o acesso às vacinas da Covid-19 caso
Portugal não integrasse a UE e, perante a tragédia que se abateu sobre o mundo,
com a pandemia, quem nos manteria juros baixos e financiamentos para
sobrevivermos.
Penso igualmente na moeda única, no que teria sucedido às
pensões, com o desequilíbrio financeiro, se, em vez de serem calculadas em
euros permanecessem em escudos, o que permitiria facilmente reduzir a dívida
pública à custa de desvalorizações sucessivas e da condenação dos pensionistas
à progressiva miséria.
Com o ruído mediático que anda aí, com a lepra nacionalista
que alastra, não ficaria mal o reconhecimento do muito que devemos à União
Europeia, na economia, nas finanças e na longevidade de democracia.
José Vilhena, grande humorista, desenhador e escritor, cujo
reconhecimento do mérito nunca acompanhou a sua popularidade, deu a melhor
definição de ‘patriotismo’, durante a guerra colonial, no seu Dicionário
Cómico: Patriota – indivíduo que ama a sua pátria; não confundir com os que
amam a pátria dos outros.
Perante a prova de solidariedade de que estamos a
beneficiar, é justo manifestar gratidão pela notável postura deste espaço
civilizacional onde o aprofundamento da integração económica, social e política
é vital para a sobrevivência coletiva.
Apraz-me deixar este testemunho. Viva a União Europeia!
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