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A mostrar mensagens de outubro, 2019

Notas Soltas – outubro/2019

Freitas do Amaral – Faleceu o grande jurista e último líder dos partidos que fizeram a Constituição do regime democrático que os capitães de Abril nos legaram. Conservador e democrata-cristão, foi o fundador do CDS, partido que se radicalizou e o maltratou. PR – O funeral de Freitas do Amaral, ex-presidente da AG da ONU, evitou a Portugal a vergonha de ver Marcelo ajoelhado em Roma no dia emblemático do regime que dá o nome ao órgão a que preside. Prestou, assim, o seu último serviço ao País. Jurisprudência – O acórdão da Relação confirmou que parte substancial do terreno que a Selminho reclamava é propriedade municipal. Está de parabéns a Câmara, que ganhou a ação contra o seu presidente e família, proprietários da empresa usurpadora. Lula da Silva – A Câmara de Paris, ao conceder o título de Cidadão Honorário ao ex-PR, em reconhecimento do seu combate à pobreza e à discriminação racial, censurou a sua prisão iníqua e o golpe de Estado do juiz Moro e de Temer contr

Política e solidariedade

Há momentos em que minguam as palavras e sobra indignação, em que apetece esgotar os adjetivos e desabafar em vernáculo, quando os elementares deveres de solidariedade são postergados, a civilização de que nos orgulhamos é posta em causa e os valores que tínhamos por adquiridos são grosseiramente feridos. Álvaro Amaro (PSD) e Nuno Melo (Movimento pró-vida + CDS) não são eurodeputados de um país solidário e fraterno, são casos patológicos de indivíduos capazes de matar os pais para terem entrada no Baile do Orfanato, limitando-se a condenar ao afogamento os que preferem morrer no mar do que na terra de onde fogem.

A monarquia espanhola – 30 de outubro de 1975

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Há 44 anos, o maior genocida da História da península Ibérica impôs Juan Carlos como chefe de Estado interino de Espanha, sob o pseudónimo de príncipe. O ditador, com amplo cadastro na eliminação de centenas de milhares de espanhóis em campos de concentração, execuções extrajudiciais ou na prisão, decidiu a natureza do regime e a pessoa a quem endossaria a chefia do Estado. O sinistro ditador morreu confortado com todos os sacramentos, rodeado de padres e de outros cúmplices, com lágrimas de falangistas que lhe perpetuariam a memória, como se um criminoso merecesse ser cultuado, e com instituições à medida dos seus desejos. A ditadura clerical-fascista finou-se com Franco, mas a Constituição foi uma construção erguida sob o medo, com os poderes de Estado nas mãos de empedernidos franquistas e o poder económico intocado e intocável a manter-se nas mãos dos cúmplices, que passaram a ostentar títulos nobiliárquicos. O grotesco general foi sepultado no mais sombrio e sumptuoso sí

Tarrafal – o Campo da Morte Lenta (83.º aniversário)

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Há 83 anos, era mês outubro e 29 o dia em que ao Campo de Concentração do Tarrafal chegaram 152 presos políticos, onde era mais doce a morte do que o Inferno da vida que os torturadores lhes reservavam. Foram 11 dias de viagem, de Lisboa ao Tarrafal, que a primeira leva de vítimas levou a chegar, grevistas do 18 de janeiro de 1934, na Marinha Grande, e alguns dos marinheiros que participaram na Revolta dos Marinheiros de 8 de setembro desse ano. O Tarrafal foi demasiado grande no campo da infâmia e do sofrimento para caber num museu. Salazar teve aí, no degredo da ilha de Santiago, Cabo Verde, o seu Auschwitz, à sua dimensão paroquial, ao seu jeito de tartufo e de fascista. Ali morreram 37 presos políticos desterrados, na «frigideira» ou privados de assistência médica, água, alimentos, e elementares direitos humanos, alvos de sevícias, exumados e trasladados depois do 25 de Abril. Edmundo Pedro, o último sobrevivente, chegou ali, com 17 anos, na companhia do pai. Como foi possí

Marques Mendes e as suas homilias semanais

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Nunca sabemos se o bruxo de Guimarães é ele próprio, o militante de uma das fações do PSD, o conselheiro de Estado ou o alcoviteiro de Belém, mas qualquer um dos avatares é suficiente para que os jornais, televisões, emissoras de rádio, televisões e redes sociais façam eco da sua homilia do “Jornal da Noite” da SIC. Há anos, quando tinha acesso à agenda do Conselho de Ministros, nos tempos lúgubres de Passos Coelho, Paulo Portas e Maria Luís, era certeiro a predizer o futuro e a acertar no que se discutia em S. Bento, incluindo as reuniões que se faziam por telemóvel, onde os SMS podiam ser a ata para a resolução do grupo GES/BES e outras decisões graves. A fama de pitonisa privilegiada do regime vem desses tempos. No início da legislatura do anterior governo, que o PS, BE, PCP e PEV sustentaram, já se enganava mais vezes do que o que nunca tinha dúvidas, seu antecessor na liderança do PSD. Na última homilia, no domingo, como convém aos pregadores, no dia seguinte à tomada

Ser de esquerda, hoje

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Quem diz não ser de esquerda nem de direita é, sem dúvida, de direita, truísmo que não me canso de repetir, mas as transformações rápidas e as agressões ao Planeta, para o qual não há alternativa, exigem a procura de novas soluções, a contenção da explosão demográfica e a alteração dos comportamentos, se quisermos sobreviver. No que diz respeito à justiça social, é bem mais importante lutar pela redução do leque salarial do que apoiar as exigências dos que têm mais poder reivindicativo ou pertencem a mais fortes corporações. Entre a gula dos privilegiados e o silêncio dos fracos, ser de esquerda é dar voz a quem não é ouvido. 

O CDS e Assunção Cristas

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No pungente ocaso do CDS, com sedes a fechar, funcionários a sofrerem cortes salariais ou despedidos e os 5 deputados, saídos do táxi, obrigados a darem passagem ao do Chega, há dívidas superiores às luvas dos submarinos. Nas eleições autárquicas, a Dr.ª Cristas elegeu três vereadores, em Lisboa, contra dois do PSD, e tomou a nuvem por Juno, sem ver que nessas eleições, de 2013 para 2017, incluindo Lisboa, perdeu mandatos, votos e percentagem de eleitores. Não percebeu que os votos de Lisboa, que a beneficiaram, eram votos do PSD contra os seus próprios ativos tóxicos, Passos Coelho, Maria Luís e Cavaco. Julgou-se destinada a grandes voos, líder da oposição, alternativa ao PM. Exultou ao ver passar o CDS de 5 para 6 câmaras, aumento de 20%, em concelhos de parca população, num partido que já tivera a presidência dos municípios de Lisboa, Viseu e Aveiro, entre outros de grande dimensão. Não percebeu que o grupo parlamentar do CDS foi a cedência ruinosa de Passos Coelho a Paulo P

PE – o advento do ‘neo-macarthismo’ europeu?...

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O texto aprovado pelo Parlamento Europeu (PE) onde se compara o nazismo e o comunismo link é uma delirante elucubração de acontecimentos escolhidos a dedo e a recalcitrante manifestação de uma senda anticomunista que vem alimentando a União Europeia desde que se instalou o domínio do Partido Popular Europeu (PPE) e está baseada em preconceitos, dados manipulados, inculcações históricas e interesses abjetos.   A base desta ´produção ideológica’ – uma novel atividade do PE para ‘ empater les bourgueois ’ e esconder insuficiências e uma galopante decadência – passa por ser uma penosa e pouco qualificada reposição dos velhos manuais de defesa da civilização ocidental e da cultura judaico-cristã que não foram contabilizados na resolução aprovada mas que, por exemplo, ‘justificaram’, num passado remoto, a ‘santa’ Inquisição.   Comparar o nazismo com o comunismo é uma velha história que começa com especulações sobre o conceito de ‘totalitarismo’. Na realidade, o termo e os conc

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

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Exmo. Senhor Ministro da Educação Prof. Dr. Tiago Brandão Rodrigues Assunto: Reclamação. Excelência: A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) acaba de tomar conhecimento de uma situação insólita que, a ser verdadeira, representa uma iniquidade intolerável e uma grave ofensa à Constituição da República Portuguesa, à escola pública, à liberdade religiosa e à laicidade. Depois de um contacto prévio da visada com a AAP, um conhecido jornal nacional, edição de hoje, dá nota de que uma Educadora de infância foi penalizada por não ter participado numa atividade na igreja, ao recusar-se a receber aí o bispo católico; como antes já tinha recusado levar as crianças à missa, porque entende que não se deve misturar a escola com a religião. A educadora Isabel Teixeira acabou punida, e o termo é adequado, pela diretora da escola, Ana Cristina Abreu, por se ter recusado a participar nessa atividade em que os alunos estiveram presentes. É a própria diretora que especifica as razões da avaliaçã

Comunismo e nazismo

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Em 19 de setembro, o Parlamento Europeu (PE) aprovou (535 votos a favor, 66 contra e 52 abstenções) uma resolução que estabelece que “o comunismo e o nazismo são a mesma coisa”, portanto, igualmente condenáveis. Surpreende a inoportunidade, ligeireza e iliteracia política dos deputados que a votaram. Não se discute o carácter totalitário nem os crimes hediondos que regimes comunistas e nazis ou fascistas cometeram, e devem ser execrados. É hipócrita a referência ao dia 23 de agosto de 1939, Pacto Molotov-Ribbentrop, que estipulava ‘a não-agressão entre a Alemanha nazi e a URSS comunista que dividia os territórios de Estados independentes entre os dois regimes totalitários’, como se não fossem já adversários e não se odiassem. O que explica a invasão alemã e 22 milhões de mortos da URSS na luta contra os nazis? É abissal a diferença de objetivos na ideologia e nos inimigos. Como os fascistas, Hitler, no Mein Kampf, elegeu “o comunismo como verdadeiro inimigo a ser combatido”. As p

Cavaco Silva

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Pode espumar de raiva o dono da Gaivota Azul, babar-se pela comissura dos lábios o amigo de Dias Loureiro, digerir mal a azia o ex-acionista da S.L.N. e ameaçar com novos Roteiros, mas esta imagem não sai do meu arquivo. O enviado especial à entronização do imperador do Japão, terá sempre em mim um divulgador dos felizes negócios que fez e, por coincidência, com a filha, no mesmo vendedor e comprador.

O futuro é cada vez mais incerto

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22 de outubro de 1945

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Faz hoje 74 anos que a ditadura fascista criou a PIDE, alargando a ação repressiva e o poder discricionário da extinta Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE). O crachá dos esbirros ainda hoje causa arrepios.

Direitos da mulher

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Quando se verifica uma regressão política e ideológica na civilização, que concluiu que não há direitos humanos fora da igualdade entre os sexos; quando a mulher continua a ser a maior vítima da violência doméstica e a mais sacrificada nas tarefas; quando, salvo um módico de esperança na Igreja católica do Papa Francisco, as religiões são o instrumento de domínio do homem sobre a mulher, é urgente a denúncia da iniquidade e a batalha contra ela onde quer que exista. Não há islamofobia, que é doença do foro psiquiátrico, há medo de uma religião anacrónica onde à mulher está reservado o quinhão maior de sofrimento e a sua posse assume as raias da demência de que só o fascismo islâmico é capaz. Só a igualdade nos torna livres a tod@s, seja onde for.

A guerra que não sai dentro de nós

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Fui dos mais medrosos e dos que menos riscos corri, mas não se esbate a raiva que há de levar-me, a afronta diária que sofro ao ver transformados os combatentes que fomos, vítimas da guerra colonial, em “Heróis do Ultramar”, na toponímia e nas estátuas de soldados enormes com um menino negro aos ombros, em pseudo-homenagem. Esta forma insidiosa de reescrever a História, de branquear a ditadura, que encontra eco em quem sofreu a inclemência da guerra, é a porta por onde passa à sorrelfa a ideologia de extrema-direita, que absolve a ditadura . Julgam que não sofri ao ver chegar pacíficos portugueses, alguns da minha família, que a descolonização tardia transformou em refugiados na própria pátria, alguns em difíceis situações, só minimizadas pela solidariedade do povo que somos e soube, como nenhum outro, integrar!? Fui recebido em Nampula por uma prima-direita de meu pai e marido, funcionários dos Correios em Nampula, com grande estima. Quando lhes disse em 1968 ou 69, depois de a

Moçambique Bcaç. 1936 – 2019 – Saudação

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Camaradas de Malapísia e Catur Cabe-me, a pedido do Torres e do Barros, coorganizadores destes encontros, saudar os que vieram, e agradecer às famílias que nos acompanham a estimulante presença nesta reunião da família que somos, pelo afeto, afinidade ou descendência. O Carlos Lopes fá-lo-á também, talvez noutro registo, para os que sobreviveram em Malapísia e no Catur. É com crescente ansiedade que em cada ano aguardamos a reunião anual da família que fomos durante dois longos e dolorosos anos, a única família que tivemos na guerra que muitos de nós sabíamos perdida e onde ficaram alguns dos que partiram connosco. Em 24 de setembro de 1964 o comité central da Frelimo proclamou a insurreição geral e abriu a última frente da luta pela libertação das colónias do império português. Nenhum de nós previa então que, três anos depois, a ditadura nos enviaria para Moçambique, na guerra sem solução ou sentido, para a perpetuação do regime, com o sacrifício inútil de quem foi obrigado a com

A fé é perigosa

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As eleições e o próximo Governo

Contrariamente ao que afirma a comunicação social, o PS não ganhou as eleições, foi apenas o partido mais votado, a razoável distância do segundo. Pensar diferente é legitimar a vitória do PSD nas anteriores legislativas, como se as eleições se destinassem a eleger um governo e não os deputados à AR.  Ao contrário dos analistas encartados, que dizem não ter oposição, o próximo governo já conta com a hostilidade da comunicação social, a agitação sindical, os palpites do PR e a oposição de Francisco Assis, agora livre na oposição interna da ala mais conservadora. Desejei a repetição dos acordos que permitiram a última legislatura, mas, depois da campanha eleitoral e das alterações à geometria partidária, tornaram-se inviáveis, e não adianta procurar culpas onde se percebem os interesses próprios de cada partido. O PS está só, numa conjuntura internacional instável, e a longevidade do seu governo depende mais das convulsões da União Europeia e evolução económica dos parceiros comerc

O novo Governo, as precipitações e as armadilhas da ‘geometria variável’…

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Foi anunciada a composição do XXII Governo Constitucional link . Ainda não tinha assentado a poeira levantada pela campanha eleitoral – nem sequer encerrada a contagem dos votos da Europa e Fora da Europa – já a Direita encetava um rol de críticas à sua composição antevendo catastróficos desempenhos, mesmo antes da apresentação do ‘programa de Governo’ que, como sabemos, poderá não ser coincidente com o debate - havido e o que ficou por realizar - durante a campanha eleitoral.   Existiu, portanto, uma inusitada ‘pressa’ de avaliar e criticar o novo elenco como, aliás, já tinha existido uma anterior precipitação da parte do PR em forçar a indigitação do primeiro-ministro, antes da contagem final dos votos, com a justificação do Brexit, como se o anterior governo não continuasse em funções até à posse do novo.   O novo Governo será uma leitura do primeiro-ministro indigitado, António Costa, relativa ao acto eleitoral ocorrido a 6 de Outubro. Nessa leitura está, com certeza, i

Oftalmologia -- Diagnóstico diferencial

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O meu ingresso no Liceu Nacional da Guarda (Crónica)

Fiz a instrução primária no Cume, sede da freguesia de Vila Garcia, que incluía Cairrão, Carapito da Légua e Quinta do Ordonho. O exame da 3.ª classe, ah! pois, havia exame do 1.º grau na escola primária, não era só para adultos, e fui prestar provas a Vila Fernando onde a D. Marianinha e a minha mãe fizeram parte do júri. Não acusem o júri de nepotismo por ter a mãe do candidato como vogal. Além de bem preparado, ia muito bonito, esta segunda parte é suspeita, era a mãe a falar. Levei um casaquinho de mangas curtas que sempre atribuí a falta de pano e que a minha mãe afiançava que se usavam e me ficava muito bem. Que saudades da mãe, do casaco, não tanto. O exame da 4.ª classe teve lugar na escola Adães Bermudes, na Guarda, onde voltaria como aluno-mestre da EMPG. O presidente de júri era o prof. Barata que dava aulas em Gonçalo, de onde a população o escorraçou, a ele e ao padre Joaquim, o Calhordas, nas eleições do Delgado, por terem substituído os votos do general por outros, d

Brasil – Sequelas de um golpe de Estado

São inúteis as palavras quando a perfídia de políticos corruptos, com ou sem toga, com ou sem farda, com ou sem beca, transformam um golpe de Estado contra uma PR, sem mácula, no ajuste de contas partidário e na vingança contra o homem que os brasileiros queriam para reeleger PR. Temer e Sérgio Moro são os rostos crapulosos de uma ordália onde o juízo de Deus é a vontade dos acusadores a chantagearem delatores premiados. Vale a pena ouvir a parte que devia ser livre quando os criminosos estão no poder. Oiça Lula da Silva e olhe-o nos olhos AQUI . 

MÉDIO ORIENTE: Síria, Curdistão e o Erdogan(istão) …

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O Curdistão é, no presente, uma abstração territorial que engloba no seu âmbito uma realidade étnico-cultural – o povo curdo – espalhada por múltiplos Estados do Médio-Oriente (Turquia, Irão, Iraque e Síria). Devemos acrescentar que a tal ‘realidade étnico-cultural’, isto é, o povo curdo, tem sido espezinhada ao longo de séculos. Não vale a pena recordar a História tais são as aleivosias cometidas sobre este povo a última das quais vindas do lunático Trump que revelou não terem os curdos ‘ajudado no desembarque da Normandia’ link . Se a idiotice municiasse forças militares os curdos poderiam ainda acalentar a esperança de safar-se desta nova ‘saga otomana’ (que os acordos de Lausanne em 1923 se ‘esqueceram’ de contemplar). Mais uma vez joga-se com o conceito de ‘terrorismo’, como no passado recente se usou o das ‘armas de destruição massiva’, para cometer as maiores infâmias e para dar largas a instintos expansionistas (neste caso de califado).   Erdogan depois de perde

António Barreto (AB) – O masculino de Zita Seabra sem hóstias

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António Barreto, sociólogo, bom fotógrafo e medíocre pensador julga-se uma espécie de guru da direita civilizada. Esteve na Suíça onde poderia ter-se tornado cosmopolita, mas o apelo provinciano não lhe permitiu afastar-se das origens dos proprietários de quintas do Douro. Foi membro do PCP, no exílio, pois claro, de onde saiu por considerá-lo muito à direita, e foi no PS, depois de derrubada a ditadura, que viajou para a direita neoliberal, durante as tropelias no ministério que Soares utilizou para se reconciliar com os latifundiários. Ornamentou depois a experiência de Sá Carneiro para unificar a direita democrática na AD com o apodo de ‘dissidente do PS’. Não o ouço na TV onde era, ignoro se é ainda, comentador encartado dos atos eleitorais, e não lhe faltam jornais para propaganda. O homem que mais escarneceu a Expo-98, os telemóveis e tudo o que é progresso, acabou como almocreve da direita, a rivalizar com Cavaco no ódio à esquerda. Quando da formação do último governo

O futuro – O aquecimento global, a ecologia e a demografia

Não é preciso ser inteligente, para perceber que estamos perante uma equação de difícil ou impossível resolução, nem sábio, para saber que é urgente uma solução para que haja futuro para as próximas gerações. Há uma coisa que todos sabemos, o capitalismo não é verde, e o socialismo também não foi. A necessidade de encontrar uma forma de transição para um novo paradigma é mais difícil do que encontrar solução. De qualquer modo, nunca será possível com o aumento permanente da população mundial. Estamos ligados a um modelo de que dependem os empregos e a sobrevivência possível de uma parte importante da Humanidade, enquanto outra morre à míngua e cada vez se torna mais ameaçadora a falta de água potável e, a prazo, de alimentos, oxigénio, ozono e o próprio habitat para quem quer que seja. Há interesses poderosos que não permitirão fazer a transição, mas é o interesse de cada um de nós, habituado a um modo de vida, que mais entraves põe à mudança. Dispensar o automóvel ainda é possív

Obrigado, esquerda!

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Agradeço ao governo que ora finda o fim da crispação e o esforço para melhorar a vida dos portugueses, depois da claustrofobia democrática e das maldades que satisfizeram os carrascos, Cavaco, Passos Coelho e Portas. Agradeço ao PS, BE, PCP e PEV a pedagogia de ensinarem que os governos se formam na AR e que a direita não decide quais os partidos que podem fazer parte do Governo. Agradeço a António Costa a liderança do Governo que trouxe uma lufada de ar fresco a Portugal, e à Europa que esqueceu a década de 30 do século passado, e mostrou à direita que não mais pode pensar que, em minoria, impedirá alternativas. Sinto mágoa, muita mágoa, por não se manter a experiência nos quatro anos que aí vêm, mas compreendo a defesa da identidade de cada partido e silencio a mágoa com que vi a luta fratricida da campanha eleitoral. Estou, porém, certo de que nunca mais a esquerda deixará de ponderar o entendimento entre os seus partidos, atuais ou futuros. O governo que aí vem não tem a

Leiam a Bíblia

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Não se esqueçam de que o Antigo Testamento é a palavra de Deus e, embora nem todas as religiões do livro ofereçam na bem-aventurança eterna 72 virgens e rios de mel doce, é no cumprimento da vontade de Deus que o Paraíso de todas se alcança. Publico hoje um importante versículo para advertir os homens que não queira manetas as suas mulheres para não brigarem com outros homens porque a solidariedade conjugal pode custar uma amputação. Depende da forma que a solidariedade assume.

Legislativas de 2019, o XXII GC e a espera de Godot...

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A peça de Beckett (‘À Espera de Godot’) será uma belíssima ilustração dramatúrgica do nosso incompreendido, mas persistente, ‘sebastianismo’. Em Portugal, estamos sempre à espera de que aconteça ‘qualquer coisa’ que podemos tentar resumir no amplo conceito denominado ‘bem-estar’ e essa pretensão começa na componente educacional e nas relações socioprofissionais, passa pelo crescimento pessoal, sentido de vida, autoestima e na autonomia individual (Liberdade) que desejaríamos só condicionada por um amplo sentido de justiça e, necessariamente, estas premissas desembocam em questões coletivas, como a solidariedade social, o desenvolvimento ‘sustentável’, o controlo sobre o ambiente, enfim, uma incessante caminhada para a realização e de busca de felicidade […], isto é, um pouco o velho e providencial ‘ welfare state ’. É neste contexto que estamos condenados a ficar sentados...‘à espera de Godot’. Os resultados das eleições legislativas de 2019 traduzem, de certo modo, todos es