António Barreto (AB) – O masculino de Zita Seabra sem hóstias

António Barreto, sociólogo, bom fotógrafo e medíocre pensador julga-se uma espécie de guru da direita civilizada.

Esteve na Suíça onde poderia ter-se tornado cosmopolita, mas o apelo provinciano não lhe permitiu afastar-se das origens dos proprietários de quintas do Douro.

Foi membro do PCP, no exílio, pois claro, de onde saiu por considerá-lo muito à direita, e foi no PS, depois de derrubada a ditadura, que viajou para a direita neoliberal, durante as tropelias no ministério que Soares utilizou para se reconciliar com os latifundiários. Ornamentou depois a experiência de Sá Carneiro para unificar a direita democrática na AD com o apodo de ‘dissidente do PS’.

Não o ouço na TV onde era, ignoro se é ainda, comentador encartado dos atos eleitorais, e não lhe faltam jornais para propaganda. O homem que mais escarneceu a Expo-98, os telemóveis e tudo o que é progresso, acabou como almocreve da direita, a rivalizar com Cavaco no ódio à esquerda.

Quando da formação do último governo, AB, confundiu o desejo e a realidade. Disse ao “Dinheiro Vivo” que António Costa pode perder o partido, ao estar a unir-se a partidos comunistas, porque "O PS é geneticamente anticomunista e deixar de ser anticomunista e passar a ser amigo ou aliado do comunismo, do Bloco de Esquerda ou do Livre põe problemas seríssimos”.

Problema seriíssimo seria ter-se aliado à direita. Enganou-se como sempre, apesar do ar doutoral com que se engalana, mas isso é assunto menor. O homem é assim, ou foi-o sempre, já quando foi do PCP e à esquerda do PCP, por dissimulação ou exibicionismo.

O que incomoda é a tentativa de reescrever a História.

A propósito da homenagem da AR ao ilustre parlamentar e político falecido, transcrevo da homilia dominical no Público, republicada no blogue Sorumbático, onde colaboro: “Se quiserem designar Freitas do Amaral como um dos quatro “pais da democracia”, com Mário Soares, Francisco Sá Carneiro e Ramalho Eanes, há razões para o fazer.”,

É preciso topete para substituir Álvaro Cunhal por Ramalho Eanes, ao gosto estalinista, nos líderes  partidários que legaram a CRP que nos rege, mas é de uma ingratidão própria dos trânsfugas, a omissão de que a democracia foi oferecida ao povo português, numa madrugada de Abril, pelos capitães do MFA a quem deve o regresso à Pátria e a relevância que não lhe reconhecem para lá de Vilar Formoso ou do aeroporto Humberto Delgado.

Foram eles, os capitães de Abril, os pais da democracia. Prometeram, e cumpriram, as eleições livres e a entrega dos destinos de Portugal aos civis. Não mereciam a amnésia dos cobardes, oportunistas e aldrabões. Bastaram as retaliações de que foram alvo.

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