O CDS e Assunção Cristas

No pungente ocaso do CDS, com sedes a fechar, funcionários a sofrerem cortes salariais ou despedidos e os 5 deputados, saídos do táxi, obrigados a darem passagem ao do Chega, há dívidas superiores às luvas dos submarinos.

Nas eleições autárquicas, a Dr.ª Cristas elegeu três vereadores, em Lisboa, contra dois do PSD, e tomou a nuvem por Juno, sem ver que nessas eleições, de 2013 para 2017, incluindo Lisboa, perdeu mandatos, votos e percentagem de eleitores. Não percebeu que os votos de Lisboa, que a beneficiaram, eram votos do PSD contra os seus próprios ativos tóxicos, Passos Coelho, Maria Luís e Cavaco.

Julgou-se destinada a grandes voos, líder da oposição, alternativa ao PM. Exultou ao ver passar o CDS de 5 para 6 câmaras, aumento de 20%, em concelhos de parca população, num partido que já tivera a presidência dos municípios de Lisboa, Viseu e Aveiro, entre outros de grande dimensão.

Não percebeu que o grupo parlamentar do CDS foi a cedência ruinosa de Passos Coelho a Paulo Portas, para tentar conservar o poder, tendo uma dimensão incompatível com a implantação no país.

A vitória nas últimas eleições autárquicas de Lisboa e a exaltação de Assunção Cristas é a história da rã que queria ser boi. Ela não crsceu, inchou… até às últimas legislativas e, de tanto inchar, rebentou. Ela e o partido.

Quando se perfilam mais candidatos para conduzir o táxi do que os ocupantes, é a época de saldos de um partido em desagregação e risco de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) pelo Chega.

Seria péssimo para o País, mas quem quis reintegrar Manuel Monteiro, preparou o caminho de regresso às aulas e a dissolução do partido.

Hoje o CDS é um partido sem cabeça e, perdidos os dedos, põe os anéis à venda.

Até os quadros da sede, no Largo do Caldas, se ariscam, a preço de saldo, a parar nas mãos de exóticos colecionadores.

Comentários

e-pá! disse…
CE:

A OPA (oferta pública de aquisição) ao CDS/PP poderá ser mais complexa.
A 'reestruturação' da Direita, sibilinamente em curso, passará por um natural 'ensanduichamento' do CDS que acabará por ser trucidado pelas margens existentes de um volátil e proteiforme conservadorismo (que vai do Ultra ao Neo), isto é, da Extrema Direita fascizante passando da Direita 'civilizada', desembocando numa envergonhada Direita liberal.

Este banquete pelos despojos (sobra pouco...), um verdadeiro alborque, terá, como é óbvio, o 'Chega', na posição extrema, o 'IL' no centro da mesa e anuncia-se o 'PPD' de Montenegro à cabeceira para presidir ao repasto.

Assunção Cristas, discípula de Paulo Portas, deveria ter tido a noção de que a colaboração com a Troika, isto é, com o neoliberalismo ao serviço do financeirismo internacional, viria a chocar de frente com a evocação 'democrata-cristã' tentada pelo CDS.
A implosão do CDS pode não começar aí (por Cristas), é com certeza mais recuada, mas esses 4 anos de governação conjunta com a Troika lançaram-se muitas achas para a fogueira e no presente a 'gritaria' do CDS soava a falso e pretendeu tratar os portugueses por parvos...
Cristas só foi a oficiante de um demorado e arrastado enterro.

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