Obrigado, esquerda!
Agradeço ao governo que ora finda o fim da crispação e o esforço para melhorar a vida dos portugueses, depois da claustrofobia democrática e das maldades que satisfizeram os carrascos, Cavaco, Passos Coelho e Portas.
Agradeço ao PS, BE, PCP e PEV a pedagogia de ensinarem que os governos se formam na AR e que a direita não decide quais os partidos que podem fazer parte do Governo.
Agradeço a António Costa a liderança do Governo que trouxe uma lufada de ar fresco a Portugal, e à Europa que esqueceu a década de 30 do século passado, e mostrou à direita que não mais pode pensar que, em minoria, impedirá alternativas.
Sinto mágoa, muita mágoa, por não se manter a experiência nos quatro anos que aí vêm, mas compreendo a defesa da identidade de cada partido e silencio a mágoa com que vi a luta fratricida da campanha eleitoral. Estou, porém, certo de que nunca mais a esquerda deixará de ponderar o entendimento entre os seus partidos, atuais ou futuros.
O governo que aí vem não tem a benevolência do PR, com margem de manobra para as suas ambições futuras. O problema da sua saúde, que em breve resolverá, é uma rábula para dar força à recandidatura.
Cada partido será julgado pelo que fizer na AR e já é tempo de deixar de haver partidos que se julguem com alvará para decidirem quem é de direita ou de esquerda, tal como a direita já engoliu o mantra dos ‘partidos do arco do poder’.
Na geografia, há quem pense que o hemisfério norte começa no Trópico de Câncer e, na política, quem julgue que a direita começa no PS.
E a direita, agora em convulsão, com profundas raízes no Portugal salazarista, não tarda a unir-se em torno de um cabo eleitoral. Resta saber se da direita civilizada ou trauliteira.
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