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A mostrar mensagens de agosto, 2013

Remodelação no Vaticano...

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 Jorge Mario Bergoglio resolveu ‘ dispensar ’ um dos homens mais polémicos da Cúria – o cardeal Bertone – que, desde a abdicação do cardeal Ratzinger (hoje a viver em regime de reclusão) esteve sempre no olho do furacão provocado por diversos escândalos (desde os casos de pedofilia, branqueamento de capitais ao tráfico de influências nos corredores apostólicos). Para o seu lugar – o 2º. hierarquia do Vaticano - nomeou o arcebispo Pietro Parolin pouco conhecido nos círculos do Vaticano e presentemente a exercer funções diplomáticas em Caracas link . É uma mudança que carece de ser interpretada à luz das lentas e sucessivas alterações que vêm ocorrendo neste papado. Primeiro, a escolha para a inevitável e inadiável sucessão de Bertone não recaiu sobre um purpúreo residente; segundo, foi indicado para o exercício das funções de Secretário de Estado um clérigo novo (58 anos) que não pode ser incluído no restrito grupo da gerontocracia cardinalícia e, em terceiro lugar, o s

Passos Coelho e a Constituição da República

Passos Coelho, um genérico de PM, de qualidade não certificada, abdicou das funções em que foi investido, finalmente convencido da sua incompetência, e entregou as principais tarefas a Paulo Portas – o Irrevogável. Reservou para si o apelo à subversão do ordenamento jurídico português e a chantagem aos juízes a quem cabe zelar pela legalidade. Que o medíocre cidadão e péssimo PM veja na CRP os mesmos malefícios que Maomé via no toucinho, é um direito, mas que os verbalize e faça chantagem sobre o Tribunal Constitucional, é uma boçalidade contra a qual o Eng.º Ângelo Correia o devia prevenir. A decadência ética do PM pode arrastar consigo o PSD e tornar Portugal um país pária.

Passos Coelho: chantagens atrás de chantagens…

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Derrubada pelo recente acórdão do Tribunal Constitucional a pretensão do Governo de despedir, recorrendo a uma obscura manobra de ‘ requalificação ’, um número não determinado de funcionários públicos link , o Governo começa a aperceber-se que a sua ‘ Reforma do Estado ’ é um chorrilho de inconstitucionalidades. Falta saber o que sudederá sobre a alteração do horário de trabalho (40 h/semanais), bem como a vertente social dessa reforma que se traduz no corte das reformas dos aposentados (10 ou 20% já ninguém se entende) mas os auspícios não serão bons.   Hoje, o primeiro-ministro vem exibir como ‘ nova ’ uma realidade que tem sido insistentemente anunciada: a necessidade de um 2º. Resgate.  Disse: “ Se não formos capazes nos próximos meses de sinalizar aos nossos credores esta reforma estrutural do Estado que garanta que a despesa baixa de uma forma sustentada, o que acontecerá é que não estaremos em condições de prosseguir o nosso caminho sem mais financiamento, sem um segund

Filhos de mãe incógnita - uma crónica pedagógica

Um homem nunca anda só. Transporta consigo a memória e os sonhos que acalenta; a criança que foi e nunca tirou de si; as circunstâncias que o moldaram e a vida que lhe coube. Às vezes interroga-se sobre memórias que resistem cinquenta anos e persistem. Só o jovem saberia explicar o processo que esculpiu factos na memória como as chamas cicatrizes no corpo. Em finais de 1961 coube-me preencher verbetes, na Conservatória do Registo Civil da Covilhã, com a identificação das crianças nascidas em 1955, meninos que, em outubro do ano seguinte, seriam obrigados a frequentar a escola primária. Os livros de registos guardavam os nomes, o sexo, o dia, o mês, o local de nascimento e o nome dos progenitores, dados que os professores do Ensino Primário, designados pelo Delegado Escolar, deviam registar nos verbetes. O que parecia um trabalho automático havia de revelar a surpresa que a memória reteve e há de conservar. Surgiram-me vários filhos de pai incógnito, dado que era registado, como o

"Os acontecimentos fazem mais traidores do que as opiniões.", Francois Chateaubriand...

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Ontem o Jornal de Negócios revelou que o Governo forneceu dados ao FMI que escondiam cortes salariais que paulatinamente foram sendo feitos nos últimos anos de crise link ; link . Mais uma ‘trapalhada’ deste Governo que não conseguindo iludir a ‘vacada’ do fornecimento de dados incompletos e indutores de erróneas apreciações, cuja fonte é da total responsabilidade do Executivo, atribui as culpas aos funcionários do FMI que os teriam solicitado ‘daquela forma’, naquele modelo, com aquela dimensão. Estávamos na 7ª. avaliação e, no entender do FMI, tornava-se necessário impor mais uma descida de salários. Como os dados existentes (reais) mostravam já colossais cortes salariais o expediente atenta e servilmente seguido pelo Executivo foi colaborar ‘fabricando’ números que encaixassem nos desejos do FMI. Não vamos falar da incompetência deste Governo que no afã de servir as instituições financeiras esquece as suas obrigações para com os portugueses e portuguesas. Todo este imbró

António Barreto e o PSD

O homem que fingia ser de esquerda, para melhor defender a direita, foi hoje vedeta da Universidade de Verão, em Castelo de Vide. Não sei se foi por conta da Jerónimo Martins, por iniciativa própria, por coincidência de pontos de vista com um partido, sem ideologia, rumo ou projeto, ou por tudo isso. Faz pena ver o antigo expatriado na Suíça em promíscuo contubérnio com a pior direita que alguma vez dominou o PSD. O revolucionário que foi tornou-se tristemente célebre na comissão liquidatária da reforma agrária sob pseudónimo de ministro da Agricultura. Hoje, perdido o pudor, é o assalariado de um merceeiro holandês e o professor de turno na indigente universidade de verão do PSD. Quem não sabe viver de pé, acaba de rastos.     

Portugal, a Silly Season e António Borges

Quando julgávamos que o calendário viesse paulatinamente reconduzindo Portugal e os portugueses a um módico de responsabilidade que nos redimisse dos silêncios dos altos dignitários que foram a banhos ao Algarve, só a morte de um ministro informal acordou da letargia o PR e o PM. Depois de arderem três bombeiros e milhares de hectares de floresta, depois do sangue derramado nas estradas e das vidas afogadas nas praias e rios, depois do massacre a que os canais televisivos sujeitaram os telespetadores, com labaredas e gritos de desespero, só a morte de um economista implacavelmente ultraliberal, despertou as carpideiras da nossa desgraça para a capitalização da morte, na defesa das ideias que nos conduziram ao fracasso, usando o prestígio do defunto como ex-reitor do INSEAD de Paris. Só um incêndio de uma marquise na Travessa do Possolo ou a Universidade de Férias do PSD poderiam ter perturbado o repouso ou despertado o alvoroço de quem estava a banhos como os espanhóis durante a se

28 de agosto de 1910

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Há 103 anos, os deputados do Movimento Republicano venceram as eleições nos círculos de Lisboa, Porto, Aveiro e Setúbal. Esta vitória, que anunciava o crepúsculo da monarquia, foi um poderoso incentivo para a Revolução do 5 de Outubro que teria lugar nesse ano. Foi o princípio do fim de um regime sem justificação ética, política ou democrática.

Os incêndios da nossa incúria e a incúria dos nossos governantes

Imaginem Sócrates a regressar de banhos e a assegurar que os meios de combate aos incêndios eram adequados, depois de quatro bombeiros mortos em sucessivos fogos, com a floresta consumida perante a impotência dos bombeiros e a escassez de meios. Imaginem o que diriam os que agora são Governo, com provas dadas de aves de rapina a pairar sobre a tragédia da ponte de Entre-os-Rios, a acusarem o Governo de turno, sempre que dele estão ausentes, de responsabilidades na dimensão da área ardida e nas tragédias humanas de quem perdeu haveres e se viu sem futuro por entre as memórias que o fogo devorou. Não faltariam as acusações do PR, com férias estragadas, para acorrer à televisão a dizer bagatelas e a admoestar o Governo: que tinha obrigação de prever as desgraças, que não se admitia a falta de coordenação de bombeiros voluntários que viajaram milhares de quilómetros com autotanques cheios, sem instruções para despejarem uma única gota de água, que ele bem tinha avisado… não se sabe bem

Fé, preconceito e repressão: uma visão alternativa

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(fotografia do autor em Bathu Ferringhi, Penang, Malásia), © 2012 Rui Cascão, todos os direitos de autor transferidos para este Blogue) (fotografia recolhida da blagosfera; mulheres da Salazarenta mais Portuguesa aldeia) Permito-me muy respeitosamente discordar da opinião do Carlos Esperança neste post . Isto é, não me levem a mal, uma falsa questão. Não querendo parecer impertinente, mas acho que, da experiência que tenho de várias culturas e países islâmicos, há coisas que não se podem analisar de forma monolítica e monocromática. E o viés ocidental pouco ajuda ao multiculturalismo.  Certo é que há, em alguns países e sub-culturas islâmicas, uma misoginia que frequentemente se traduz na imposição social e legal de determinadas formas de indumentária à mulher; mas não só; aí também a indumentária dos homens é conservadora, de certa forma como em qualquer parte do mundo (eu também gostaria de poder ir trabalhar todos os dias de calções, T-shirt e sandálias

Os favores pagam-se

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A mãe de todas as imprudências escolheu a Síria

Os anos não somam sabedoria mas acumulam experiências e reúnem provas para exibir no pelourinho da opinião pública. Enquanto Obama, Cameron e Hollande se preparam para invadir a Síria, sem necessitarem de um qualquer Barroso para servir cafés, dou por mim a pensar nos efeitos colaterais da decisão tomada antes da confirmação de quem foi o autor do uso do gás sarin. Os motivos são subsequentes aos atos. Há uma corrente filosófica que assim teorizou. O homem não foge porque tem medo, tem medo porque foge. A invasão estava escrita nas estrelas. O gás é a metáfora do pretexto e a verdade é escrita depois, pelos vencedores, e nunca pelos vencidos, mas não há vitórias definitivas nem mentiras perpétuas. Obama julga-se Vishnu, acompanhado por Xiva e Brama, e não é o único que aparece como novo avatar da fatídica metamorfose. Cameron e Hollande também intervêm na opaca aventura em que encarnam Blair e Aznar, convencidos de que o cajado de Obama tem a força mítica da superstição hindu. Esqu

Fé, preconceito e repressão.

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Pailobo – uma aldeia privada das suas gentes

Quando aos 8 ou 9 anos, montado na albarda de uma burra com o dobro da minha idade e paciência, fazia sozinho uma longa jornada, havia de julgar-me adulto e envaidecido quando via alguém nos caminhos quase desertos que da Miuzela do Côa conduziam a Monte Perobolço, uma légua bem medida. Só a inabalável afoiteza daqueles avós maternos, tão meigos e orgulhados do primeiro neto que lhes coube, permitia que confiassem à criança, a besta, a missão que levava e o dinheiro que pagava a mercadoria. Partia de manhã, cedo, pela fresquinha, bem comido, com a burra aparelhada a preceito, a cilha bem apertada, não fosse a albarda virar-se, o cabresto ajustado e, sobre a manta garrida, os alforges destinados a regressarem cheios. Já levava uma boa meia hora de caminho quando, montado na burra,  passava o Noémi a vau, junto às poldras, a caminho de Pailobo. Era uma pequena aldeia com pouco mais de uma centena de habitantes onde logo era reconhecido e me perguntavam pelos avós, mas o peito incha

António Borges

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Morreu, hoje, António Borges , economista, professor universitário, homem envolvido em instituições financeiras internacionais e nos últimos 2 anos consultor do Governo de Passos Coelho para as privatizações e renegociações das Parcerias Público-Privadas link . Foi durante toda a sua variada e intensa vida profissional um ultraliberal voluntarioso, truculento e aparentemente convicto. O seu trabalho na área financeira é sobejamente conhecido do Mundo e dos portugueses, por bons e maus motivos, não interessando - neste momento doloroso para a sua família e amigos - discuti-lo. Como todos os personagens cuja morte bate precocemente à porta fica por descortinar a sua real dimensão política. Como militante do PSD tentou - mas não conseguiu - conquistar a sua liderança. A sua dimensão como político ficou a partir daí ensombrada dando origem a diversas especulações quanto à sua capacidade e talento nesta área mas, o particular momento de  hoje,  não propicia uma profunda expla

O que vai perdurar no Egipto?

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O 'sequestro da democracia' por parte da Irmandade Muçulmana, após a eleição de Morsi, pode ser encarado como a repetição de um processo ‘ dejá vue ’, há dois decénios, na Argélia. Em certa medida existe um inultrapassável paralelismo entre as recentes evoluções políticas no Egipto, decorrentes à volta da Irmandade Muçulmana e a situação vivida pela Frente Islâmica de Salvação em 1991-92, na sequência da vitória das eleições locais argelinas (1991), deixando pendente a ameaça de vencer as gerais no ano seguinte. Na Argélia, o processo de ‘ anulação ’ da tomada do poder por forças fundamentalistas muçulmanas envolveu as Forças Armadas e que o então presidente Chadli Bendjedid, foi a sua face visível, apresenta um distanciamento histórico que torna os actuais desenvolvimentos no Cairo absolutamente previsíveis. No Egipto a situação é de todo semelhante embora tenham decorridos factos novos, entre eles: a designada ‘ primavera árabe ’ que tentou varrer os ‘arranjos’ p

A política, a religião e o totalitarismo

É mais fácil ser politicamente correto do que ser politicamente justo, sobretudo quando se atinge o limiar da demência e a apoteose do extermínio. É ocioso invocar direitos humanos perante a matança síria ou quando os ataque sunitas ressuscitam o terror sectário no Líbano. É inútil falar de democracia quando equilíbrios geoestratégicos consentem a mais negra opressão da Coreia da Norte, neste caso, quiçá, por fanáticos que não rezam nem pensam no Paraíso. Aliás, quando o ateísmo tolera a opressão, deixa de ser uma opção filosófica e passa a ser uma religião. É por isso que, como dizia Sampaio Bruno, in «A Questão religiosa» (1907): «O Estado também não pode ser ateu, deísta, livre-pensador; e não pode ser, pelo mesmo motivo porque não tem o direito de ser católico, protestante, budista. O Estado tem de ser cético, ou melhor dizendo indiferentista». A conivência ou mera transigência dos Estados com a inclusão confessional tem efeitos devastadores sobre o pluralismo e abre caminho

As eleições autárquicas e a cidadania – Apelo ao voto

A ditadura salazarista criou reflexos antipolíticos que parecem perpetuar-se, como se a despolitização, criada pela repressão, tivesse sido geneticamente assimilada pelo medo. Há quem tenha esquecido o partido único, a censura, os tribunais plenários, as prisões arbitrárias e as perseguições, quem desconheça as torturas, os despedimentos da função pública, os assassinatos de adversários políticos e a necessidade de atestados de batismo passados pelo pároco católico e os de bom comportamento, passados pelo presidente da Junta de Freguesia, para entrar num emprego público ou tirar, por exemplo, um curso de enfermagem. Mas há uma quantidade enorme de pensionistas que recorda, a sangrar por dentro, os horrores da guerra colonial, com 13 mil mortos e dezenas de milhares de estropiados, num país onde as eleições eram a encenação grotesca para sustentar a farsa. Permitam-me os leitores que dê o meu testemunho de professor do ensino primário que em 1961 começou a dar aulas, aos 18 anos, se

O Vaticano e a nova assessora

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A comunicação social especula sobre os problemas do Vaticano com a nova assessora, jovem e bonita, Francesca Immacolata Chaouqui, por ter chamado gay a um ministro italiano e ter criticado o cardeal Tarcisio Bertone, sendo uma, afirmação inócua, e a outra, conveniente. O problema, para o Vaticano, reside na possibilidade desejável de a menina Immacolata trocar o substantivo próprio por um adjetivo precário.

A ética, a legalidade e as eleições

A valentinização eleitoral, à semelhança das ofertas de frigoríficos pelo inefável major Valentim Loureiro, mais habituado a receber do que a dar, desde os tempos em que foi responsável pela compra de batatas para o exército, parece ser um expediente em franca expansão. Luís Filipe Meneses, paga contas da luz e água, a gente pobre e Fernando Ruas, o ainda autarca de Viseu, oferece cheques da Câmara à porta das missas e, segundo as contas dos candidatos dos outros partidos, as ofertas totalizam 70 mil euros. Há quem veja nas atitudes uma condenável e demagógica campanha eleitoralista, digna do terceiro mundo e passível de sanção penal mas pode não passar de espírito caritativo, num caso, e de devoção pia, noutro. Os adros das igrejas eram locais de arrematação de oferendas dos fiéis quando abundava a fé. Hoje, minguada a devoção e a generosidade, o livro de cheques da autarquia pode ser o substituto dos pés de porco e orelhas do dito que, em dias de festa, se entregavam a quem des

A Humanidade a caminho do fim?

Quando deixaram de fazer sentido as profecias do fim do mundo, que infundiam o terror e a fé, numa hábil manipulação religiosa, os factos converteram em certeza a chantagem que então despertava terrores noturnos nas crianças e submissão pia nos adultos. A bomba demográfica explodiu num planeta que tem limites físicos à sua capacidade de regeneração e se encontra já sob stress. É impossível alimentar a população atual cuja estabilização não é previsível. Faltam, a largas camadas, água, alimentos e a satisfação das mais elementares necessidades básicas. A fé na capacidade ilimitada na ciência assemelha-se à que, desde sempre, vigorou para a Providência divina. É absolutamente irracional. Nem os acidentes nucleares, como a fuga de água radioativa em Fukushima, nem as catástrofes naturais parecem interessar já as pessoas. A aflição pela sobrevivência amolece a nossa capacidade de vigilância e embota o espírito crítico. A democracia, os direitos humanos e as liberdades sucumbem sob os

Deus também se engana…

Bento XVI, farto de ser acusado de ter renunciado à tiara por amor, amor à vida, claro, veio agora justificar-se: « Foi porque Deus me disse», numa « experiência mística ». A linguagem exotérica, com que o ex-Papa revela o encontro com a entidade patronal, não deixa aos incréus averiguar a data, o local e o conteúdo, mas percebe-se que Deus não estava satisfeito com o seu PDG, facto que causa a maior perplexidade, a ponto de lhe ter demonstrado «um desejo absoluto» – segundo  afirmou o próprio pensionista à publicação católica “Zenit”. Não se vê como um deus, presciente e omnipotente, além de mandar o Espírito Santo a iluminar os cardeais durante os conclaves, possa permitir que saia dali um cardeal com alvará de infalibilidade, apto para criar cardeais e santos, e despedi-lo depois com justa causa, sem lhe apresentar uma nota de culpa. No mínimo, a eleição de Ratzinger foi um ato desastrado, mais natural no Opus Dei do que em Deus. Sabendo todos, do mais ingénuo devoto ao mais i

Notícias do dia

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Um ‘inorgânico’ vice…

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Tornou-se notório que o ‘ alargado entendimento ’ que se teceu à volta da última crise entre a maioria governamental desavinda e o Presidente da República foi um ardiloso e saloio ‘arranjo’ para conservar o poder a qualquer preço. Nada de substancial mudou nas circunstâncias que desembocaram na crise interna da coligação. Os erros permanecem ou, se calhar, acentuaram-se. Nada indica aos portugueses que as desproporcionadas e abruptas medidas de austeridade que lançaram o País num beco sem saída com a destruição maciça do tecido económico, o disparar de desemprego para níveis ameaçadores da coesão social e a incapacidade de – apesar da dureza das medidas – consigam equilibrar as contas públicas – objectivo máximo do ‘ajustamento’, tenha um novo rumo. O anúncio – pelo recauchutado Governo - de um novo ‘ ciclo de investimento e crescimento ’ é mais um dos logros com que esta maioria prossegue tenta iludir os portugueses. De facto, de palpáveis, só o recorrente anúncio de

O Governo de Paulo Passos Coelho e Pedro Sacadura Portas

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Eça nunca deixou de ser uma referência literária e o cirurgião de serviço a quem todas as oposições tomaram de empréstimo o bisturi, para drenar os furúnculos dos Governos de turno. Desde 1885 que se aplica a frase que exorna este texto, exceto nos tempos sinistros do salazarismo, por motivos atendíveis, mas nunca antes, desde a ditadura de Pimenta de Castro, qualquer Governo eleito, mereceu tanto a verrina iconoclasta que remete para o Conde D’Abranhos e para a Campanha Alegre, onde jazem as páginas que urge reler. Falta a Passos Coelho um biógrafo da dimensão de Z. Zagalo. Poderá ser ainda Miguel Relvas se alternar a defesa da língua portuguesa e dos negócios com o ajuste de contas, depois da sua queda d’«Este governo [que] não se remodela… remenda-se porque é um trapo». Passos Coelho apareceu no Governo como Pilatos no Credo. Achava-se no sítio donde se sai para primeiro-ministro quando o pior PR desta República viu que podia substituir um ódio de estimação por um amor de ci

A Síria e a barbárie

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Desconheço se foram as forças do Presidente Bashar al-Assad as responsáveis do ataque químico, hoje perpetrado em diversas zonas próximas de Damasco. Fiz a guerra colonial e sei da História o suficiente para desconfiar do que é capaz a contrainformação. Aqui ao lado, em Espanha, os exércitos de Franco queimaram igrejas, para acusarem do crime os adversários e incitarem contra eles o ódio. Os totalitarismos nunca titubearam na deriva criminosa que pudesse beneficiá-los. Há meio século Damasco era uma cidade cosmopolita, as mulheres gozavam a liberdade e respiravam a civilização. Hoje é o inferno onde o desespero e o ódio semeiam a morte, onde o gás sarin, ou outro, deixa o chão juncado de cadáveres de homens, mulheres e crianças, numa orgia de violência que lembra o horror do nazismo. As imagens que nos chegam provocam comoção, incitam à raiva e despertam desejos de vingança. Nós sabemos que as crianças mortas foram colocadas naquela posição, com precisão cirúrgica, para obter a

Portas de portas abertas para liderar o Governo

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Os irrevogáveis poderes de Portas, a que não auguro grande longevidade política, serão conhecidos, quase um mês depois de ter sido ungido vice-primeiro-ministro, através da nova lei orgânica do Governo, a publicar hoje no Diário da República. É interessante conhecer o conteúdo do diploma, promulgado pelo PR, e as competências que restarão à desgastada ministra das Finanças que tomou posse de um Governo onde a ausência do CDS o tornava inexistente, com Cavaco a fazer de mestre de cerimónias da fúnebre promoção a ministra. Conhecendo-se a labilidade de Portas e os empregos que dependem da sua permanência no Governo, compreende-se a ansiedade da clientela para encontrar uma solução que dê à ministra a ilusão do poder e satisfaça a gula do líder de um partido cuja representação parlamentar, se o PR tivesse feito o que devia, caberia agora num táxi. Com o país a arder e a pátria a banhos, junto ao Jardim Zoológico, em exótica metáfora, Portas prepara a efémera escalada num Governo s

Recordando Eça de Queirós

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Hoje, nem isso

Gibraltar, política e propaganda

Gibraltar é para Inglaterra um marco nostálgico da tradição imperial e, para Espanha, um espinho cravado na garganta que a separa de África. Na União Europeia, cuja desagregação o Reino Unido tem incentivado, não faz sentido um furúnculo colonial no território espanhol, tal como Ceuta e Melilla podem vir a ser motivo para disputas com Marrocos, que não são de bom augúrio. Há, nesta disputa, tal como na de Olivença, onde Portugal pode invocar razões legais, o problema dos escuteiros que se atrasaram a chegar à escola, para ajudarem a velhinha a atravessar a estrada. Eram três os escuteiros, porque a velhinha não queria atravessar. Neste caso, por maiores prejuízos que sofram os trabalhadores e turistas que entram ou saem do rochedo, o problema reavivado por Rajoy serve ao primeiro-ministro britânico para celebrar o sentimento imperial da expedição às Malvinas e a Rajoy para distrair os espanhóis do mar de corrupção em que o partido do Governo se atolou. Acordar demónios nacional

O catolicismo, o islamismo e a democracia

Pio IX, a quem a epilepsia impediu uma carreira militar, seguiu o caminho da teologia, e foi, mesmo para a época, o exemplo do extremismo reacionário. A encíclica «Syllabus errorum» é um catálogo de condenações, desde o panteísmo ao  naturalismo, do racionalismo ao socialismo, sem esquecer o comunismo, a maçonaria e o judaísmo. O roubo de uma criança, Edgardo Mortara, aos pais judeus, com a alegação de que uma criada a batizara em segredo, para ser educada na religião católica, não o impediu de ter um milagre adjudicado por João Paulo II, que o promoveu a beato, mas ficou como uma das nódoas mais negras da Igreja católica. Não o salvam do opróbrio os dogmas criados: a infalibilidade papal e a virgindade de Maria. Para Pio IX, a Igreja católica era incompatível com a liberdade, a democracia e o livre-pensamento, valores aprovados no concílio Vaticano I, uma reedição do de Trento. A História acabou por desmenti-lo e a excomunhão da modernidade é um mero detalhe na nódoa do seu pontif

O Governo e o Tribunal Constitucional

Há um aspeto em que o atual Governo tem sido de um inexcedível espírito democrático, no ataque ao bem-estar dos portugueses e aos direitos adquiridos, mitigados os últimos no caso dos magistrados e diplomatas. Perante a incompetência provada, que até o PR nota, resolveu Passos Coelho atirar-se ao Tribunal Constitucional como Maomé ao toucinho. Já tenho visto quem vai em busca de lã e regressa tosquiado. O aparelho partidário julgou que Passos Coelho era o Guterres do PSD e saiu-lhes o Tino de Rãs, com menos tino.

Marques Mendes e a tentação ‘tamagochi’…

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Aproximam-se as eleições autárquicas e os ‘ isentos ’ comentadores acoitados na comunicação social deixam cair a máscara. Marques Mendes acha legítimas as pressões de Passos Coelho sobre o Tribunal Constitucional . Mais um princípio que é derrogado, espezinhado, no altar do ‘ pragmatismo ’. A imparcialidade dos juízes (será que esta ‘qualidade’ ainda persiste na cabeça dos políticos?) para qualquer regime democrático resulta da independência deste perante outros poderes (executivo, legislativo e presidencial).  A discordância sobre as decisões dos Tribunais é legitima e deve ser exercida à posteriori , a pressão é sempre ilegítima e quando é ‘prévia’ passa a ser inqualificável.  Um raciocínio aparentemente linear para qualquer cidadão mas que interesses partidários escondidos ou abafados por aparências de idoneidade pessoal, nem sempre se tornam transparentes e mostram-se capazes de o prostituir (como parece ser o presente caso). Esticar a corda da credibilidade e ten

Passos Coelho e o discurso do Pontal

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Há em Passos Coelho uma vertigem demencial que não pode ser apenas atribuída à falta de cultura democrática e ao défice de preparação. Há de haver o ódio ao 25 de Abril e o ressentimento de retornado na obstinada deriva em que faz a síntese de Mohamed Said Al-Sahaf, o ministro da propaganda de Saddam, e do major Silva Pais, último diretor da PIDE/DGS, para quem as leis ou serviam ao regime ou não serviam para coisa alguma. A chantagem sobre o Tribunal Constitucional é igual à conduta de Mohamed Morsi que, eleito também democraticamente, cedo ignorou o limite dos poderes que a Constituição lhe conferia e logo coartou os direitos dos cidadãos. O fracassado cantor lírico entregou-se primeiro nas mãos de Vítor Gaspar a quem tinha como salvador da Pátria. Depois, perante o fracasso reconhecido pelo próprio, na carta de demissão, e na acusação à falta de liderança do Governo, que o mesmo é reconhecer a incompetência de quem nominalmente exerce as funções, preferiu transferir para mãos

POR UM MOMENTO, ESTIVE DE ACORDO COM O GOVERNO!

Noticia o Expresso que "O Governo considera 'injusta e insustentável' a diferença das pensões entre público e privado: um aposentado do Estado recebe uma reforma equivalente a 90% do seu último salário e um aposentado do setor privado beneficia apenas de 60%." Na minha incorrigível ingenuidade, pensei por um momento que o governo ia finalmente pôr termo a esta injustiça, colocando as pensões do setor privado ao nível das do público. Mas a continuação da leitura logo me desfez a ilusão: para o governo, o que é injusto é que os do público tenham pensões melhores que as do privado; por isso, para acabar com a "injustiça", vai cortar as pensões do setor público! É claro que esta maneira de "reparar injustiças" é manifestamente inconstitucional; mas isso nunca foi óbice para este governo de tartufos viciados na violação da Lei Fundamental.

Dias de cólera e de demência

No Egito trava-se um combate cruel e sanguinário. De um lado encontram-se os que foram apeados do poder a que acederam democraticamente, odiando a democracia; do outro, os que o conquistaram por um golpe de Estado e repudiam a submissão à sharia . Há quem pense que a democracia confere à maioria o direito discricionário e que tudo é permitido, mas não há democracia onde os direitos das minorias não forem respeitados. Entre a força das armas dos militares e as hordas de fanáticos islâmicos não se brinca à democracia e à incerta laicidade, é a geoestratégia global que arma os militares e excita os Irmãos Muçulmanos. Por entre uma confrangedora orgia de sangue e violência. E não acusem os suspeitos do costume desta  manifestação de intolerância fascista .

Discurso do Pontal: paradoxal!

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Se algumas dúvidas existissem sobre a ilegitimidade deste Governo , apensa a um obscuro projecto de mudança de regime, situação que não foi – nem poderia ser - colocada aos portugueses nas últimas eleições legislativas, ocorridas há cerca de 2 anos, Pedro Passos Coelho, dissipou-as hoje quando classificou a intervenção do Tribunal Constitucional como um ‘ risco interno ’. link . No Pontal, onde registe-se a ‘ festa ’ escasseou, foi possível ao País - através de uma larga cobertura mediática – assistir à grosseira manipulação de resultados recentes divulgados pelo INE sobre o crescimento do PIB no 2º. trimestre de 2013 link . Estes (resultados) mesmo que sendo só uns discretos e esporádicos ‘ sinais ’ bastam para politicamente confirmar o acerto dos caminhos prosseguidos pelo actual Executivo mas, simultaneamente, a prudência com que os próprios membros do Governo envolvem estes resultados deixa adivinhar que, no futuro, servirão também para dizer o seu contrário.  Definitiva

O AO de 1990 e as úlceras gástricas que provoca

Deve-se à República a Reforma Ortográfica de 1911, que veio colocar um módico de uniformização na língua portuguesa, onde a profunda anarquia era a regra. O objetivo mais lato era a alfabetização do povo com maior índice de analfabetismo na Europa. A ortografia foi, pois, um desígnio de particular relevância para a República e é uma discussão que tem toda a legitimidade e interesse. A crispação dos que se lhe opõem contrasta com a serenidade usual de quem o defende ou, simplesmente, se conforma com uma matéria que parece estar prestes a transitar em julgado. Publicaram-se dezenas de artigos contra o AO-90 sem merecerem reparo de quem agora se amofina com a posição divergente. Débeis princípios republicanos de quem se irrita com o contraditório (minoritário) quando, há 24 séculos, Demóstenes, na Oração da Coroa, já defendia a necessidade de se ouvirem igualmente ambas as partes. Quem invoca o notável romancista Eça de Queirós, ao atacar o AO-90, jamais dever ter lido uma só pági

Diferentes maneiras de ‘perturbar’ autarquias…

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Irão: Vereadora sexy não pode assumir cargo por ser demasiadamente bonita… link Um problema que não teremos por cá a 29 de Setembro… Por enquanto, temos o do cónego Melo, que nunca tendo sido eleito para qualquer cargo autárquico, nem sendo um esbelto Adónis, ao que parece ‘ inspirou ’ o(s) mandato(s) de Mesquita Machado e por ‘isso’ foi guindado a um ‘ altar cívico ’ na Bracara Augusta … Cada País – ou melhor cada religião – ‘ fabrica ’ os seus próprios problemas. Ou então constatamos que os problemas - embora diferentes - têm as mesmas ‘ piedosas ’ raízes…

Poiares Maduro e os ‘sábios’ academismos…

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 Governo cria Conselho de Sábios para promover a concorrência entre ministérios. Só os melhores projectos vão ser financiados… link Em Coimbra conta-se uma história sobre um petulante professor que de regresso de um evento científico o relatou do seguinte modo: ‘ Bem, na dita reunião só sábios éramos 20! ’… Esta prosápia encaixa-se no anúncio de Poiares Maduro quando anunciou o tal ‘ conselho de sábio s’. Não vamos escalpelizar, nem escrutinar, as individualidades que se vão agregar no tal ‘ conselho ’. Vamos, antes disso, equacionar o que nos pode acontecer enquanto formos governados com ‘ academismos ’ deste tipo. O ‘ academismo ’ é, na política, o palco preferido da retórica vazia de conteúdo social e ao mesmo tempo a tentativa de veicular uma ideologia (qualquer que seja) assente num abusivo prestígio que a Ciência tende a conferir.  Conduz muitas vezes ao desenvolvimento de ‘ modelos experimentalistas ’ que por regra pouca relação têm com a multifacetada reali

O Acordo ortográfico e os seus detratores

Os adversários da ortografia acordada já não serão vivos na assinatura do futuro tratado que necessariamente há de ocorrer na sã tentativa de unificar a língua que todos os dias assimila novos termos. O pragmatismo acaba sempre por vencer a vontade dos puristas e a argumentação dos eruditos. Os adversários truculentos das atuais alterações não dizem o que pensam das anteriores e qual o critério para definir a transformação de um vocábulo corrente em arcaísmo. Os zeladores da pureza idiomática lembram fidalgos arruinados a exibirem o brasão de família com as calças puídas na albarda de um burro, depois de lhes minguarem posses para ataviarem um cavalo puro-sangue. Sendo a obsessão pelos costumes mais forte do que o pragmatismo, surpreende que a cruzada fique pelas últimas alterações e que os paladinos não tercem armas em defesa do português arcaico. Concedo que é igualmente legítimo ser a favor ou contra qualquer AO, mas ninguém gostaria de regressar à ortografia anterior a 1911

Ainda a estátua do cónego Melo

O cónego Eduardo Melo foi um ditoso membro do cabido da Sé de Braga, um homem de ação, com provas dadas no Verão “quente” de 1975. Sabíamo-lo ao serviço de Deus e da sua Igreja, da fé e da sua difusão, do clero e dos seus interesses.  Coerente.  Sem medos.  Sem falsos pudores.  Em explosões constantes de proselitismo. Sabíamo-lo o braço armado da Providência e o guardião da moral e dos bons costumes. Com muitos como ele ninguém lamentaria hoje a mancha negra na História de Portugal, como Sua Reverência considerava, em muitos aspetos, o 25 de Abril. Só não sabíamos que a sua santa alma pudesse  explodir em desabafos de incontida admiração. «O Dr. Salazar foi um estadista insigne, com um grande sentido de Estado e uma inigualável noção de autoridade »,  afirmou o Sr. Cónego Melo, defendendo outra vez um pulso forte como foi o dele.  Se ninguém duvidava dessa admiração, desse respeito, dessa gratidão, o que terá levado um homem de tanta devoção e provas dadas ao serviço do divi

O cónego Melo, a estátua e a desmemória

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O funeral do cónego Eduardo Melo, da Sé de Braga, deu origem a uma importante concentração fúnebre. Uns foram para terem a certeza de que ficaram livres de uma testemunha incómoda, outros para prestarem homenagem ao homem que não hesitaria em defender a Igreja à bomba. Não foi a devoção que o celebrizou, foi o poder que o tornou temido. A estátua que lhe erigiram não foi uma homenagem às ave-marias que rezou, às missas que disse ou à frequência com que sacava do breviário. Foi o pagamento de favores, das cumplicidades que teceu, do poder que tinha. Não era homem de andar de hissope em punho a aspergir beatas que arfavam à sua volta antes da Revolução de Abril, era um homem de ação. Do futebol à política. Do salazarismo ao MDLP. O cónego Melo pode ter sido alheio ao assassínio do padre Max, cujo crime ficou impune graças a uma investigação pouco eficiente, mas presume-se que não o chorou. Na morte teve a acompanhá-lo o inevitável presidente da Câmara, Mesquita Machado, o Govern

COIMBRA – A Irmã Lúcia e a estátua

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Junto ao Carmelo de Santa Teresa já está a escultura de bronze da sua antiga reclusa, a servir de argumento à freguesia da Sé Nova, para a campanha autárquica. Lúcia é para o PSD de Coimbra o que o cónego Melo é para o PS, sem honra, em Braga. A vida desta mulher, a quem os padres educaram pelo catecismo terrorista, que havia de percorrer ainda a minha infância, é a metáfora do Portugal salazarista que fez de Fátima o instrumento contra o comunismo, depois de ter nascido para execrar a República e as suas leis, sobretudo as do divórcio, do Registo Civil obrigatório e da herética separação da Igreja/Estado. Não sei se o terço é o demífugo mais potente mas sei que foi o instrumento de alienação do povo, durante a ditadura. Nas noites de maio presidia ao mês de Maria, à luz de uma candeia de azeite, um ancião da aldeia donde o homem que sou trouxe a criança que fui. Era ele que dirigia o terço, iniciava os mistérios, padres-nossos e ave-marias, que a Irmã Lúcia mandava rezar