O Vaticano, a fé e a liberdade
Já o disse muitas vezes e não me cansarei de o repetir: «não há verdades absolutas». O que eu escrevo é a expressão do que penso e sinto sem me faltar o entusiasmo e a força da convicção, certo de que os meus adversários podem ter convicções igualmente fortes, de sinal contrário.
Dito o que acima fica reafirmado, reconheço que para um católico beato todos os papas sejam santos e para os ateus não passem, em qualquer circunstância, de gestores de uma multinacional da fé, responsável pela superstição, ignorância e aversão à modernidade.
Creio, no entanto, que é possível encontrar um módico de racionalidade nas críticas e substituir a calúnia pela argumentação.
O Papa Bento XVI redigiu a última encíclica Lumen Fidei (A luz da fé) com a chancela do seu sucessor porque abdicou do alvará da infalibilidade e da legitimidade de lançar encíclicas. É com surpresa que vejo este papa a aprovar o pensamento do antecessor, já que o Vaticano pareceu querer mudar de paradigma ao substituir dois pontificados sob os auspícios do Opus Dei pelo pontificado de um jesuíta.
Bento XVI foi herdeiro espiritual de Santo Agostinho e S. Boaventura. Não houve nele qualquer aproximação à modernidade, esforço para entender as mudanças a que na sua longa vida assistiu, apesar de ser um intelectual brilhante, mas reacionário.
Não podemos menosprezar o papel das Igrejas, diretamente proporcional ao poder de que dispõem e que tanto pode ser usado num sentido benéfico como posto ao serviço das forças mais retrógradas. A experiência histórica mostra que as Igrejas, instituições arcaicas, têm tendências conservadoras e repressivas e particular aversão à felicidade.
Não é por acaso que o progresso é acompanhado pela secularização e a emancipação humana pelo afastamento progressivo da moral religiosa. Fez mais pelo progresso da Humanidade a busca do prazer do que a insistência na salvação da alma.
Entre o efémero bem-estar na Terra e a felicidade eterna no Paraíso cada vez mais o bom-senso vai optando pelo primeiro.
Dito o que acima fica reafirmado, reconheço que para um católico beato todos os papas sejam santos e para os ateus não passem, em qualquer circunstância, de gestores de uma multinacional da fé, responsável pela superstição, ignorância e aversão à modernidade.
Creio, no entanto, que é possível encontrar um módico de racionalidade nas críticas e substituir a calúnia pela argumentação.
O Papa Bento XVI redigiu a última encíclica Lumen Fidei (A luz da fé) com a chancela do seu sucessor porque abdicou do alvará da infalibilidade e da legitimidade de lançar encíclicas. É com surpresa que vejo este papa a aprovar o pensamento do antecessor, já que o Vaticano pareceu querer mudar de paradigma ao substituir dois pontificados sob os auspícios do Opus Dei pelo pontificado de um jesuíta.
Bento XVI foi herdeiro espiritual de Santo Agostinho e S. Boaventura. Não houve nele qualquer aproximação à modernidade, esforço para entender as mudanças a que na sua longa vida assistiu, apesar de ser um intelectual brilhante, mas reacionário.
Não podemos menosprezar o papel das Igrejas, diretamente proporcional ao poder de que dispõem e que tanto pode ser usado num sentido benéfico como posto ao serviço das forças mais retrógradas. A experiência histórica mostra que as Igrejas, instituições arcaicas, têm tendências conservadoras e repressivas e particular aversão à felicidade.
Não é por acaso que o progresso é acompanhado pela secularização e a emancipação humana pelo afastamento progressivo da moral religiosa. Fez mais pelo progresso da Humanidade a busca do prazer do que a insistência na salvação da alma.
Entre o efémero bem-estar na Terra e a felicidade eterna no Paraíso cada vez mais o bom-senso vai optando pelo primeiro.
Comentários
Não és o primeiro a quem pergunto, isto e desconfio que não serás o último, quando dizes:
«(Ratzinger fez um)...esforço para entender as mudanças a que na sua longa vida assistiu, apesar de ser um intelectual brilhante..."
Importas-te de me dizer porque achas que ele é um "intelectual brilhante"?
Será, suponho, a 1ª. escrita a 4 mãos.
Esperemos que as próximas sejam menos manuseadas e, eventualmente, publicadas no facebook...
As intervenções de Ratzinger revelam um profundo conhecimento da literatura clássica e uma enorme cultura geral.
Veio depois de João Paulo II, de quem foi o ideólogo, e cuja preparação era equivalente à de um padre de uma zona rural.
As intervenções dele, que tão pouca simpatia me mereciam, revelavam um intelectual sólido.
Apesar de eu ter lido várias citações, textos, e alguns excertos de missas. Que eu me lembre bem, de uma intervenção menos religiosa, só mesmo a que ele fez na assembleia alemã. Aí ele referiu bastante literatura e trabalhos relativamente obscuros, além dos clássicos, e parece-me perfeitamente plausível que ele os tenha lido e conheça. Nisto concordo perfeitamente contigo.
Contudo, nessa ocasião, Ratzinger também disse muita coisa falsa. Tentou justificar (só com recurso a falácias) coisas que me parecem obviamente injustificáveis. Os assuntos típicos de que a igreja católica é criticada, se bem que para ser honesto, ele só as referiu de forma vaga, e nunca falou delas diretamente.
A mim, parece-me que ter cultura (e ele definitivamente tem) não é suficiente para esse adjetivo, há uma componente que é a utilização da razão, que me parece faltar e muito, ao ex-papa.
«... há uma componente que é a utilização da razão, que me parece faltar e muito, ao ex-papa.»
Completamente de acordo.