Marques Mendes e a tentação ‘tamagochi’…

Aproximam-se as eleições autárquicas e os ‘isentos’ comentadores acoitados na comunicação social deixam cair a máscara.

Marques Mendes acha legítimas as pressões de Passos Coelho sobre o Tribunal Constitucional. Mais um princípio que é derrogado, espezinhado, no altar do ‘pragmatismo’.
A imparcialidade dos juízes (será que esta ‘qualidade’ ainda persiste na cabeça dos políticos?) para qualquer regime democrático resulta da independência deste perante outros poderes (executivo, legislativo e presidencial). 
A discordância sobre as decisões dos Tribunais é legitima e deve ser exercida à posteriori, a pressão é sempre ilegítima e quando é ‘prévia’ passa a ser inqualificável. 
Um raciocínio aparentemente linear para qualquer cidadão mas que interesses partidários escondidos ou abafados por aparências de idoneidade pessoal, nem sempre se tornam transparentes e mostram-se capazes de o prostituir (como parece ser o presente caso).

Esticar a corda da credibilidade e tentar cultivar à outrance um (fantasioso) tipo de bom censo de tonalidade moderada e apaziguadora acaba por revelar uma total ‘irresponsabilidade’ analítica e a mais confrangedora leviandade política.
E não contente com isso Marques Mendes decide avançar da legitimidade das pressões para a chantagem. Ao afirmar “que o TC estará a fazer um «bloqueio» ao se opor à redução de salários e à redução de pessoal na função pública. Nesse sentido, adianta, se o TC chumbar estas duas questões estará a impedir que o Governo leve a cabo uma redução de impostoslink entrou inexoravelmente nesse caminho.
Porque não fazer um exercício simples. Dissolver o presumível bloqueio (do TC), no entender do ex-dirigente do PSD, será reduzir os salários em 10% e conseguir a redução de 1 ou 2 % nos impostos. Falta fazer os cálculos relativamente ao rendimento disponível das famílias e verificar o 'saldo' final, mas isso é um pormenor já que o que interessa e ofusca a obsessão de aumentar as exportações a qualquer preço ('esmagamento dos salários')

Estamos, portanto à beira dos ‘negócios da China’ (tão em voga e lucrativos nos tempos que correm) e seria bom que Marques Mendes escapasse à tentação transformar-se num ‘tamagochi’ que, como sabemos, vive parasitando situações virtuais…

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