Passos Coelho e o discurso do Pontal


Há em Passos Coelho uma vertigem demencial que não pode ser apenas atribuída à falta de cultura democrática e ao défice de preparação. Há de haver o ódio ao 25 de Abril e o ressentimento de retornado na obstinada deriva em que faz a síntese de Mohamed Said Al-Sahaf, o ministro da propaganda de Saddam, e do major Silva Pais, último diretor da PIDE/DGS, para quem as leis ou serviam ao regime ou não serviam para coisa alguma.

A chantagem sobre o Tribunal Constitucional é igual à conduta de Mohamed Morsi que, eleito também democraticamente, cedo ignorou o limite dos poderes que a Constituição lhe conferia e logo coartou os direitos dos cidadãos.

O fracassado cantor lírico entregou-se primeiro nas mãos de Vítor Gaspar a quem tinha como salvador da Pátria. Depois, perante o fracasso reconhecido pelo próprio, na carta de demissão, e na acusação à falta de liderança do Governo, que o mesmo é reconhecer a incompetência de quem nominalmente exerce as funções, preferiu transferir para mãos do CDS a liderança, para um ministro que irrevogavelmente se demitiu, a demitir-se ele.

Apenas se gabou de duas coisas, no discurso onde faltou aos indefetíveis o entusiasmo que esperava: da manutenção do rumo, sem se dar conta de que o abismo é a meta, e dos sinais da retoma, magro consolo, de duvidosa duração, num Governo onde o PIB nunca tinha deixado de cair.

Um dia o País há de pedir contas a quem lhe permitiu desrespeitar tão grosseiramente a Constituição e intimidar de forma tão soez os juízes do Tribunal Constitucional. O PR, por mais vezes que peça a fiscalização da constitucionalidade de diplomas, a que a AR estaria atenta, não poderá ser absolvido da capitulação perante quem não tem a ética e a preparação para as funções que nominalmente exerce.

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