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A mostrar mensagens de fevereiro, 2016

Notas soltas – fevereiro/2016

Paulo Portas – Foi o primeiro a tirar ilações da eleição de Marcelo, tirando o boné e as galochas, à espera de outras feiras para as suas ambições. Passos Coelho não percebeu e pretende manter-se líder do PSD agora rendido à social-democracia que rejeitava. Zica – O vírus, que existe há várias décadas em África, abala agora a América do Sul e Central, mas só a chegada à Europa e EUA lançou o pânico e o tornou uma emergência médica a nível mundial. OE-2016 – Há críticas fundadas e luta política legítima, mas o alemão Manfred Weber, presidente do PPE, apoiado por Paulo Rangel, ao acusar o Governo português de ser um bando de extremistas antieuropeus, no Parlamento Europeu, parecia um nazi. E mentiu. Passos Coelho – O mais extremista dos liberais e o mais impreparado líder do PSD, que os ciclos políticos e os acasos da sorte fizeram PM, quer agora transformar o partido em social-democrata, como se um animal felino pudesse tornar-se vegetariano. Coreia do Norte – Pior

Uma obsessiva reprise…

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Em tempos de desalento, de desorientação e de deambulação pelo País a tendência para as reprises é avassaladora. Em 3 de Junho de 2011, Passos Coelho declarou-se “ preparado para governar ” link . Foi o que se viu, se sentiu na pele e acabou dispensado de tal ‘encargo’ nas eleições legislativas seguintes. Passados quase 6 anos, a 28 de Fevereiro 2016, depois de uma volta de traineira pelos mares de Viana do Castelo, provavelmente um pouco mareado pela ondulação, brindou os portugueses com uma novidade: “ O PSD está preparado para governar ”… link . Uma obsessão pouco inovadora mas que define efectivamente o que anda por aí a fazer batendo com a mão no peito de que não deseja uma crise política.

Na ressaca das ‘Primaveras Árabes’…

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O grande erro das denominadas 'Primaveras Árabes' é reconhecível à vista desarmada e reside um ponto essencial: o fim de regime autoritários no Médio-Oriente parecia, à primeira vista, o arranque de um processo de democratização dessa região. O que começou na Tunísia com a deposição de Ben Ali, logo seguido no Egipto com a queda de Mubarak, na Líbia com Kaddafi, no Iémen com Saleh e agora na Síria com Al Assad teve efeitos devastadores na configuração política e institucional destes países.  Estas alterações de personagens (e não de regimes) foram abusivamente conotadas como movimentos sociais espontâneos, oriundas de uma sociedade civil anacrónica nadando na miséria, que tinha encontrado novos meios de mobilização (Internet, redes sociais, etc.) e acção política fora dos habituais e patriarcais 'tutores' (religiosos ou tribais). Menosprezou-se o facto de todos estes países terem como denominador comum um forte substrato religioso, o islamismo, altamente cond

O cartaz que fere o bom senso político (e só isso…)

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O cartaz publicado pelo Bloco de Esquerda relativo à discriminação da adopção é lamentavelmente infeliz. Não está em causa a liberdade de expressão e de pensamento. Existe, de facto, liberdade para o BE fazer o que fez.  O que foi deturpada foi a capacidade política de comunicar com a população. E a falta de argúcia para fundamentar a comunicação por imagens no contexto real. Não vale a pena discutir nem conduz a bons resultados misturar pressupostos contextos biológicos e fisiológicos e convicções sobrenaturais.  É uma argolada confundir – ou meter no mesmo saco - questões sociais reais e prementes, envolvidas em especulações biológicas e reprodutivas com mitologias divinas, apostólicas e/ou esotéricas. A adopção da personagem Jesus, que é um dos pilares religiosos para os católicos embora não tenha um percurso histórico claro e credível, não informa qualquer conteúdo legislativo e não consegue influenciar os fundamentos da sociedade moderna (malgré os esforços do papa

Síria: o ‘improvável’ cessar-fogo…

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O cessar-fogo anunciado para  o dramático conflito que se desenvolve na Síria é uma medida muito limitada embora seja de saudar. Mais do que ser um caminho para a resolução do conflito será uma pausa para respirarem link . Quer as exaustas máquinas bélicas e diplomáticas, quer para dar tempo a acções humanitárias inadiáveis. A exclusão do âmbito deste tímido acordo do Daesh e da Frente al Nusra torna muito complicada a sua efectivação. Na verdade, o conflito sírio que terá começado por uma contestação interna ao regime de Bachar Al Assad rapidamente transformou-se numa encruzilhada internacional que envolve múltiplos parceiros (EUA, Arabia Saudita, Turquia, Rússia, Curdos, etc.). A declaração de cessar-fogo é muito restrita e envolve quando muito a Rússia e EUA que necessitam de tempo para fazer balanços provisórios. O problema é que embora existam inúmeras organizações de nominalmente se identificam com esta trégua a confusão reina no terreno já que distinguir o que é o

FIFA

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O Futebol mundial elegeu ontem o dirigente da FIFA. Trata-se do suíço-italiano Gianni Infantino . Não foi uma normal rotação de presidentes. Por regra este é uma alto cargo do futebol que é ocupado pela mesma pessoa durante largos períodos de tempo. Os seus dois últimos detentores do cargo o brasileiro João Havelange e o suíco Joseph Blatter estiveram respectivamente 24 e 17 anos à frente deste organismo. É possível reconhecer que permanecer tanto tempo neste cargo cria problemas a que não são estranhos esquemas compradrios, de abusos, de enviesamentos, de favorecimentos  e até de corrupção (situação em investigação relativamente ao consulado de Blatter). Dando por adquirido a necessidade de um organismo coordenador mundial do futebol a questão que se coloca , no imediato,  é: - Não seria prudente limitar estatutariamente o nº de mandatos do presidente? - Dois mandatos de 4 anos cada não seriam suficientes?

A posse de Marcelo e a primeira-dama

Nos onze dias que ainda faltam para a tomada de posse do Presidente da República, uma eternidade para quem espera, há dez anos, o retorno do cargo à sua dignidade, há já uma excelente notícia. Não haverá primeira-dama, o resquício monárquico que as Repúblicas alimentam, como as teocracias islâmicas o harém do califa. Para quem luta pela igualdade de género e anseia por uma mulher na P.R., é deprimente assistir à deslocação do inquilino de Belém, constantemente acompanhado pela prótese, dando a ideia de que, sem ela, se sente como um idoso que esqueceu os óculos e recebe, para ler, o discurso impresso. O protocolo vai ser modificado e consta que a mulher de Ferro Rodrigues, que tem vida própria e não usa o pseudónimo de segunda-dama, tem a gentileza de estar presente para escoltar a D. Maria Cavaco, para que esta se mantenha no horizonte visual do marido a servir de benzodiazepina que o conforte na ação de despejo do Palácio de Belém. Feito o corte com a subalternidade da mulher,

OE-2016, PSD e CDS – curiosidades

Durante a discussão do OE- 2016, Passos Coelho, inchado, subiu à tribuna para afirmar, em síntese, que ia ali, apenas, para dizer que não contassem com ele. Lembrou o sujeito que foi a uma entrevista de emprego e a quem o entrevistador, na falta de habilitações exigidas, perguntou o que fora ali fazer, ao que o fulano respondeu, ‘só vim dizer que escusam de contar comigo’. PSD e CDS, ainda mal refeitos da desunião de facto, o que acontece sempre que o poder lhes foge, só se distinguiram pela postura corporal a tão insólita e ressabiada declaração. Enquanto os deputados do PSD aplaudiram de pé, os do CDS aplaudiram sentados. Não são as ideias que os distinguem, são as articulações.

Portugal e as Forças Armadas (FA)

Os militares, após a Revolução de Abril, começaram cedo a ser ostracizados. Portugal, incapaz de fazer a catarse da guerra colonial, tão injusta quanto inútil e criminosa, viu depressa insurretos, nos libertadores, e patriotas, nos algozes da ditadura. Só um país rico se podia ter dado ao luxo de esbanjar a formação e experiência técnica, administrativa e de liderança de oficiais e sargentos dos três ramos das Forças Armadas. Podia ter aproveitado, depois de afastados os próceres da ditadura, a honradez castrense que rivalizava com a dos melhores quadros que os partidos atraíram. Os partidos preteriram sempre os militares, especialmente os que nos libertaram da mais longeva ditadura europeia, quando precisaram de autarcas e quadros da Função Pública. Afastaram os que, em comissão de serviço, integravam a PSP; até da GNR afastaram os oficiais da Academia Militar numa progressiva desvalorização das Forças Armadas e do carácter simbólico da unidade nacional que representam. O fim do

Navegar à vista…

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Ontem, durante a discussão do OE no Parlamento, António Costa voltou a afirmar que a actual Oposição (CDS/PSD) teria desenvolvido diligências junto a Bruxelas com vista ao seu chumbo link . Costa chamou-lhe um 'momento triste'. Será mais do que isso, isto é, um momento idiota e hipócrita. Em plena campanha eleitoral para as Legislativas Passos Coelho fez um alarido monumental quando António Costa afirmou que chumbaria um orçamento de um Governo PSD/CDS.  Nessa altura o ainda primeiro-ministro achou que o prometido chumbo seria “ procurar dividir os portugueses, ameaçar os eleitores e prometer conflitualidade e instabilidade " e acrescentou: " Não é uma maneira madura de tratar civicamente uma democracia que nestes 41 anos merecia mais nestas eleições de Outubro " link  . Em Fevereiro de 2016 votou contra o OE, na generalidade, ao que ‘justificou’ em nome do realismo. E invocando esta razão abstêm-se de participar na discussão na especialidade.

Reflexão

Em Portugal, a comunicação social é acusada de estar sempre ao lado do poder. É uma afirmação profundamente injusta. Se é verdade que tal aconteceu durante o governo de Passos Coelho e Paulo Portas, hoje é rotundamente falso, Nunca, como agora, no governo de António Costa a rádio, a televisão e os jornais foram tão independentes do poder e tão acirradamente oposicionistas.

O Papa e a abolição da pena de morte

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A pena de morte, execrável e irreversível crueldade, que subsiste, mesmo em países ditos civilizados, é uma ofensa à civilização e ao humanismo que é seu apanágio. Parece que o número expressivo de inocentes, não faz tremer a mão de quem condena e de quem assina a autorização das execuções. Há tradições que se perdem no tempo e se conservam com sádica vigilância dos povos que não renunciam à violência. A tradição permanece em vários países e a humanização das penas continua à espera de legisladores corajosos e da educação cívica para erradicar a crueldade. A pulsão assassina está inscrita no código genético das populações tribais e no desejo de vingança que habita populações que não evoluem. As religiões são, aliás, um veículo da violência através do culto dos valores tribais em que nasceram. É por isso que o pedido de abolição da pena de morte pelo Papa Francisco, ao arrepio da sua própria Igreja, assume particular relevância e deve ser saudada. É um ato corajoso que romp

23 de Fevereiro de 1981

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Enquanto Espanha permanece mergulhada numa profunda crise política, decorrente dos resultados das eleições de 20 de Dezembro 2015, não é despiciente relembrar o que sucedeu há 35 anos, nas Cortes de Madrid, onde se viveu este escabroso momento fascistóide (na foto) sob a batuta do serventuário Tejero de Molina às ordens do general Milans del Bosch. Marx escreveu (18 de Brumário de Luís Bonaparte): A história repete-se a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. Estaremos 35 anos depois a viver a farsa?

Igrejas – ciência, saúde e moral

Nos EUA, alguns Estados conseguiram a proibição do ensino da teoria da evolução se, em simultâneo, não fosse ensinado o criacionismo bíblico. O movimento criacionista alastra como mancha de óleo a conspurcar o tecido científico de um país cuja constituição é laica. Nas escolas do Estado do Kansas já desapareceram todas as referências às teorias de Darwin e do Big Bang. O obscurantismo já atravessou o Atlântico e contaminou a Europa. Há poucos anos, a ministra da Educação da Sérvia decidiu que o ensino da teoria da evolução só pode ser abordado se também for descrita a história da vida, segundo a Bíblia. Se essa orientação vier a ser alargada à geografia só acolherá o movimento de rotação da Terra se, ao mesmo tempo, for considerada a deslocação do Sol à volta da Terra. Alguém vê um bispo a condenar a ignóbil decisão desses beatos analfabetos, o Papa a execrar tal cabotinismo, a Cúria romana a manifestar-se contra a infâmia? Os milagres certificados no Vaticano são pueris. Const

Passos Coelho, o Homo erectus

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Não há dúvida de que Passos Coelho se julga um Homo erectus , talvez por ter evoluído em África, mas desconhecendo que esse exemplar se extinguiu há cerca de meio milhão de anos. Mantendo ainda algumas características distintivas do Homo habilis há de julgar que o Homo erectus , com o cérebro aumentado, a presença dos cumes da testa, rosto encurtado e uma abertura nasal em potência, corresponde ao fenótipo impecável que partilha, não apenas com Miguel Relvas e Marco António, mas com todos nós. Não tendo sido o “menino de Turkana”, esse viveu há cerca de 1,6 milhões de anos, foi o menino promissor do canto lírico que a madraça partidária converteu em líder quando se distraíram os concorrentes e se juntaram os cúmplices, há menos de uma década. Hoje, o antigo gestor da Tecnoforma, pensa que a ética é a postura corporal que define o Homo erectus, que julga existir ainda e de quem pensa ser um exemplar de referência, porque, ao empertigar-se, fica ereto. Aturdido com a demora qu

BREXIT – 3 (…e último)

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A última reunião do Conselho Europeu em que se decidiu conceder um ‘estatuto especial’ à Grã-Bretanha não pode deixar de levantar interrogações, derrubar certezas e questionar o futuro (da UE) link . Não é possível fazer coexistir a Europa (Mercado Comum) criada pelos ideários partilhados por R. Schuman, P.-H. Spaak, K. Adenauer, A. Gasperi, j. Monnet, entre outros, e as actuais exigências de David Cameron que mais facilmente se reportam à atitude manifestamente euro-céptica do período tatcheriano, como sabemos, mais virada para a EFTA do que para a uma CEE mais abrangente e com exigências democráticas. O Reino Unido, desde há muito que desfruta de muitas prerrogativas no seio da comunidade de países europeus. A começar pela imposição da língua a despeito da decadência económica da 'Ilha saxónica', ditada pelo fim do Império e o progressivo enfraquecimento da 'Commonwealth'. Disfruta, igualmente, de um quadro de desregulação financeira muito 'convenien

‘Petite mémoire’ acerca de genuflexões…

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Toda a gente tem a noção de que Bruxelas está apostada em dificultar a acção do actual Governo. Estar no poder, neste momento, sob o signo da anti-austeridade, não pode agradar às personagens que se instalaram nas instituições comunitárias. O artigo que escreve hoje Pacheco Pereira sobre a existência de um terreno armadilhado para este Governo diz quase tudo link . E o ‘quase’ advém do facto de ter surgido uma inesperada acusação. Passos Coelho insinuou num Congresso Autárquico nas Caldas de Rainha que o Governo está ‘ajoelhado’ perante Bruxelas link .  Nem o mais esclarecido analista político poderia antecipar tamanha aleivosia. Mas esta nova inflexão do ex-primeiro-ministro na campanha de denegrir António Costa traz ‘água no bico’.  Trata-se de uma afirmação feita por um homem que durante 4 anos caminhou regularmente para Bruxelas. Ele lá sabe como o fez. Se foi de pé, de joelhos ou a rastejar.  Uma coisa os portugueses devem recordar-se. Da postura de um influente memb

O estertor de um presidente pio

O estertor de um presidente Na última quinta-feira, dia 18 de fevereiro do Ano da Graça de 2016, estava o pio Aníbal Cavaco Silva, bem confessado, comungado e penitenciado dos seus pecados quando lhe surgiu o mimoso cachaço de Sousa Lara, convocado para a venera que purgava as mãos de quem a concedia e o passado de quem a recebeu. O Infante D. Henrique só deu o nome à medalha para cuja imposição o homenageante tinha o alvará a 19 dias do trespasse. Foi assim que do professor catedrático António Costa de Albuquerque de Sousa Lara, um sólido pilar da civilização cristã e ocidental e especialista em árvores genealógicas, que os menos eruditos hão de julgar um ramo da Botânica, fez Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Decerto, amigos do peito e da hóstia, Cavaco Silva e Sousa Lara, têm em comum o ódio de estimação por José Saramago, o Nobel do nosso contentamento, que os precedeu na defunção. O primeiro não tinha ainda, publicamente, agradecido ao segundo o pio ato de cens

Obituário

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Umberto Eco Morreu ontem, aos 84 anos, o escritor italiano, filósofo, romancista, ensaísta e um dos mais influentes pensadores europeus dos últimos cinquenta anos. Não lhe foi atribuído o Nobel, mas continuará a ser um dos mais estimulantes escritores mundiais.

Brexit ou Br-êxito?

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O primeiro-ministro britânico anunciou hoje, em Londres, a data do referendo (23.06.2016) que decidirá sobre o Brexit (isto é, uma eventual saída/permanência da Grã-Bretanha da UE). Para os que acalentam dúvidas sobre a postura do político que negociou este fim-de-semana a permanência de Inglaterra na UE com as instituições europeias nas suas declarações de hoje existe um evidente ‘mensagem’: - “ Não amo Bruxelas, amo o Reino Unido ” … link . Não é necessário especular. Basta entender a linguagem política. A Europa terá de escolher entre um patriotismo balofo e o culto de um odiento nacionalismo. Mas, estas declarações revelam acima de tudo a inutilidade do último Conselho Europeu e o desespero que assaltou uma Europa em desagregação. Tudo indica que os súbditos britânicos já terão escolhido. Aliás, a Europa não comporta súbitos mas, unicamente, cidadãos.

Em vez do ‘Brexit’, o caos adiado …

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A reunião de hoje do Conselho Europeu para tratar do chamado ‘Brexit’ pode não passar do toque a finados para a Europa link . Para além de medidas na área social com um intenso odor discriminatório que representam um enorme recuo no conceito da Europa social,  outras medidas na área financeira, nomeadamente em relação à City londrina, podem significar que o Conselho de hoje terá consolidado o estatuto oficioso de offshore a este importante centro financeiro no contexto europeu. Uma outra prerrogativa em discussão diz respeito à pretensão da Inglaterra de tutelar decisões oriundas do Eurogrupo, mantendo-se fora da moeda única. Se esta condição foi reconhecida lançou-se o fermento para a fragmentação da Europa, rasgaram-se os Tratados europeus e será hipócrita continuar a invocar (no terreno fiscal e orçamental) de "regras europeias" (só para alguns).   E, finalmente, muitos acreditam que esta cascata de cedências não garante que o projectado referendo possa corr

Cavaco Silva condecora Sousa Lara

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Naquele tempo andava em alta a fé e pouco estimada a cultura. Sobraçava a pasta, nesse remoto Ano da Graça de 1992, um simples “ajudante de ministro” Pedro Santana Lopes, acolitado por dois subajudantes, Maria José Nogueira Pinto e António Sousa Lara. Coube a este último pronunciar-se sobre o livro “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, do «inveterado ateu» José Saramago, que concorria a um prémio literário. Disse o pio, que Deus abandonaria nas trapalhadas da Universidade Moderna, que «A obra atacou princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses. Longe de os unir, dividiu-os» e, com tão clemente argumentação, vetou o livro que concorria a um prémio europeu, em nome do Governo presidido pelo devoto Aníbal Cavaco Silva. Quando Lara vetou “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, o piedoso censor de Saramago não tinha lido uma só obra do escritor e, na Cultura, tinha apenas, como currículo, uma cruz de 70 metros, Cruz do Amor, erguida numa herdade alentejana, cruz lumin

A União Europeia (UE) a caminho do fim?

O projeto mais mobilizador do pós-guerra foi a utopia de uma comunidade económica, social, política e financeira, que despertou a esperança dos povos para uma democracia europeia onde a solidariedade e o desenvolvimento tivessem lugar. Criou-se a moeda única, que exigia a federação dos Estados, e surgiram nacionalismos que dissolveram o sonho comum. Uma moeda não sobrevive sem Estado e a UE foi definhando com divergências geoestratégicas, competição fiscal e falta de integração, abrigada no guarda-chuva da Nato, com uma política externa errática. As contradições internas e a ausência de estratégia comum acabaram por transferir o poder das nações para burocratas sem legitimidade democrática nem sensibilidade política. «Temos de criar um género de Estados Unidos da Europa», disse Churchill, em 19 de setembro de 1946, respondendo a uma pergunta na sequência da sua conferência, na Universidade de Zurique, quando já não era primeiro-ministro. Essa criação devia ter tido lugar, porventur

TAP: as chinesices da privatização e as ‘barracas’ que se adivinham…

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A TAP é com os últimos desenvolvimentos mais um foco de problemas e um imenso pântano de obscuridade bem revelador das ‘negociatas’ do Governo Passos Coelho. A sua ‘privatização’ tão propagandeada pelo anterior governo como resolutiva dos problemas financeiros e da subsistência da transportadora aérea nacional como companhia de bandeira para além de esconder-se atrás da estratégia privada da companhia Azul de David Neeleman, cuja identificação com o interesse nacional nunca foi demonstrada, favorece - em primeira mão - interesses e ocultos desígnios de apropriação das carreiras existentes entre a Europa, o Brasil e Angola. Esta semana tornou-se público que poderá ser o veículo para entrada ou consolidação da companhia chinesa Hainan Airlines na Europa link . Mais não será necessário para (re)colocar em cima da mesa a transparência do negócio mas para além disso o problema político e económico - durante a última legislatura 'sistémico' - da venda a retalho e a pata

A Alemanha assusta a Europa

Não admira que António Costa e Mário Centeno estejam apreensivos com o Governo alemão e a inépcia do Sr. Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças, para tranquilizar os mercados. O que António Costa e Mário Centeno não dizem, por respeito pelo voto dos alemães, é o que o ministro da Sr.ª Merkel disse do Governo português. É esta a diferença entre estadistas e um biltre. A situação do Deutsch Bank, como refere hoje El País , é motivo de justificado alarme.

Faltam 20 dias

Cavaco Silva tem andado numa frenética atribuição de veneras a lembrar Passos Coelho e Portas a fazerem nomeações já depois de a Assembleia da República os ter despedido. O inquilino de Belém lá vai enfeitando peitos onde sobra espaço para vaidades enquanto Marcelo R. Sousa assumiu a Presidência da República antes da posse. As insólitas reuniões com o PM e outros membros do Governo tornaram-se habituais, depois das birras de quem trocou a casa da Travessa do Possolo, com duas marquises, por uma década no Palácio de Belém. Estranha-se que este PR seja humilhado nos últimos dias da permanência em funções, mas Marcelo e António Costa não fazem mais do que interpretar o sentimento do País e sabem que a natureza tem horror ao vazio. Ainda faltam 20 dias e algumas horas!

A Frase

«É uma afirmação no mínimo irresponsável, tentando esconder o que não pode ser escondido que é o prejuízo terrível ao país que foi feito pela forma como PSD-CDS lidaram com o sistema bancário, todas as facilidades que deram ao sistema financeiro e a pouca exigência que tiveram para com o erário público». (Catarina Martins, líder do BE, sobre o Banif, banco de que o governante e académico, Passos Coelho, disse: «Deixei-o a dar lucro».)

Cumplicidade de Erdogan

«Se em vez de travar uma guerra  contra os curdos, a Turquia tivesse realmente combatido o Daesh, teria apressado o colapso deste, em vez de o ter ajudado a sobreviver.» (Jornal THE GUARDIAN, Londres - In Courrier Internacional, fevereiro 2016)

Quem eram os agentes da PIDE em 25 de Abril de 1974?

Eram estes que aqui se publicam. Para não esquecer os que traíram o povo português.

Passos Coelho: a social-democracia ou o conto do vigário?

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Passos Coelho - e a Direita que lhe está associada - continuam a martelar numa despropositada falácia. O OE será na mente destes dirigentes partidáruios um documento exclusivamente técnico (contabilístico) onde só contam duas variáveis essenciais: o deve e o haver.  Isto é, como já estamos cansados de ouvir, o OE é - para estes senhores - o mero encontro de medidas pelo lado receita e da despesa. Um trabalho para uma profissão já desaparecida: a de 'guarda-livros'. Em Castelo Branco, Passos em plena campanha com vista á   reeleição para a presidência do PSD, disse link :  “ A primeira versão do OE cedeu à realidade. E, depois de poderem proclamar que iam cumprir todas as promessas milagrosas, de restituir os rendimentos sem que isso pusesse em causa o equilíbrio do OE, a redução da dívida e as regras europeias, passamos para a terceira versão em que se descobre que afinal o OE, não só não é expansionista mas é contracionista. " O equilíbrio orçamental torno

Mário Centeno lamenta a situação na Alemanha

Mário Centeno, "sabe que Alemanha tem de fazer tudo ao seu alcance para contrariar as inseguranças nos mercados financeiros". A Alemanha “deve estar ciente de que pode perturbar os mercados se der a impressão de que está a insistir no caminho percorrido, o que será muito delicado para a Europa”. O Deutsch Bank tem uma exposição no mercado de derivados equivalente ao quíntuplo do PIB da zona euro e mantém 20% do valor em bolsa, quando da falência do Lehman Brothers. Wolfgang Schäuble precisa de fazer mais do que garantir a solidez do banco. A queda das bolsas mundiais, na sequência de rumores sobre a insolvência do Deutsch Bank é má para a Alemanha e para a Europa. Os mercados estão agitados e isso não é bom para a estabilidade financeira mundial. A Alemanha devia voltar ao caminho percorrido pelo governo do chanceler Schröder, esquecido o mau exemplo da sua saída da chancelaria para os negócios. Mário Centeno pensa que se deve continuar a encorajar firmemente o colega

Humberto Delgado, assassinado pela PIDE há 51 anos

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O Sr. Schäuble, a ofensiva de direita e Portugal

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Quando assisto à caricatura do ministro das Finanças alemão, vítima de um homem com problemas mentais que baleou Schäuble durante uma reunião de campanha eleitoral, em 1990, sinto solidariedade, mas quando vislumbro a arrogância teutónica e o despudor do político, seja em relação à Grécia, a Chipre ou a Portugal, sinto raiva. Nesses momentos vem-me à memória o ex-futuro chanceler alemão, ele próprio, o que negou o financiamento fraudulento do seu partido, primeiro, para ser obrigado a admiti-lo, depois, perdendo para Merkel o cargo que lhe estava reservado e ambicionava. O Sr. Schäuble, do alto da sua inteligência e intransigência monetarista, é responsável pela desregulação dos mercados, a sinistra entidade de que é um alter ego. A Alemanha deve-lhe a reunificação e a Europa ficará a dever-lhe a desintegração. A tentativa de obrigar depositantes cipriotas a pagar as falências bancárias, sem respeito pela legislação que acautela os primeiros 100 mil euros, revelaram um polític

Condecorações, romarias, carnavais e penitências quaresmais…

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Para a maioria dos portugueses as condecorações que o Presidente da República distribui em esdrúxulas cerimónias que, de tempo a tempos, realiza em Belém pouco ou nada dizem. Tudo isto a propósito da condecoração que Cavaco Silva resolveu atribuir a Vítor Gaspar ex-ministro das Finanças do Governo do Governo de Passos Coelho. Hoje, o Presidente fez a ponte entre vários ministros das Finanças - todos relativamente efémeros - desde o Governo de Santana Lopes (Bagão Felix), o arranque do Governo Sócrates (Campos e Cunha) e a passagem também apressada de Vítor Gaspar pelo XIX GC link . Foi por assim dizer uma manifestação familiar que se enquadra no seu conceito de ‘despedida’. Nada que se possa apontar como insólito ou estapafúrdio se acaso não existissem gritantes lapsos que a recente condecoração de António Guterres não apaga. Mas dada a memória recente dos últimos anos é um pouco estranho e deslocado o destaque público do homem que foi o instrumento da aplicação de s

A frase encomendada e a chantagem

«Portugal deve estar ciente de que pode perturbar os mercados se der a impressão de que está a inverter o caminho percorrido, o que será muito delicado para Portugal.» (Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças)

Cavaco Silva, entre a devoção e a Constituição

Cavaco, no seu pardacento ocaso, é um piedoso crente que busca a salvação da alma e para quem o jurado cumprimento da CRP pode ser quebrado por uma assoalhada no Paraíso. Sabia, por experiência antiga, que as leis sobre a IVG e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, lhe seriam devolvidas, ‘ipsis verbis’, pelo Parlamento, depois do inútil veto, numa afronta que bem mereceu e a que devia furtar-se. Não lhe permitiu o ressentimento conformar-se com a inutilidade do gesto e tem agora oito dias para a promulgação ou para se demitir. Não há bicarbonato que lhe mitigue a azia. Nenhum partido, dos que foi cúmplice, lhe deu o conforto da unanimidade. Até a pouco recomendável dupla, Pedro e Paulo, fugiu à votação. O mais reacionário dos PRs deixa a sua assinatura em leis que abomina e, para quem se julgou líder da direita, acaba como menino do coro a estrebuchar sozinho. Até Marcelo, ao convidar Eduardo Lourenço, António Guterres, Marques Mendes, Lobo Xavier e Leonor Beleza para

Bancos: o hipotecar da confiança...

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Os portugueses não pretendem dissecar a situação do sector bancário. Não têm formação curricular de gestão, económica e financeira para analisar uma situação tão complexa e recheada de pormenores técnicos. Embora as crises bancárias persigam, desde o início de crise, os contribuintes nacionais em catadupa estas deixam no ar imensas interrogações. Existe a genérica sensação de que os problemas mais graves residem nos chamados bancos de investimento. A partir desta evidência tudo é nebuloso. É sabido, também, que nada foi feito de eficaz para supervisionar e regular a actividade bancária. Esta para além dos depósitos (de diversos tipos) e empréstimos (com ou sem garantias) que são as actividades tradicionais do sistema convive com problemas mais graves que resultarão da chamada 'carteira de investimentos' que não são reflectidas de modo inteligível nos tradicionais balanços apresentados publicamente.  Isto é, situações como forwards , futuros, swaps , etc., não são

A frase...

… de quem ficou mudo perante a abusiva e insólita privatização da TAP, feita por um Governo já derrubado na Assembleia da República. «A estratégia da TAP é um insulto à cidade do Porto e uma tentativa de destruir o aeroporto para construir um novo aeroporto, uma nova ponte e uma nova Expo [em Lisboa].» (Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto)

Passos Coelho, o lobo-ibérico num país incauto

(Divagando entre a política lusa e a vida selvagem) Passos Coelho é um exemplar da subespécie do lobo-cinzento, que já chegou ao poder na Hungria e na Polónia, ameaçando disseminar-se pela Europa. É um pouco menor e mais esguio do que as outras subespécies do lobo-cinzento, talvez pelo reduzido habitat em que se move. Vive em alcateia e beneficia da forte organização hierárquica. O número de animais da alcateia varia entre os 3 a 10 indivíduos, o bastante para ordenar ataques a presas maiores. Foi assim que tomou o Congresso que o fez líder do PSD, os órgãos de comunicação e as redes sociais. Bastaram Miguel Relvas, Marco António, Paulo Júlio e poucos mais para o conduzirem à liderança do PSD, primeiro, e do País, depois. Subjugaram bichos de maior porte, por métodos ainda mal-esclarecidos, depois de terem absorvido a voraz alcateia do CDS. Recentemente, a alcateia alargada, após quatro anos de poder e robustas cumplicidades, estava convicta da sobrevivência. Não contou com o

A eutanásia, o direito à vida e a Igreja católica

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A eutanásia não é uma decisão que possa ou deva ser tomada de ânimo leve. A posição que defendo, engloba as minhas opções filosóficas e, sobretudo, lições da vida. Em 2011, tive uma experiência pessoal que é motivo de reflexão e se mantém presente quando escrevo sobre a eutanásia. Aos 68 anos era um doente sem currículo e, em dois meses, passei a ter largo cadastro. Fui operado à vesícula biliar, intervenção que previa 48 horas de internamento, e acabei no Serviço de Reanimação, 52 dias, em coma profundo induzido, com uma septicémia provocada por uma bactéria ‘pseudomona multirresistente’. Podia juntar recordações da guerra colonial e dos seus mutilados, de viúvos e órfãos que acompanharam o sofrimento sem esperança de quem mais estimavam, para emitir a opinião que perfilho em defesa da morte assistida, desde que existam precauções e se verifiquem alguns presupostos: 1 – A doença tem de ser considerada incurável, segundo o estado da arte médica; 2 – O sofrimento tem de ser d

Carnaval - As temperaturas portuguesas são incompatíveis

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A rainha de bateria da Beija-Flor, Raíssa Oliveira  (Foto: Alexandre Durão)

TAP: Não tapar os olhos e pôr-se a dormir….

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A situação da TAP depois do acordo deste Governo com o consórcio Atlantic Gateway deve merecer a maior atenção dos portugueses. Existe um acordo em fase de ultimação que formalmente divide em partes iguais (50%) a propriedade da TAP condicionando (mas não revertendo) a privatização orquestrada pelo Governo de Passos Coelho e levada a efeito pelo boy Sérgio Monteiro. O controlo da companhia aérea nacional pelo Estado é muito ténue e reside no voto de qualidade do presidente do Conselho de Administração (de composição paritária) e que será nomeado pelo Governo. As opções estratégicas de fundo da transportadora aérea pressupõem uma maioria de 2/3 do CA o que poderá ser um obstáculo para o seu delinear. É aqui que reside a fragilidade do acordo já que as possibilidades de bloqueio são múltiplas e poderão desembocar em sucessivos impasses. As questões estratégicas que poderão ser (corresponder) a mais lídima expressão dos interesses nacionais estão nas mãos de um grupo pri

Faltam 39 dias, 7 horas, 4 minutos e 0 segundos

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Momento de poesia

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O vidente que se enganou. Poema de António Russo Dias

Faltam 30 dias, 0 minutos e o segundos para ir dar música aos netos

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Parece uma eternidade

Pactos, convénios e a replicação das dominações …

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O Pacto de Estabilidade e Cresciment o é o instrumento político que a Comissão Europeia ‘agarrou’ para impor no velho Continente a ‘ideologia popular’ afecta ao PPE e fazer a vida negra aos seus parceiros do Sul.  Quando se procura estimular o crescimento logo aparece a Comissão a dizer que se trata de uma visão idílica e irrealista. Quando se pretende aligeirar a pressão cega que o cumprimento de metas do défice pretende impor porque, para além do défice, existe ou se prevê uma ‘sustentada’ queda do investimento e a consequente ‘anemia’ do crescimento ou a prossecução de uma intolerável taxa de desemprego vem logo à baila a receita do costume: “é necessário aprofundar as reformas estruturais”.  Quando se fala em questões fiscais o que se oferece dizer é apertar o cerco aos contribuintes em nome da eficiência da cobrança de receitas mas nada se faz em matéria de regulação dos offshores o maior e o mais opaco esquema de fugas nesta área. E assim por diante. A última versão