Notas soltas – fevereiro/2016
Paulo Portas –
Foi o primeiro a tirar ilações da eleição de Marcelo, tirando o boné e as
galochas, à espera de outras feiras para as suas ambições. Passos Coelho não
percebeu e pretende manter-se líder do PSD agora rendido à social-democracia que
rejeitava.
Zica – O vírus,
que existe há várias décadas em África, abala agora a América do Sul e Central,
mas só a chegada à Europa e EUA lançou o pânico e o tornou uma emergência
médica a nível mundial.
OE-2016 – Há
críticas fundadas e luta política legítima, mas o alemão Manfred Weber,
presidente do PPE, apoiado por Paulo Rangel, ao acusar o Governo português de
ser um bando de extremistas antieuropeus, no Parlamento Europeu, parecia um nazi.
E mentiu.
Passos Coelho – O
mais extremista dos liberais e o mais impreparado líder do PSD, que os ciclos
políticos e os acasos da sorte fizeram PM, quer agora transformar o partido em
social-democrata, como se um animal felino pudesse tornar-se vegetariano.
Coreia do Norte –
Pior do que testar tecnologia de mísseis balísticos intercontinentais, a
obscura ditadura hereditária, de um país famélico, disfarça a miséria com a
tecnologia bélica e provoca o mundo com a demência e imprevisibilidade do seu
líder.
Desemprego – A
quarta revolução industrial, com nanotecnologias, drones, inteligência
artificial e impressoras 3D, tem efeito demolidor. Esta revolução, a primeira que
destrói mais postos de trabalho do que os que cria, é o veículo de uma
Revolução devastadora.
Marcelo Rebelo de
Sousa – A posse do novo PR gerou grande expetativa e um enorme alívio, não
tanto por quem chegou, mas, sobretudo, por quem partiu. Marcelo carrega a
esperança de reconduzir o cargo à dignidade que merece.
Aquecimento global
– O plano de Obama para reduzir as emissões poluentes sofreu um grave revés no Supremo
Tribunal dos EUA, que prorrogou a sua legalidade e protela a substituição de
combustíveis fósseis por energias alternativas. Uma decisão deplorável.
Europa – A
obrigação humanitária de acolher multidões de refugiados, confirmou a sua
incapacidade financeira, económica e social para os integrar. A hipótese de
destruírem a UE, já ameaçada com outros problemas, não para de aumentar.
Deutsch Bank – A
exposição no mercado de derivados equivale ao quíntuplo do PIB da zona euro. Wolfgang
Schäuble, ministro alemão das Finanças, avisa Portugal do perigo que corre e desvia
as atenções da catástrofe europeia que nos espera, vinda de Berlim.
Ondas gravitacionais – Previstas por Einstein há 100 anos, eram
a última previsão não confirmada da Teoria da Relatividade Geral. A confirmação
abre nova era à Astronomia e a Kip Thorne, o maior especialista em buracos negros, o caminho do Nobel da
Física.
Síria – Após
quatro anos de guerra civil, com quase meio milhão de mortos, incontáveis
refugiados e o país destruído, os interesses geoestratégicos divergem sobre os
bons e os maus terroristas na guerra que ameaça envolver o mundo.
Turquia –
Erdogan, muçulmano moderado, prefere atacar
os curdos ao Estado Islâmico que eles combatem com eficácia. Em vez de procurar
o colapso do Daesh, assegura-lhe a sobrevivência, provoca a Rússia e pede a Alá
um conflito entre os EUA e a Rússia.
Estado Islâmico –
Seja qual for o heterónimo, Estado Islâmico, ISIS, ISI, ISIL, Daesh, é um bando
de muçulmanos tribais com armas sofisticadas que põem em risco o mundo. O
respeito civilizacional é o mínimo que, na Europa, se deve exigir a qualquer
religião.
Sousa Lara –
Cavaco Silva, na sua despedida de Belém, condecorou com a Ordem do Infante D.
Henrique, o seu ex-ajudante de ministro que vetou “O Evangelho segundo Jesus
Cristo”, notável romance de José Saramago, que concorria a um prémio europeu.
Umberto Eco –
Morreu aos 84 anos o escritor italiano, filósofo, romancista, ensaísta e um dos
mais influentes pensadores europeus dos últimos cinquenta anos. Não lhe foi
atribuído o Nobel, mas continuará a ser um dos mais estimulantes escritores
mundiais.
Reino Unido – As cedências
uniram a UE que o RU desunirá e o recuo europeu tornará céticos os europeístas.
A UE, receosa da desintegração, cedeu à chantagem de Cameron, depois de arrogantemente
hostilizar os pequenos países.
Vaticano – A
condenação da pena de morte, sem reservas e contra o catecismo romano, que a
admite, é uma denúncia corajosa da tradição violenta que alguns países civilizados mantêm. Francisco, incapaz
de modificar a Cúria, procura, – e bem –, mudar o Mundo.
Donald Trump – O insuportável
candidato republicano dos EUA é cada vez mais a voz do que de pior tem a nação
mais poderosa. Deixou de ser um exclusivo risco americano, passou a ser um
perigo para a Humanidade.
Irão – Na manutenção
da fatwa e elevação do prémio, 3,6
milhões de euros, para matar Salman Rushdie, autor do livro “Versículos
Satânicos”, não é o fascismo islâmico que ainda espanta, é o silêncio das
outras religiões que já não se tolera.
Assunção Cristas
– O buraco que deixou no ministério da Agricultura (340 milhões de euros) e o
facto de ter excedido em 2015, ano eleitoral, verbas da UE para 5 anos, não a
recomendariam para líder, mas o CDS pode ter procurado uma comissão
liquidatária.
Hillary Clinton –
A fulgurante vitória na Carolina do Sul é um bom prognóstico para o triunfo no
campo democrático e uma excelente oportunidade para derrotar o republicano Donald
Trump, excêntrico milionário, demagogo, provocador e perigoso.
Comentários
A vitória de Hillary na Carolina do Sul dá algum alento à normalidade presidencial americana e é concordante com as expectativas do mundo civilizado. Não deixa de ser mais um clã político que se posiciona para a Casa Branca mas sempre é melhor do que o de Bush (embora pertençam de partidos diferentes).
O problema é Donald Trump cuja permanência na disputa leitoral ultrapassa tudo o que era imaginável. Parecia um 'fogacho' fora do baralho mas a sua resiliência (em parte devida ao seu dinheiro e à deriva yankee) já ultrapassou todas as marcas. Continua a cavalgada que só pode conduzir à total descredibilização do sistema democrático americano.
Voltando aos democratas amarga-me a situação de Bernie Sanders que foi a verdadeira revelação da campanha eleitoral americana com as suas propostas e o seu estofo político.
Tragicamente, o sistema eleitoral americano vai trucidá-lo Fica a esperança que quando se calarem as espingardas alguma coisa reste (para além do cheiro a pólvora).