O IPSD (o Inacreditável Partido Social-Democrata)…

O País está atónito com a nova palavra de ordem do dirigente Passos Coelho ao tentar entrar no novo ciclo político.
A proclamação “Social Democracia Sempre!!!” link (não resisto a colocar-lhe exclamações) teria posto os portugueses a rir – e bem precisam disso – se não fosse um grosseiro e execrável embuste.

Mas não satisfeito com este passe de travestismo rafeiro [apesar de negar o idealismo travestido] o dirigente atiça-se e dispara uma outra infâmia: “ mesmo nas medidas de austeridade que adoptamos, fomos sempre social-democratas…” link.

Ora bem. Este senhor andou 4 anos e meio a negar que o Governo que chefiou tivesse, em algum momento, adoptado um programa ideológico. Tudo era pragmatismo. Afinal havia um programa político de matriz social-democrata. E nós – ingratos - não percebemos isso.

Mais, trata-se de um prestigiador que pretende alinhar a sua verborreia pela prostituição semântica.
E, na passada, mostra que renega as suas origens. O PPD era (foi) na sua origem um partido ‘popular’. Não ficou assim quando alterou a designação para PSD no momento em que pretendia integrar a Internacional Socialista, o que lhe foi negado.
Hoje, está integrado no PPE, um aglomerado ‘popular’, portanto, colocado à direita do espectro político europeu e com especiais responsabilidades no desmoronamento da Europa.

Ninguém percebe a estratégia de Passos Coelho mas todos compreendemos que a ânsia de conquistar o centro político (esta será a sua meta) não lhe permite ser, ao mesmo tempo, o centro-direita (característica dos movimentos ditos 'populares') e o centro-esquerda com uma suposta matriz social-democrata.

A transformação de um liberal de pacotilha num potestativo social-democrata, ocorrida em poucos dias, é uma manobra de ilusionismo e não corresponde a qualquer viragem política. Nem sequer é um realinhamento partidário.
O culto da simulação, do subreptício, do ledo e cego engano, tem limites que nem sequer são políticos. Podemos ficar por uma outra coisa mais comezinha: a decência.

Nas permanentes conferências de imprensa que promove para anunciar o seu 'new look' o que é de estranhar é não saltar um jornalista a perguntar: sabe o que o neoliberalismo?
Provavelmente dirá que não. Que 'isso' - aquilo por onde passamos nestes últimos anos - não existe.
Mas se existir nessa sala um espelho reconhecerá (imediatamente) um vulto em trânsfuga atropelando todo o espectro político-partidário.
E, como diz o ditado popular (é melhor regressar ao círculo 'popular' ou ao circo 'popularucho')  mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo…

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