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A mostrar mensagens de setembro, 2019

Notas Soltas – setembro/2019

Vaticano – A meteórica elevação de um presbítero a cardeal, aliás, um homem culto, inteligente e civilizado, provocou tal onda de euforia em Portugal que revela bem que não são as qualidades do homem que se apreciam, é o êxito do clérigo na hierarquia. Amazónia – Desde a chegada de Bolsonaro, em janeiro, perdeu mais de 1300 km2, um aumento de 39 % em relação ao mesmo período do ano anterior, mas a desflorestação em junho, antes dos incêndios devastadores, foi 80% superior a junho de 2018. Hong Kong – Quem ama a democracia não podia deixar de ser solidário com quem luta pelo direito ao voto universal e secreto, mas quem conhece as ditaduras aflige-se com os perigos que pairam sobre os manifestantes e a desvirtuação dos objetivos iniciais. Reino Unido – O oportunismo do então primeiro-ministro, David Cameron, ao propor o referendo sobre a permanência na UE, atraiçoou a essência parlamentar da democracia inglesa, assente em governos representativos, com a demagógica prom

Miguel de Cervantes Saavedra – 472.º aniversário do seu nascimento

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Em 29 de setembro de 1547 nasceu o escritor espanhol, Miguel de Cervantes, o criador do romance moderno, com a genial novela (?) «A Vida Aventurosa do Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha». Publicada há 415 anos (1604) essa obra-prima marcou a literatura, e criou o romance, género literário frequente dos mais destacados escritores mundiais que viriam. A paixão de Aquilino Ribeiro pela obra imortal levou-o a fazer a tradução que não faria de Goethe ou Shakespeare porque – como diz no preâmbulo–, “[traduzir] é como trabalhar na vinha dos outros, com menosprezo das nossas vides e parras”, e, quiçá, – digo eu –, porque não gostou da “verecúndia verbal” da tradução de Castilho”. Foi nesta edição de 1959 que conheci o Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha, o Rocinante, o escudeiro submisso Sancho Pança e a amada inatingível Dulcineia del Toboso. Não digam que o Cavaleiro da Triste Figura e o Seu Amigo Sancho Pança não viveram, que o sonhador ing

Justiça e eleições

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M. P. – A monótona e constante presença da Justiça nas campanhas eleitorais não é uma surpresa de quem tem o poder de escolher quem quer investigar, e o quê, e quando divulgar as suas conclusões. O que parece novo é a entrada no campo da análise política de acidentes que não são crimes 😊 😉, habitualmente reservada ao sindicato: “A recuperação do material subtraído assumia um papel muito importante na imagem interna do Governo, numa altura em que se debatia com as nefastas consequências dos incêndios, que levaram, inclusivamente, à demissão da ministra da Administração Interna”. (Público, ontem, cuja chamada da primeira página aqui fica). Quanto à extinção da PJM, só faltava o pretexto para continuar o esvaziamento do poder das Forças Armadas, talvez com receio de que permanecessem ainda os militares de Abril a enquadrá-las.

MADEIRA: A Autonomia Regional e os equívocos até ao 25 de Abril…

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Gravura do Funchal (século XIX) A Autonomia da Madeira domina, há muitos anos, a chamada ‘política madeirense’. Trata-se de um ancestral património insular que tem sido vítima de múltiplas apropriações e de constantes distorções que vão desde a abjeta submissão até ao irrealismo dos movimentos independentistas. A mais recente e abusiva apropriação (existiram outras no passado) é a protagonizada pelo PSD-Madeira (PSD-M) que se auto-intitula o ‘campeão da Autonomia Regional’. É muito linear, primitivo e enganador o silogismo disjuntivo de que quem não for, ou não apoiar, o PSD-M quer entregar a Ilha aos ‘senhores do Continente’. Raciocínios deste tipo têm infestado a política regional e nas últimas eleições este facto foi (ainda) bem visível, desfocando e obscurecendo a discussão sobre os caminhos do futuro para a Madeira. Hoje, começa a ser bem nítido que a Autonomia madeirense é uma falsa questão e que essa conquista de Abril (convém sublinhar) está constitucionalmente cons

Memória histórica – 27 de setembro de 1975

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A democracia ainda não anulou as condenações dos últimos fuzilados por Franco. Há 44 anos os últimos fuzilamentos perpetrados pelo franquismo, por pelotões de voluntários da Guarda Civil: José Humberto Baena, José Luis Sánchez-Bravo, Ramón García Sanz (militantes da FRAP), Jon Paredes Txiki, y Ángel Otaegui (da ETA) foram as suas vítimas. (Fonte e foto Público – Espanha) Os juízes espanhóis, como em Portugal os dos Tribunais Plenários, morreram impunes e confortados com todos os sacramentos, só as vítimas continuam sem reabilitação.

Quando o PR se deixa trair por Marcelo

Enquanto se aguardam mais alguns escândalos e o eventual anúncio da constituição de arguidos úteis, na reta final da champanha eleitoral, iniciada antes de empossado o atual Governo, é oportuno relembrar a viagem que o PR fez à boleia do camionista Fernando Frazão e o silêncio que caiu sobre a greve dos camionistas de matérias perigosas. Marcelo, no entusiasmo narcisista, embarcou no camião de um motorista culto e pouco subtil. O Sr. Frazão, desvanecido com tão prestigiante companhia, enviou-lhe uma carta que o prevenia da operação subversiva contra o regime democrático, através da greve preparatória da insurreição popular para a eventual tomada do poder. A carta, cujo conteúdo não foi desmentido, descrevia o cronograma das operações que o sindicato, cujo presidente era um ex-patrão e o vice-presidente um recém advogado sem carta de pesados, procurava desencadear com a penúria de combustíveis. O camionista relatou bem as consequências para a agricultura e indústria, a falta de bens

Desenho do El País - Há 6 anos

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Quando da atribuição da tiara pontifícia a Francisco.

Factos & Documentos da ditadura

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A censura era prévia para a imprensa e a posteriori para os livros. Da longa noite fascista, à medida que o pesadelo se esvai, instala-se a indiferença. Vão desaparecendo as gerações com memória e, com elas, a vigilância que o medo impõe.

COIMBRA - Almoço comemorativo do 5 de Outubro

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COIMBRA – Almoço comemorativo do 5 de Outubro – 109.º aniversário da implantação da República – Como é hábito vai realizar-se o habitual almoço comemorativo, desta vez organizado, de forma voluntária, pelos signatários. Restaurante Alfredo, Av. Dr. João das Regras, 32, Santa Clara, Coimbra (telef. 239441522) Inscrições para  anabela8@hotmail.com   até dia 2 de outubro, impreterivelmente. Almoço: 13h, do dia 5 de outubro, sábado, feriado nacional Ementa: Entradas, sopa de legumes, Arroz de Pato ou Filetes de Pescada com arroz de feijão, sobremesa (fruta ou doce), café, bebidas. 13 euros Viva a República! Anabela Monteiro Carlos Esperança (TM. 917 322 635) Maria Alice Valente

Arte de bem cozinhar

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Pai – 0-0 – Crença

Madeira – Vencedores e vencidos

O Público de hoje, pág. 3 começa por destacar os vencedores das eleições madeirenses com duas fotos sobrepostas, onde Rui Rio apoia o queixo na cabeça da sorridente Assunção Cristas, e prossegue com a afirmação de que estas são as segundas eleições que António Costa perde na Madeira (europeias e regionais). Julguei que a Madeira, onde o PSD recaiu na ingratidão de bradar contra o colonialismo de quem lhe paga os desmandos e os órgãos faraónicos, teria uma vitória esmagadora do partido que ultrapassou a longevidade da ex-União Nacional, no Governo Autónomo. A própria Dr. ª Cristas ululou de gozo por ter alcançado 3 deputados que se tornaram os necessários para ser a muleta de serviço do PSD, na eterna condição de partido satélite à espera de ser convidado para o bailinho da Madeira, à semelhança do Continente. Como os leitores dispensam interpretações alheias, deixo apenas o número de deputados regionais, de cuja necessidade de redução nunca se falou, relativos aos atuais 3 maiore

23 de setembro de 1822 – há 197 anos

A Assembleia Constituinte aprovou a Constituição Política da Monarquia Portuguesa, resultante da Revolução Liberal de 1820, seria jurada por D. João VI, em 1 de outubro. Na lenta marcha da liberdade, a vitória contra o absolutismo monárquico foi o grande passo da curta vida democrática portuguesa. A longa ditadura do século XX e as do século XIX foram os espinhos da liberdade recente, essa flor sensível que fenece quando lhe minguam cuidados. 

MADEIRA: Eleições Regionais - considerações prévias.

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A Madeira enfrenta a partir de hoje a possibilidade de ultrapassar o ‘jardinismo’. Miguel de Albuquerque tem sido uma figura de transição que funcionou – salvaguardadas as devidas distâncias – como Marcelo Caetano em relação a Salazar. Os desafios para esta região inscritos na agenda do século XXI começam agora. Até aqui foi o peculiar período do pós-25 de Abril dominado pela concretização de uma velha aspiração madeirense – a autonomia. Alberto João Jardim dominou estes 40 anos de projecto - em nome de uma burguesia madeirense substitutiva do ancestral domínio britânico - mas o sistema entrou em fadiga e ameaça o colapso. É verdade que a Madeira – assim como os Açores – foi, após o Tratado de Methuen (1703), uma adjacência nacional (daí a designação passada de ‘Ilhas Adjacentes’) que até à regionalização insular, uma conquista de Abril, nunca conseguiu sair da periferia dos desígnios nacionais. Aquando do 25 de Abril a Madeira vivia uma situação dramática em termos de iso

A Madeira é um Jardim

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Dezasseis partidos e uma coligação disputaram hoje as eleições regionais legislativas da Madeira, um território que tem a dimensão, PIB e população aproximada do concelho de Sintra, com uma administração político-administrativa faraónica.  A autonomia, necessária e benéfica, foi progressivamente ampliada com a chantagem de Alberto João Jardim e a cumplicidade dos partidos e governos da República, incapazes de porem termo aos desmandos de 43 anos em que o PSD confiscou todos os lugares do aparelho regional e se furtou ao escrutínio da República. Alberto João Jardim ultrapassou, através de eleições, o tempo de Salazar em S. Bento e exerceu um poder musculado feito de ameaças e prepotência, agora atenuado com o sucessor. Talvez haja quem ache saudável que o mesmo partido se tenha perpetuado no poder nos 43 anos de poder regional, em democracia. Não foi ainda hoje que a mera alternância se tornou possível. O PSD tem facilidade em encontrar os deputados que lhe faltam no universo

A campanha eleitoral para as eleições legislativas começa hoje

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Devo aos jornais, que teimo em comprar, saber que hoje, dia das eleições regionais da Madeira onde 43 anos ininterruptos de PSD vão prosseguir com a ajuda de alguns milhares de votos de retornados da Venezuela para quem a palavra socialismo é associada ao regime de que fugiram. Se não comprasse o jornal diário, cuja falta considero imprescindível e empobrecedora, pensaria que a campanha eleitoral destas legislativas tinha começado com a insistência de Cavaco Silva a querer impor ao País um governo de Passos Coelho/Paulo Portas, com o velho salazarista a desafiar a AR e a esconjurar o Governo apoiado pelo PS, BE, PCP e PEV no órgão próprio e único do qual depende. É ocioso recordar os prejuízos provocados ao país por esse PR enraivecido, a quem as vacas dos Açores sorriam, e que, alheio às reações dos mercados que decidem os juros da dívida da República e aos votos de todos os portugueses, vociferava contra o governo legítimo. Felizmente, a credibilidade com que deixou Belém era

Há 479 anos – o primeiro auto de fé da inquisição portuguesa

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Sob o pseudónimo de Tribunal do Santo Ofício vigorou em Portugal um simulacro de Justiça conduzido pela padralhada, dominicanos e jesuítas, entre outros clérigos de mau porte e piores instintos, de Ordens diferentes. Das cláusulas impostas pelos Reis Católicos de Espanha, Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, para que D. Manuel I pudesse casar com a sua filha, constava a criação da Inquisição como instrumento de perseguição a todas as heresias contra a fé católica, com especial empenho contra judeus que resistissem à conversão ou ainda suspeitos de práticas judaizantes e que fosse oportuno aliviá-los dos bens materiais e castigá-los da heresia pelo fogo purificador das fogueiras. Se os judeus eram sempre os suspeitos óbvios, já antes alvo de alguns massacres, nunca o Tribunal do Santo Ofício esmoreceu no combate a outras heresias danosas para a alma e os bons costumes, protestantismo, islamismo, blasfémia, feitiçaria, sodomia, bigamia e outros sacrilégios em que a imaginaç

Gémeos?

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A genética não explica tudo. Não sei se há mimetismo na loucura, mitomania e narcisismo, mas existem certamente semelhanças perturbadoras. Quando dois delinquentes políticos atingem tal grau de semelhança é o mundo que corre o risco de vir a tornar-se à sua medida e os homens a assemelharem-se a eles.

Sala dos Capelos

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 “É a igreja onde se professa para doutor, onde se troca a graça mundana pela sensaboria catedrática, onde o sujeito deixa de ser um homem para ser um lente, onde faz o voto de melancolia e de carranca perpétua, e onde se substitui a alma por um compêndio.” (Eça de Queirós)

BASTA, André!

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Não, não me refiro ao André Ventura, um ex-candidato de Passos Coelho à Câmara de Loures, líder da coligação BASTA ao P.E., de extrema-direita, abertamente racista e xenófobo. É perigoso e inteligente, mas suficientemente claro para não iludir inocentes. Há mais Andrés na política. André Silva, engenheiro, é a face visível do PAN, partido das «Pessoas-Animais-Natureza», mais de animais do que das pessoas ou da natureza. Aconteceu-lhe ser protagonista de uma novidade que resultou, e temo que passe a líder do grupo parlamentar de um partido sem conteúdo, que entrou no comboio da ecologia sem conhecer as pessoas, os movimentos ecologistas e os seus objetivos. Confrange a ignorância política, as contradições e a impreparação que o separam de políticos competentes, por mais afastados que ideologicamente se encontrem entre si. Foi deprimente assistir a debates de André Silva com António Costa, Catarina Martins, Rui Rio e Assunção Cristas, só não debateu com Jerónimo de Sousa, e ver o

Jorge Sampaio – 80.º aniversário

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Obrigado Presidente Jorge Sampaio pelo exemplo, honradez e dedicação ao País e à República. Parabéns pelo aniversário. Na galeria dos grandes portugueses ficará a imagem imorredoura de um príncipe republicano, do cidadão impoluto e de quem não se deixou enganar pelas armas químicas de Saddam Hussein e impediu que as Forças Armadas, de que era Comandante Supremo, participassem no crime da invasão do Iraque.

A religião, a carne de vaca e o Reitor da U. C.

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Preservar o ambiente e tornar sustentável o Planeta é assunto demasiado sério, que não se compadece com ironias fáceis ou adiamentos em período de emergência, mas há um mínimo de bom senso aparentemente alheio ao Reitor da Universidade de Coimbra. Todos sabemos que o modo de vida das sociedades atuais não é sustentável e que a sua perpetuação só abreviará o prazo de validade do Planeta para a vida humana. É urgente um novo paradigma que me leva a refletir sobre o aquecimento global e as tragédias que nos aguardam, mas há diferenças entre a ponderação exigida e o exibicionismo fácil. Desconhecia a competência do Magnífico Reitor nas ementas das cantinas e a função de nutricionista-mor para proibir um alimento não proscrito pelas autoridades sanitárias. A abolição inopinada da carne de vaca parece-me uma prepotência própria de um crente cujo proselitismo não aceita o contraditório. O atual reitor da UC, uma instituição laica, já surpreendeu na tomada de posse ‘antecedida de Missa So

A Notícia

Universidade de Coimbra elimina carne de vaca das cantinas (17/9/2019) O Reitor da universidade destaca que "vivemos um tempo de emergência climática" e que é necessário "colocar travão nesta catástrofe ambiental anunciada". Carne será substituída "por outros nutrientes". Espero que o Magnífico Reitor, Amílcar Falcão, disponha de ementas que assegurem proteínas necessárias e que não seja movido por razões idênticas às que levaram Maomé à embirração com a carne de porco. O júbilo do deputado André Silva deixou-me desconfiado.

O debate entre António Costa e Rui Rio

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O debate de ontem foi uma desilusão para quem esperava um duelo sangrento num circo, entre dois gladiadores que galvanizassem as plateias sedentas de violência. Foi um debate sereno que marcou diferenças e mostrou dois líderes preparados para dirigirem o País, fiéis às áreas políticas onde se situam. Foram dois políticos urbanos, determinados e com convicções, onde a demagogia e o populismo estiveram ausentes, perante três bons profissionais do jornalismo. Rui Rio provou que também domina os assuntos de Estado e tem um programa para o País. Quanto à Justiça e aos magistrados teve a coragem de denunciar os julgamentos de cidadãos na praça pública, os privilégios remuneratórios, e os abusos, de que a devassa judicial a um ministério pela ida do ministro ao futebol é o exemplo do perigo de corporações à solta. O PM beneficia do êxito da legislatura, da credibilidade que conquistou e da capacidade de diálogo e de decisão que provou ter nos momentos mais difíceis, no início para ge

Efemérides – 16 de setembro

1973 – O cantor Vítor Jara foi assassinado pelas forças da ditadura de Pinochet; 1982 – Massacre dos refugiados palestinianos nos campos de Sbra e Chatila, em Beirute Ocidental, por milícias cristãs libanesas perante a indiferença das tropas israelitas; 2004 – Em entrevista à BBC, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, considerou ilegal a intervenção no Iraque, perpetrada pelos cruzados Bush, Blair, Aznar e Barroso.

BE e Social-Democracia ou tentar vender o gato por lebre…

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Quando Catarina Martins – numa entrevista a um jornal on-line da Direita – afirma que “o programa do Bloco é social-democrata” link  torna-se público e notório como 'confusões ideológicas' tendem a colonizar alguns partidos. Não propriamente nas estratégias políticas desenhadas mas, decididamente, em relação à campanha eleitoral em curso. Comecemos por aí. Esta ‘dupla face’ está muito mais próxima da Direita, habitual habitáculo de todas as mistificações e de uma postura filosófica ‘pascaliana’, onde ‘nem a contradição é sinal de falsidade, nem a falta de contradição é um sinal de verdade’. Na verdade (…será este o objectivo), trata-se de um falso engodo para apanhar incautos. Mondar em seara alheia pode ser uma lúdica aventura mas nada mais do que isso. Dificilmente se encontrará no léxico político um conceito tão prostituído como a social-democracia. Tornou-se num albergue espanhol onde toda a indefinição que vai do PSD, passando pelo PS e, agora, no BE, cabe. 

Amnésia de todos

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Este gráfico é antigo e não surpreende que a direita o esqueça, mas é ainda mais surpreendente que o PS o não recorde.

15 de setembro de 2019 – 40.º aniversário do SNS

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Quando em 1961 me tornei servidor do Estado, designação habitual de um funcionário público, fui obrigado a declarar que estava «(…) integrado na ordem social estabelecida pela Constituição da República Portuguesa, com ativo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas», sem direito a assistência médica ou medicamentosa. No quinto ano de professor, terceiro de delegado escolar, continuava sem qualquer tipo de assistência, tal como os meus pais, um funcionário de finanças e uma professora, mãe de quatro filhos nascidos em casa, em aldeias por onde passou, com uma vizinha analfabeta a escutar-lhe os gemidos dos partos, sem o marido por perto. Fui o primeiro elemento da família a gozar de assistência médica e medicamentosa, por incorporação no SMO, depois de interrompido o adiamento, como represália de ter sido delegado de Salgado Zenha (CDE), na Lourinhã, nas frustradas eleições de 1965. Quatro anos e quatro dias depois de ter calçado umas botas n.º 43, 3 números acima do m

As próximas eleições e o voto

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Seria uma enorme ingenuidade e falta de respeito pelos leitores imaginar que as minhas posições políticas pudessem influenciar quem quer que fosse a definir o partido em que há de votar no próximo dia 6 de outubro. Não sou independente, ninguém é independente, e tenho convicções profundas. Sou um social-democrata de longa data e só se surpreenderá quem não me leia habitualmente ou julgue as ideologias partidárias pelas denominações dos partidos, registados no Tribunal Constitucional. Há mais de sessenta anos, tinha então 14, que a política me atraiu. Escrevi uma carta de apoio a Arlindo Vicente, entusiasmado pelo manifesto da sua candidatura que os jornais publicaram. A profissão de advogado e os termos do manifesto pesaram no adolescente antissalazarista que não conhecia outras alternativas além do partido único e da eventual mudança para um sistema pluripartidário que sabia haver, para lá dos Pirenéus. Desde então nunca mais a política deixou de me interessar como instrumento

Agradecimento aos partidos

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Agradeço ao PS, BE, PCP e PEV a viabilização da legislatura auspiciosa deste governo, pelo que fizeram por Portugal e pelos portugueses, e, sobretudo, pelo que evitaram e de quem nos livraram. O meu muito obrigado.

DÍVIDA PÚBLICA: um denso nevoeiro que ensombra as eleições legislativas 2019...

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Apresentados pelos partidos do ‘arco parlamentar’ - na realidade uma situação não coincidente com o ‘arco do poder’ que tantos estragos fez à democracia - os respetivos programas eleitorais [ link ; link ; link ; link ; link ;  link ], verificamos que, só algumas formações políticas dissecam de algum modo (superficial ou aprofundadamente) um problema central e condição necessária para o desenvolvimento nacional e bem estar social que é a questão da denominada dívida pública (soberana).   Não vamos reproduzir os argumentos programáticos pasmados nos diferentes programas partidários que vão desde a olímpica ignorância, ao leve enunciado, até à mais abrupta ‘resolução’. Vamos, antes, colocar o problema como deve ser entendido e com as repercussões que indubitavelmente tem, isto é, trata-se de uma peça fundamental em questões de futuro para o desenvolvimento do País. ‘Libertar a sociedade’ (CDS), ‘Agora Portugal’ (PSD), ‘Portugal Melhor’ (PS), ´Avançar é Preciso’ (PCP) ou ‘Fazer