Notas Soltas – agosto/2019
Sindicalismo – Quando um dos sindicatos de camionistas
recorreu a um advogado exibicionista de passado duvidoso, recordou-nos os
sindicatos fascistas e o terrorismo sindical como instrumentos da ascensão da
extrema-direita.
Guiné Equatorial – Não há interesses comerciais ou outros que
justifiquem a pertença à CPLP, com Teodoro Obiang, ditador há 40 anos, a cometer
gravíssimos atropelos aos direitos humanos e a ignorar os mais elementares
princípios civilizacionais.
Brasil – Bolsonaro, fascista tropical ignorante, agride
a memória de milhares de mortos, torturados, presos e perseguidos pela ditadura,
mas é na destruição da Amazónia que se torna mais perigoso. A desgraça nacional
tornou-se um perigo mundial.
Amazónia – A destruição da maior floresta tropical da
Terra, facilitada por um PR que nega as mudanças climáticas, envolve a
violência contra as comunidades indígenas e a perseguição a funcionários
públicos que denunciam os crimes ambientais.
Sérgio Moro – As abundantes provas que o implicam no
golpe eleitoral contra Lula e o PT mostram que os super-juízes estão condenados
à tragédia. Em Itália, íntegros juízes contra a Máfia foram abatidos a tiro; no
Brasil, os venais são abatidos pela desonra.
Índia – A vitória estrondosa da direita radical
hinduísta, do PM Narendra Modi, já teve como consequência a provocatória
limitação da autonomia da Caxemira, a província de maioria muçulmana e foco de
tensões com o Paquistão, outra potência nuclear.
Hong Kong – A coragem da população que luta pela
liberdade só tem paralelo na sua incapacidade para ler a correlação de forças
sem ponderar a brutalidade da repressão de que é capaz a ditadura chinesa, sem
fissuras internas. O estatuto especial não basta.
Greve dos camionistas – A luta laboral justa, no setor privado, degenerou
na tentativa de insurreição, com manipulação dos trabalhadores, para, através
do caos, derrubar o Governo democrático e permitir a contrarrevolução civil da
extrema-direita.
Itália – A tentativa de isolar Salvini,
declaradamente fascista, através da união todos os outros partidos, foi uma
desesperada ação patriótica, tentada demasiado tarde, depois de o monstro ter
crescido e de se tornar dificilmente controlável.
Zita Seabra – A saída do PSD para o partido Iniciativa
Liberal, de que é a mandatária nacional, não é uma mudança de rumo da ex-dirigente
do PCP e lutadora antifascista, é a perpetuação de um atributo que nunca a abandonou,
o estalinismo.
Cinema – A atribuição do Leopardo de Ouro, prémio
máximo do Festival de Locarno, a Pedro Costa, e o de melhor atriz a Vitalina
Varela, consagram o mérito do cineasta e do cinema português que o ministério
da Cultura tem obrigação de apoiar.
Brexit – Três anos depois de os britânicos decidirem
por exígua maioria a saída do RU da UE, Boris Johnson,
inteligente, culto e mitómano, é o obstinado executor da herança de
consequências trágicas para os dois lados do Canal da Mancha.
Grã-Canária – O pavoroso e incontrolável incêndio que
lavrou neste paraíso atlântico de veraneio, em Espanha, com 9 mil hectares
ardidos e 10 mil pessoas evacuadas, é a metáfora aterradora do futuro que as
alterações climáticas reservam.
Saúde – Os movimentos anti vacinação, à semelhança
dos que defendem as medicinas alternativas, sem base científica, impedem a
erradicação de doenças e provocam graves consequências na saúde pública de
países civilizados. É a normalização do absurdo.
Gronelândia – A recusa da Dinamarca em vender o
extenso território ao empreiteiro de um país habituado a comprar extensas
regiões para ampliar a área, levou o alucinado PR a cancelar a visita à
Dinamarca. Trump foi o autor de uma grosseria sem precedentes.
Ursula von den Leyen – A nova presidente da CE, indigitada sem
respeito pelo PE e demasiado conservadora, surpreendeu com um programa distante
da direita eurocética, com o acolhimento promissor da UEM, Europa social e
Estado de direito.
Museu Salazar – A obsessão dos edis de Santa Comba Dão, em
criarem o museu, não é a revisitação do Portugal pobrezinho, rural e atrasado
que o ditador gerou e da repressão que exerceu, é a sórdida devoção a um biltre
que pretendem preservar e promover.
ONU – A angústia do secretário-geral, António
Guterres, perante o aquecimento global e a multiplicação de conflitos, assim
como a sua luta por um módico de ordem mundial, esbarra na resistência ou
desinteresse dos mais poderosos e insensíveis dirigentes atuais.
Fátima – O encontro de líderes políticos e
religiosos da extrema-direita, preparado pelo International Catholic
Legislators Network, com Viktor Orbán e Mick Mulvaney, chefe de gabinete de
Donald Trump, foi um complô contra a democracia e o desafio ao Papa.
Financial Times – Os elogios do jornal financeiro à
recuperação económica portuguesa e honrosos para toda a esquerda, levaram o PSD
e CDS a desvalorizar o artigo. Mais do que a verificação da evidência foi a aprovação
de uma opção à direita que se radicaliza.
Reino Unido – Durante a Cimeira do G7, os elogios a
Boris Johson foram tantos e tais que pareceram a preparação de Trump para,
falhada a compra da Gronelândia, anexar o Reino Unido com ou sem Escócia.
Elisa Ferreira – Altamente habilitada, com claro perfil
executivo e brilhante currículo, merece uma das pastas mais importantes da CE.
Depois do bom desempenho de Carlos Moedas, no atual quadro político da UE, a
aposta do PM não podia ser melhor.
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