Quando o PR se deixa trair por Marcelo
Enquanto se aguardam mais alguns escândalos e o eventual anúncio da constituição de arguidos úteis, na reta final da champanha eleitoral, iniciada antes de empossado o atual Governo, é oportuno relembrar a viagem que o PR fez à boleia do camionista Fernando Frazão e o silêncio que caiu sobre a greve dos camionistas de matérias perigosas.
Marcelo, no entusiasmo narcisista, embarcou no camião de um motorista culto e pouco subtil. O Sr. Frazão, desvanecido com tão prestigiante companhia, enviou-lhe uma carta que o prevenia da operação subversiva contra o regime democrático, através da greve preparatória da insurreição popular para a eventual tomada do poder.
A carta, cujo conteúdo não foi desmentido, descrevia o cronograma das operações que o sindicato, cujo presidente era um ex-patrão e o vice-presidente um recém advogado sem carta de pesados, procurava desencadear com a penúria de combustíveis. O camionista relatou bem as consequências para a agricultura e indústria, a falta de bens de primeira necessidade nos supermercados e que “as centrais termoelétricas reduzirão a potência energética e dar-se-á uma crise energética instalando-se o caos”.
Aliás, a gentileza do bem informado motorista levou-o a alertar o PR para o que poderia acontecer em Portugal, lembrando o exemplo do Chile ou do Brasil, face ao cronograma referido: “26 dias foi quanto durou a greve no Chile, o Governo caiu. Mas, olhando para nós, uma greve dessas dimensões nesta altura seria o desastre nacional”.
O PR, procedendo como devia, remeteu a carta para o PM, que a enviou ao SIS e PGR, enquanto tomou medidas necessárias à defesa do regime e da normalidade democrática. A um leigo pareceu a preparação de um golpe de Estado fracassado, a Marcelo e à PGR, que logo o secundou, uma mera opinião epistolar sem consequências penais.
De mau gosto, mas isso é matéria de civilidade, é a acusação do S. Frazão ao PR, de o ter traído, ou de trocar a postura de analista político por uma frase de baixo nível: “Perdi a confiança. Nunca pensei que ele [PR] reencaminhasse a carta para o Costa, muito menos que viesse a ser investigado pela secreta”, enquanto o PR, abespinhado com as declarações do camionista, se insurgiu contra o facto de o SOL não ter destacado na primeira página que “informou na ocasião o motorista, através da sua assessora de imprensa, Maria João Ruela, que enviara a mensagem ao primeiro-ministro, para seu conhecimento”, acrescentando Marcelo «E, nessa altura, ele não se opôs».
E se se opusesse, o que faria o PR?
A conversa entre Marcelo e o obscuro camionista denigre o PR e o diálogo epistolar, telefónico e através da assessora Maria João Ruela não foi edificante. Aliás, o facto não desmentido pelo PR, de que Marcelo ‘chegou a afirmar ao interlocutor que lhe podiam ter perguntado como deviam conduzir a luta, mas que, como não o fizeram, ele resolveu não interferir’, é alheio à conduta esperada de um PR com enorme experiência política.
O PR deve precaver-se contra as tentações populistas de Marcelo.
Marcelo, no entusiasmo narcisista, embarcou no camião de um motorista culto e pouco subtil. O Sr. Frazão, desvanecido com tão prestigiante companhia, enviou-lhe uma carta que o prevenia da operação subversiva contra o regime democrático, através da greve preparatória da insurreição popular para a eventual tomada do poder.
A carta, cujo conteúdo não foi desmentido, descrevia o cronograma das operações que o sindicato, cujo presidente era um ex-patrão e o vice-presidente um recém advogado sem carta de pesados, procurava desencadear com a penúria de combustíveis. O camionista relatou bem as consequências para a agricultura e indústria, a falta de bens de primeira necessidade nos supermercados e que “as centrais termoelétricas reduzirão a potência energética e dar-se-á uma crise energética instalando-se o caos”.
Aliás, a gentileza do bem informado motorista levou-o a alertar o PR para o que poderia acontecer em Portugal, lembrando o exemplo do Chile ou do Brasil, face ao cronograma referido: “26 dias foi quanto durou a greve no Chile, o Governo caiu. Mas, olhando para nós, uma greve dessas dimensões nesta altura seria o desastre nacional”.
O PR, procedendo como devia, remeteu a carta para o PM, que a enviou ao SIS e PGR, enquanto tomou medidas necessárias à defesa do regime e da normalidade democrática. A um leigo pareceu a preparação de um golpe de Estado fracassado, a Marcelo e à PGR, que logo o secundou, uma mera opinião epistolar sem consequências penais.
De mau gosto, mas isso é matéria de civilidade, é a acusação do S. Frazão ao PR, de o ter traído, ou de trocar a postura de analista político por uma frase de baixo nível: “Perdi a confiança. Nunca pensei que ele [PR] reencaminhasse a carta para o Costa, muito menos que viesse a ser investigado pela secreta”, enquanto o PR, abespinhado com as declarações do camionista, se insurgiu contra o facto de o SOL não ter destacado na primeira página que “informou na ocasião o motorista, através da sua assessora de imprensa, Maria João Ruela, que enviara a mensagem ao primeiro-ministro, para seu conhecimento”, acrescentando Marcelo «E, nessa altura, ele não se opôs».
E se se opusesse, o que faria o PR?
A conversa entre Marcelo e o obscuro camionista denigre o PR e o diálogo epistolar, telefónico e através da assessora Maria João Ruela não foi edificante. Aliás, o facto não desmentido pelo PR, de que Marcelo ‘chegou a afirmar ao interlocutor que lhe podiam ter perguntado como deviam conduzir a luta, mas que, como não o fizeram, ele resolveu não interferir’, é alheio à conduta esperada de um PR com enorme experiência política.
O PR deve precaver-se contra as tentações populistas de Marcelo.
Ponte Europa / Sorumbático
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