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A mostrar mensagens de julho, 2017

Notas soltas – julho/2017

Pena de morte – No 150.º aniversário da “Carta de Lei da Abolição da Pena de Morte”, (Lei de 1 de julho de 1867), urge recordar que Portugal foi o Estado pioneiro da Europa na humanização penal que é hoje paradigma da UE. Simone Veil – Faleceu a sobrevivente de Auschwitz, n.º 78561. A primeira presidente eleita do Parlamento Europeu e ministra que fez aprovar uma lei de despenalização do aborto no primeiro país de maioria católica [França], é uma enorme referência da UE. Catar – O ultimato da Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos, Egito e Bahrein não o submeteu. Os interesses geoestratégicos do país, que também financia o terrorismo wahabita, levaram-no a preferir, à submissão aos sauditas, a aliança à Síria e Turquia. Catalunha – A aspiração de numerosos catalães à independência suscita a oposição de muitos outros, pelo perigo de desagregação de Espanha e efeito dominó na Europa. A aventura catalã seria um rastilho para a explosão de nacionalismos à escala europeia

Naquele tempo... (Crónica)

Naquele tempo, Deus não era ainda o mito. Era apenas mitómano, a gabar-se de ter feito o Mundo em 6 dias, quatro mil e quatro anos antes da era vulgar, nem mais, nem menos, e descansado ao sétimo. Era um celibatário inveterado que inadvertidamente criara Adão e Eva no Paraíso, onde matava o ócio na olaria. Fez o homem à sua imagem e semelhança e a mulher a partir de uma costela do homem. Mandou que se afastassem da árvore do conhecimento, ordem que Eva logo desprezou, tentada por um demónio que por lá andava. O senhor Deus logo os expulsou do Paraíso, recriminando a malvada e condoído do tonto que se deixou tentar. Entretanto, na Terra, local de exílio, o primeiro e único casal logo descobriu um novo e divertido método de reprodução que amofinou o Senhor e multiplicou a espécie. Deus era bastante sedentário, mas as queixas que lhe chegaram pelos anjos, um exército de alcoviteiros hierarquizados, decidiram-no a deslocar-se ao Monte Sinai onde ditou a Moisés as suas vontades. Ens

Silly season

Manter um blogue atualizado não é tarefa fácil para tão poucos colaboradores. É mais difícil do que ter leitores. Há anos que procuramos fazer deste espaço um ponto de encontro de amigos e críticos, firmes na defesa de valores e intransigentes na defesa da democracia. É um espaço de seriedade sem excessos.   Ontem, para quebrar a monotonia de um espaço que ameaça tornar-se demasiado sério, sem resvalar para a frivolidade, resolvi publicar uma série imagens, cuja autenticidade não garanto, e que certamente divertiram os leitores. Foi uma viagem de Picha a Coina, através de vários cartazes da propaganda autárquica. Obrigado aos leitores que acompanharam o Ponte Europa nessa divertida viagem.

Se non è vero, è ben trovato

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Uma viagem eleitoral através dos cartazes, de Picha a Coina, sem garantia de autenticidade.

A frase do dia...

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" I'm not Steve Bannon, I'm not trying to suck my own cock... I'm not trying to build my own brand off the fucking strength of the President. I'm here to serve the country " link .   ‘Elevadas’ afirmações proferidas hoje pelo novo spokesman de Donald Trump na Casa Branca  — Anthony Scaramucci .   

A direita PSD-PC-ml*/CDS-AC** e a camuflada

A direita truculenta e jurássica que explorou a tragédia, a dor e o luto de Pedrógão e que inventou suicídios (plural) através do mórbido desejo do seu candidato à Câmara, sob o rótulo de provedor da Misericórdia, mentira que Passos Coelho logo atribuiu à falta de assistência psicológica do Governo, é a que inventa listas de mortos com nomes falsos e repetidos e que, em cada casa que arde ou povoação ameaçada, deseja tirar das brasas os votos que lhe faltam para ser Governo. A direita de matriz salazarista é a que faz ultimatos ao Governo para que viole o segredo de justiça e interfira na independência do Ministério Público para, depois de divulgada a lista de vítimas, ver o novo líder da bancada do PSD sair tosquiado por ter ido em busca de lã, e Assunção Cristas, em apneia, com a moção de censura atravessada na goela. É essa a direita que o PR, um político da direita civilizada, censura hoje na entrevista ao DN e a que Lobo Xavier (CDS) condena o delírio, na “Quadratura do Círcul

Hugo Soares e o meteórico trânsito de leão a sendeiro…

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Pode-se discutir a pertinência de colocar a lista dos falecidos no incêndio de Pedrogão Grande abrangida pelo segredo de justiça. Trata-se de uma quezília jurídica que a prática internacional vem questionar mas cada País tem as suas regras. Nunca teve grande aceitação a substituição de nomes por números. Foi, em determinada altura, um 'vício de caserna' mas seria de esperar que tivesse caído em desuso. Exceto, claro está, nas manipulações estatísticas que nos encharcam de números e levam a 'boutades' – como as que ouvimos no tempo de Passos Coelho – do tipo: ” a vida das pessoas não está melhor, mas a do País está muito melhor ”! link .   Os circunstancialismos que rodeiam as perdas de vidas humanas nessa fatídica noite do incendio de Pedrogão Grande estão em fase de investigação como a gravidade dos acontecimentos e a Lei determinam, mas o luto nacional dura e perdura desde os primeiros momentos da sinistra ocorrência. É pouco saudável fazer luto sobre abstraçõe

As catequistas e os frades (Crónica)

A Ti Ricardina e a sua sobrinha Aurora eras as duas únicas catequistas da aldeia. Apesar de analfabetas tinham alvará para ensinar a doutrina da única religião verdadeira. Eram celibatárias e devotadas à propagação da fé. Sabiam de cor e lecionavam as orações e os castigos que o seu Deus reservava aos pecadores. O pároco exercia o múnus em Casal de Cinza, Carpinteiro e Vila Garcia, mas residia na primeira paróquia, a que dispunha de “casa do padre”. Só aos domingos e Dias Santos de Guarda ia pontualmente a Vila Garcia dizer a santa missa e, em outros dias, quando necessário, para levar o viático a um moribundo, celebrar missas de corpo presente ou fazer funerais. Confissões avulsas, batizados e casamentos eram ocorrências dominicais. Só ia ao sábado para desobrigas coletivas, com outro padre e hora marcada, para aliviar os pecados e aviar os pecadores que esperavam o perdão, após confissão bem feita, reza do ato de contrição e absolvição, que exigia ainda o cumprimento da penitênci

A ânsia do poder e o oportunismo mórbido

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Quando se procura o poder, sem um projeto mobilizador, um programa para sufragar ou uma simples ideia construtiva, esperando que caia nos braços do clube que se frequenta, fomenta-se a decadência ética dos partidos e a erosão do regime. Ver a Dr.ª Assunção Cristas a acusar o PM de falta de sentido de Estado, logo ela que assinou, sem pensar, a resolução do BES, lembra os comentadores das redes sociais a criticarem Saramago com a mais despudorada prevaricação na ortografia e na sintaxe. Analisar as redes de intriga que este PSD fabricou para lançar o medo e a suspeição no Estado, que Passos Coelho ensaiou de forma canhestra com o suicídio inventado pelo provedor da Misericórdia, candidato do PSD à Câmara de Pedrógão, temos a fotografia dos apoiantes da atual direção, impacientes por mortes, para saciarem a voracidade. Assistir ao patético ultimato do líder parlamentar do PSD, na sua colossal ignorância, a exigir ao Governo a lista de mortos sob sigilo judicial, é não perceber o fu

O terrorismo desta direita

(...) «Ah, e também sabemos outra coisa. Que afinal aquele disparate fatal de Passos Coelho, com o suicídio que afinal não foi, representou não um erro momentâneo, mas sim um primeiro ensaio para um esforço que agora prossegue: o de fazer oposição ao governo pelo lado mais tenebroso do problema. Percorrendo as redes sociais e o que lá escrevem os apoiantes, assessores e dirigentes do PSD, percebe-se o entusiasmo com que surfam esta onda e as consequências que querem tirar dela: a demissão do governo. E se a verdade é clara ou se apenas se baseia em rumores longe de estarem confirmados (como se viu no caso de Passos e do falso suicídio), isso é completamente menor. A coisa vai ao limite de o novo líder parlamentar do PSD exigir ao governo que divulgue uma lista que o MP quer em segredo de justiça. Digamos que para um partido de poder, que é o maior no Parlamento, não está nada mal, no que toca ao respeito pelo princípio da separação de poderes.» (...) João Pedro Henriques, in DN,

Era assim a censura no fascismo

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PSD, o ultimato ou uma execrável chantagem…

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O Ultimato inglês sobre o mapa cor-de-rosa apressou a queda da monarquia e levou a que o último monarca (fazendo jus ao cognome de ‘o breve’) se refugiasse na velha Albion. Acabou, deste modo, por desencadear um efeito boomerang.   Por cá o PSD ainda não percebeu as voltas que a vida dá. Hoje, o nóvel chefe do grupo parlamentar do PSD, Hugo Soares, aparece a terreiro a lançar um outro ultimato link . Uma auspiciosa estreia. Resta saber como acabará.   De facto, Este não é o primeiro ultimato oriundo do partido de Passos Coelho. Tudo começou com um assunto mais modesto. O primeiro ultimato girou à volta dos SMS trocados entre Centeno e Domingues sobre a CGD. A maioria parlamentar fez o PSD/CDS engolir o ultimato link .   Os ultimatos são, em regra, a criação de posições extremadas em que o promotor já sabe quais os resultados. São atos de desespero. Todavia, os ultimatos têm consequências. É uma estratégia de enfrentamento que fecha todas as saídas presentes e compromete

Os fogos e a piromania

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As mortes, independentemente do número, são uma tragédia para quem fica, o luto que resiste ao tempo, a memória sofrida que aflige os vivos na razão direta do sofrimento de quem sente a falta das vítimas. A tragédia de Pedrógão Grande devia merecer o silêncio que o luto exige e o recato que a dor impõe. Os fogos lavram ainda e não se sabe quantas mais vítimas podem juntar-se às que já pereceram. Há certamente consequências políticas a tirar e responsabilidades a apurar, mas o ruído mediático que não deixa os cadáveres em paz, na vertigem partidária capaz de rivalizar com os animais necrófagos, atinge as raias da obscenidade. O Expresso pensou atingir a glória com o rol completo da necrologia, e ainda descobriu uma morte mais, por atropelamento, que logo atribuiu à fuga do referido incêndio, com um título tendencioso e de falsas insinuações, a revelar a decadência ética do semanário. A direita, que responsabiliza o Governo pelas mortes, na ânsia de regressar ao poder que perdeu

A aventura do Ventura, a promoção de Passos Coelho e o desastre anunciado …

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O que se está a passar na campanha autárquica em Loures é extremamente relevante em termos políticos. Reduzir a questão suscitada pelo candidato André Ventura a um mero caso de discriminação rácica é não querer enxergar o alcance do que está escondido por detrás de uma nebulosa espuma eleitoral.   A campanha autárquica em Lisboa é muito importante em termos de impacto político (trata-se da capital) mas Loures, no contexto da evolução política da Direita nacional, é um marco ainda difícil de interpretar que não deve ser desvalorizado.   O que está a ser ensaiado em Loures é, exatamente, um teste da implantação da extrema-direita racista e xenófoba em Portugal. Dada a evolução do ‘ caso de Loures ’ é difícil esconder que este é o ‘balão de ensaio’ da extrema-direita em Portugal.   Demorou algum tempo mas a direita caceteira, fascista, retrograda, xenófoba e saudosista (do salazarismo e império colonial) algum dia teria de aparecer à luz do dia. As tentativas ensaiadas pelo

Paradoxos

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Não, não defendo o regime venezuelano, mas há imagens desconcertantes nas manifestações.

E não é crime?

Pensando em meu pensamento… «A ANA esteve a monitorizar o trabalho do SEF por observação local e através de um sistema com câmaras e software» – segundo afirma o Expresso. Durante o fascismo eram as polícias que vigiavam os cidadãos e as empresas, agora, depois da trágica entrega dos aeroportos (ANA) à iniciativa privada, é esta que vigia as polícias, controla o turismo e mantém o país refém da sua estratégia.

É precisa a unidade na diferença para que o direito à diferença permaneça

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Quem, na madrugada que todos [os democratas] esperávamos, encontrou “O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo», como Sophia de Mello Breyner definiu o 25 de Abril; quem se habituou, entre 1961 e 1974, a não perguntar aos companheiros, empenhados no derrube do fascismo, se integravam algum partido; quem participou no primeiro 1.º de Maio, no Estádio que levaria o nome desse dia, com 1 milhão de pessoas; quem distribuiu durante a ditadura panfletos e jornais, sem perguntar a origem; quem sofreu a guerra colonial e a repressão da ditadura, não se conforma que a direita se una em torno dos seus interesses e a esquerda se divida à volta das suas ideias. Há um módico de pragmatismo que deve unir os que restamos das lutas e transportamos a memória da repressão com os que vieram e querem preservar as conquistas mínimas que o anterior governo não teve tempo de destruir. Enquanto espumarem de raiva na comunicação socia

Altice, o patrício Armando Pereira e a estratégia da aranha…

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A entrevista que um dos responsáveis da Altice, Armando Pereira, deu ao DN link , revela às escâncaras a postura dos ‘investidores’ em relação a Portugal. O facto de se assumirem como investidores deve, no entender o dirigente empresarial, abrir-lhe as portas do País de par em par e as questões do interesse nacional devem ser ignoradas. Uma subtil confusão entre investimento e filantropia é o primeiro passo para o logro.   É óbvio que o País necessita de investimento para se desenvolver. Mas não de qualquer tipo de investimento.   O dirigente da Altice ao afirmar que ‘ nós não fazemos política, nós somos industriais ’ está a tentar esconder todo um conjunto de circunstâncias que em vez de ajudarem o País o acabam por afundar. A Altice não revelou interesse em investir na PT quando esta era uma empresa nacional sólida, i. e., antes de começarem as trafulhices de comprar a Oi e de ‘investir’ no Grupo Espírito Santo quando este já estava falido. A Altice só se lembrou da PT q

O humor de Marcelo e a saudação a Cavaco Silva

Marcelo tem um humor refinado e desconcertante. Nem sempre a sua pontaria é tão certeira como a que dispara ósculos para anelões episcopais, com particular acuidade para o do papa, onde, à precisão, acrescenta abundante secreção de saliva pia, em pleno alvo. A atribuição do mais alto grau da Ordem da Liberdade a Cavaco Silva foi o mais alto e refinado momento de humor. Parecia o Pedro dos Leitões a condecorar um vegetariano, e houve quem não lhe apreciasse o humor… negro! Não se pode negar a quem tem manifestado notável sentido de Estado, e a quem o País deve parte do ambiente descontraído que o ressentido antecessor perturbou até ao último dia, que continue a brindar-nos com inofensivos rasgos de sofisticado humor. Ao saudar Cavaco Silva "de forma muito especial e calorosa", pelo 30.º aniversário da primeira maioria absoluta monopartidária da democracia portuguesa, conquistada pelo PSD a 19 e julho de 1987, humilha Passos Coelho e sabe que o País não corre o risco de v

Todos somos racistas

Chamar racista ao Prof.André Ventura, da Universidade Autónoma de Lisboa, com conhecimento aprofundado de hebraico e arábico, que concluiu com 18 valores o ensino secundário no Externato Penafirme e licenciado em Direito na Universidade Nova, com 19 valores, é legítimo. Que o insigne primata é um académico erudito, prova-o currículo que o próprio jurista publicita na Internet, segundo divulgou o jornalista Pedro Tadeu, no DN. Que o candidato a vereador de Loures, pelo PSD e CDS, veja retirado o apoio do último partido, por oportunismo ou convicção, só revela que o CDS enjeitou o legado de Paulo Portas, que chamava ‘subsídio dos ciganos’ ao Rendimento Social de Inserção (RSI). Já o apoio de Passos Coelho ao defensor da prisão perpétua parece um suicídio político por falta de apoio psicológico do Governo ao autoproclamado líder da oposição. André Ventura é um académico ilustre, medíocre cidadão e execrável político, capaz de recorrer aos mais baixos instintos de um País que não d

Perguntar não ofende

Hoje passei por um canal televisivo a caminho do jantar e saiu-me um rosto conhecido. Era o edil da Guarda a falar dos incêndios do concelho. Lembro-me dele como ajudante de Dias Loureiro no MAI. Depois disso, dedicou-se, com sucesso eleitoral, à vida autárquica. Fez três mandatos em Gouveia, depois conseguiu eleger-se na Guarda e só não concorreu a Coimbra – o seu sonho –, por, ao que me dizem, as sondagens serem desmoralizadoras. Estava a dizer – eu ouvi –, que os bombeiros, a GNR e as populações não podiam ter feito melhor, tinham sido extraordinários, foram todos excelentes e de uma eficácia notável. E, logo a seguir, disse que faltou quem os coordenasse. Se foram tão extraordinários e excelentes, para que precisavam de quem os coordenasse? E se, ao contrário do que disse antes, precisavam, para que acabou o PSD com os Governadores Civis, que tinham essa função, sem que outra entidade os substituísse? Fiquei com a vaga sensação, talvez injusta, de que, à semelhança de alg

Afinal, há dois partidos no PSD.

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Difícil é saber em qual PSD votam os eleitores.

O PSD e a Câmara de Loures (PSD + CDS)

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Agora percebe-se melhor a falta de espaço para um partido neonazi, mas não se esperava que o PSD de Sá Carneiro, Magalhães Mota, Pinto Balsemão e Mota Amaral chegasse a este estado com Passos Coelho.

O Dr. Gentil Martins (GM), a ética e a entrevista ao Expresso

O obsoleto cidadão nunca foi uma referência ética ou exemplo recomendável. Esteve sempre mais próximo da Inquisição do que do humanismo. Nasceu, cresceu e mirrou obsoleto, mergulhado em fanatismo religioso e obscurantismo. O talento cirúrgico não o livrou de ser um fóssil, um veículo reacionário em colisão com os direitos individuais. Que o virtuoso cirurgião tenha sido bastonário da OM só revela o conservadorismo dos médicos que então o elegeram. Quando, em 2007, estava em discussão a IVG, afirmou que, para ele, os médicos que defendiam o ‘sim’ no referendo, eram ‘licenciados em medicina’, ‘não eram médicos’. O dono da verdade única destilava ódio, com a sanha de um Cruzado e o ressentimento de um beato. Impede-me um módico de piedade de acoimá-lo de ‘estupor moral’, epíteto com que ele brinda o método de reprodução a que recorre um conhecido atleta português, conduta de que também discordo, mas sou incapaz de qualificar com linguagem de almocreve. GM [defendeu na entrevista na

Gentil Martins: As ‘anomalias’, os ‘desvios’ e os ‘estupores morais’ e os ‘sadomasoquistas’…

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Gentil Martins deu uma entrevista ao Expresso em que aborda o tema da homossexualidade e as barrigas de aluguer que veio agitar as já turbulentas águas sociais neste cálido estio enxertando uma desnecessária uma polémica sobre aquilo que são, hoje, direitos dos cidadãos link .   Não vou debruçar-me sobre a gravidade deontológica das declarações produzidas, entendidas como originárias de um conhecido médico, já que o bastonário da Ordem dos Médicos apressou-se – e bem – a sublinhar o distanciamento das afirmações proferidas, separando um eventual laudo médico de uma constitucionalmente consagrada liberdade de expressão que todos os cidadãos auferem e devem exercer link . Mais, o facto de a imprensa anunciar a abertura de um inquérito no seio da sua Ordem profissional faz com que deixe as questões deontológicas para serem dirimidas em sede própria link .   Todavia, o longo percurso de vida de Gentil Martins, enquanto cidadão, não deixará de estar sob os holofotes da opinião

Assunção Cristas

Quem foi capaz de aprovar a resolução do BES, sem conhecer o dossiê, só porque uma colega, Maria Luís, lhe pediu, e se julga apta a acusar o primeiro-ministro de falta de sentido de Estado, lembra um príncipe saudita a falar de direitos humanos.

A Altice e o ensaio de altos voos…

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Ainda sobre o ‘debate do Estado da Nação’ e na necessária digestão dos seus conteúdos entende-se agora o que António Costa quis dizer sobre a PT e o que adivinha no horizonte.   O Primeiro-Ministro afirmou em resposta a uma interpelação do PCP sobre a situação dos trabalhadores na ex-PT: “ Receio bastante que a forma irresponsável como foi feita aquela privatização, possamos vir a ter um novo caso Cimpor e um novo desmembramento que ponha em causa não só os postos de trabalho como o futuro da empresa ” link .   Passos Coelho aproveitou o comício de apresentação do candidato autárquico em Loures para regressar ao assunto: criticou a ‘admoestação pública’ do primeiro-ministro à Altice como um facto inédito e um crime ‘lesa-liberalidades’. Para carregar o quadro com tintas ainda mais negras referiu que a tirada de Costa foi uma coisa tão escabrosa que nem o Engº. Sócrates teria tido a coragem para fazê-lo… . Na falta de outras ‘aparições’ vamos considerar que Sócrates funciona

No dia do funeral de Américo de Amorim

No funeral do homem mais rico de Portugal, que cumprira o ciclo biológico, estiveram presentes o bispo do Porto e todo o clero disponível e imaculadamente paramentado para as cerimónias fúnebres. A publicidade pia faz-se também com a sumptuosidade e o brilho que a riqueza do defunto exige e os acompanhantes proporcionam. Estiveram destacados figurantes e figurões, compensados do incómodo da liturgia pela exposição mediática previsível. Não faltaram ex-ministros que lhe deviam favores ou de que foi credor. Até o inefável senhor Duarte Pio, que fica sempre bem nos casamentos e funerais foi ouvido sob o pseudónimo de duque de Bragança. As televisões, jornais e redes sociais compungiram-se com o passamento do ancião que com tal fortuna e tanto clero não podia ter deixado de ir para o Paraíso que Deus reserva aos fiéis defuntos a quem a sua Igreja encomenda a alma. Não era assunto que pensasse abordar, dada a naturalidade com que encaro esta e outras mortes de pessoas às quais não me

Debate sobre o Estado da Nação e os fogos-fátuos da Direita…

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Na 4º. feira, cumpriu-se mais uma formalidade das democracias. O chamado 'debate do Estado da Nação'.   Diversas agendas políticas estiveram em confronto. A Direita que perdeu o pé nas questões económicas e orçamentais resolve, agora, centrar as suas atenções no ‘reforço do Estado’ quando andou 4 anos e meio a pugnar pelo seu enfraquecimento sob o lema ‘Menos Estado, Melhor Estado’. Paralelamente com esta insanável incongruência decide assestar baterias sobre putativas demissões e inadequações aos cargos, varrendo do seu cardápio reivindicativo, casos como a ‘irreversível’ demissão de Portas, a prolongada e confrangedora agonia de Miguel Relvas, o esfíngico partir da louça de Victor Gaspar, a olímpica incompetência de Rui Machete, o arrastado 'erro de casting' que foi Anabela Rodrigues, etc.   Vamos refletir sobre o ' filme das demissões ' deixando a marinar - aguardando colheita de melhores informações e o decurso das investigações - outros temas re

14 de Julho – Tomada da Bastilha

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A tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789 foi a vitória do povo contra a monarquia, o início de uma nova era, a data consagrada como o dia de festa da República Francesa. A história desse dia é conhecida, e as consequências da Revolução Francesa modelaram o pensamento moderno. A Revolução é hoje festejada nas ruas pelo povo francês, mas a herança do Iluminismo é património de todos os cidadãos que se reveem nas instituições republicanas, laicas e democráticas, em qualquer parte do mundo. Viva a República!

O estado da nação e o estado desta direita

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Com todos os avençados da direita no terreno mediático, com a hegemonia nos órgãos de comunicação social e nas redes sociais, com a falta de programa e de liderança, não se espera desta direita uma alternativa política, só mortes e desastres para se alimentar de cadáveres e satisfazer a morbidez da sua natureza. Quem repete, sem pudor ou um módico de humanidade, o número 64 para esconder os sucessos do Governo, que conseguiu repor um mínimo de justiça social e somar êxitos no campo económico, prefere desistir da legítima aspiração de voltar a governar o País para se tornar em agente funerário. Quem é capaz de alimentar a dor e o drama de Pedrógão, com a insensibilidade com que cavalgou o processo judicial de Sócrates, sem o mais leve respeito pelos direitos de um arguido, é capaz de matar os pais para ir ao baile do orfanato. Enquanto, à escala mundial, o aquecimento global e a explosão demográfica ameaçam a sobrevivência da Humanidade, a direita portuguesa tem no ultraliberali

Lula da Silva

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A sua condenação e o desejo de o afastarem da vida política era conhecido Quanto à sentença não tenho elementos para me pronunciar, mas dói-me muito. E dói-me, sobretudo, pelos milhões de brasileiros a quem deu esperança e pelos que tirou da miséria.

O Ministério Público, a PSP e o racismo

Não é fácil ser polícia na esquadra de Alfragide e ter de manter a segurança no bairro da Cova da Moura, mas mais difícil é ser negro, pobre e morar nesse bairro. A violência e a marginalidade podem justificar que um polícia, em situações de perigo ou medo, se exceda na força necessária. Nesses casos, deve ser concedido ao agente da autoridade o benefício da dúvida e a benevolência que merece. Já a violência contra detidos, e dentro de uma esquadra, o lugar onde se espera proteção e civismo, é intolerável. E se a brutalidade tiver aí a complacência geral, a conivência hierárquica e motivação racista, transforma-se o lugar, destinado à defesa dos cidadãos, em cárcere de um bando de instintos primários e offshore da legalidade democrática. O facto de o Ministério Público ter deduzido acusação «contra dezoito agentes da PSP, entre os quais um chefe, acusados dos crimes de tortura, sequestro, injúria e ofensa à integridade física qualificada, agravados pelo ódio e discriminação racia