Do alívio pós-cavaquista à angústia de Pedrógão e de Tancos

Só na ditadura o ambiente era mais pesado do que o criado pelo salazarista Cavaco, no estertor da sua presidência e na obsessão de manter o governo de que foi cúmplice.

Regressada a salubridade ao Palácio de Belém, mesmo sem a divulgação da auditoria às contas que o novo inquilino anunciou, obtida a alternância em S. Bento, e amolecidas as ameaças e intrigas, surgiu o governo legítimo resultante das últimas eleições.

Os esforços do Partido Popular Europeu, as ameaças da troica, as intrigas da direita e as desconfianças no êxito do governo PS, com apoio parlamentar do BE, PCP e PEV, não evitaram as boas notícias na área económica e o desanuviamento, imprescindíveis para a felicidade dos cidadãos.

Tardou o Diabo ansiado pela oposição ressabiada, sem ideias, projetos ou alternativas, e a tragédia de Pedrógão, na imensidão da dor e do desespero, veio lançar o luto no País. Não estavam ainda cicatrizadas as feridas, e já um ato terrorista, ainda não esclarecido, quebrava de novo as energias necessárias à reparação das malfeitorias herdadas.

Entraram em histerismo os corifeus desta direita, os apaniguados, os comentadores com lugar cativo na comunicação social, saprófitos agitados e abutres sequiosos do sangue e da desforra, a pedirem cabeças de ministros com a insânia com que apoiaram o pior PR e o mais impreparado PM do regime democrático. Nem os órgãos de comunicação, cuja propriedade é conhecida, se recatam nos editoriais incendiários.

Pensam que os paióis de Tancos deviam estar guardados pelo motorista do ministro da Defesa, com o carro de serviço a obstruir a entrada, que as toneladas de armas sensíveis saíram às costas de carregadores sazonais por um buraco da rede, e que o Governo devia divulgar o material referido num pasquim espanhol, por quebra de sigilo da polícia, num ato irrefletido ou criminoso, prejudicial à investigação e à tranquilidade pública.

Esta direita não quer apenas o Diabo, deseja ardentemente o Inferno. Sente-se no ar um leve cheiro a enxofre, uma semelhança esquisita com o Verão quente de 1975, que deixa estupefacto quem não crê em bruxas.

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