Altice, o patrício Armando Pereira e a estratégia da aranha…
A entrevista que um dos responsáveis da Altice, Armando Pereira, deu ao DN link, revela às escâncaras a postura dos ‘investidores’ em relação a Portugal. O facto de se assumirem como investidores deve, no entender o dirigente empresarial, abrir-lhe as portas do País de par em par e as questões do interesse nacional devem ser ignoradas. Uma subtil confusão entre investimento e filantropia é o primeiro passo para o logro.
É óbvio que o País necessita de investimento para se desenvolver. Mas não de qualquer tipo de investimento.
O dirigente da Altice ao afirmar que ‘nós não fazemos política, nós somos industriais’ está a tentar esconder todo um conjunto de circunstâncias que em vez de ajudarem o País o acabam por afundar. A Altice não revelou interesse em investir na PT quando esta era uma empresa nacional sólida, i. e., antes de começarem as trafulhices de comprar a Oi e de ‘investir’ no Grupo Espírito Santo quando este já estava falido.
A Altice só se lembrou da PT quando a mesma estava, na pratica, moribunda. Sendo um fundo de investimento esta tendência necrófila só pode classificá-la como sendo uma prática predatória, própria dos ‘fundos abutres’.
Os portugueses não conhecem a Altice. Recordam-se, todavia, do negócio da compra e venda da Cabovisão e do despedimento coletivo de 1/3 dos trabalhadores a que se seguiu uma venda (à Apax França), no mínimo suspeita link.
Presentemente, na PT, a Altice, impedida de proceder a um despedimento coletivo, resolve transferir trabalhadores da empresa para outras (suas subsidiárias) e tenta condicionar que os direitos laborais adquiridos passem a vigorar [só] 1 ano. Assim, os trabalhadores pertencentes ao quadro PT transitam para uma nova situação [a termo] e toda a gente sabe o que sucederá daqui a um ano. Isto não é gestão de recursos humanos aproximando-se, isso sim, de um intolerável ‘chico-espertismo’.
Ora, este processo de emagrecimento forçado da empresa não é um passatempo. Não será novidade que a sua finalidade última seja a alienação de uma empresa agonizante comprada a preços de saldo e depois de a ‘reestruturar’ (isto é, de a ‘emagrecer’ à custa de despedimentos) colocá-la de novo à venda por preços inflacionados.
Assim sendo, o Sr. Armando Pereira, um nosso 'patrício' e importante acionista da Altice, quando refere que a sua multinacional é ‘uma indústria’ está a fazer duas coisas: Primeiro, camuflar os verdadeiros desígnios da sua empresa; e, em segundo lugar, ‘branquear’ que o negócio das recuperação das empresas em dificuldades (que são o terreno privilegiado de ação dos ‘fundos abutres’ ou ‘hedgesfunds’) tem sempre consequências desastrosas para as economias nacionais ou locais. Na realidade, estes investimentos ‘sangram’ as economias, enfraquecendo-as. Tornam os países pobres, mais pobres.
O Sr. Armando Pereira quando se queixa que Portugal não recebe bem os investidores sabe perfeitamente o que está a esconder. Portugal começa a ter a clarividência de não querer (ou não dever) tratar bem ‘este tipo de investidores’, porque na realidade, os astronómicos lucros que a Altice pretende realizar num prazo relativamente curto, não servem o desenvolvimento nacional.
Só isto!
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