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A mostrar mensagens de agosto, 2017

Viagens de políticos - Cavaco Silva

Com tanto barulho à volta das viagens pagas quando irá alguém recordar que o  PM Cavaco Silva foi ao Festival de Salzburgo pago pela Nestlé…. Certamente, a multinacional pensou na oportunidade de negócio futuro: vender os seus produtos aos netos de quem lhe bastou nascer uma vez para ser tão honesto como os que, para isso, são obrigados a nascer duas vezes.

Religiões, política e terrorismo

Dos danos das religiões causados aos Estados há fartos exemplos e repetidas denúncias, mas fala-se pouco da nocividade da política sobre as religiões e do aproveitamento que os Estados fazem delas, num caso e noutro com sacrifício da laicidade que a democracia exige. Quando a URSS invadiu o Afeganistão, mandou a geopolítica que os EUA treinassem e armassem os talibãs para fragilizar o império soviético. Então, os talibãs serravam vivos os soldados russos, perante o silêncio da comunicação social. Eram comunistas! Os EUA substituíram a URSS, e os talibãs, que tinham treinado e armado, esqueceram os aliados anteriores e serraram, também vivos, soldados americanos. A comunicação social ignorou-os de igual modo. Eram imperialistas americanos! Os kamikazes japoneses, movidos pela fé, eram talibãs indiferentes ao Paraíso. Eram os soldados de um deus vivo, daquele enigmático Imperador cuja descendência permanece no poder com a tradição a impor-se à racionalidade, à decência e à modernid

Cavaco Silva (CS) piou na Universidade de Verão do PSD

Cavaco Silva regressou à docência, não necessariamente à decência, para dar uma aula na madraça partidária, apodada de Universidade de Verão do PSD. Com o saber de experiência feito e a amnésia de quem contribuiu para a degradação que referiu, criticou a Comunicação Social autóctone pelas notícias falsas: “Fake news políticas também existem em Portugal e não só na América do senhor Trump”. Lembrou-se certamente das mentiras forjadas na sua Casa Civil, quando Fernando Lima levava a uma pastelaria da Av. de Roma, a José Manuel Fernandes, a intriga das escutas contra o então PM, para as colocar no Público, onde essa referência ética do jornalismo e da política era diretor. Foi, pois, na qualidade de especialista que CS afirmou que “Os objetivos de quem as fabrica são claros: influenciar a opinião pública a seu favor ou a favor do seu grupo, ou denegrir a imagem dos seus adversários. Quanto à razão de quem aceita publicá-las, há duas hipóteses: ingenuamente acreditarem que sã

Assunção Cristas, o sentido de Estado e a linguagem

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A presidente do CDS, agremiação cujo desvio reacionário afastou o fundador, procura a permanência no cargo que aguarda Nuno Melo. Este é o mais genuíno herdeiro do rico património ideológico do tio, cónego Melo, cuja estátua de 7,5 metros domina Braga e a fidelidade a Salazar e ao MDLP resistiu à prova de bomba. Assunção Cristas, acossada dentro do partido que espera o seu fracasso em Lisboa, onde até o PSD de Passos Coelho conseguirá derrotá-la, esbraceja para se manter à tona num clube condenado a ser a muleta de qualquer PSD. Curioso é o carinho que a comunicação social lhe dispensa, não faltando a condenação ao primeiro-ministro a quem a senhora deputada, chama reiteradamente mentiroso, em plena Assembleia da República, por tê-la designado por “aquela senhora”, indelicadeza despercebida pela minha origem social e débil domínio do léxico urbano. A excelsa senhora, que não vê na palavra “mentiroso” um insulto, também considerou a referência à sua virtuosa dignidade, nu

Operação Marquês

No noticiário das 18H00 a CMTV anunciou que a acusação terá lugar em novembro (ano omisso). Em rodapé lia-se que «a carta regatória [sic] da Suíça chegou agora», informação que a CMTV reiterou depois de intercalar outra notícia. A «carta regatória» não é certamente a peça jurídica que faltava, deve ser o instrumento hidráulico para fertilizar o telejornal.

PSD vai por maus caminhos

O civismo e o espírito democrático não permitem transformar adversários em inimigos nem ter como objetivo a destruição do pluralismo que define as modernas democracias, mas não exclui, antes exige, clareza nas posições e vigor no combate político. As afirmações de Passos Coelho, por mais infeliz que tenha sido a sua governação e por mais desacreditado que se encontre, continuam a vincular o maior partido parlamentar e a afetar posições de militantes e simpatizantes do PSD, razão por que exigem repúdio. A afirmação “Nem uma tragédia como a de Pedrógão deu sentido de Estado e seriedade política ao primeiro-ministro”, não revela apenas a baixeza de quem inventou suicídios e a causa, a ‘falta de apoio psicológico do Governo’, revela um mitómano que atribuiu a informação a ‘um familiar’, o candidato do PSD às eleições municipais , e revela ainda a mórbida intenção de continuar a explorar a tragédia das mortes. Talvez porque politicamente é, ele próprio, o cadáver a que os acasos da so

Nem 8, nem 80

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São tão perigosas as generalizações excessivas como as absolvições apressadas.

Bernini e o êxtase místico de St.ª Teresa D'Ávila

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Piazza Navona e Bernini Palácios com aquele ar que em Roma descasca de velhice o mais moderno prédio. E a fonte de Bernini. Essa água toda de que ele tinha em Roma o monopólio. Mas noutra parte a colunata ascende. E Santa Teresa, ante a seta do anjo, vem-se de penetrada em voo de pintelhos que o hábito lhe roçam esvoaçante num pélvico bater que a estoura de infinito. Jorge de Sena Chambéry, 27/7/1971

114 Papas e 228 testículos depois...

A cerimónia de verificação da masculinidade papal, numa Igreja tão misógina como a dos outros dois nonoteísmos, terminou há séculos. O lugar de ‘apalpador’ dos testículos do candidato, antes de ser declarado Papa, foi eliminado, mas a história regista a cerimónia pia. Vale a pena ler  este artigo  do blogue do jornal espanhol «País».

Angola e as eleições de 2017...

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As eleições angolanas não trouxeram ao ambiente político imediato qualquer tipo surpresa, nomeadamente quanto à vitória do MPLA link . Contudo, este acto cívico está pejado de mensagens encriptadas.   A posição dominante do MPLA está a sofrer os efeitos de uma imparável usura resultante do exercício do poder ou melhor do modo como tem sido exercida a governação ao longo de quatro decénios. Se o ritmo das perdas se mantiver – e o mais provável é agravar-se - este poderá ser o último mandato em que o MPLA exerce numa posição hegemónica a governação de Angola. Sendo assim o presidente eleito – João Lourenço - será necessariamente um líder efémero a exercer um mandato de transição.   Fica no ar se esta mudança que vem sendo paulatinamente anunciada pode vir a representar uma insanável perturbação da estabilidade reinante no País desde a morte do dirigente da UNITA (2002).   A estabilidade social será o mais importante facto político legado por José Eduardo dos Santos aos a

Sobre os independentes e outros caciques_2

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Fernando Nobre – O Independente padrão Quando Fernando Nobre, médico cosmopolita, proprietário da AMI, uma multinacional familiar do ramo do altruísmo, se candidatou à presidência da República, obteve o apoio de impolutos republicanos desencantados com os partidos. Era o independente-padrão, um homem acima de qualquer suspeita, um D. Sebastião saído do vácuo, candidato ao lugar emblemático de PR. Sobrava-lhe ambição e minguava-lhe passado político, na assepsia de um percurso que era apresentado como fazendo jus ao apelido. Velhos antifascistas ignoraram como era possível a alguém, cuja independência seria à prova de malefícios partidários, ter sido apoiante de Durão Barroso e congressista do PSD, apoiante de António Costa, do PS, e de Capucho, PSD, nas eleições autárquicas, mandatário do BE nas europeias, e alistado da Causa Monárquica. Confundiram um independente com um catavento. Não lhe faltaram apoios declarados de gente séria à mistura com membros do Opus Dei e desempregad

Sobre os independentes e outros caciques

Nos negros tempos do salazarismo, ouvi dizer ao ministro do Interior, ao que decidiu ou transmitiu a ordem para assassinar Humberto Delgado, que não era um político. Salazar mandava, e ele obedecia. O crápula morreu de velho, e vil, com choruda aposentadoria. Hoje, recupera-se o chavão de apolítico como atestado de isenção, como passaporte para a honradez cívica e diploma para a brancura ética, por mais sórdida que seja a ambição e mais ínvio o caminho para a concretizar. Os autores sabem que, no fundo, a ruína dos partidos é o caminho mais fácil para passear a demagogia e acordar o salazarismo que a Revolução de Abril apenas fez hibernar. Não confundo os independentes que se comprometem sob a bandeira de um partido nem os grupos de cidadãos, facilmente identificáveis partidariamente, que disputam eleições. Refiro-me aos rejeitados pelos partidos, que passam a independentes; aos regressados do exílio do poder a que, após 3 mandatos, não puderam concorrer, aos que, por falta de apoi

Capa do último número do Charlie Hebdo

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Na sequência do atentado de Barcelona Desta vez foi a extrema-direita que aplaudiu, mas a irreverência é a marca e a coragem um desafio estimulante.

A carreira literária de um adolescente

Comecei a vida literária aos 13 anos, com uma carta de amor. Penso que, na década de 50 do século passado era o habitual, quando despertavam as hormonas aos rapazes, sem saberem o que isso fosse, e duvidosa era a antecipação feminina, na cidade da Guarda. Já me apaixonara de forma intensa e várias vezes, sonhando o que queria, sem coragem para o dizer, em diversas paixões que surgiam violentas e se desvaneciam logo, antes de verbalizar ou escrever o que sentia, sem dar qualquer sinal a quem desejava. As primeiras cartas de amor, autenticadas, foram escritas depois da adolescência com a timidez que hoje me faria corar, pela ingenuidade e floreados românticos, quando era já forte o desejo e só a vergonha o excedia. Foi aos 13 anos que escrevi a primeira carta de amor e disse o que sentia... o Quinzinho, colega da mesma idade, que me induziu com uma moeda de cinco escudos, adiantada, e a que acrescentei a exigência de outra, dependente do sucesso. Era mais fácil escrever a carta de

Questão de reciprocidade

Leio que Putin, perante o desejo do rei da Arábia Saudita de comprar um grande terreno em Moscovo, para erigir uma grande mesquita a expensas sauditas, lhe terá dito que não havia qualquer problema, só carecia de permissão para edificar, na Arábia Saudita, uma grande igreja ortodoxa . É irrelevante que a isso se tenha oposto o rei desse Estado Islâmico cujo financiamento do terrorismo é esquecido pelos beneficiários ocidentais da sua riqueza de combustíveis fósseis, ao ponto de lhe conferirem alvará de “amigo do Ocidente”. Argumentar que não seria possível pelo facto de a religião dele ser verdadeira contrariamente ao cristianismo ortodoxo, ou o facto de Putin lhe ter afirmado pensar exatamente o contrário, é irrisório face ao que está em causa. Neste caso nem a veracidade da notícia é importante, o que está em causa é a cobardia dos governantes dos países democráticos em exigirem a reciprocidade que se impõe na relação entre Estados. Para quem defende a superioridade moral das d

O Islão é pacífico

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O carpinteiro José e a pomba – Crónica ímpia

Naquele tempo, em Nazaré, aparava tábuas um carpinteiro, com delongas, que a crise da construção civil perdurava. A cidade regurgitava de taumaturgos, pregadores, profetas e mendigos, eram difíceis os tempos e urgia fazer pela vida. José, na pacatez de quem se habituara a esperar pelas encomendas, ruminava o desgosto da miséria em que caíra o descendente que lhe diziam ser do rei Salomão, personalidade que ficava bem em todas as árvores genealógicas, mas não mitigava a fome. Às vezes soía o carpinteiro abandonar as alfaias do ofício e entrar sorrateiramente em casa para solicitar à mulher o cumprimento das obrigações matrimoniais. Demovia-o ela por mor da enxaqueca que a apoquentava, da dor de dentes que lhe provocava a cárie do segundo molar ou do estado de impureza que invocava. E lá voltava o carpinteiro para o ócio da oficina que as encomendas tardavam, e era inútil a faina. Quando um dia esperava a compreensão da mulher ouviu dela o anúncio da gravidez, o milagre que a própr

Um desenho corrosivo

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Duas fotos de Kim Trump

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Não gosto de ser atropelado por fanáticos

Depois de Nice e Berlim (2010), Estocolmo e Londres (2017), onde veículos movidos a ódio e conduzidos por crentes tresloucados pelos versículos do Corão, assassinaram 108 transeuntes e estropiaram centenas de outros, juntam-se agora 13 mortos (para já) e uma centena de feridos na cidade de Barcelona. ‘Las Ramblas’, que recordo como espaço cosmopolita onde pessoas de todas as idades e das mais diversas proveniências vagueavam durante a noite, gozando a tranquilidade de uma cidade imensa onde a beleza e a cultura as atraíam, ficaram agora manchadas pelo sangue inocente que facínoras de Alá provocaram. Os 687 jihadistas detidos em Espanha, desde 2010, não foram prevenção bastante para a macabra sucessão de crimes religiosos que o fascismo islâmico prossegue com metódica e implacável regularidade. Aos 191 mortos da estação ferroviária de Atocha, juntam-se agora os de Barcelona, e já há notícias de mais crimes da mesma inspiração. Dizer que o Corão é mal interpretado, e reafirmar qu

BMEL - Programa

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Caros participantes nos encontros “Vozes Vivas”: Agradeço, em nome da BMEL, terem aderido a esta iniciativa. Eis o programa que seguiremos: Dia 22 de Agosto, na BMEL: 17.30 horas: encontro dos participantes, breve apresentação de cada um e troca de opiniões sobre as obras escritas.  (Pretende-se que as pessoas se conheçam e troquem informações sobre a criação literária no distrito da Guarda). 19.30 horas: jantar colectivo no Restaurante Alameda (ao lado da BMEL). 21.30 horas:  leitura, por cada participante, de poemas ou excertos de obras de ficção da sua autoria. Tendo em conta o elevado número de participantes cada intervenção não poderá ultrapassar os dez minutos. Chamamos a atenção para a necessidade de cumprir esta indicação para que TODOS possam ter oportunidade de ler parte da sua obra. Esta iniciativa decorre no Auditório Exterior da BMEL. Temos intenção de promover mais acções deste tipo, usando o mesmo título. Em anexo segue cartaz para que poss

Reflexão sobre as tragédias

Depois de o Governo e o PR terem restituído ao País um ambiente sem crispação e de se ter esforçado o primeiro a melhorar a vida dos portugueses, fustigaram-nos as habituais tragédias que este ano atingem proporções inauditas. Sejam os insondáveis desígnios do acaso, a nossa incúria coletiva ou mãos criminosas, a verdade é que os incêndios e as procissões trouxeram ao país a dor, o luto e a desolação. Podiam, pelo menos os partidos políticos, respeitar a dor e evitar usar as calamidades na luta eleitoral, mas o cinismo e a maldade parecem ser apanágio de quem se alimenta dos desastres e parece ávido de pretextos para conseguir pelo medo o que não consegue pelo mérito. Quanto aos incêndios parece haver um plano concertado entre as inclemências do clima, o aquecimento global e mãos escondidas por trás das chamas que atearam. No caso da Madeira, quem se lembraria de que um carvalho bicentenário, frondoso por fora e carcomido por dentro, esperava a hora da devoção para matar e estr

Trump e a Coreia do Norte

A sobriedade, esse esforço intelectual que se exige na razão direta das responsabilidades que se exercem e dos efeitos que as palavras e ações irrefletidas podem provocar, não é apanágio do atual Presidente dos EUA. Que o biltre coreano, narcisista e megalómano, sujeite o seu povo a uma tragédia e seja indiferente aos riscos que as suas ameaças, para consumo interno, possam provocar, é um hábito na obscura ditadura que o domínio nuclear tornou perigosa. Que o PR da nação mais poderosa do Planeta sofra dos mesmos defeitos, transforma o medo em terror, a incerteza em horror e a imponderabilidade em ameaça global. A Coreia do Norte é um perigo, não só por si, mas pelo apoio que a China e a Rússia lhe podem dar por interesse geoestratégico. Trump menosprezou o silêncio diplomático que as duas grandes potências militares guardaram e, quando ouviu a China a pronunciar-se sobre uma eventual ação dos EUA contra a Coreia do Norte, fez a retirada de sendeiro e …elevou as ameaças (apenas) s
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Car@s Amig@s: Quem estiver na Guarda no próximo dia 22 (terça-feira), às 18H00 pode participar na Tertúlia BMEL - 22 de agosto. Haverá leitura de textos de autores do distrito da Guarda integrados na tertúlia referida e que nela participam. Estarei presente no evento. E terei muito gosto em rever amigos que se encontrem de férias na região. Apostila - Até lá, este blogue terá menos textos meus e o «Ponte Europa» (livro de crónicas), de que será lida uma crónica, não estará à venda na BMEL (Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço). Encontra-se, no entanto, nas livrarias habituais em todo país.

Óscar Romero, n. 15 de agosto de 1917

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Esgotadas as notícias sobre a festa do Pontal, este ano transformada em manifestação do Tea Party português, com Passos Coelho em fim de prazo e Cavaco Silva numa fugaz ressurreição da sua defunção política, os jornais portugueses já esqueceram o Calçadão da Quarteira. Sobram os incêndios que não param de consumir o País, notícias avulsas sobre Portugal e o Mundo e, naturalmente, páginas sobre o futebol. Li cuidadosamente o DN e vi as capas de todos os jornais nacionais. Não encontrei uma única referência ao 1.º centenário do nascimento do arcebispo Óscar Romero. Procurei a Agência Ecclesia, agência de informação católica, mas limita-se a anunciar a celebração litúrgica da Assunção de Maria, dogma desde 1950, e bagatelas clericais de Felgueiras a Roma. O que me surpreende é o silêncio sepulcral sobre o centenário do nascimento do homem que chegou a bispo por ser um padre conservador e passou a proscrito por aderir a ideais da não violência e por denunciar, nas suas homilias domin

Do Pontal (uma espécie de Choupal algarvio) até à Lapa (S. Caetano)…

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Passos Coelho ontem em Quarteira (...com as mãos cheias de nada) Ontem, num cerimonial anualmente reeditado – mais uma vez em Quarteira - como sendo a ‘rentrée’ política do PSD, 'saudosisticamente' denominado como a ‘Festa do Pontal’, Passos Coelho, revelou estratégias a curto prazo link .   E a primeira foi que não tenciona abandonar a liderança partidária. Confrontado com um período eleitoral muito próximo, do qual poderá depender a sua continuidade na direção do PSD, ignorou olimpicamente esse facto. Preferiu anunciar que para o ano haveria mais (pretende que seja ‘mais do mesmo’).   Muito a medo, abordou o bom momento da situação económica nacional onde um crescimento económico mais robusto, uma descida das taxas de desemprego e o equilíbrio orçamental foram por si encarados com sendo, em primeiro lugar, uma consequência da conjuntura europeia e no que aí não cabe uma natural projecção da sua governação. Deu a sensação que tudo decorreria assim mesmo que não e

O regresso manso do fascismo

A complacência de Donald Trump perante a violência nazi e a Ku Klux Klan (KKK) é a obscena vénia aos incómodos apoiantes. Já não se trata de extremistas violentos que aproveitam o PR, é a atitude deste que, na tibieza, silêncio ou cumplicidade, os estimula. É natural que seja mero défice cognitivo e cultural que faça de Trump o condescendente líder para com o extremismo da direita, mas a simpatia por Marine Le Pen e a antipatia por Merkel já eram um indício do que poderia esconder-se no rudimentar entendimento democrático de quem foi eleito com uma campanha xenófoba que exonerou a decência e o sentido de Estado das suas preocupações. Com uma Europa onde a democracia já levou ao poder perigosos populistas, como na Hungria e na Polónia, e os partidos protofascistas crescem, a apreensão dos democratas aumenta. Os partidos da direita tradicional, que militaram na resistência ao nazismo, entraram numa deriva que os aproxima da extrema-direita que combateram. Salva-se a Sr.ª Merkel qu

Trump e a Venezuela

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Trump, depois de ter esticado a corda contra a Coreia do Norte, colocando-se ao nível do esquizofrénico líder da dinastia Kim, criou uma situação de difícil retorno. Resta saber se ainda há um módico de bom-senso que evite a catástrofe à escala planetária. O Presidente dos EUA, se a loucura o levar a carregar no botão atómico, ninguém o poderá travar. Entretanto, Como o ego dos ineptos exige a exibição permanente, Trump avançou para as ameaças à Venezuela onde a situação política se deteriora sem precisar que diga alto o que a CIA já está a fazer no terreno, com a agravante de tornar mais impopular o seu país. Trump não é um político, é um empreiteiro que espreita negócios.

Israel e as Religiões do Livro

O Antigo Testamento é um manual xenófobo, violento, misógino e vingativo que reflete o pensamento tribal da Idade do Bronze e a sua natureza patriarcal. Por mais alterações que tenha sofrido, continua um excelente documento histórico e literário, cuja natureza humana é óbvia, mas atribuído ao deus abraâmico, exclusivo das tribos israelitas. Na idade adulta de Jesus, que seguramente não nasceu em Nazaré nem na data referida, houve quem visse no jovem judeu, exímio em parábolas e com currículo no ramo dos milagres, o Messias anunciado. Paulo de Tarso era um judeu da Diáspora, israelita circuncidado da tribo de Benjamin, um intelectual do Império romano, que abraçou a ideia de que Jesus era o tal Messias e que veio salvar ‘todos’ os homens, abrindo a primeira cisão bem-sucedida no judaísmo. Paulo de Tarso iniciou a globalização e o proselitismo religioso com a violência usual dos trânsfugas, movendo uma perseguição implacável aos judeus que não aceitaram o novo Messias e tornando-se

Cravo & Ferradura

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O desenho de José Bandeira no DN, hoje, dispensa comentários.

Política, religião e Trump

A democracia política é, na minha conceção, a única aceitável, recusando a referendária e outras propostas que se anunciam ou já fracassaram. No entanto, a eleição democrática não faz os eleitos democratas nem lhes confere poder discricionário. Hitler foi eleito democraticamente e muitos déspotas começaram por ter larga aceitação, para acabarem protegidos por uma guarda pretoriana ou derrubados. Mesmo os que se comportam como democratas, em países civilizados, não se coíbem de atropelar o direito internacional noutros países. Os quatro delinquentes que invadiram o Iraque foram eleitos democraticamente e jamais manifestaram a mais leve intenção de subverter nos seus países as regras democráticas sob as quais foram eleitos. Bush, Blair, Aznar e Barroso só não são julgados, e presos, por ser maior a força que os protege do que a razão que lhes assiste.   O poder económico, diversas formas de tribalismo (nacionalismo incluído) e as crenças organizadas são grandes ameaças à democracia

Nicolás Maduro e a ‘primavera andino-amazónica’…

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A rebelião de militares (milícias?) na Venezuela contra a presidência de Nicolás Maduro faz lembrar o ‘episódio das Caldas’ que antecedeu o 25 de Abril link . A situação venezuelana é substancialmente diferente dos tempos de estertor da ditadura portuguesa mas as movimentações militares, salvaguardadas as distancias, representam a usura que o papel de ‘guarda pretoriana’ acaba por causar na coesão das Forças Armadas, em qualquer País.   Na Venezuela o ambiente interno, isto é, as condições de vida tornaram-se insuportáveis para um número cada dia mais extenso de cidadãos. A rutura em serviços sociais básicos, como por exemplo, no abastecimento de medicamentos e de bens alimentares essenciais é dramática. A fome sempre foi o motor das transformações históricas. E a incapacidade de suster a disseminação endémica da miséria leva ao desespero de todos aqueles que nunca tendo beneficiado da riqueza nacional explorada, ou produzida, tinham - apesar de tudo - assegurados níveis mínim

As religiões, os crentes e a intolerância

Não lamentaria o fim das religiões, mas magoar-me-ia que um só crente, qualquer que fosse o seu deus, acabasse molestado. Considero as religiões, todas as religiões, falsas e prejudiciais, mas não imagino que a sua ausência tornasse os povos mais felizes e mais racionais os crentes. Sendo o mundo o que é e as pessoas como são, porque são moldadas no berço e sofrem os constrangimentos das sociedades onde vivem, seria ótimo se houvesse um módico de racionalidade a suavizar o proselitismo que devora os crentes mais exaltados. É ocioso referir a crueldade e sofrimento provocados por suicidas que morrem e matam a gritar que “deus é grande”, à espera do ror de virgens e de rios de mel doce que julgam à espera, depois da imolação insana. O bando de cruzados mentirosos que agrediu o Iraque originou uma tragédia que devia arrepiar os cúmplices de Bush, Blair, Aznar e Barroso. A comunidade de cristãos de 4,5 milhões de crentes que, em 1950, vivia no Iraque, desde o século I d.C., está redu

A Coreia do Norte e os EUA

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Kim Jong-un, o último membro de uma dinastia dita comunista, entrou em incontrolável delírio megalómano e, depois de provocar os países vizinhos com o lançamento de uma dúzia de mísseis, ameaçou os EUA com um ataque termonuclear preventivo, “uma lição implacável”. Por sua vez, o imprevisível presidente da maior potência mundial, Donald Trump, respondeu-lhe que levará à Coreia do Norte “uma fúria e um fogo jamais visto no mundo”. Depois da mãe de todas as batalhas temos os pais da próxima guerra. Estão bem, um para o outro; mal, para os dois países; e pessimamente, para o mundo. A escalada de violência verbal entre indivíduos de duvidosa sanidade mental e equilíbrio comportamental, deixa o mundo à beira de um ataque de nervos. Entretanto, mais frios e não menos perigosos, os líderes da China e da Rússia reservam-se para vários cenários e preparam as peças do xadrez geoestratégico que pode definir a futura correlação mundial de forças se o Planeta sobreviver à demência de quem mand

Inquietações metafísicas

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Ninguém pergunta a opinião do touro?

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«Devem ouvir-se igualmente ambas as partes» (Demóstenes, séc. IV AC, in 'Oração da Coroa')

Macron e a ‘primeira-dama': uma ‘majestática’ deriva …

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O estatuto de ‘dama’, seja a primeira ou a última (haverá esta categoria?) sempre foi, no quadro dos regimes republicanos, uma situação incompreensível para não dizer caricata. O conceito tradicional de ‘dama’ enquanto mulher de bons modos, boa educação, nobre e socialmente distinta não se coaduna com o conceito basilar de que todos os cidadãos nascem iguais em deveres e direitos. As damas seriam sempre as ‘prendadas’ distintas das 'mulheres vulgares’ . Uma discriminação inaceitável.   Estar casada com um eleito - seja no topo da hierarquia representativa do Estado, seja para a presidência de uma junta de freguesia - não pode veicular quaisquer tipos de privilégios link . O casamento é desde há muito, em termos civis, um contrato entre dois cidadãos regulado por um quadro legal (Código Direito Civil), em constante atualização, como se verifica nas sociedades contemporâneas. O seu fim último visa constituir livremente um agregado familiar, célula basilar da comunidade naciona

Hiroshima, meu amor…

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Há 72 anos, os únicos que o podiam fazer não hesitaram em lançar uma bomba nuclear sobre a população indefesa da cidade mártir. Hoje, quando tantos têm condições para repetir o horror, não falta quem anseie por repetir a tragédia, com um poder destruidor incomparavelmente maior. A luta pela eliminação das armas nucleares não é um objetivo ideológico, é uma condição de sobrevivência para o planeta de todos nós. Só uma opinião publica mundial esclarecida e o ativismo político podem evitar que um louco ponha fim à vida na Terra, democraticamente eleito ou não, porque as eleições escrutinam pessoas, mas não filtram taras. E o bom-senso dos eleitores já teve melhores dias! É inadiável impedir que se repita a tragédia de Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, alargada agora à escala planetária.

Não há só gaivotas em terra...

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Há 51 anos a inauguração da ponte, que hoje se chama «25 de Abril», tinha como atração as rendas e as vestes talares que o Portugal de Abril não conseguiu erradicar das cerimónias laicas e republicanas.

Islamofobia a sério

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"Os membros do grupo norueguês “Fedrelandet viktigst” – Pátria primeiro, em português – confundiram uma fotografia de um autocarro vazio com mulheres de burka e o ódio foi lançado na internet."

Era assim a ditadura...

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Para quem não viveu no regime fascista, há memórias que apenas provocam um sorriso. Para quem sofreu o regime de partido único, perseguições, censura, prisões e tortura, há um arrepio em cada imagem, uma náusea em todas as recordações e a necessidade de as denunciar para que não se repitam.

Maria Luís e a destruição do grupo GES/BES

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Fez ontem três anos que o Banco Espírito Santo entrou em processo de liquidação, dois anos depois da aplicação da medida de resolução ao terceiro maior banco português. Foi uma medida política, na plena legitimidade de um governo que tinha o apoio da AR e a fidelidade do PR. Não terá sido a melhor decisão pois, ao contrário do que afirmou ontem Maria Luís, com arrogante descaramento, não se tratava de dar milhões de euros a Ricardo Salgado, mas de assumir o controlo do BES e do grupo de grande relevo para a economia nacional. Falta julgar a decisão da ministra e do funesto Governo. Contrariamente à solidez que Cavaco garantiu ao País, do alto da sua alegada sabedoria, o que levou muitos pequenos investidores à ruina, o BES era um banco estratégico para o país, mas falido. Ricardo Salgado era o banqueiro do bloco central em cuja vivenda se urdiu a candidatura de Cavaco Silva ao primeiro mandato de PR. Cabe aos Tribunais o julgamento de Ricardo Salgado e aos eleitores o da soluçã

Salazar e a cadeira da nossa esperança – Aconteceu há 49 anos

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Não falo das duas cadeiras que a oposição dizia faltarem-lhe, a elétrica e a que lhe devia ter rachado a cabeça, antes de mandar assassinar adversários políticos e dirigentes dos movimentos de libertação das colónias, que os nostálgicos ainda referem como ‘o nosso ultramar infelizmente perdido’. Refiro-me à cadeira que o caruncho laboriosamente minou ao longo dos anos, sem que a Pide suspeitasse, e que, na sua aparente robustez, estava patrioticamente escavada pelo inseto que ofereceu ao país o dia que a oposição falhou durante 4 décadas. Foi há 49 anos. No dia 3 de agosto de 1968 o calista Augusto Hilário preparava-se para tratar dos pés e cuidar das unhas do infame ditador, aquelas unhas perversas que cravou na liberdade de um povo e na carne dos democratas. O caruncho poupou ao calista o tratamento dos pés do ditador porque, há muito, cuidava dos pés da cadeira com a eficiência da sua condição e a devoção de um patriota, e assim continuou enquanto Hilário e D. Maria lhe er