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A mostrar mensagens de julho, 2016

Aeroporto de Lisboa: a segurança a ‘voar’…

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Poucas horas antes da ainda não esclarecida ‘invasão’ da pista do aeroporto de Lisboa por 4 passageiros link tive oportunidade de chegar a estas instalações procedente de um voo doméstico (Lajes-Lisboa).  Não é preciso ser um expert em aeroportos para ter a noção de que algo vai mal nestas paragens. A confusão é tremenda.  Os trajectos internos são um autêntico labirinto. Existem coisas que são verdadeiramente incompreensíveis e outras que são intoleráveis. Quando chegamos ao aeroporto de Lisboa para embarcar, depois de efectuado o check in e despachadas as bagagens, o sinuoso trajecto interno é verdadeiramente impressionante e esclarecedor. Serpenteia ao longo das instalações do edifício aeroportuário segundo um critério especioso.  O percurso foi deliberadamente escolhido segundo os interesses comerciais (as ditas lojas de ‘duty free’). Os passageiros são obrigados a deambular – em algumas circunstâncias a ‘atravessar’ - por estas lojinhas, boutiques e quiosques. 

Notas soltas – julho/2016

Filipinas – O insólito acentua-se e nem a democracia o impede. Rodrigo Duterte, novo presidente das Filipinas, tomou posse do cargo e, numa das primeiras declarações, incita o povo a matar os toxicodependentes. A sanidade mental do PR passou a ser facultativa. Estado islâmico – Ver na rede terrorista espalhada pelo mundo o mero epifenómeno de crentes exaltados, é desconhecer o anacronismo do Islão e a maldade intrínseca de uma ideologia política que precisa de ser combatida. Brexit – A demagogia e irreflexão dos líderes do Reino Unido e a ausência de dimensão ética e política dos dirigentes da UE, provocaram o caos e insegurança nos dois lados do Canal da Mancha, com consequências perigosas e imprevisíveis. Tony Blair – «Sinto mais pena, arrependimento e culpa do que poderão alguma vez saber ou acreditar», declarou, após a investigação à invasão do Iraque, não pela morte e sofrimento de milhões de invadidos, mas pela de centenas de invasores britânicos. Durão Bar

Desaparecidos em combate?

Onde param Passos Coelho, Maria Luís e Assunção Cristas? Depois do cancelamento das sanções, graças à firmeza do Governo português e ao bom-senso dos comissários europeus, as personalidades referidas interromperam a obsessiva presença nos órgãos de comunicação social. É conveniente lembrar que o Comissário europeu para a Economia Digital, o alemão Günther Oettinger, destruiu a narrativa que o PSD tentou impor. Portugal e Espanha “não conseguiram cumprir os compromissos em 2015” e foi essa a justificação que o alemão apresentou para defender as sanções. A injustiça de abrir o precedente das sanções contra Portugal e Espanha nunca seria combatida com vigor por quem se prestou à maior subserviência para ser poder. Falta agora à UE combater a estagnação económica e a perpetuação da austeridade com investimentos contracíclicos, para os quais são escassos os fundos estruturais planeados, e resolver de vez o problema do sistema financeiro dos diversos países para que a asfixia orçamen

Cavaco Silva tem muito que contar – (subsídios para a biografia não autorizada)

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No almoço de homenagem do último sábado, no ensaio para a reabilitação do pior PR da democracia, Cavaco Silva garantiu que saiu de Belém de consciência tranquila e que há muito por revelar sobre os seus mandatos como Presidente da República. Ninguém questiona de que há coisas verdadeiras e importantes a revelar, mas o passado faz temer que as verdadeiras não sejam as importantes e estas não sejam verdadeiras. Prescritas no tempo e nas cumplicidades estão as suas relações com o BPN; a troca, sem tornas e impostos, da vivenda Mariani, por um terreno cuja escritura omitiu a existência da luxuosa vivenda Gaivota Azul; as ausências às aulas na Universidade Nova, para dar aulas na Católica, obrigando o reitor, Prof. Alfredo de Sousa, a instaurar-lhe o processo disciplinar conducente ao despedimento, por excesso de faltas injustificadas, de que o salvaria o ministro da Educação, João de Deus Pinheiro; as explicações cabais sobre a ficha da Pide, com um erro de ortografia e suspeições so

Esta direita, os bancos e o País

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Onde andava esta direita quando o mais ruinoso negócio da CGD foi levado a efeito por gente sua, na megalómana aventura em Espanha, por Carlos Costa e Fernando Faria de Oliveira, que são ainda o governador do BP e o presidente da Associação Portuguesa de Bancos? Foi um rombo de mil milhões de euros, dessa vez, sem intenção fraudulenta. Agora não se cansa de expor as vulnerabilidades que deixou, mas quem falhou sempre os compromissos que assumiu nos quatro OEs e que quatro vezes teve de retificar? O que fez quando soube da dívida oculta da Madeira “para prejudicar o PS”, como disse o inefável Alberto João Jardim, referindo-se a mais de 4 mil milhões de euros? Para quem as responsabilidades são apenas do passado ou do futuro, relativamente ao governo de Passos Coelho e Paulo Portas, quem serão os responsáveis pela situação em que ficou o Banif e pela decisão relativa ao GES/BES? Quem procurou partidarizar um processo de pedofilia para se ressarcir do caso Moderna e atingir o PS,

A frase

Terrorismo islâmico - A luz ao fundo do túnel «Cabe-nos, muçulmanos, cumprir as nossas responsabilidades. É necessário fazermos a limpeza porque o que se passa faz-se em nome do islão e dos muçulmanos.» (Kamel Kabten, reitor da mesquita de Paris, ontem)

O terrorismo, o medo e as liberdades

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É impossível viver em permanente sobressalto, fugir dos espaços públicos e condicionar a autonomia, numa espiral de medo, que deixa vazias as cidades e restringe a liberdade. A monótona, e cada vez menos espaçada repetição de atos terroristas, provoca o pânico coletivo e amolece a exigência de respeito pelos direitos individuais. Progressivamente vamos pactuando com a vigilância generalizada no que devia ser a reserva de intimidade, a troco de precária segurança. O ambiente propício à xenofobia e ao racismo está criado, e a democracia não resiste a estados de sítio ou de exceção, que se tornam regra, nem à vigilância musculada de toda uma sociedade. Sendo notória a origem do terrorismo urge responsabilizar as comunidades onde nasce e obrigá-las a aceitar os costumes e a cultura que as acolhe. Não podemos ceder a iniciativa à extrema-direita, religiosa ou laica, e à demagogia do populismo. As democracias têm legitimidade para exercer particular vigilância sobre as comunidade

Sérgio Figueiredo, diretor de informação da TVI, hoje, no DN

Vamos falar de responsabilidades... (...) «Sem ambiguidades, nem meias palavras, as três tragédias recentes têm três responsáveis bem identificados: o PSD (que tem a responsabilidade ativa); a sua ministra das Finanças (que personifica a arrogância ignorante, ou a ignorância arrogante, tanto faz...); e o CDS (em cumplicidade silenciosa, porque antes coligado do que morto). Culpar a geringonça por um buraco de três mil milhões no Banif, por outro tanto na CGD e pelo imbróglio do Novo Banco é ofender a inteligência dos portugueses. Pior: justificar este terramoto na banca nacional com os últimos seis meses é impedir que um dia se esclareça o que quer que seja. Não houve um terramoto financeiro em Portugal, simplesmente o sistema está a ruir por dentro.» (...)

A direita urbana e a outra

«[UE aplicar sanções] é contra o governo de Passos Coelho, por causa de 0,2% muito discutíveis, quando há diferenças muito maiores […] noutras economias que nunca foram punidas, ou é contra o de António Costa, por causa da gestão do Orçamento deste ano [cujos] resultados até junho mostram que não há uma derrapagem orçamental.» (Marcelo Rebelo de Sousa, PR) *** «[Admitem-se sanções a Portugal] porque muitos dos governos da Europa, hoje, têm dúvidas sobre aquilo que se está a passar em Portugal, sobre as reformas importantes que estão a ser revertidas, sobre a maneira como estamos a andar para trás em vez de andar para a frente.» (Pedro Passos Coelho, líder do PSD, na festa do PSD/Madeira, em Chão da Lagoa) Fonte: DN, hoje, pág.8, in Frases do Dia.

O inglês é o idioma dominante. Chega onde era impensável!

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A Madeira, o sentido das proporções e o défice cultural

Quando se perde o sentido das proporções, se ignora a história e se renega a cultura de um povo, fica-se à mercê do regresso de Fátima, Futebol e Fado. Portugal assistiu, nas últimas décadas, ao aparecimento de uma plêiade de jornalistas, escritores, cientistas, artistas plásticos e desportistas que honram o País e o estimulam. Julgávamos longe o tempo em que a cultura era considerada subversiva e perigoso o gosto do conhecimento, mas a decadência da classe dirigente prefere o populismo, o arraial e a procissão, num eterno retorno aos valores salazaristas. A bizarra ideia de dar o nome do mais dotado jogador de futebol da última geração, e o mais admirado, a um aeroporto pode ter a vantagem de retirar a santidade ao nome de uma Catarina qualquer, mas é uma ofensa à inteligência e um ultraje à pedagogia cívica. Não sei se os estádios de futebol passarão a designar-se pelo nome de aviadores ilustres, mas os aeroportos serem crismados por jogadores de futebol é uma concessão parol

Marcelo e os tratados europeus

Os leitores não esperam de mim que escreva o que gostariam de ler. Aliás, seria difícil satisfazê-los a todos, tão variados nas suas convicções e diversos nas suas idiossincrasias. Terão de tolerar o que penso ou, como fizeram alguns amigos pessoais, abandonar o meu mural para não saírem feridos com a forma e a substância dos meus textos. Quanto a Marcelo, é o PR que derrotou nas urnas o meu candidato e com quem estou de acordo ou discordo, conforme os casos, como sucederia com qualquer outro. No caso do referendo que anda aí a ser pedido, concordo com o PR. Os referendos sobre os tratados, só por ignorância ou demagogia os defenderia porque a Constituição não o permite. Não se pode defender a CRP e, ao mesmo tempo, ignorá-la por conveniências partidárias ou emoções ocasionais. De resto, a experiência de referendos, em Portugal, é desoladora. Nunca obtiveram o mínimo de participação eleitoral que os tornasse vinculativos, e serviram, várias vezes, para bloquear soluções úteis ou a

Manobras de diversão

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“A banca europeia, em particular a italiana e a portuguesa, representa um risco global para a economia.»  (Relatório do FMI)

O aeroporto Cristiano Ronaldo

Em frágeis caravelas, enfrentando os perigos do mar, Tristão Vaz Teixeira, Bartolomeu Perestrelo e João Gonçalves Zarco, foram pioneiros da gloriosa aventura que colocou Portugal na vanguarda da ciência e da arte de navegar. Foram os primeiros portugueses a ver o aeroporto Cristiano Ronaldo, em 1419. Apenas ignoravam que faltariam três séculos para que a passarola, de Bartolomeu de Gusmão, se tornasse lenda e o primeiro balão dos Irmãos Montgolfier, em escala real e tripulado, se elevasse no ar em 1783. E só quatro séculos depois os primeiros aviões voaram. Ignoro o que pensaram os audazes navegadores, à vista do aeroporto Cristiano Ronaldo, ou a desolação que sentiram perante a aridez do solo. A única certeza é a sensatez dos navegantes portugueses do século XV, a contrastar com o delírio do timoneiro insular do século XXI. Lisboa tem o aeroporto Humberto Delgado e o Funchal terá o de Cristiano Ronaldo. É a diferença que separa António Costa do sátrapa insular. Apostila – Ou

FMI, Lagarde e maus agoiros…

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Quando lemos relatórios do FMI há uma coisa de devemos ter como certa. Existirá - ou está na calha - qualquer problema (crise) no seio europeu e os seus relatórios aparecem a antecipar análises, caminhos e resoluções. Não se trata de um organismo financeiro com características eminentemente técnicas que, como afirmam os seus estatutos, tem como finalidade dedicar-se a estabilizar o sistema monetário internacional e que viria, mais tarde, a alargar a sua acção (interferência) no sentido de, através de empréstimos, ajudar a equilibrar a balança de pagamentos de países em dificuldades. A sua transformação no braço armado das políticas liberais do pós-guerra e actualmente do neoliberalismo é uma longa história de usurpação de actividades e poderes que contou com a complacência de muitos e não cabe neste comentário. Tudo isto a propósito do último relatório do FMI sobre a “Estabilidade Financeira Gobal” particularmente centrado sobre ‘turbulência do sistema financeiro europeu’

A Turquia e o califa Erdogan

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Erdogan já provou que a democracia era, para ele, um mero caminho para conquistar o poder. O fascismo islâmico irrompeu na máxima apoteose após o golpe de Estado cuja preparação, desencadeamento e contenção acompanhou, através da rede islâmica que organizou. Perante o aplauso dos adeptos e o terror coletivo dos adversários e simples apoiantes da democracia, exerce o poder discricionário. Humilha o poder judicial, reprime os curdos, demite professores, fecha jornais, prende jornalistas, persegue juízes e desmantela todos os poderes que lhe podem cercear a ambição. Da União Europeia chegam tímidos apelos para respeitar o Estado de Direito, como se fosse sua intenção mantê-lo quando a Nato e as UE o apresentavam como muçulmano moderado. Erdogan é um produto do atual momento histórico que o Islão atravessa, na sequência do fracasso da civilização árabe e do ressentimento por invasões ‘cristãs’, em busca do domínio do petróleo. Os métodos do Estado Islâmico são a prática interna do

A aliança norte-atlântica desnorteada ou desfeiteada…

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Tudo indica que não será a Esquerda a enterrar a NATO . O fermento para o seu desmembramento tem um nome (Trump) e os motivos são aparentemente financeiros (‘não cumprimento das obrigações de financiamento’) link ;   link . Questões como o ‘atlantismo’ e doutrinas associadas, a solidariedade ocidental, a herança civilizacional, ou quejandos, não são invocadas na retórica de Donald Trump, muito directa e inequivocamente monetarista. Na realidade a NATO foi um grande exército (exército é usado no texto como um sinónimo de forças armadas) criado, no contexto pós-II Guerra para enfrentar o comunismo, mais especificamente, a ex-URSS.  Com a queda do muro de Berlim perdeu todo o sentido mas mesmo assim tentou transformar-se numa ‘ guarda pretoriana mundial ’ que tem defendido com pertinácia e alguma sobranceria os interesses americanos pelo Mundo. As pretensões de fugir do Atlântico Norte e alcançar uma dimensão planetária são hoje o penoso balancear entre a leviandade e a qui

Há sempre um plano B

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Recebido de Alfredo Barroso, cuja memória é um incentivo à vigilância cívica, aqui fica, para memória futura, uma galeria de notáveis que contribuíram modestamente para esta crise, que vai acabar mal. Para nós, os que nada fizemos para merecê-la.

AR: a pantanosa sessão de ontem…

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Ontem, no Parlamento, viveu-se um dia de violenta catarse do ‘ centrão político ’. O PSD tratou de consolidar a sua posição no Tribunal Constitucional para o que contou com o apoio do PS e, por outro lado, ou simultaneamente, na questão da presidência do Conselho Económico e Social link , que fazia parte do mesmo acordo, alguém roeu a corda e tenta fugir às responsabilidades. Não está em causa a escolha do Prof. Correia de Campos para o cargo que o PS - por sua conta e risco - achou por bem propor e a direcção do grupo parlamentar do PSD aceitou, mas sim o embuste tecido à volta da aplicação de prévios acordos parlamentares. Isto vindo de uma Direita que andou meses a questionar a solidez e a 'naturalidade' do entendimento entre a Esquerda parlamentar para suportar o Governo PS, seria caricato, se não fosse gravíssimo. Há algum tempo que a Direita tenta explorar eventuais desconformidades, dúvidas, incongruências ou instigar rebeldias na senda de promover ou criar mai

O Conselho de Estado, Portugal e a União Europeia

Não interessa saber se Cavaco foi ou não favorável a sanções da UE contra Portugal, na reunião do órgão consultivo do PR. É irrelevante o que pensa Cavaco Silva. A política não é um ramo da espeleologia e os fósseis não são o seu objeto de estudo. Grave é o acolhimento da comunicação social à reiterada e patética negação dos factos, por Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque. As sanções com que é chantageado este governo referem-se ao falhanço do governo de Passos Coelho no cumprimento de metas de 2014 e 2015. Estes são os factos. O que o país não pode esquecer é a dilatação da última legislatura, até ao prazo máximo legal, o que inviabilizava a apresentação oportuna do OE-2016, situação agravada pelas manobras dilatórias para investir o legítimo e atual governo. Não foi culpa exclusiva do notário de Belém, foi responsabilidade do PSD e do CDS, que o impeliram ao patético adiamento, de gravosas consequências para Portugal. Quando é preciso desviar atenções da colossal crise finan

Mesmo na desgraça, faz-nos falta o Eça

Há uma página de Eça em que o romancista descreve uma reunião, num salão burguês. Anunciam-se tragédias naturais na Índia e na China, com muitos milhares de mortos, e pessoas, indiferentes, a jogar cartas. Entre as notícias, cada uma pior do que as outras, alguém informa que a D. Micas teve uma terrível enxaqueca. Pararam de jogar e rostos ansiosos aguardavam pormenores. Há dois dias que a Micas (já não sei se era este o nome), sofria de uma violenta dor de cabeça. E o pasmo subia com minúcias sobre o início, a continuação e o fim da enxaqueca. Varreu-se a angústia, serenou a ansiedade e os parceiros recomeçaram os jogos, aliviados só quando todos se inteiraram de que a enxaqueca tinha, finalmente, sido vencida. O critério da proximidade transformava em tragédia uma dor de cabeça e era indiferente aos milhares de mortos que aconteciam noutro continente. Lembrei-me da difusa recordação de Eça, de que li quase tudo, com a afirmação inédita de um relatório internacional: “FMI diz qu

Um oportuno desenho de Onofre Varela

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O cardeal, a missa e o fiel defunto Francisco F.

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Na última segunda-feira, dia 18 de julho do ano da graça de 2016, o cardeal Cañizares, que ainda não digeriu o regresso a Espanha, depois de ter sido Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em Roma, celebrou missa por alma de Francisco Franco, anunciado como Francisco F.. A missa é celebrada mensalmente, no dia 20, a rogo de um devoto, para evocar a morte do ditador, ocorrida em 20 de novembro de 1975. Esta, além de se destinar à expiação dos pecados do maior genocida espanhol de todos os tempos, assinalou o aniversário da sublevação militar de 1936 que deu início, há 80 anos, à Guerra Civil espanhola. O cardeal Cañizares, arcebispo de Valência, depois de ter sido titular de Toledo, é um nostálgico do franquismo e incapaz de aceitar a democracia. Argumenta que as missas não se podem recusar a ninguém, mas os espanhóis sabem a devoção com que a celebra, com pompa e circunstância. É delicioso ver que o número de padres que acolita o cardeal Ant

O golpe de Estado na Turquia

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Não imagino o que pretendiam os militares amotinados, nem faço juízos de valor sobre o golpe de Estado num país cuja democracia serviu a Erdogan para tomar o poder e não mais o largar. Ele tem o hábito de prender jornalistas e calar os órgãos de comunicação social que lhe fazem oposição. Militares e juízes eram guardiões da laicidade, os primeiros de forma democraticamente inaceitável, mas os segundos legitimados pela separação de poderes e pela Constituição. Agora passará a ter um exército dócil. O afastamento de 2745 juízes, que dificilmente pode implicar no golpe, revela a determinação de remover todos os obstáculos ao poder absoluto. O golpe não terá sido inspirado por Erdogan, mas parece. Foi a «dádiva de Deus», que referiu, e dificilmente teria sido organizado sem conhecimento da rede islâmica que o apoia. A cínica frieza com que o aguardou nunca será provada, mas os objetivos dos revoltosos passarão a ser os que ele entender. Os motivos dos amotinados serão os que o sult

Turquia – os insondáveis contornos do futuro …

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Vive-se na Turquia um autêntico drama político na sequência do golpe de Estado falhado. A devastadora purga em curso está a atingir milhares de cidadãos a começar pelas Forças Armadas, passando pelo aparelho judicial e não tardará muito a chegar aos meios de comunicação social. No rescaldo do putsch ninguém é capaz de garantir uma investigação justa, séria e independente e podemos esperar tudo do actual presidente Erdogan apresentado ao Mundo como um ‘islâmico moderado’ mas que o desenrolar dos acontecimentos (exercício do poder) vem sendo progressivamente conotando com a Irmandade Muçulmana link . A este golpe de Estado militar deverá seguir-se um golpe constitucional levado a cabo pelo partido que detém, no presente, as rédeas do poder (AKP). O actual presidente deverá ser, ‘bizantinamente’, entronizado como califa e perpetuar-se no poder rodeado de fiéis mujahedins. Os primeiros indícios ocorreram na noite do levantamento na ponte sobre o estreito de Bósforo. Um soldado,

Passos Coelho, o Estado e a (re)invenção da pólvora…

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Passos Coelho, lídimo e esforçado dirigente do PSD esteve presente num “ Fórum de Políticas Sociais: Educação; Saúde e Segurança Social ” que o seu partido realizou no Porto este fim-de semana. E aí botou faladura para apresentar-se, a si próprio e ao seu partido, como um arauto do combate às perversões nessas áreas, declarar o falhanço do Estado Social e mostrar-se aberto para “redesenhar as políticas sociais”.  Prometeu, inclusive, uma “convenção alargada” para discutir tais assuntos depois de colher doutas opiniões (de académicos, conselheiros e burocratas, acrescento). link . Há contudo uma coisa que o dirigente do PSD não consegue esconder mesmo emboscando-se atrás daquilo que para os eleitores jurou ter defendido durante a última legislatura. De facto, ao promover cortes cegos nas áreas sociais o ex-responsável pelo anterior Governo sempre afirmou que estaria a conferir sustentabilidade ao Estado Social. Inclusive, armou-se num seu mítico ‘salvador’ link . Ora um ‘sa

Novas tendências

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Turquia: a segunda morte de Atatürk?

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Por natureza cívica (civil) e por formação democrática (representativa) não nutro qualquer tipo de simpatia por golpes militares.  A política – entendida com um civilizado terreno de luta doutrinária com vista ao bem comum - não pode ter as suas reservas morais sediadas em casernas ou paradas. Como não pode ficar contida nas paredes das igrejas ou mesquitas. Contudo, estas proposições de princípio não podem inibir uma análise dos factos (sem atribuir-lhe um conteúdo meramente justificativo) e uma interpretação de todas as consequências (reais, possíveis e até especulativas). A tentativa de golpe militar ocorrida ontem na Turquia tem uma elevada capacidade intrínseca para alterar frágeis equilíbrios no Médio-Oriente, já que este país, está colocado no epicentro de numerosos conflitos (guerra civil síria, colapso do Iraque, etc.) e altas tensões políticas (Irão) e sociais (migratórias). No entanto, as grandes consequências serão internas, isto é, no regime. O 15 de Julho

NICE – In memoriam das vítimas.

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 Nice - Promenade des Anglais (ao entardecer)   Nice foi a terra natal de Giuseppe Garibaldi . Um revolucionário que combateu pela França contra a Prússia, no Brasil e Uruguai em prol da República e pela libertação colonial e, destacadamente, foi um dos grandes obreiros  da reunificação italiana ( il Risorgimento ) contra as potências imperiais (Áustria). Foi um grande lutador pelos ideais humanitários, internacionalistas e republicanos na Europa e na América do Sul. Foi por isso denominado ‘ herói dos dois mundos ’. O bárbaro atentado de ontem em Nice esbarra com a histórica memória de um libertador e bom revolucionário. Escabroso é constatar que os inflexíveis fiéis de um qualquer califado supostamente a edificar no Médio Oriente ousaram manchar esta linda cidade dos Alpes Marítimos (Côte d'Azur), com uma ‘ carga mobile ’ numa ' promenade assassina ' em dia de Festa Nacional (Tomada da Bastilha). Garibaldi, porquê? De facto, os ' jihadistas

Um documento credível

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De qualquer modo, não é aceitável que o Estado financie o ensino privado.

BREXIT: algumas inacreditáveis ressacas …

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Começa a ser cansativo olhar para um país que põe os seus interesses à frente de tudo e todos. O ‘Brexit’ foi uma escolha colectiva dos cidadãos britânicos e como todas as opções tem as suas consequências. Tudo começa pela declaração de Cameron, na saída imediata das eleições, que diferiu a sua incontornável demissão lá para o Outono, mantendo a consequências políticas do referendo em 'banho-maria'.  Na verdade, o processo de saída da Grã-Bretanha da UE, ou seja, a evocação do badalado artº. 50º do Tratado de Lisboa, só no próximo Outono, tinha uma justificação plausível – embora interesseira e egoísta – já que o resultado referendário desencadeou naturalmente alterações partidárias internas, com inerentes reflexos governamentais.  Era suposto que as mudanças internas se arrastassem até essa data (Outono) e, como é óbvio, interessava à UE ter, para iniciar a difícil separação de águas, um interlocutor válido. Na realidade, o processo político doméstico alterou-se

Tomada da Bastilha, 14 de Julho de 1789

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Contra Luís XVI, contra a nobreza e contra o clero, o rei já tinha sido obrigado a admitir a autoridade da assembleia que viria a chamar-se Assembleia Nacional Constituinte. A invasão da Bastilha e a consequente Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão formaram o terceiro pilar da fase inicial da Revolução Francesa. A Tomada da Bastilha, no dia de hoje, em1789, foi o ato simbólico de uma nova era, o princípio do fim de uma sociedade anacrónica e o rastilho que incendiou a Europa e deu origem às democracias modernas. Ninguém ousaria prever que a invasão da grande prisão do Estado, por um jornalista, Camille Desmoulins, se transformaria na referência histórica e emblemática da vitória da burguesia sobre a nobreza, da legitimidade popular sobre o direito divino, e da República sobre a monarquia. Hoje, dia nacional da França, 227 anos depois, evoco o dia e saúdo a Revolução Francesa. Viva a República!

Dito

«O senhor Barroso fez a cama dos antieuropeus. Apelo, pois, solenemente a que abandone esse cargo.» (Harlem Désir, secretário de Estado dos Assuntos Europeus francês)

Durão Barroso, o indivíduo videirinho

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Surpreende a condenação unânime da comunicação social, europeia e americana, do ex-presidente da Comissão Europeia (CE), Durão Barroso, como se a reforma de 24.000 € mensais o obrigasse a renunciar ao que apenas a ética exige. A nomeação do presidente não executivo da filial de Londres do banco Goldman Sachs foi transparente na atribuição de funções. Apenas exige um mero tráfico de influências, para acautelar os interesses do banco, na sequência do Brexit. Durão Barroso é o mais alemão dos portugueses e o mais americano dos europeus. Está no lugar que o percurso justifica. Entrou na idade adulta a roubar mobílias da FDL para a sede do MRPP, sendo obrigado pelo ‘grande educador da classe operária’, Arnaldo de Matos, a devolvê-las, e acaba empregado do banco que usa processos ínvios e exonerou a ética no vampirismo com que parasita os países mais vulneráveis. O genro de um almirante da ditadura, que passou diretamente do MRPP para o PSD, teve no compadre Martins da Cruz, embaixad

Hillary Clinton é a esperança que resta

«O futuro será mais influenciado pelo que acontecer no dia 8 de novembro do que por qualquer outro evento no mundo. Vim aqui para tornar o mais claro possível porque é que estou a apoiar Hillary Clinton e porque é que ela deve ser a nossa próxima presidente.» (Bernie Sanders, pré-candidato democrata, nos EUA, anunciando apoio a Hillary Clinton)

O Conselho de Estado, de ontem

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Cada vez mais isolado e ressentido, procura a bênção alemã . Depois do Brexit quererá ser consultar do Goldman Sachs em Portugal?

Salgueiro Maia

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Vale a pena conhecer um pouco melhor a vida deste inesquecível herói. Um filme de uma hora .

Fátima, Futebol e Fados

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Não, não sou avesso ao futebol nem indiferente ao sucesso dos compatriotas. Senti que o dia de ontem como um suplemento de ânimo para o país que descrê de si próprio e é dado à depressão. Quando, no mesmo dia, os jogadores da seleção nacional se consagram pela primeira vez campeões europeus, Sara Moreira campeã da Europa, em meia-maratona, Patrícia Mamona, em triplo salto, e Portugal se tornou campeão europeu, simultaneamente em meia-maratona e futebol, não é apenas uma grande alegria que se sente é uma enorme confiança que desperta no país que somos e nos compatriotas que temos. Ontem o atletismo português conquistou três medalhas de ouro e duas de bronze, depois de ter conquistado uma de prata na véspera. Foi pena que os feitos do atletismo fossem ofuscados, na voragem do futebol e na agenda da comunicação social, pelas cerimónias exclusivas do futebol. Temo que os sucessos de ontem nos distraiam da vigilância cívica que nos cabe e da atenção ao que se passa na Europa e no

Silogismos neoliberais…

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O líder do PSD ‘armou-se’ em juiz das causas dos seus companheiros emitindo sobre 'casos bicudos' , que saltam como coelhos de uma cartola, providências cautelares. Em relação a Maria Luís Albuquerque e a Paulo Portas, veio a terreiro defender a ‘normalidade’ das nomeações para empresas privadas que se movimentam em áreas empresariais e negociais, onde os ex-ministros tiveram, até há pouco mais de 6 meses, responsabilidades políticas. Paulo Portas, segundo a Direita deverá ser elogiado pela demonstração de uma grande elevação cívica em renunciar ao mandato de deputado e Maria Luís Albuquerque terá revelado um elevado sentido ético link persistindo nas funções parlamentares. Nestas actividades 'colaboracionistas' tanto faz o ser ou não ser desde que os mercados o solicitem e o aprovem. Bem, com Durão Barroso o redundante ‘ opinion maker ’ (é preciso dar ênfase à função), Passos Coelho, foi mais expansivo e para além de se ‘mostrar satisfeito’ apressou-

NATO: De Varsóvia a Colombey-les-Deux-Églises …

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A NATO prepara-se para criar mais um problema (político) à Europa. Na reunião de 2016 em Varsóvia (é significativo que tenha escolhido esta cidade) pretende intensificar uma complexa e opaca ‘frente anti-Moscovo’. É, por assim dizer, a tentativa do prolongamento, no tempo, de uma ultrapassada ‘guerra fria’, esquecendo-se que já não existe URSS.  Aliás, ao olhar para os novos membros que tem ‘cativado’ para consolidar a ‘Aliança’ encontram-se aí muitos dos que estiveram num outro pacto, exactamente nessa cidade de Varsóvia, decorria o ano de 1955. A cimeira de Varsóvia terminou com a publicação de um extenso texto (com 139 itens)   link onde se podem detectar algumas lacunas e muitos enigmas. As principais motivações da cimeira foram as pretensas violações pela Rússia dos compromissos assumidos no ‘âmbito de uma cooperação euro-atlântica’, desígnio celebrado em 1997 e reafirmado na cimeira de Lisboa (2010). No item 10 do relatório publicado Moscovo é acusado de todos os m

Os desastres não são para todos

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Durão Barroso está ao leme, não para salvar os passageiros, mas para recolher os despojos ao serviço do Goldman Sachs.

A frase

«O 'banco do mundo' para onde agora vai Durão Barroso, ou 'a firma' como também é desdenhosamente apelidado, tem, entre outras medalhas na lapela, a responsabilidade de ter ajudado a maquilhar, durante anos, as contas públicas da Grécia.» (Fernando Ivo Carvalho, Jornal de Notícias)

Violência: as lições de Dallas…

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A sociedade americana alberga no seu seio vários focos de tensão. Dois deles tornaram-se bem visíveis nos últimos dias: A questão racial e o problema da compra e posse de armas. Os incidentes de Dallas link são o derradeiro episódio de uma série de 'terror cívico', bastante longa e incompreensível, que obrigam a uma reflexão. A questão racial nos EUA manteve-se em ‘banho-maria’ desde os grandes movimentos de massas pelos direitos cívicos, ocorridos nos anos 60, onde pontificaram figuras como Malcom X e Martin Luther King. A Lei dos Direitos Civis , promulgada em 1964 na presidência de Lyndon B. Johnson, um ‘acidental’ sucessor do Presidente John Kennedy que já havia mostrado ter sensibilidade política para estes problemas enfrentando uma cerrada oposição do Congresso, é, acima de tudo, uma natural consequência de uma longa luta de resistência às iniquidades, de carácter predominantemente pacifista.  O acto legislativo deu suporte legal ao fim de anacrónicas e ab