Notas soltas – julho/2016
Filipinas – O insólito acentua-se e nem a democracia o impede. Rodrigo
Duterte, novo presidente das Filipinas, tomou posse do cargo e, numa das
primeiras declarações, incita o povo a matar os toxicodependentes. A sanidade
mental do PR passou a ser facultativa.
Estado islâmico – Ver na rede terrorista espalhada pelo mundo o
mero epifenómeno de crentes exaltados, é desconhecer o anacronismo do Islão e a
maldade intrínseca de uma ideologia política que precisa de ser combatida.
Brexit – A demagogia e irreflexão dos líderes do Reino Unido e a
ausência de dimensão ética e política dos dirigentes da UE, provocaram o caos e
insegurança nos dois lados do Canal da Mancha, com consequências perigosas e
imprevisíveis.
Tony Blair – «Sinto mais pena, arrependimento e culpa do que
poderão alguma vez saber ou acreditar», declarou, após a investigação à invasão
do Iraque, não pela morte e sofrimento de milhões de invadidos, mas pela de centenas
de invasores britânicos.
Durão Barroso – O mordomo da Cimeira das Açores, sem remorsos pelas
vítimas, pôs um filho no Banco de Portugal, sem concurso, e passou a chairman do grupo Goldman Sachs. Não é um
político, é um oportunista venal e concupiscente.
Nuno Crato – O ex-ministro da Educação, também ex-maoísta, é
testemunha de defesa dos interesses de colégios privados contra o ministério
onde devia ter servido o interesse público. É a eloquente metáfora do governo
que quis desmantelar o Estado.
Turquia – A UE confia a solução dos refugiados ao presidente
Erdogan, cujo projeto é a destruição da laicidade e a aniquilação dos curdos, e
adiciona um novo problema com quem tem uma visão musculada do Islão, ainda sem sharia, mas a caminho.
EUA – O assassinato recíproco de negros e polícias são as duas
faces do racismo, nunca resolvido, com dois séculos de enfrentamentos. O
tiroteio de Dalas foi uma reincidência habitual a ressuscitar o eterno fantasma
da fratura social.
Bernie Sanders – Seria certamente o melhor presidente que os
EUA e o mundo podiam esperar, mas, à falta de apoios suficientes, decidiu
apoiar Hillary Clinton, a descolorida esperança que resta para travar Donald
Trump e não acontecer o pior.
Conselho de Estado – É irrelevante se Cavaco Silva defende ou
não sanções contra o País, por défice excessivo de 2015 (+0,2%), pelo incumprimento
das metas por Passos Coelho. Grave foi protelar eleições, para um OE atempado,
e a posse do atual governo.
Nice – A chacina do terrorista islâmico, no dia nacional da
França, cumpre a agenda da jihad: a
globalização do terror, a perturbação democrática e o incitamento à retaliação indiscriminada
a todos os muçulmanos, para os conquistar para a guerra das religiões.
Turquia_2 – O frustrado golpe de Estado não terá sido inspirado
por Erdogan, mas não o impediu. Carecia dele para alterar a Constituição,
abolir a laicidade, purgar os juízes, reprimir curdos e arménios, e sujeitar o país
à agenda islâmica onde germina um califa!
Globalização – O Acordo de Parceria Transatlântico de Comércio
e Investimento, entre a UE e os EUA, negociado à sorrelfa, seria uma excelente
notícia para os mercados, mas um duvidoso benefício para Portugal. Nesto
momento, penso que está morto.
Abolição da pena de morte – Faz parte da matriz civilizacional
europeia, mas existe o risco de retrocesso. Repugnante, inútil na dissuasão de
crimes e cruel na aplicação, é a pena que inviabiliza a reparação de inocentes
condenados por erros judiciais.
Aquecimento global – Os 10 meses mais quentes, desde que há
registos, ocorreram em 2015 e 2016. Junho marcou 14 meses consecutivos de calor
recorde em cada um deles. A temperatura média da superfície do mar também foi
recorde. Teremos futuro?
Reino Unido – Quando a imigração se tornou inassimilável, o
terrorismo imparável, as dívidas soberanas impagáveis e a Europa abúlica, a
Inglaterra separou-se, ameaçando a sua unidade e a da UE. A Turquia era a farsa
que faltava para um futuro assustador.
Jogos Olímpicos – A rivalidade política é o veneno, e o doping
a lepra que os corrói. O mais belo espetáculo desportivo, destinado a unir os
povos, transformou-se numa arena mundial onde a beleza, o carácter lúdico e os
atletas se destroem.
Nato – Uma das suas maiores bases é Incirlink, onde armazena
mais de 25% do arsenal nuclear (meia centena de bombas de hidrogénio). Esta
base situa-se no território turco, preocupação acrescida para quem já teme o belicismo
da organização militar.
Terrorismo – A macabra obstinação com que espalha o medo e
condiciona a liberdade, nos países democráticos, teve no esfaqueamento mortal
de um padre que dizia missa, a repugnante metáfora da crueldade e demência que
o Corão induz.
Angela Merkel – A promessa de manutenção da sua política de
asilo, perante a vaga de atentados, mostrou uma vez mais a dimensão da
estadista, tão rara nos tempos atuais, a desafiar a chantagem dos terroristas e
a assumir os riscos eleitorais.
Sanções – O cancelamento deve-se à firmeza do Governo português
e ao bom senso dos comissários europeus. Combater a estagnação económica e a perpetuação
da austeridade exige investimentos contracíclicos adicionais, da UE, aos escassos
fundos estruturais.
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