Notas Soltas - junho/2016
Brasil – Fabiano
Silveira, ministro da Transparência,
Fiscalização e Controlo, foi, por ironia, apanhado na rede de corrupção que
serviu de pretexto à destituição de Dilma por corruptos ávidos de poder e ansiosos
por abortar as averiguações anticorrupção.
Alemanha – Por
estranho que pareça, a Sr.ª Merkel é a maior e a mais sensata estadista da UE. Sofrendo
o crescimento da extrema-direita, as ameaças islâmicas e o irrevogável ministro
das Finanças, pode não acabar sequer este mandato, mas fará História.
Arménia – República
asiática, com marcadas afinidades europeias e influência cultural, sofreu, de
1915 a 1923, o genocídio de 1,5 milhões de cristãos e deportação de milhões de
outros pelo Império Otomano. A Turquia recusa os factos e ameaça quem os aceita.
PS – A coragem de
resistir à chantagem desta direita radicalizada por dois salazaristas
orgânicos, Cavaco e Passos Coelho, alargou as alternativas democráticas e
evitou ao PS tornar-se eterno refém do PSD/CDS, depois de uma legislatura em
que foi ignorado.
EUA – A hipótese
de Donald Trump se tornar presidente da maior potência mundial é tão
assustadora que Hillary Clinton assume o papel de calmante para a ansiedade
global e representa a última esperança de um módico de decência e
previsibilidade.
Perú – A
tangencial vitória de Pedro Pablo Kuczynski evitou que Keiko Fujimori, filha e seguidora
do ex-ditador e presidiário Alberto Fujimori, conduzisse o País a mais uma
presidência populista, sem impedir a instabilidade política das lutas
partidárias.
10 de Junho – A
data foi celebrada para exaltar a democracia e preitear os emigrantes. PR e PM,
com dignidade e sentido de Estado, promoveram Portugal em Paris, apelando a um
europeísmo de valores, solidário e de conteúdo social, a uma só voz.
Noruega – Na
vanguarda da civilização e da inovação, os principais partidos tomaram a
decisão de proibir, até 2025, a venda de veículos movidos a combustíveis
fósseis, isto é, a gasolina e gasóleo, séria decisão para evitar a poluição e o
aquecimento global.
Homofobia – O ato
terrorista e gratuito, em Orlando, EUA, não revela apenas a trágica e monótona proliferação
de assassinos islâmicos pelo mundo, mostra a face de uma religião obsoleta,
incompatível com a liberdade e os direitos humanos.
Papéis do Panamá
– Parecia que o alarido com que foi anunciada a fuga de capitais de pessoas
influentes servisse para as desencorajar de novas aventuras em paraísos fiscais,
candura de quem pensou que não tinham poder para calar o Expresso e a TVI.
Estado Islâmico –
Cidade a cidade, vão caindo os focos de resistência da mais demente e cruel estrutura
político-religiosa do Islão, mas o terror cria adeptos, em todo o mundo, da
orgia de fé e de sangue. O terrorismo islâmico vai continuar.
CGD – A exposição
do banco público a um inquérito parlamentar, para esclarecer o que o PSD e CDS
podiam e deviam ter esclarecido, durante quatro anos, é a política de terra
queimada de quem sofre da síndrome de abstinência do poder.
Itália – Virginia
Raggi venceu o partido do Governo, em Roma, com 68 % dos votos de 36,56% do
eleitorado. O Movimento 5 Estrelas (M5E), de Beppe Grillo, conquistou 19
câmaras, incluindo Roma e Turim. O populismo alastra na Europa.
PR – Exorbita em
ações que parecem ingerência na esfera da competência exclusiva do Governo, mas
tem revelado notável patriotismo e sentido de Estado que contrasta com a
exibição pública das suas crenças religiosas, de natureza privada, num Estado
laico.
Refugiados –
Calcula-se em 65 milhões o número de refugiados, população equivalente a seis
vezes a de Portugal. Juntemos milhões que morrem privados de alimentos, água e
assistência médica e imaginemos a tragédia, insolúvel sem uma autoridade
mundial.
Sadiq Kan – O
novo mayor de Londres, onde vi “a
vitória de um islamita progressista e democrata contra o islão ignorante,
reacionário e intolerante”, ameaçou proibir anúncios com mulheres em biquíni,
nos transportes públicos. Se Deus repudia o corpo da mulher, cabe ao homem
escolher entre um e outra.
Reino Unido – A
vertigem isolacionista, criada na luta entre Cameron e Boris Johnson, deu
origem à guerra entre o medo da saída e o ódio à permanência. Contados os
votos, a pequena Inglaterra derrotou a Grã-Bretanha e a UE.
Brexit – A UE
reagiu com ameaças e desejo de vingança. Os eurocratas, tão minúsculos como
Cameron, não viram no suicídio do R. U. o estertor do império, que ainda julgava
ser, e o início do fim da UE.
Jean-Claude Juncker –
A reação para o R. U., 2ª economia europeia e 6ª do mundo, membro do G7, do Conselho
de Segurança da ONU e fundador da NATO, e potência nuclear da Europa, foi ignóbil
e leviana. É um digno sucessor de Durão Barroso.
Espanha – Como
previsto, o PP cresceu (+14 deputados) e continua o maior partido, e o PSOE
perdeu (-5) e, contra todas as sondagens, continua o maior partido da esquerda.
O PP ganhou, o PSOE decide, e o futuro governo será a geringonça máxima de
direita.
BE – Catarina
Martins tem o direito de querer a saída de Portugal da UE, apesar de ter
viabilizado o governo que claramente a rejeita, mas não pode defender o
referendo que a Constituição não permite. À líder do terceiro maior partido exige-se
mais ponderação.
Angola – O
Supremo Tribunal libertou presos condenados a pesadas penas por delito de
opinião e não por atos concretos de sedição. A decisão, que honrou a Justiça, fez
justiça, reabilitou o Estado e enfrentou o poder autocrático de Eduardo dos
Santos.
Rússia – A UE,
considerando-a ditadura, epíteto difícil de provar, ignora a Hungria, Polónia e
Ucrânia, prejudica os seus próprios interesses. A normalização das relações com a Turquia, que lhe abateu um avião
militar, revela o pragmatismo político de Putin.
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