A aliança norte-atlântica desnorteada ou desfeiteada…
Tudo indica que não será a Esquerda a enterrar a NATO. O fermento para o seu desmembramento tem um nome (Trump) e os motivos são aparentemente financeiros (‘não cumprimento das obrigações de financiamento’) link ; link.
Questões como o ‘atlantismo’ e doutrinas associadas, a solidariedade ocidental, a herança civilizacional, ou quejandos, não são invocadas na retórica de Donald Trump, muito directa e inequivocamente monetarista.
Na realidade a NATO foi um grande exército (exército é usado no texto como um sinónimo de forças armadas) criado, no contexto pós-II Guerra para enfrentar o comunismo, mais especificamente, a ex-URSS.
Com a queda do muro de Berlim perdeu todo o sentido mas mesmo assim tentou transformar-se numa ‘guarda pretoriana mundial’ que tem defendido com pertinácia e alguma sobranceria os interesses americanos pelo Mundo. As pretensões de fugir do Atlântico Norte e alcançar uma dimensão planetária são hoje o penoso balancear entre a leviandade e a quimera.
No Oriente existem forças militares muito numerosas e bem equipadas, poderosíssimas. A maior força militar permanente do Mundo é, de facto, a República Popular da China, cujos efectivos ascendem a mais de 2.200 milhões de homens e mulheres a que falta acrescer forças estratégicas que dispõem de armamento nuclear. O desenvolvimento de um poderoso Exército a partir de um voluntarioso Exército de Salvação Popular há quase 90 anos (1927), veio a criar importantes desequilíbrios nas pretensões de 'détente militar' a nível global.
Mas um outro tipo de problema está sediado no continente europeu e chama-se Rússia que, após o desmembramento do Pacto de Varsóvia, mantém um Exército com mais de 900 000 efectivos, quase o dobro das 2 maiores forcas da UE (França e Grã-Bretanha) o que mostra as incongruências dos planos de intervenção no espaço europeu.
Um exemplo acabado destas incongruências são, visto nesta perspectiva, as recentes intervenções, primeiro na Líbia e depois na Ucrânia. E os exemplos sucedem-se.
Cá por casa é interessante recordar a posição do ex-Presidente da República, Aníbal de sua graça, que pretendeu condicionar a pertença ou interferência nos governos do país, por forças político-partidárias nacionais legítimas e eleitas para o Parlamento, alegando que esta participação estaria condicionada a declarações ou por posições de fidelidade à NATO link.
A História da NATO a ser reorientada (reescrita) pelo candidato republicano à Presidência dos EUA tem uma abordagem contabilística e utilitarista, como é timbre dos ultra-conservadores, e desmente categoricamente os fundamentalismos ideológicos residuais, oriundos do tempo da ‘guerra fria’, que ainda têm fiéis adeptos domésticos.
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