FMI, Lagarde e maus agoiros…
Quando lemos relatórios do FMI há uma coisa de devemos ter como certa. Existirá - ou está na calha - qualquer problema (crise) no seio europeu e os seus relatórios aparecem a antecipar análises, caminhos e resoluções.
Não se trata de um organismo financeiro com características eminentemente técnicas que, como afirmam os seus estatutos, tem como finalidade dedicar-se a estabilizar o sistema monetário internacional e que viria, mais tarde, a alargar a sua acção (interferência) no sentido de, através de empréstimos, ajudar a equilibrar a balança de pagamentos de países em dificuldades. A sua transformação no braço armado das políticas liberais do pós-guerra e actualmente do neoliberalismo é uma longa história de usurpação de actividades e poderes que contou com a complacência de muitos e não cabe neste comentário.
Tudo isto a propósito do último relatório do FMI sobre a “Estabilidade Financeira Gobal” particularmente centrado sobre ‘turbulência do sistema financeiro europeu’ e onde se aponta Portugal e a Itália como ‘problemas’ específicos link putativamente agravados pelo Brexit (situação que aparentemente não interfere directamente com a moeda única europeia).
Subjacentes a estes ‘palpites’ escondem-se sempre outras coisas e não vou escrever sobre os problemas da banca alemã, a começar pelo Deutsche Bank, mas tão-somente de uma outra questão – o crescimento económico. É sabido que nenhuma medida tomada a ‘favor dos cidadãos' favorece o crescimento económico por perturbar sacrossantos mecanismos de competitividade. É este o princípio sempre invocado para despedir, cortar salários e 'flexibilizar' (descaracterizar) a legislação laboral. Não há outra 'receita'. E todos os relatórios do FMI encalham aí.
Por outro lado, o alargamento endémico da pobreza parece ser um 'efeito sobrenatural', ou um azar, que deve ser desligado das políticas que esse Fundo impõe.
No caso português, o FMI integrou uma Troika que ‘governou’ com a complacência e a servil obediência de Passos Coelho e ‘ajudantes’ (para usar a linguagem 'cavaquista') durante 3 longos anos e ainda anda por aí (embora sem o impacto de outrora). E, no pensar dos especialistas do FMI, o actual e dramático empobrecimento deve ser exclusivamente endossado aos erros do passado, nada tendo a ver com o malfadado 'resgate'.
No caso português, o FMI integrou uma Troika que ‘governou’ com a complacência e a servil obediência de Passos Coelho e ‘ajudantes’ (para usar a linguagem 'cavaquista') durante 3 longos anos e ainda anda por aí (embora sem o impacto de outrora). E, no pensar dos especialistas do FMI, o actual e dramático empobrecimento deve ser exclusivamente endossado aos erros do passado, nada tendo a ver com o malfadado 'resgate'.
Na realidade, a multiplicidade (e gravidade) de situações financeiras e económicas com que este País está confrontado são consequência de ditatks do FMI e associados. Estamos, em termos de fraco crescimento e na debilidade do sector bancário, a colher os frutos dos ‘prestimosos’ serviços de uma ‘notável’ intervenção externa em que o FMI foi o pivot. Não há volta a dar-lhe. E se agora o FMI volta à carga – em relação a Portugal – só pode ser para dar continuidade ao bitate do Sr. Schauble sobre um novo ‘resgate’.
A actual situação política - especialmente a solução governativa - não agrada aos peritos sediados em Washington e todos os futuros esforços (de que o relatório é apenas uma peça instrumental) vão no sentido de voltar a intervir para 'domesticar'.
Esperemos algumas tréguas já que Christine Lagarde, envolvida no ‘caso Tapie’, vai a julgamento acusada de negligência e essa circunstância poderá ser suficiente importante para interromper a sua permanência como directora-geral do FMI. link.
O facto de estar indiciada pode moderar ímpetos. Esperemos, contudo, que a presumível negligência não tenha contaminado o organismo que dirige.
Porque ser admoestado e ‘apontado’ por um bando de especialistas, negligentemente orientados e motivados, é verdadeiramente insuportável.
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