O cardeal, a missa e o fiel defunto Francisco F.
Na última segunda-feira, dia 18 de julho do ano da graça de 2016, o cardeal Cañizares, que ainda não digeriu o regresso a Espanha, depois de ter sido Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em Roma, celebrou missa por alma de Francisco Franco, anunciado como Francisco F..
A missa é celebrada mensalmente, no dia 20, a rogo de um devoto, para evocar a morte do ditador, ocorrida em 20 de novembro de 1975. Esta, além de se destinar à expiação dos pecados do maior genocida espanhol de todos os tempos, assinalou o aniversário da sublevação militar de 1936 que deu início, há 80 anos, à Guerra Civil espanhola.
O cardeal Cañizares, arcebispo de Valência, depois de ter sido titular de Toledo, é um nostálgico do franquismo e incapaz de aceitar a democracia. Argumenta que as missas não se podem recusar a ninguém, mas os espanhóis sabem a devoção com que a celebra, com pompa e circunstância.
É delicioso ver que o número de padres que acolita o cardeal Antonio Cañizares é quase o mesmo que o dos crentes que acompanham o piedoso ato. (Ver link de El País).
Quem recorda a História, independentemente da crueldade verificada de ambos os lados da guerra civil, não esquece que o Papa de turno concedeu o carácter de Cruzada à luta das forças fascistas que derrubaram a República, legitimada pelo voto popular.
Um cardeal destes é uma bênção para a memória e a preciosa ajuda para a secularização do país que João Paulo II encheu de santos, remexendo nas cicatrizes que a democracia não conseguiu ainda sarar.
A missa é celebrada mensalmente, no dia 20, a rogo de um devoto, para evocar a morte do ditador, ocorrida em 20 de novembro de 1975. Esta, além de se destinar à expiação dos pecados do maior genocida espanhol de todos os tempos, assinalou o aniversário da sublevação militar de 1936 que deu início, há 80 anos, à Guerra Civil espanhola.
O cardeal Cañizares, arcebispo de Valência, depois de ter sido titular de Toledo, é um nostálgico do franquismo e incapaz de aceitar a democracia. Argumenta que as missas não se podem recusar a ninguém, mas os espanhóis sabem a devoção com que a celebra, com pompa e circunstância.
É delicioso ver que o número de padres que acolita o cardeal Antonio Cañizares é quase o mesmo que o dos crentes que acompanham o piedoso ato. (Ver link de El País).
Quem recorda a História, independentemente da crueldade verificada de ambos os lados da guerra civil, não esquece que o Papa de turno concedeu o carácter de Cruzada à luta das forças fascistas que derrubaram a República, legitimada pelo voto popular.
Um cardeal destes é uma bênção para a memória e a preciosa ajuda para a secularização do país que João Paulo II encheu de santos, remexendo nas cicatrizes que a democracia não conseguiu ainda sarar.
Comentários
Quando muito seria compreensível que, coerentemente, derramasse incenso e mirra sobra a Contra-Reforma que marcou a 'Europa Latina' (do Sul) ou que 'justificasse', um novo Index, ou uma nova Inquisição.
Agora, pegar nos cânones oriundos de Trento, regressar à disciplina do séc. XVI, para 'branquear' a história contemporânea é insulto a todos - fiés ou infiéis (para usar uma terminologia canónica).
Franco não vive para ser um do 'caudatário' do arcebispo porque abusivamente 'preferiu' impor-se como um 'caudilho' aos espanhóis.
Entre caudatário e caudilho venha o diabo e escolha (para continuarmos na retórica religiosa).