NICE – In memoriam das vítimas.
Nice - Promenade des Anglais (ao entardecer) |
Nice foi a terra natal de Giuseppe Garibaldi. Um revolucionário que combateu pela França contra a Prússia, no Brasil e Uruguai em prol da República e pela libertação colonial e, destacadamente, foi um dos grandes obreiros da reunificação italiana (il Risorgimento) contra as potências imperiais (Áustria).
Foi um grande lutador pelos ideais humanitários, internacionalistas e republicanos na Europa e na América do Sul. Foi por isso denominado ‘herói dos dois mundos’.
O bárbaro atentado de ontem em Nice esbarra com a histórica memória de um libertador e bom revolucionário.
Escabroso é constatar que os inflexíveis fiéis de um qualquer califado supostamente a edificar no Médio Oriente ousaram manchar esta linda cidade dos Alpes Marítimos (Côte d'Azur), com uma ‘carga mobile’ numa 'promenade assassina' em dia de Festa Nacional (Tomada da Bastilha).
Garibaldi, porquê?
De facto, os 'jihadistas' de hoje quando colocados lado a lado com os grandes lutadores de causas - infelizmente - ainda conseguem fazer uso de meios e estratagemas mortíferos mas, pura e simplesmente, como ‘combatentes’ a que aspiravam a ser, são de uma abjecta inexistência (ou uma intolerável excrescência).
De facto, os 'jihadistas' de hoje quando colocados lado a lado com os grandes lutadores de causas - infelizmente - ainda conseguem fazer uso de meios e estratagemas mortíferos mas, pura e simplesmente, como ‘combatentes’ a que aspiravam a ser, são de uma abjecta inexistência (ou uma intolerável excrescência).
A história dos povos, dos lugares e das ideias um dia revelará este trágico engano.
Após quantas vidas ceifadas?
Após quantas vidas ceifadas?
Comentários
Je suis humain
Os assassinos e o discurso do engano
Mais uma vez um criminoso cadastrado, psicopata e assassino mata dezenas de seres humanos.
Mais uma vez o habitual discurso enganador do terrorista islâmico.
É preciso manter a narrativa do poder para justificar o investimento militar, o tráfico de armas.
Se não me falha a estatística, todos os terroristas envolvidos nos crimes europeus, viviam há muitos anos na Europa e a maior parte até aí terá nascido. Todos tinham cadastro por crimes de droga, assalto, agressão, etc.
Alguém se preocupa em investigar profundamente o porquê do súbito morticinio?
Não.
É mais fácil lançar por cima o manto ideológico do islão.
Deste modo, todos os novos crimes estão justificados, sobretudo os dos que pela força da especulação financeira e das armas promovem o morticinio.
Assassinos e vítimas são produto dos que a montante escravizam o que é humano em benefício do lucro.
Assassinos e vítimas são, no fundo, todos vítimas.
Uma coisa é a autoria material, outra será a intelectual e se quiser uma outra a moral (esta mais imbricada e complexa).
A material, segundo relatos mais recentes, pertence ao Daesh enquanto perpetrada por um soldado do ‘exército do Califado’ link.
A vertente intelectual baseia-se no conceito de ‘guerra santa’ concebido pelo profeta como um ‘esforço’, um ‘empenho’ ou até uma ‘obrigação’ para alimentar o proselitismo religioso que permitiu conduzir os seus exércitos da Península Arábica, através do Norte de África até à Península ibérica, em pouco mais de 100 anos. Obra do califado Omíada.
O conceito presente de ‘jihadismo’ bebe nesta doutrina religiosa e no expansionismo ideológico mas, como é notório, encontra-se mortalmente (é este o termo) desfasada no lugar e no tempo.
Finalmente, a vertente moral. Ao analisar esta ‘Fatah al-Sham’, em reposição (numa situação de visível contraciclo histórico) não posso deixar de lhe dar razão sobre as motivações subjacentes onde as guerras com fundamentos no domínio energético (petróleo), a ganancia hegemónica e o lucro são denominadores comuns (e constantes). Na verdade, o ‘financeirismo selvagem’ promovido pela cavalgada ultraconservadora e neoliberal será o (ainda) oculto responsável por muitos massacres. Da Inquisição medieval, da escravatura colonial, da exploração do trabalho contemporânea (na ‘revolução industrial’), etc., até aos nossos dias, existe um trajecto sinuoso (que as religiões tendem a chamar ‘pecaminoso’).
De facto, a causa próxima pode ser referenciada ao pós-II Grande Guerra (Yalta), agravada no final do séc. XX (queda do muro Berlim) e ao longo deste anos tem exibido as diferentes mãos sujas de crude (e de sangue).
Concretamente, em relação ao Médio Oriente é impossível dissociá-la de incidentes, guerras e disputas regionais (a começar no Afeganistão, passando pelo 11 Set, pela invasão do Iraque e presentemente ainda rescaldo das fatídicas ‘Primaveras Árabes’ e o que adiante se verá …).
Nesta questão, plenamente de acordo com o comentário que teceu endossando responsabilidades à ‘escravidão’ induzida pela feroz apetência e cegueira do (e pelo)‘lucro’.
PS – Estou a responder-lhe porque o post não é da responsabilidade do Carlos Esperança a quem dirigiu o seu oportuno comentário.
Globalmente estamos de acordo. Mas no caso de Nice não acredito sequer que haja ligação ao EI. Não iam esperar dois dias para reivindicar.
Que o seu (EI)islamismo é objectivamente uma ideologia perigosa e assassina é um facto. Mas os atentados na Europa têm uma causa anterior e talvez mais perigosa, porque é algo que há décadas vem sendo atirado para debaixo do tapete. A multidão de jovens sem referências, sem um sentido para a vida. É fácil recrutá-los para claques de futebol, gangue juvenis ou para uma ideologia que lhes dá um sentido e uma justificação para os seus actos. Recordo uma entrevista com um dos jovens descendente de portugueses que se alistou no EI. Quando lhe perguntaram o que mais gostava de fazer respondeu: rezar e matar.
Para terminar, eu incluo na autoria material quem os financia e arma.
As minhas desculpas