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A mostrar mensagens de maio, 2020

Notas Soltas – maio/2020

1.º de Maio – Quando a GGTP precisava de uma grande manifestação para avaliar a sua força e impor a nova liderança, acabou a exigir condições de exceção para a presença no espaço público, atraindo críticas generalizadas e ataques severos dos inimigos habituais. Brasil – A inquirição do STF às ilicitudes do PR, a promessa dos militares da defesa da democracia e a demissão de Moro revelam articulação dos Tribunais e FA para apearem o PR e abrirem o caminho presidencial ao ex-juiz, após o fim do mandato pelo vice-PR. Daesh – O fascismo islâmico prospera. Grupos jihadistas no Afeganistão, Iraque e Síria usam a concentração das autoridades na resposta à COVID-19 para reunir combatentes, reforçar o controlo de territórios e lançar ataques. O novo ‘corona’ não é o único vírus. EUA – Enquanto chineses, europeus e cubanos se têm esforçado no combate à COVID- 19, as autoridades americanas entraram em profunda letargia, no desprezo pela vida e na resignação à perda da hegemonia c

Os salazaristas e o neofascismo português

Os meus leitores habituais hão de ter notado que, cada vez que acuso a ditadura fascista, surgem salazaristas a defendê-la. As datas do opróbrio são para eles facadas, os crimes meros acidentes e a guerra colonial a defesa do “nosso ultramar infelizmente perdido”. Os assassinatos eram danos colaterais na defesa da ordem e dos bons costumes, a tortura um método de investigação e a censura uma forma de preservar a moral. Não são os nostálgicos que intimidam, tristes sobreviventes da anacrónica ditadura, que agora saltam do armário onde se esconderam. Esses são inofensivos, crocitam, uivam, regougam, eructam e babam-se. Perigosos são os que herdaram dos progenitores o ódio e a vocação de pides, os que não conheceram as malfeitorias do torcionário de Santa Comba, os neofascistas que nascem agora para repetir como tragédia o que olhávamos já como comédia de humor negro. Falta-lhes a cultura, mas sobra-lhes entusiasmo a repetir mentiras, a inventar calúnias, a destilar rancor e a ves

COVID-19

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Os sacramentos em tempos de pandemia Eucaristia

COVID-19

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Os sacramentos em tempos de pandemia Batismo

28 de maio de 1926

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Há 94 anos teve lugar o golpe de Estado de que viriam a apropriar-se as pessoas erradas para a mais longa ditadura europeia. O integralismo lusitano, o nacional-sindicalismo e a Cruzada Nun’Álvares tinham feito o caminho para que o nacional-catolicismo se transformasse no fascismo paroquial de Salazar, um professor da Universidade de Coimbra, sem mundo e sem visão de futuro. Salazar foi o protagonista da longa ditadura que adiou Portugal. Ficou “orgulhosamente só” a liderar o país onde o analfabetismo, a mortalidade infantil, a tuberculose e a fome foram a imagem do regime, para acabar na tragédia da guerra colonial. Salazar saiu da aldeia do Vimieiro para o seminário de Viseu e, daí, para a Universidade de Coimbra onde dirigiu a madraça do CADC que havia de fornecer-lhe os quadros para a repressão que o manteve no poder. Não recebeu a tonsura no seminário, mas fez do País uma sacristia. Demonizou a política e proscreveu os partidos políticos disfarçado de não-político, e foi

A banalização do mal e o adormecimento das consciências

A jornalista Hannah Arendt acompanhou, em Israel, o julgamento de Adolfo Eichmann e, quer o carrasco nazi fosse ou não o homem comum que a jornalista viu nele, intuiu a tragédia da “banalidade do mal”, expressão que usou no livro que, a seguir, escreveu, “Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal”, onde diagnostica a origem dos totalitarismos. A expressão é hoje frequente, porque as consequências são devastadoras e repetitivas, e está longe de provocar a reflexão que devia. A democracia tem descurado a sua defesa, mesmo quando a Constituição a protege sem ambiguidades. O advento de partidos neofascistas é hoje evidente, na Europa e no Mundo, e Portugal não foge à regra, apesar de a CRP os proibir. O Tribunal Constitucional errou ao legalizar o ‘Partido Cidadania e Democracia Cristã (PPV/CDC)’, onde aparece a sigla referente a ‘Portugal pró-Vida’, permitindo o nome, por serem ilegais as referências confessionais. Fê-lo, aliás, contrariando a sua própria jurisprud

Correio do Brasil

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O consumo e a sobrevivência do Planeta

Há muito que os recursos do Planeta vão sendo consumidos cada vez mais cedo, em cada ano, e não há uma única medida para inverter esta situação, que só pode conduzir à catástrofe. Segundo os cálculos da organização “Global Footprint Network”, os recursos para este ano ter-se-iam esgotado ontem, se todos os países consumissem como a média dos portugueses. (Jornal Económico com Lusa, 24 de maio 2020) Vale a pena refletir sobre estes dados, habituados a comparar Portugal com os escassos países mais ricos, e ignorando, com indiferença, os milhares de milhões de pessoas que morrem de subnutrição, sem contar as vítimas das guerras pela apropriação de matérias-primas que asseguram o bem-estar dos países mais ricos. Em primeiro lugar, o que está em causa é a inviabilidade do Planeta, a caminho de 8 mil milhões de pessoas e com capacidade de sustentar menos de 3 mil milhões. Depois vem o fosso abissal que separa os países ricos dos países pobres e, dentro de cada um, o que separa pessoas r

O mundo é feito de mudança

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Folha de S. Paulo

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Por piores que sejam os tempos, por mais néscio que seja o PR e detestável a corja que não teve vergonha de fazer parte do seu Governo, a imaginação de um jornal podia redimir, pela inteligência, a insensatez dos brasileiros que elegeram um asno. Apostila - Non è vero, è ben trovato.

Não é verdade...

... mas devia ser. Após todas as polémicas sobre o uso de máscaras a DGS alargou o uso obrigatório de máscara nas palestras televisivas de Marques Mendes e Paulo Portas, numa primeira reunião com virolologistas conceituados, atendendo à disseminação do vírus claramente superior após as suas intervenções nos respetivos canais televisivos .

Maria Velho da Costa - Falecimento

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Em 1972 foi publicada a obra “Novas Cartas Portuguesas” da autoria de três escritoras portuguesas, com sólida cultura, prestígio literário e forte participação cívica. Ficariam conhecidas internacionalmente pelas “Três Marias”. Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa ousaram desafiar a primavera marcelista como percursoras da luta pela emancipação feminina, num país onde a mulher estava condenada à menoridade cívica, política e social. É imperioso recordar que, então, estavam vedadas às mulheres a carreira diplomática, a magistratura, as forças armadas e policiais e, na prática, os lugares de poder. Nem a saída para o estrangeiro lhes era permitida sem autorização do marido. A coragem cívica das três intelectuais, cuja luta continua um exemplo para os combates pela igualdade de sexos, deve ser exaltada agora, na morte de mais uma das autoras, e no futuro. Não há vitórias definitivas e a emancipação da mulher está longe de ser uma conquista irreversível,

Hidroxicloroquina e a COVID-19

O fármaco contra a malária é tomado, por burrice, por Bolsonaro. Trump usa a tolice para que os média a refiram, em vez de falarem dos 100 mil mortos e 36 milhões de desempregados provocados pela COVID-19 que ele menosprezou. Os estudos médicos, publicados nos mais conceituados órgãos científicos, não só negam qualquer eficácia como afirmam a possibilidade de agravar os riscos. Le Monde, de hoje, explica as razões de Trump para preferir o ridículo, que os média exploram, às notícias que lhe podem fazer perder as eleições.

Saúde

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Quando são evidentes os sintomas torna-se fácil o diagnóstico.

As eleições presidenciais e as lutas partidárias

A paróquia entrou em polvorosa com a antecipação do apoio do PM à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, secundarizando o PSD na iniciativa. A declaração de apoio de António Costa não dá a vitória a Marcelo, evita a derrota ao PS e deixa o PSD, perante o apoio amargo e inevitável, na situação de se ter atrasado. O PS, com atitude diferente do secretário-geral, tinha muito a perder e nada a ganhar e, no entanto, não é garantido que Marcelo, com índices de popularidade confortáveis, e a cumplicidade dos média, tenha garantida a reeleição, o que todos os PRs conseguiram à primeira volta. Até Cavaco Silva. Muitos esqueceram que Cavaco apoiou Mário Soares. Até ele percebeu que a inevitável vitória de Soares o obrigava a apoiá-lo para evitar um desgaste perigoso e a humilhante derrota através de qualquer outro candidato. Não lhe deu um só voto, talvez nem o seu. O candidato do CDS, Basílio Horta, ultrapassou os 20%. Ignoremos o folclore de atoleimados, desejosos de consideração so

Dias de praia

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Não esqueça as recomendações sanitárias. Proteja-se e proteja os outros.

Os bancos e a economia

Sei pouco de tudo e ainda menos de macroeconomia. A microeconomia, gestão de bens próprios, fui-a compreendendo empiricamente, mas não faria um voto consciente se não refletisse nas opções que os vários partidos me propõem, incluindo o campo económico. Aprendi alguma coisa sobre finanças em 1973, por experiência própria. Em março tinha 80 mil escudos disponíveis e, como ia entrar com excelente remuneração, no início de abril, na multinacional onde acabaria a minha vida ativa, decidi converter as economias em ações de empresas cotadas na Bolsa de Lisboa. Era solteiro, não precisava do dinheiro, e deixei-as ficar. Em fins de agosto, de regresso das férias em Itália e Jugoslávia, fui passar a última semana com os meus pais, e pensei vendê-las. Valiam duzentos e muitos contos, à cotação de 1 de setembro, altura em que regressei ao trabalho. Por esse valor podia ter comprado um T-3 novo em Coimbra. Não o fiz e, nesse mês, a subida do barril do petróleo de US$ 10 para 20 dólares levou ao

Aníbal Silva – ideólogo, escritor e político

Depois das tragédias, em Portugal e no Mundo, já precisávamos de um pouco de humor, da notícia que hilariasse, do evento que pudéssemos aguardar sem medo, previsto para o fim do ano, antes da vacina do coronavírus. O anúncio de um novo livro do escritor e pensador político, Aníbal Cavaco Silva , não é motivo de espanto. O autor já trouxe para a literatura a experiência das quintas-feiras e outros dias, registadas em gravador, sem a prevaricação oral de tempos verbais rebarbativos e pouco eufónicos dos verbos ‘fazer’ e ‘haver’ onde tropeça. O Expresso anunciou ontem que Aníbal Siva tem novo livro, sobre uma “experiência de social-democracia moderna”. Não se estranha a vocação literária tardia, o que maravilha é o facto de ter pensamento político e, quem diria, sobre a ‘social-democracia moderna’. O Professor Silva não é filosófico para fazer a síntese entre o pensamento de Ferdinand Lassalle e o de Kautsky e Eduard Bernstein, grandes teóricos da social-democracia, com reflexões so

Catarina Eufémia – 19 de maio de 1954 – Efeméride_2

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Há 66 anos o abrutalhado tenente da GNR, Carrajola, inscreveu o seu nome na memória dos portugueses ao assassinar a tiro uma ceifeira analfabeta, mãe de três filhos, durante uma greve de assalariados rurais, quando resistia à repressão fascista. Dele ficou a raiva e o nojo. Hoje é dia de recordar, com raiva e nojo, o crime do assassino impune e a coragem da jovem Catarina Eufémia, símbolo da mulher corajosa cujo martírio perdura na memória dos que não esquecem a ditadura salazarista e os alegados brandos costumes. Quando a hidra fascista renasce sob vários disfarces, recordar aquela mãe-coragem de 26 anos, é homenagear as mulheres que lutaram pela dignidade e combater o esquecimento. Ser mulher, pobre, analfabeta e assalariada rural foi o ónus de milhares de portuguesas que sofreram a ditadura. Catarina morreu a combater com a intuição de que é preferível morrer lutando do que desistir e sobreviver na escravidão. *** RETRATO DE CATARINA EUFÉMIA Da medonha saudade da medus

19 de maio – efeméride_1

1790 – Há 230 anos a Revolução Francesa aboliu todos os títulos de nobreza e todas as distinções que discriminavam os cidadãos da sociedade francesa. O ato de higiene que as Repúblicas praticaram, e deviam praticar ainda, é esquecido pelos média que atribuem títulos a cidadãos ociosos como se a via uterina fosse uma fonte de perpétua legitimação de nobres e plebeus, reduzindo cidadãos à categoria de vassalos, ou os fórceps e as ventosas marcassem o Dom na pele de um nascituro de uma bacia estreita. (Carlos Esperança, sem inveja e sem qualquer título académico, nobiliárquico, castrense ou eclesiástico)

A Palavra É de Oiro

Hoje saí de casa armado de máscara até aos óculos a inspirar anidrido carbónico, ora pela boca, ora pelas narinas. Tomei a bica do excelente lote de café que serve o Bossa Nova. Lá estava o Américo, o amável patrão e um empregado. Na amplidão dos espaços de fumadores, não fumadores e esplanada, apenas duas meses estavam ocupadas. A minha mesa habitual estava livre. Não me sentei, faltava ali o amigo falecido durante a pandemia, vazio definitivo e amargo, e os outros ainda se resguardam, como devem. Não é cómodo dissertar sobre política, religião, história ou literatura com a boca tapada, refazer a tertúlia e salvarmos a Humanidade à conversa. Parti imediatamente para o passeio que, em tempos remotos, a.C. (antes da Covid-19) e do confinamento, era hábito diário. E lá fui, no passo de quem tem uma tarefa a cumprir ou um recado a dar, a caminho da Av. Dias da Silva, caminhando pelo lado da sombra. Nos passeios, as pessoas com máscara viravam a cara umas às outras e contornavam as

Laicidade

Quando se perde a vergonha e o voto passa o objetivo essencial, abdica-se da dignidade, compromete-se a higiene cívica e exonera-se a ética republicana. Alguns autarcas trocam o decoro pela salvação da alma ou, melhor, pela preservação dos votos. É o caso do presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, transformado em sacristão .

A vida depois da COVID- 19

O tempo amolenta a aflição, mas, depois do pânico, a vida não voltará à normalidade, e não será igual. Surpreende-me a ingenuidade ou cinismo de quem pensa que é possível voltar a níveis de consumo e bem-estar a que nos tínhamos habituado antes da pandemia. Com ou sem ela, com o tecido económico rasgado, indústrias perdidas e empregos volatilizados, não é possível, nem desejável, reconstruir um modelo socioeconómico semelhante ao que o vírus destruiu. Perante a expressão ‘estamos todos no mesmo barco’, recordo o paquete de luxo, Vera Cruz, onde viajámos para Moçambique e de onde regressámos da guerra colonial os que sobrámos. Todos viajámos no mesmo navio, em sítios diferentes, conforme a hierarquia. A 1.ª e 2.ª classes eram luxuosas e a alimentação uma permanente chamada para a mesa, com múltiplas refeições, comidas requintadas, bebidas capitosas e esmerado serviço. Era a 3.ª classe, ampliada em beliches no porão, que, não sendo tão lúgubres como os do Niassa, criava no luxuoso pa

Mário Centeno, notável ministro e cidadão exemplar

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Muitos conhecem o admirável currículo e invejável preparação de Mário Centeno, mas poucos sabem que o ora ministro das Finanças, quadro do BP, se sujeitou, antes de ser governante, a um concurso que o governador, Carlos Costa, procurou ocultar-lhe. Face ao esmagamento do concorrente desejado, o cargo permaneceu vago. Resta dizer que o mesmo Governador nomeou um filho de Durão Barroso, com o argumento de excelente currículo, para um lugar de topo, de concurso obrigatório. Ninguém se lembra. Alguns ainda recordam o pedido do ministro Centeno ao clube de futebol, de que é sócio e onde tem camarote reservado, para assistir a um jogo, com o filho, na tribuna do presidente do clube, por razões de segurança. Certamente já esqueceram a campanha da oposição contra ele, e a sobranceria deste PR, a dizer que ficava, mas…, como se o PM ou os ministros dependessem do PR. Agora, perante um lamentável erro de comunicação, que já critiquei, Marcelo revelou a irrefreável tentação de se imiscuir n

Povoamento do reino

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Quando a moral eclesiástica era frouxa, exuberantes as hormonas e a Justiça cruel. Só a benevolência real excedeu a crueldade da pena:

A Liberdade de expressão e os seus limites

Quando se volatilizam direitos inalienáveis, não por regresso à ditadura ou por reflexo do estado de emergência, mas por medo do vírus que provocou a maior catástrofe das nossas vidas, urge refletir sobre os direitos que restam e a forma de readquirir os que suspendemos. Apesar do equilíbrio precário entre deveres e direitos não podemos aceitar que o adágio popular “o meu direito termina onde começa o do outro” se converta em axioma. Basta a reprovação social para levar a constrangimentos inaceitáveis. A moral é a ciência dos costumes e não um princípio universal para todas as épocas e culturas. As únicas restrições aceitáveis são as que o Código Penal de uma democracia impõe. Há divergências entre o crime e a moral. O adultério, v.g., é, na minha opinião, imoral, mas não é crime, e não esqueçamos que crimes como o incesto, a escravatura ou a tortura foram legais e considerados morais. Até a antropofagia! Ainda hoje, há países onde o adultério feminino e a homossexualidade são crim

Anatomia de um fascista

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A viscosidade do batráquio, a coluna vertebral do molusco e a locomoção do réptil.

Mário Centeno

Quem não tenha a criatividade de Marques Mendes, o sectarismo de Paulo Rangel ou a mitomania de Nuno Melo e André Ventura, tem de censurar a falha de comunicação ao PM da transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco, fosse ou não inevitável e obrigatória. Lamentável é a falta de espírito crítico dos média nacionais, alguns a babarem-se de gozo, com as acusações do Frankfurter Allgemeine Zeitung, “Mal preparado e incapaz de liderar discussões”, sem procurarem esclarecer o interesse do PPE na presidência do Eurogrupo nem informarem que o referido jornal é o órgão oficioso da direita alemã, alinhado com o seu Banco Central.

Hoje, na minha página do Faceboock

Até aqui cheguei… Os leitores desta página sabem que não bloqueio pessoas nem apago comentários, e tenho mantido algum asseio neste mural. Não alterarei a conduta neste espaço, que desejo bem frequentado e lugar de encontro de democratas de vários matizes, sem prescindir da afirmação dos ideais republicanos, laicos e democráticos por que me pauto. Acontece que a atração de extremistas, alguns constam como amigos, trouxe até aqui as mais nauseantes posições ideológicas, que levei a vida a combater, e, por isso, agradeço aos que as perfilham, que me retirem a ‘amizade’. Sinto nojo de quem defende a pena de morte e o racismo, e são vários os que vêm aqui bolçar essa peçonha. Não me queixei perante ameaças sofridas de fascistas islâmicos e não deixarei de defender o seu direito à livre expressão, por mais repulsivas que sejam as ideologias. Mesmo aqui. Quem tem no seu mural a apologia do Chega, incitamentos ao ódio, ao racismo e apelos à restauração da pena de morte, há de compre

11 de maio de 1870 - 150.º aniversário

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1870 – Publicado em Lisboa o primeiro número do jornal ‘A República’, onde Antero de Quental escreveu num artigo "A República é, no estado, liberdade; nas consciências, moralidade; na industria, produção; no trabalho, segurança; na nação, força e independência. Para todos, riqueza; para todos, igualdade; para todos, luz".

África do Sul e Portugal – 26.º aniversário da posse de Nelson Mandela

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Em 10 de maio de 1994, o herói da libertação do seu povo e da resistência à segregação social tornou-se presidente da República da África do Sul. Passa hoje o 26.º aniversário. Mandela compreendeu, como poucos, que ninguém é livre numa sociedade de escravos, e, por isso, lutou pela libertação de negros e brancos. Apóstolo da não-violência, desde a juventude, líder da resistência não violenta e advogado dos direitos humanos, foi vítima de um julgamento indecoroso e condenado, por traição, a prisão perpétua.  Foragido, foi capturado pelo governo racista, em 1962, com o apoio da CIA. Mandela é a grande referência ética, humanista e política de África. A coragem levou-o a ser tão firme na recusa da liberdade oferecida, em troca da capitulação dos seus ideais, como a resistir à vingança da prisão, durante 27 anos, e às humilhações que o regime de segregação racial lhe infligiu, quando conquistou o poder. Foi uma glória para África e é uma honra para o Mundo. A sua dimensão política

O camaleão e a sua natureza

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Todos os répteis da família Chamaeleonidae e da ordem Squamata são designados por camaleões. Admite-se que haja mais de 150 espécies, uns mais capazes do que outros de se mimetizarem com o meio ambiente. N a guerra colonial tive no quarto um camaleão, para me livrar dos insetos. A princípio achei-o repugnante, depois habituei-me. O réptil, voraz, não tinha apetência para incomodar os humanos. Diverti-me a apagar e a acender a luz, para o ver mudar de cor. Apreciava aquela capacidade ímpar de virar cada um dos olhos para sítios diferentes e de os rodar até 360º. Com o tempo esqueci a viscosidade e apreciava a distância a que projetava a língua. Um inseto a sessenta ou setenta centímetros, fixado por um dos olhos, enquanto o outro vigiava um eventual inimigo, era um pitéu ao alcance daquela língua rápida, eficiente e pegajosa. As enciclopédias referem pertencer a uma família com origem há mais de 100 milhões de anos, quando se separou da família Agamidae, segundo provam fósseis e

8 de maio de 1945 – A capitulação alemã - 75.º aniversário

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No dia de hoje, há 75 anos, a Alemanha nazi rendeu-se perante os aliados ocidentais e, no dia seguinte, ao exército soviético, tendo a guerra acabado mais tarde, com a rendição do Japão. Hoje, esquecida a data e o pesadelo que custou a vida de milhões de pessoas, vítimas do nacionalismo, do racismo e da xenofobia, renascem os demónios totalitários que deram origem à maior tragédia do século XX. É a história a repetir-se num misto de farsa e de tragédia. Evocar o dia 8 de maio é condenar a violência de Estado, denunciar o antissemitismo e homenagear as vítimas, todas as vítimas, de diversas origens, que ao longo dos séculos foram perseguidas por preconceitos religiosos, étnicos e culturais. Não esqueçamos que a economia, à solta, cria as monstruosidades políticas de que necessita. Terá de ser a política a comandar a economia e não esta a determinar aquela. As imagens de horror que aqui ficam são um grito de revolta contra a maldade de que os homens são capazes e a denúncia da

O direito ao contraditório e o ruído

Gosto de quem exerce o legítimo direito de discordar das minhas posições invocando o gosto de pensar pela própria cabeça, na insinuação subliminar de que eu penso com uma cabeça alheia. Aprecio a alegação contra a denúncia dos crimes cometidos por Hitler, Franco, Pinochet ou Salazar com perguntas retóricas sobre os de Mao, Estaline, Enver Hoxha ou Pol Pot, como se alguma vez tivessem defesa uns ou outros. Agrada-me o argumento irritado, quanto à denúncia de crimes cometidos por militantes de um qualquer partido, com o desfiar do rol de delinquentes de um partido concorrente, como se a bondade partidária se medisse pela conduta dos militantes. Regozijo-me com a amnésia dos admiradores de Cavaco, Passos e Portas, que os julgam salvadores da Pátria e responsabilizam o governo anterior pelas suas malfeitorias, como se a crise financeira mundial de 2008 não tivesse existido, e ignorando que a falência de um Estado ou de uma empresa (bancarrota) não se confunde com a fissura numa banca

O futuro é cada vez mais incerto

Parto de um truísmo banal para discorrer sobre os tempos que aí vêm, ameaçadores dos mais elementares direitos humanos e repletos de dúvidas, dívidas e medos. Não estou certo de que o neoliberalismo tenha os dias contados e, muito menos, de que surja uma sociedade mais igualitária e solidária. Este período de confinamento, longe de estimular a solidariedade, tornou-nos mais rudes, agressivos e egoístas. A promessa de que o Mundo, gravemente empobrecido e arruinado, poderá regressar ao padrão de consumo e bem-estar anterior, é a semente de uma ilusão que convém aos que procuram manter as desigualdades que a riqueza acentuou. Não será difícil adivinhar uma regressão na esperança de vida, até há pouco inesperada, como se as árvores crescessem até ao céu e a imortalidade chegasse com a substituição de peças para o corpo humano e sucessivas plantações de novos neurónios no cérebro. A esta pandemia, cujo fim se ignora, outra surgirá, e a inteligência artificial parece mais lenta do q

Rodrigo Guedes de Carvalho e o confinamento

Pior do que o medo é a falta de discernimento que começa a afetar os profissionais dos vários ofícios, sem exceções, e os crentes das mais desvairadas fés, com as atividades desportivas e religiosas exoneradas do quotidiano, por razões sanitárias. A lapidação dos políticos é um desporto criado na ditadura. Salazar não era político, os ministros diziam no discurso de posse que não o eram, o senhor Presidente do Conselho mandava e eles só obedeciam, a política é uma atividade suja, não te metas em políticas, não dá bom resultado, quem te avisa teu amigo é. Que o digam as vítimas do fascismo! Há defeitos da ditadura que se agravam com o desamor à democracia. Os jornalistas e os políticos estão na primeira linha dos alvos a abater, julgados mais pelas lentes das nossas convicções do que pelo mérito próprio. Quando, há dias, um jornalista que, na minha opinião e de acordo com os meus valores, se pautava pela moderação e civilidade para com os entrevistados, foi indelicado para a minis

Brasil – Sérgio Moro em campanha para a presidência

A garantia de respeito da democracia pelos militares, a demissão de Moro e a inquirição do STF às ilicitudes de Bolsonaro, por esta ordem, mostram a articulação das FA e do STF para trocarem o PR pelo vice-PR, general Hamilton Mourão, e abrirem caminho ao ex-juiz, após o fim deste mandato presidencial, se não houver tropeções pelo caminho. Sérgio Moro começou a ascensão política com perseguições cirúrgicas a adversários e, em especial, a um partido político. A conduta crapulosa e o empenhamento político de Moro na Operação Lava-Jato estão bem documentados nas provas reveladas pelo sítio “The Intercept”: envio de peças jurídicas sigilosas aos média, quando eram escassas as provas; a instigação e apoio à deslealdade do procurador contra Lula; escutas ilegais à PR, Dilma Rousseff, e divulgação, segundo a oportunidade, aos órgãos de informação cúmplices. Não foi a luta contra os corruPTos que o motivou, foi o ódio a duas letras que lhe soltou a aversão, vindicta e abandono da ética. O

Humor

Hoje de manhã, porque a prioridade é dos idosos, estava a fila já com algumas pessoas em frente à porta de um estabelecimento quando um jovem estacionou o carro e tentou furar a fila. Uma senhora idosa bateu-lhe com a bengala e mandou-o para o fim da fila. Pouco depois tentou novamente avançar, e alguns estropiados bateram-lhe fortemente com as muletas e bengalas. Ao levantar-se de novo, começou a gritar: - Se vocês não me deixarem passar, HOJE NÃO ABRO O MINIMERCADO!!!!! a) Autor desconhecido.

David e Covid

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Um é a famosa estátua do genial artista renascentista, Miguel Ângelo, uma criação que simbolizou o sentimento de liberdades civis que dominava a República de Florença. O outro é a dolorosa metáfora do horror, que não escolhe sexo, crença, nacionalidade ou ideologia política. Covid-19 prefere os mais velhos e é aliado poderoso dos líderes com vocação totalitária. Há, nestes cinco séculos e três lustros que os separam, a diferença entre o Renascimento, matriz da nossa civilização, que o Iluminismo e a Revolução Francesa aprofundaram, e o obscurantismo e o medo que ora nos ameaçam.

Trump e Marcelo

Segundo o e-sítio oficial da Presidência , o PR português recebeu ontem, 1.º de Maio, um telefonema de Donald Trump, em que este elogiou “o desempenho português no surto pandémico” de covid-19, e ofereceu “toda ajuda que fosse considerada útil e necessária” a Portugal. Foram ainda “abordados, em tom muito cordial, diversos assuntos de interesse bilateral, em particular de natureza económica e da situação internacional.” Três observações, uma sugestão e um lamento: 1 – O PR representa Portugal, mas não tem funções executivas nem pode ir além da conversa da treta no que se refere a assuntos de natureza económica; 2 – A política internacional é reserva exclusiva do Governo, segundo a CRP; 3 – Trump a falar sobre o combate à COVID-19 lembra um aiatola a enaltecer o paladar requintado que a rodela de chouriço de porco acrescenta ao caldo verde. É altura de os órgãos de informação interrogarem o PR sobre a ilicitude das flagrantes interferências em assuntos alheios à sua competênci

As máscaras e as coimas

Surpreendeu-me o anúncio de coimas, nos transportes públicos, para a falta de máscara. As coimas são difíceis de aplicar e não evitam a atitude que põe em risco a saúde dos outros. Seria mais fácil, exequível e prudente proibir o acesso a quem as não use, dissuasão que, ao contrário das coimas, pode ser feita pelo condutor, nos transportes rodoviários, e pelo revisor nos transportes fluviais e ferroviários.

Trump e Marcelo

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Segundo o e-sítio oficial da Presidência, o PR português recebeu ontem u m telefonema de Donald Trump , em que este elogiou “o desempenho português no surto pandémico” de covid-19, e ofereceu “toda ajuda que fosse considerada útil e necessária” a Portugal. Foram ainda “abordados, em tom muito cordial, diversos assuntos de interesse bilateral, em particular de natureza económica e da situação internacional.” Três observações: 1 – O PR representa Portugal, mas não tem funções executivas nem pode ir além da conversa da treta no que se refere a assuntos de natureza económica; 2 – A política internacional é reserva exclusiva do Governo, segundo a CRP; 3 – Trump a falar sobre o combate à COVID-19 lembra um aiatola a enaltecer o paladar requintado que a rodela de chouriço de porco acrescenta ao caldo verde. É altura de os órgãos de informação interrogarem o PR sobre a ilicitude das flagrantes interferências em assuntos alheios à sua competência. Quanto a Trump, sabemos que não tem

Viva o 1.º de Maio!

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No 1.º de Maio, há 46 anos, estive ali. Fui um entre a maior multidão que alguma vez me envolveu. Foi o primeiro 1.º de Maio da minha vida, em liberdade. Foi tão bom sentir-me seguro e feliz, tendo por moldura 1 milhão de portugueses. Enterneci-me e vibrei. Foi o delírio da maior multidão reunida em Portugal numa celebração única. Jamais esquecerei aquele dia mágico, com cheiro a cravos e sabor da democracia. A memória é o bálsamo do dia triste de hoje.

Notas Soltas – abril/2020

Brasil – Ninguém melhor do que o governador de S. Paulo definiu Bolsonaro: “Temos um presidente que não está em plenas faculdades mentais para liderar um país”. Já não estava quando a IURD, o juiz Moro e interesses suspeitos o levaram à vitória eleitoral. Turquia – Quando um chefe de Estado se torna pirata, não surpreende que retenha um avião, que faz escala no País e leva ventiladores para Espanha, com o argumento de que a carga lhe é imprescindível. A pirataria era o crime que faltava no seu currículo. Hungria – Politicamente fortalecido por poder governar sem prazo e por decreto, o PM húngaro, Viktor Orbán, pretendeu ter poderes plenipotenciários e apresentou uma lei ao Parlamento para retirar poderes aos presidentes de câmara e neutralizar a oposição. Alemanha – A Senhora Merkel, cuja carreira parecia acabada, com popularidade baixa, renasceu das cinzas neste doloroso período de combate a um vírus desconhecido e, uma vez mais, revelou a grande dimensão de estadista