Notas Soltas – maio/2020


1.º de Maio – Quando a GGTP precisava de uma grande manifestação para avaliar a sua força e impor a nova liderança, acabou a exigir condições de exceção para a presença no espaço público, atraindo críticas generalizadas e ataques severos dos inimigos habituais.

Brasil – A inquirição do STF às ilicitudes do PR, a promessa dos militares da defesa da democracia e a demissão de Moro revelam articulação dos Tribunais e FA para apearem o PR e abrirem o caminho presidencial ao ex-juiz, após o fim do mandato pelo vice-PR.

Daesh – O fascismo islâmico prospera. Grupos jihadistas no Afeganistão, Iraque e Síria usam a concentração das autoridades na resposta à COVID-19 para reunir combatentes, reforçar o controlo de territórios e lançar ataques. O novo ‘corona’ não é o único vírus.

EUA – Enquanto chineses, europeus e cubanos se têm esforçado no combate à COVID- 19, as autoridades americanas entraram em profunda letargia, no desprezo pela vida e na resignação à perda da hegemonia científica e da liderança mundial.

Polónia – O partido PiS, do Governo nacionalista polaco, quis usar a pandemia para a reeleição, por voto postal, do Presidente Duda, aliado do executivo. A UE refreou, por enquanto, a vocação totalitária do presidente do PiS, Jaroslaw Kaczynski.

New Deal para a Europa – A hecatombe sanitária e económica resultante da pandemia exige uma colossal ajuda para a estabilidade da Europa. O isolacionismo dos EUA abre à China espaço para apoios maciços e a hegemonia global. A UE não é suficiente.

Regina Duarte – A popular atriz brasileira, estimada em Portugal e no seu país, perdeu-se na ambição governamental, e acabou a minimizar as mortes da pandemia, a exaltar a tortura e a apoiar Bolsonaro na ‘Cultura’. Foi efémero o cargo e perpétua a desonra.

Angela Merkel – A chanceler alemã é a mais europeísta e a mais democrata dos líderes partidários do PPE. A grande estadista emerge na celebração da liberdade, contra todas as formas de obscurantismo e opressão, e nos consensos na defesa da União Europeia.

Comissão Europeia – A presidente, Ursula von der Leyen, considerou que a posição do Tribunal Constitucional alemão sobre a compra de ativos pelo BCE punha em causa a soberania da UE, e admitiu processar, por infração, a Alemanha. Merece aplausos.

Mário Centeno – As acusações do Frankfurter Allgemeine Zeitung, “Mal preparado e incapaz de liderar discussões” revelam bem o interesse de vários países na presidência do Eurogrupo. Surpreendente foi a excitação com o órgão oficioso da direita alemã.

AR – Perante o drama da violência doméstica, o que levou os deputados do CDS, PAN e Chega à abstenção, no projeto de lei nº 352/XIV/1º, que visava o reforço das “medidas de proteção das vítimas de violência doméstica”? Indiferença, estupidez ou ambas?

Reino Unido – O desastre do Brexit está longe do fim e Bruxelas e Londres endurecem posições. A ambiciosa e desejável parceria económica e política é uma miragem, e a debilidade económica, política e militar acentua-se nos dois lados do Canal da Mancha.

Obama – O ex-presidente dos EUA é a voz lúcida do país que Trump imbecilizou com a sua mediocridade e erros políticos. Trump vive da mentira e a sua exibição histriónica é o trunfo e o programa político para o eleitorado mais tosco.

Lula da Silva – O ex-PR brasileiro é um homem de afetos, e já devia ter-se afastado do PT. Vale muito mais do que o partido, sendo a única personalidade capaz de unir forças políticas para uma alternativa vencedora à administração de Bolsonaro ou de Moro.

Turquia – Erdogan, muçulmano moderado certificado pela NATO e UE, re-islamiza o país. Depois do genocídio dos arménios, das expulsões dos ortodoxos gregos e dos pogroms dos judeus, sobrou-lhe perseguir os curdos e imolar a laicidade a Maomé.

Boris Johnson – A pandemia, a ausência do Brexit e a de Corbyn e a eleição de Keir Starmer para a liderança do Partido Trabalhista debilitaram o PM britânico. Perdido o estado de graça, a alternância afigura-se inevitável.

Suécia – O modelo de boa governação e de justiça social fez a pior opção e tornou-se o país com maior número de mortes per capita por covid-19, no mundo. Foi em lares que os idosos foram vítimas de um morticínio sem paralelo, graças à estratégia errada.

OMS – A decisão dos EUA de deixar de financiar a OMS, num momento tão dramático para o Mundo, é uma irresponsabilidade com consequências diretas na vida de milhões de pessoas. A insegurança e o medo que afeta a Humanidade tendem a aumentar.

Hidroxicloroquina – O fármaco contra a malária é tomado por Bolsonaro, por burrice. Trump usa a tolice para que os média a refiram, em vez de falarem dos 100 mil mortos e 36 milhões de desempregados provocados pela COVID-19 que ele menosprezou.

UE – Os principais líderes já perceberam que nenhum país pode resolver sozinho a crise do século e, por isso, Alemanha e França têm mantido uma sintonia criativa, enquanto a Áustria, Países Baixos, Suécia e Dinamarca se mostram inflexíveis e egoístas.

Espanha – O rei que o ditador Francisco Franco educou na Falange, Juan Carlos, é hoje o grande trunfo da República. A obsessão por dinheiro e mulheres tornou-o um corrupto vulgar e um ativo tóxico da monarquia imposta e nunca sufragada.

Racismo – A cor da pele e as diferenças religiosas são meros disfarces da discriminação económica e social que alastra no mundo. Deplorável é a violência policial que a reflete ou a reação de Trump à violência em Minneapolis, pela morte de um negro.

Comentários

Jaime Santos disse…
Duas correcções, a taxa de mortalidade nos EUA não é muito diferente da Europa, em grande medida graças à acção dos governos estaduais e locais, ver https://www.economist.com/leaders/2020/05/28/how-the-worlds-most-powerful-country-is-handling-covid-19. A Teresa de Sousa refere-se a este artigo no Público de hoje ou de ontem...

Segunda correcção, a estratégia sueca é desastrosa, mas a taxa de mortalidade do País não é a pior do mundo, tornou-se a pior durante alguns dias. Ver aqui: https://coronavirus.jhu.edu/data/mortality. Mas é muito pior do que a dos Países limítrofes e bastante pior que a Portuguesa, sendo que os dois Países têm populações semelhantes e nós tivemos a desvantagem de ter a Espanha aqui ao lado...

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