Non, ou a Vã Glória de Mandar…[*]

[figura retirada daqui]


PASSOS COELHO DEFENDE RESPONSABILIDADE CRIMINAL PARA GOVERNO...

"O líder do PSD, Pedro Passos Coelho. defendeu sexta-feira à noite que quem não cumprir o Orçamento do Estado deve ser responsabilizado civil e criminalmente.
Foi num encontro com militantes do PSD em Viana do Castelo."

RPT – 06.11.2010 link

Se houvesse prémio para o ridículo, ou se os insistentes ataques de verborreia abafassem os estólidos ruídos de comportamentos néscios, poderíamos ter aqui um argumento para um novo filme sobre aspectos trágicos da história portuguesa contemporânea.

Na verdade, começam a ser preocupantes estes dislates. Mais, revelam um preocupante alinhamento pela linha dura do Centro Direita, no âmbito nacional e europeu. É uma versão paroquial e empobrecida da linha Merkel, para quem a punição dos Governos [e dos Países] pelos eventuais deslizes orçamentais é o supra sumo da ética política e a cura para os desvarios financeiros – habituais instrumentos de manipulação política do extremado liberalismo económico.

A Democracia não deve gravitar à volta de concepções repressivas, nem autoregular-se pela via do justicialismo. Deve, antes, ser o sistema que é capaz de – em todos os momentos - desenvolver mecanismos de fiscalização e participação popular que responsabilizem a acção e os actores políticos. Mas quem exerce o poder em representação popular, i. e., através de eleições livres, a responsabilidade para actos no âmbito da política será sempre… política.
Se não, PPC quando concertou com o PS os termos e as consequências do PEC II, não teria ficado por um farisaico “pedido de desculpas”. Teria sido arrestado pelos militantes que o elegeram para a direcção do PSD…

O que se passa é que Pedro Passos Coelho terá arrancado demasiado cedo para uma serôdia e enviesada campanha eleitoral para [apetecíveis] eleições intercalares - uma indisfarçada obsessão - atropelando o momento político em curso: as presidenciais e a estabilidade necessária. E de atropelo em atropelo não consegue evitar que venham ao de cimo baboseiras deste tipo e "teoria política" deste quilate [pechisbeque].

A incontinência lato sensu [emissão incontrolada de matérias] tanto pode aparecer na infância como na senescência. Neste caso, tomando em consideração a vertente etária do enunciador, estaremos sob uma infantil crise de desejo. Que não consegue controlar em tempo útil.

Na sua entourage partidária não existe alguém que lhe lembre um aforismo do dia a dia lusitano e que se pode aplicar na política sem recear ser responsabilizado civil e criminalmente?
É que os cidadãos, de facto, apreciam que tem tento na língua… e “tininho” na cabeça.

Gostam de quem não sucumbe à vã glória de mandar…

[*] Obra cinematográfica de Manoel de Oliveira - uma reflexão sobre a História de Portugal em que se enfatiza, entre outros factos, o desastre de Alcácer Quibir, a par da infantilidade do rei e da desmesurada cobiça da nobreza que adulava os seus desvarios...

Comentários

ana disse…
E isso seria com efeitos retroactivos? É que nesse caso, grande parte do psd ia dentro.

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides