Eleições de 2 Nov. 2010 – Obama e o futuro…

A derrota sofrida pelo Partido Democrático nestas eleições intercalares – nomeadamente a perda da maioria na Câmara dos Representantes - atinge profundamente a Administração Obama.
É uma derrota causada pela imensa frustração [essencialmente no foro económico] que grassa na sociedade americana.

Obama, no desenvolvimento do seu projecto presidencial colocou, desde o início do mandato, a fasquia demasiado alta.

Nada lhe correu bem:
- a economia americana apesar de todos os estímulos tarda em arrancar;
- um alto índice de desemprego persiste e rondará nas camadas jovens [16 aos 24 anos] os 20%;
- a reforma da saúde retrocedeu em muitos pontos face aos interesses dos lobbys [seguros e farmacêuticos], acabando por incorporar demasiados compromissos, o que limitou o seu âmbito e, talvez, a sua sobrevivência;
- as questões bélicas herdadas de G.W.Bush [guerras do Iraque e do Afeganistão], continuam num impasse não as tendo conseguido resolver enquanto o Partido Democrata deteve a maioria no Congresso [Câmara de Representantes e Senado];
- o fecho da prisão de Guantanamo - pedra de toque na sua campanha presidencial - continua a ser deferido;
- a alteração das políticas sobre as mudanças climáticas [aquecimento do planeta] ficaram no domínio das intenções;
- a situação da discriminação no seio das Forças Armadas em relação à homossexualidade está desenhada mas, na prática, não totalmente resolvida.
- …

O Partido Republicano que após o catastrófico "ciclo Bush" parecia condenado a hibernar – pelo menos durante 8 anos – conseguiu capitalizar, em 2 anos, a maioria deste crescente descontentamento. Mais, a sociedade americana reagiu, paradoxalmente, às adversidades, radicalizando-se.
O Partido Republicano atento as mudanças sociológicas deslocalizou-se para a Direita [carregando com as incongruências do inefável grupo “Tea Party”] e incentivou uma campanha anti-Obama verdadeiramente preversa. Transferiu as suas responsabilidades históricas [na situação económica, nas "guerras", etc.] para actual Administração.

Barack Obama, mostrou no período pós-eleitoral [imediato] ter compreendido a mensagem do eleitorado. “We can, but…” será o "novo" slogan adaptado às actuais realidades políticas.
O Presidente mostrou-se decidido a continuar a administrar com determinação a União e, ao mesmo tempo, disposto a dialogar com os Republicanos. Tarefa difícil. Ele mesmo reconheceu que teria de trabalhar mais e melhor...

O futuro de Obama confunde-se – como sempre sucedeu com os presidentes americanos – com a abundância ou a penúria de dólares.

Por outro lado, Obama tem ao seu lado a inteligência, a determinação e uma apetência pelos equilíbrios.
Contra terá a exploração de um vago e mal definido [mas intenso] sentimento de frustração popular demagogicamente empolado e manipulado.

Por quanto tempo?
Como estará a América daqui a 2 anos em tempo de novas eleições presidenciais?

Comentários

Paradoxalmente, o Tea Party poderá ajudar Obama. Como diz hoje no Expresso o correspondente nos EUA, Tony Jenkins, "Obama perdeu a Câmara Baixa, mas o radicalismo do Tea Party pode devolver-lhe o eleitorado do centro". Oxalá que assim seja...

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