Serviço Nacional de Religião. Comunicado da Associação Ateísta
À comunicação social:
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) vem por este meio alertar para as intenções expressas pela Ministra da Saúde, Ana Jorge, no Encontro Nacional da Pastoral da Saúde que decorre em Fátima. Defende a Sra. Ministra que compete ao Estado garantir a “assistência espiritual” aos doentes atendidos em casa pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). A AAP opõe-se a tal medida pela ingerência esta-tal em matérias do foro privado, pelo encargo adicional ao SNS, e por ferir o bom senso, um recurso especialmente precioso em tempos difíceis como os que vivemos.
A assistência religiosa, também denominada espiritual por quem assume a existência de espíritos, é um direito individual que a AAP reconhece e defende. Mas é parte integrante da vida das pessoas, e não uma técnica terapêutica. Nenhum médico vai receitar duas doses de Budismo para a garganta inflamada ou uma semana de Cientologia para tratar uma entorse. A quantidade e tipo de religião que cada um toma, se alguma quiser, não é função nem do tratamento nem da doença. Resulta apenas das suas preferências pessoais.
Além disso, qualquer religião que o seja vê no sacerdócio uma vocação e não um serviço remunerado. A assistência religiosa faz parte da relação pessoal entre o crente e a sua comunidade religiosa, e é nesse contexto que deve ser prestada. Assim, a Sra. Ministra propõe a solução errada para um problema que nem sequer existe, pois nada impede que os doentes recebam apoio religioso em suas casas. Afinal, muitas religiões vão a casa das pessoas mesmo quando ninguém lhes pede que o façam. Com certeza também irão a casa ou ao hospital consolar os crentes que o queiram sem que o Estado tenha de pagar a deslocação e o serviço.
É também falsa a afirmação da Sra. Ministra que a assistência religiosa não interfere na assistência médica. É falsa porque os recursos são escassos. Quando um número crescente de portugueses não consegue sequer comprar os medicamentos de que precisa, é óbvio que os ordenados dos sacerdotes nos custam em saúde. Isto tanto para o plano de pagar do erário os serviços religiosos porta-a-porta, como para os sacerdotes que, em hospitais por todo o país, já hoje subtraem o seu ordenado a um orçamento que nem para medicamentos chega.
Finalmente, a religião é um assunto pessoal. Não é à burocracia ministerial que compete decidir que religiões são subsidiadas, quanto cada uma recebe, em que zonas há subsídios para esta ou aquela e assim por diante. A AAP condena este novo plano da Ministra da Saúde, bem como a situação lamentável das capelanias hospitalares, por fingir resolver um problema que não existe, pela intromissão indevida do Estado numa matéria tão pessoal e pelo desperdício inaceitável de recursos escassos.
Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 27 de Novembro de 2010
COMUNICADO
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) vem por este meio alertar para as intenções expressas pela Ministra da Saúde, Ana Jorge, no Encontro Nacional da Pastoral da Saúde que decorre em Fátima. Defende a Sra. Ministra que compete ao Estado garantir a “assistência espiritual” aos doentes atendidos em casa pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). A AAP opõe-se a tal medida pela ingerência esta-tal em matérias do foro privado, pelo encargo adicional ao SNS, e por ferir o bom senso, um recurso especialmente precioso em tempos difíceis como os que vivemos.
A assistência religiosa, também denominada espiritual por quem assume a existência de espíritos, é um direito individual que a AAP reconhece e defende. Mas é parte integrante da vida das pessoas, e não uma técnica terapêutica. Nenhum médico vai receitar duas doses de Budismo para a garganta inflamada ou uma semana de Cientologia para tratar uma entorse. A quantidade e tipo de religião que cada um toma, se alguma quiser, não é função nem do tratamento nem da doença. Resulta apenas das suas preferências pessoais.
Além disso, qualquer religião que o seja vê no sacerdócio uma vocação e não um serviço remunerado. A assistência religiosa faz parte da relação pessoal entre o crente e a sua comunidade religiosa, e é nesse contexto que deve ser prestada. Assim, a Sra. Ministra propõe a solução errada para um problema que nem sequer existe, pois nada impede que os doentes recebam apoio religioso em suas casas. Afinal, muitas religiões vão a casa das pessoas mesmo quando ninguém lhes pede que o façam. Com certeza também irão a casa ou ao hospital consolar os crentes que o queiram sem que o Estado tenha de pagar a deslocação e o serviço.
É também falsa a afirmação da Sra. Ministra que a assistência religiosa não interfere na assistência médica. É falsa porque os recursos são escassos. Quando um número crescente de portugueses não consegue sequer comprar os medicamentos de que precisa, é óbvio que os ordenados dos sacerdotes nos custam em saúde. Isto tanto para o plano de pagar do erário os serviços religiosos porta-a-porta, como para os sacerdotes que, em hospitais por todo o país, já hoje subtraem o seu ordenado a um orçamento que nem para medicamentos chega.
Finalmente, a religião é um assunto pessoal. Não é à burocracia ministerial que compete decidir que religiões são subsidiadas, quanto cada uma recebe, em que zonas há subsídios para esta ou aquela e assim por diante. A AAP condena este novo plano da Ministra da Saúde, bem como a situação lamentável das capelanias hospitalares, por fingir resolver um problema que não existe, pela intromissão indevida do Estado numa matéria tão pessoal e pelo desperdício inaceitável de recursos escassos.
Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 27 de Novembro de 2010
Comentários
Devia preocupar-se em abolir de vez os lobbies médicos que continuam a lucrar particularmente à custa dos hospitais públicos, quer no que respeita à feitura de exames por particulares que cheios de dinheiro continuam a passar à frente dos desgraçados que engrossam as filas de espera do SNS, quer nas listas de espera para operações!
Passo a explicar:
Um dia a minha mãe foi ao médico, no centro de saúde de Alcácer, estava constantemente a arrotar,no hospital de Setúbal foi-lhe marcado um exame ao estômago e esófago que só tinha lugar daí a 5 meses!!!!
Levámos então a minha mãe a um estomatologista particular em Setúbal, que também o era no hospital de Setúbal, pagou uma consulta particular no consultório particular desse médico, e no dia seguinte estava a fazer o exame ao estômago no hospital de Setúbal, pelo SNS só o teria feito daí a 5 meses! É incrível não é?!
Toda a gente sabe que isto se passa assim, neste País de merda, onde toda a gente tem medo de denunciar estas injustiças com medo de vir a precisar dos lobbies da medicina particular!
A DRª ANA JORGE parece-me, andará a dormir? Desconhecerá os factos?
Hummm...não me parece!
A hipocrisia ROSA não tem limites!
Há quem prefira salvar a alma a defender os interesses colectivos.
Na certa não aprendeu nada num centro de saúde provinciano onde falta tanta coisa e onde nos é cobrada uma taxa de urgência igual à que é cobrada num hospital distrital, onde existem todos os meios de diagnóstico possíveis!
Nós, os que vivemos na província não precisamos de DEUS nem de serviços religiosos da treta, precisamos de auxílio médico e não de administradores economistas que nos fazem sofrer por terem ordens para poupar em ambulâncias, em cuidados médicos que nos são imprescindíveis!
Afinal, os nossos impostos não servem para nada e somos marginalizados por vivermos em terras distantes dos centros mais desenvolvidos?!
A Saúde é só para quem tem dinheiro neste País, daí que a Drª Ana Jorge tenha tanto entusiasmo em remeter os desgraçados para os apoios religiosos!
Este tipo de "assistência espiritual" existiu, em regime de exclusividade, nos Hospícios da Idade Média...
Resultado: uma total regressão dos conhecimentos médicos e sucessivos surtos de mortíferas de epidemias. É o tempo das "pragas".
Morriam nas piores condições, mas abençoados...
Perante estas catastroficos acontecimentoa o sucedâneo eram múltiplas procissões para esconjurar maleitas...
Agora, as novas "pragas" serão as estas espúrias "visitações"...