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A mostrar mensagens de fevereiro, 2018

Amanhã, ao meio-dia, há missa na Universidade de Coimbra

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Que o cidadão, Prof. Doutor João Gabriel Monteiro de Carvalho e Silva, tenha a fé que quiser e frequente o templo que entender, é um direito que cabe ao Estado defender. Pode, como crente, encharcar-se em água benta, empanturrar-se em hóstias, tresandar a incenso, esfolar os joelhos em genuflexões e puir os dedos a passar as contas do rosário, mas não pode, como reitor, anunciar cerimónias litúrgicas de uma confissão particular e transformar-se em muezim romano. A Universidade pública é, ou devia ser, um templo da sabedoria, mais dado à ciência do que à fé, e não um órgão de propaganda da religião do sr. Reitor. Que a Universidade católica promova novenas, desobrigas coletivas, peregrinações pias e outras diversões litúrgicas, é um direito de uma escola privada. Que uma Universidade muçulmana respeite o Ramadão, obrigue ao jejum, a cinco orações diárias, com alunos, professores e funcionários virados para Meca, e a urinar em sentido contrário, faz parte da idiossincrasia islâm

Que consequências teve a denúncia da Visão?

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Há quem possa sorrir sempre, sabendo que a impunidade os acompanha.

Coronel Varela Gomes

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A morte do coronel Varela Gomes Com a sua morte, aos 93 anos, desaparece uma figura cimeira da luta contra a ditadura fascista. Principal responsável da fracassada revolta de Beja, onde foi gravemente baleado, foi um influente militar no processo revolucionário que se seguiu à Revolução de Abril. Recordar o revolucionário e a sua entrega à luta contra o fascismo, primeiro, e, depois, à Revolução, é homenagear sem sectarismo todos os que se empenham na defesa de um ideal e são coerentes com as causas que defendem. Não posso deixar de evocar a sua mulher, Maria Eugénia, que todas as semanas parava na Lourinhã, onde tive o privilégio da sua convivência e estima, antes de seguir com o advogado Joaquim Catanho de Meneses a caminho de Peniche em cujo forte estava preso o marido. É com enorme mágoa que assisto ao desaparecimento do coronel Varela Gomes, um homem de grande cultura, enorme coragem e excecional coerência.

E o Brasil tão longe...

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O mimetismo islâmico

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A violência do mais implacável monoteísmo, agravada pela agonia da civilização árabe, parece contaminar o protestantismo evangélico e, num desafio ao Papa mais tolerante e humanista depois de João XXIII, o próprio catolicismo romano de Francisco. Em El Salvador, Teodora Vásquez, condenada a 30 anos de prisão, por aborto, foi solta, depois de 10 anos e 6 meses de prisão, graças à comutação da pena, por enorme pressão de ONG, ativistas de todo o mundo e sucessivas críticas da ONU, porque “a prova científica não permite determinar nenhuma ação voluntária que conduzisse à morte da criatura em gestação”. A simples suspeita de ter sido deliberado o aborto desta mulher, agora com 34 anos, foi suficiente para uma pena de 30 anos de prisão. El Salvador tem um clero reacionário, cúmplice do poder, que se opõe à IVG com violência e o aborto mantém-se proibido em todas as situações e sujeito a duras penas que nem o risco de vida da mãe, as malformações fetais ou a violação atenuam. Na Poló

PSD: Rui Rio, ‘checs and balances’ e as calendas gregas...

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A crise no PSD (ou do PSD?) que prevalece para além do recentíssimo Congresso transporta do ambiente federal ou mesmo nacional para o restrito redil partidário o celebrado (no passado) sistema americano de ‘ checks and balances ’ (numa tradução livre ‘freios e contrapesos’). Montesquieu abordou esta questão no seu famoso livro “ De l’sprit des lois ’ (1748) que está na base da atual separação de poderes, condição essencial ( sine qua non ) para caracterizar qualquer regime democrático. O controlo, a delimitação e o equilíbrio entre os poderes Executivo, Legislativo e Judicial tem sido uma prática corrente no Ocidente. Hoje, com o despontar dos ‘populismos’ poderá estar a atravessar um período difícil e perverso. As democracias ocidentais (de matriz liberal) só são possíveis, como é comum afirmar-se, num sistema multipartidário que garanta mecanismos de alternância. Ora, os partidos estão presentes – embora não sejam muitas vezes visíveis – na obtenção desses variados ‘eq

O futuro é já hoje

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O retrocesso é sempre mais fácil e rápido do que a evolução.

Momento de Poesia

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Homine…   Na Antiga Idade, era uma mercadoria uma mercadoria com vida que de escravo seria… Apagavam-lhe a identidade para lhe negar a liberdade… Na Média Idade, promoveram-no a servo, da gleba, dizia-se, mas negavam-lhe a terra que a um senhor pertencia… Na Nova Idade passou a operário trabalhava mais de metade do dia, na fábrica ou na mina, cumprindo um doloroso horário em que lhe sugavam o sangue negando-lhe o justo salário… E chamaram a isso democracia… E hoje, embora livre, e com direitos consignados pelo regime liberal, sendo amanuense ou operário,   continua a ser escravo, dos senhores do Grande Capital… E andam a dizer que isto é mais democracia… Alexandre de Castro Lisboa, Fevereiro de 2018

O PSD e a política

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Enquanto Luís Montenegro se transforma em Assis do PSD, num inestimável serviço ao PS, e o partido entra em convulsões profundas, vale a pena regressar ao 37.º Congresso cujo prazo de validade ameaça ser curto, a avaliar pela eleição do líder parlamentar. O mantra do Congresso, onde mais uma vez reafirmou uma identidade social-democrata inexistente e, simultaneamente, jurou combater a social-democracia, que está no poder, resume-se ao ataque ao PS, por ter o apoio de partidos antieuropeístas, BE, PCP e PEV. Esqueçamos a ausência de formação democrática de Relvas, Marco António, Cavaco e Passos Coelho, que moldou o partido, e a pulsão antidemocrática de quem reivindica o direito de decidir quais os partidos que têm legitimidade para governar. Detenhamo-nos apenas no antieuropeísmo dos partidos que sustentam o atual Governo e nas consequências que tal posição ideológica já produziu. Até agora, como faz parte dos acordos que todos têm honrado, a política europeia de Portugal manté

Pesadelos da guerra colonial - Crónica

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Quem regressou da guerra colonial, desejou esquecê-la, e não pôde. Saímos da guerra, e a guerra não saiu de nós, pelos mortos que lá deixámos e estropiados que trouxemos, torturantes recordações de anos injustos e inúteis. Por menos traumática que possa ter sido a guerra, nunca mais se esquecem as rugas dos pais que nos aguardaram, a ansiedade que viveram e a angústia pelos perigos, reais ou imaginários, a que nos julgaram expostos. E mal souberam do que os mosquitos foram capazes, do que o clima fez ou da alimentação que nos coube. Deixámos que partissem sem lhes dizer. A sobrevivência, mesmo sem mazelas aparentes, carrega feridas que nunca cicatrizam, memórias doridas, inquietações que regressam, angústias que persistem. Ninguém faz a catarse de tão longo tempo e tão penetrante sofrimento, ninguém conta tudo o que viu e grande parte do que soube. Integrar um exército de ocupação é uma provação traumática insuperável. Ainda hoje, quase meio século decorrido, tortura-me a memó

TVI – 25.º aniversário

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Foi já no estertor do cavaquismo (julgávamos nós, a memória foi curta), mas no auge da prepotência, que foi atribuído à Igreja católica o segundo canal privado, sem um projeto coerente, sem um caderno de encargos credível, sem viabilidade, mas a render homilias favoráveis ao PSD nas missas dominicais, contra um projeto mais elaborado e credível, em pia arbitrariedade governamental. Do início nebuloso, que celebrizou o mais indigente dos programas, “A amiga Olga”, já não há memória. Durou a telemadrassa enquanto os crentes não se cansaram de acorrer aos aumentos de capital, desistindo das “boas ações” e do Paraíso, mais pela despesa do que por ausência de fé. Do aborto informativo gerado no ventre do patriarcado de Lisboa, arrancado a ferros e com ventosa, pelo PM, diria mais tarde o pioneiro da crítica televisiva e seu excecional expoente, Mário Castrim, «nasceu na sacristia e desaguou na sarjeta». À míngua de óbolos e orações, a TVI (‘I’ de Independente e de Igreja) mirrou e e

Surpresas, perplexidades e desconfianças

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O PSD, nascido após o 25 do Abril, já era recordista destacado quando avançou para o 37.º congresso, deixando a pairar a pressa de outro, para o devolver ao extremismo que Passos Coelho protagonizou. Há que ser sério e não desejar na oposição os piores pois, sendo melhor para a esquerda, é pior para o País. Rui Rio, de quem sou adversário, é o cidadão honesto, onde não paira a sombra da Tecnoforma, ligações ao BPN, que o País procura esquecer, ou a nódoa da corrupção de autarcas do PSD do Norte, onde pontificam Marco António e Luís Filipe Meneses, com crimes denunciados pela Visão e ignorados pela PGR. Comparar Rui Rio a Passos Coelho é uma afronta igual a comparar Marcelo a Cavaco. Há um abismo ético, intelectual e cultural a separá-los. Esquecer isso é perder o sentido da justiça e o espírito crítico. A grande surpresa deste congresso foi o triunfal adeus a Passos Coelho a contrastar com a pálida receção a Rui Rio. Aliás, o congresso abriu de forma insólita, com um discurso d

A Irmã Lúcia e o Quincas – 12.º aniversário da transladação para Fátima

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Chovia. As bátegas não pararam de fustigar os peregrinos. O que as novenas dos padres não alcançavam, conseguiu-o a meteorologia. Não foi a ineficácia das rezas ou a ausência de Deus que demoveu os crentes, alagados de fé e chuva até aos ossos, de aguardarem, em Fátima, a segunda edição do funeral de Lúcia, a contrastar com o alheamento das pessoas de Coimbra à sua partida, após 1 ano e 6 dias de defunção. Não houve na repetição das exéquias fúnebres a saudade genuína das prostitutas de S. Salvador da Baía a passearem o cadáver do Quincas Berro D’Água, nas ruas em cujos botequins devorou cachaça com a sofreguidão com que as beatas engoliam hóstias. A freira, a quem o terrorismo religioso do catecismo induziu alucinações, nunca terá um Jorge Amado que a celebre em «A morte e a morte da Irmã Lúcia, vidente». O Quincas, quando engoliu, de um só trago, água em vez de cachaça, deu tal berro que passou a ser carinhosamente tratado por «Berrinho» e fez-se personagem de romance. Lúci

SÍRIA ou uma catastrófica encruzilhada no Médio Oriente …

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A Síria enquanto Estado soberano, com território definido e governo nacional, deixou de existir. Esta é mais uma consequência das ‘primaveras árabes’. No momento, depois de uma guerra sangrenta movida pelas (variadas) oposições ao Governo de Bashar al Assad e do seu clã alauíta, a ocupação de largas faixas territoriais ligadas direta ou indiretamente à Al Qaeda ou ao Daesh, a par das ostensivas intervenções estrangeiras, nomeadamente os EUA, a Rússia e a Turquia fazem que pouco ou nada reste de um País que existiu no Médio Oriente, até há meia dúzia de anos, e foi uma plataforma dos equilíbrios regionais. No meio desta confusão, mas com uma agenda política específica, está o povo curdo que com o suporte técnico-militar dos EUA deu o corpo ao manifesto na luta contra o Daesh. Existem ainda outros atores neste teatro de guerra que começou por ser uma guerra civil para se transformar num foco de instabilidade regional e internacional. O envolvimento da região na guerra civil s

O PS e a sua displicência perante a mitomania da direita

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Uma década depois da última crise global do capitalismo, acelerada pela falência do banco Lehman Brothers, é tempo de desmascarar a direita portuguesa, que não para de atribuir ao governo de então as desgraças de que ela própria foi cúmplice entusiasta. Admitir que alguma economia frágil pudesse resistir ao vendaval que se abateu sobre as dívidas soberanas, é mentir sobre a natureza e a intensidade da que ocorreu, e ignorar o efeito do chumbo do PEC IV sobre os juros da dívida, chumbo que, ao contrário do do BE e PCP, não foi motivado por coerência ideológica, mas por sofreguidão do poder. A Espanha conseguiu defender-se com um modelo semelhante ao PEC IV, evitando a troika, enquanto Portugal, Grécia e Irlanda sofreram os efeitos devastadores de que a França e a Itália se livraram pelo seu peso no seio da UE. É na ausência de memória, nesta desfaçatez, que uma figura menor, cuja incompetência levou Portas à ‘demissão irrevogável’, se apresenta agora como governante competente,

Foi pior a emenda do que o soneto

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Dez dias após ter escrito a nota pastoral sobre a exortação apostólica Amoris Laetitia (não confundir com a vida sentimental da rainha de Espanha), propondo continência sexual aos católicos recasados, o cardeal Clemente justificou a posição, defendendo que é uma possibilidade “obviamente difícil”, entre várias. Calando a origem do saber sobre a dificuldade, o pio perito sexual, numa entrevista ao Expresso, queixou-se de ter sido mal interpretado no que foi o mero resumo da posição da Igreja quanto ao acolhimento de casais que voltaram a casar depois de um divórcio. "Digo que é uma proposta para quem tenha disponibilidade e quem seja capaz de o fazer, acrescento eu. (...) E digo a seguir que é difícil, e com certeza que é", explicou. "Numa circunstância concreta em que não seja possível dar esse passo da abstinência, então a pessoa recorre aos sacramentos para que, com a graça de Deus, avance no sentido do ideal", defendeu. Este último parágrafo lembra a pr

37º. CONGRESSO PSD: Passos Coelho, a 'geringonça', a cassete e as fidelidades…

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Passos Coelho na oratória de despedida teve um desabafo que caracteriza o atual momento do PSD:” … Não é fácil bater a geringonça, mas é preciso bater a geringonça ” link .   O momento para ‘ os laranjinhas ’ é de combate para regressar ao poder. Na despedida, onde lhe foi dada honras de abertura (quase de 1ª. página) houve elogios para todos os seus putativos apoiantes e dentro deste chorrilho de encómios quem ficou deficitário – praticamente de fora - foi o eleito Rui Rio.   A governação do PSD/CDS (2011-2015) foi, no entender de Passos Coelho, isenta de erros, pelo menos naquilo que considerou como sendo fundamental. Em Outubro de 2015 quando os portugueses retiraram à coligação de Direita, nas urnas, um apoio de cerca de sete centenas de milhares de votos, estavam a ser uns reles e ingratos.   A mensagem de conforto que dirigiu aos congressistas, e mais astuciosamente ao País, foi a seguinte: Fizemos o fundamental, sem esclarecer o que tomou por fundamental. Mas con

É verdade, serviu os últimos.

«No momento simbólico de passagem de testemunho, Pedro Passos Coelho asseverou entre os aplausos: "Disponham e até sempre. Foi uma honra muito grande ter servido Portugal, os portugueses e a todos vós». Apostila - Tornou-se hábito, em Portugal, acompanhar de palmas os funerais.

Passos Coelho e as vocações (‘missões’) tardias…

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Passos Coelho numa conferência na Faculdade de Economia da UC referiu que alterações que incidam sobre a legislação laboral seriam uma eventual ‘contra-reforma’ link .   No mesmo dia um dos peões de brega do PSD, destacado para a comunicação social, de sua graça Marques e apelido Mendes, perorou sobre a a legislação laboral contestando a oportunidade de qualquer alteração (afirmou que não era uma prioridade) link .   Não é conhecida a posição de Rui Rio sobre este assunto – será que vai abordá-lo no congresso de entronização? - mas estes dois pré-anúncios feitos pelos homens ao serviço de uma estratégia económica liberalizante, que já saltaram para a arena, estarão a aplanar algum caminho.   No programa de Governo inscrevem-se algumas medidas a serem revogadas (na presente legislatura) como o banco de horas individual e as escandalosas condições do trabalho temporário. Sobre estes assuntos são conhecidas as posições da maioria que sustenta o Executivo que, não sendo exat

Um milagre a sério

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Lúcia, em coma profunda, abre os olhos, olha para as pessoas, uma a uma, e beija um crucifixo. (Declarações da médica da vidente, ao Diário de Coimbra, no 13.º aniversário do falecimento da vidente).

«Quem sabe faz, quem não sabe ensina»

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Passos Coelho, enquanto prepara a candidatura a PR (previsão de Marques Mendes), irá dedicar-se à vida académica. Engana-se quem pensa que vai estudar, «Tenciona dar aulas em várias universidades», apurou o DN, agora que está livre das críticas dos «rafeiros [PCP e BE] que ladram, mas não mordem», como afirmou na sua primeira aula na FEUC, em Coimbra.

Das eleições de Humberto Delgado ao PREC -- Crónica

Gonçalo é uma freguesia do concelho da Guarda que dista cerca de quatro léguas e meia da cidade e foi uma populosa aldeia, com perto de três mil habitantes. Hoje, já elevada a vila, não atinge um milhar e continua a sofrer a erosão que atingiu o interior do país. Em 1958, Gonçalo não era aquela aldeia temente a Deus e respeitadora da ordem que a ditadura exigia. Situada na falda nordeste da Serra da Estrela, tinha nos seus habitantes uma série de artesãos que transformavam o vime, que crescia nas margens do rio Zêzere e das ribeiras que o alimentavam, em cestos e outros artefactos de verga, e operários que extraíam o minério do filão de cassiterites do vale que liga a Gaia à Vela, para produção de estanho e, durante a guerra de 1939/45, do volfrâmio, que sói andar associado. Era a natureza de classe que decerto distinguia os habitantes de Gonçalo, que não viam em Salazar o salvador da Pátria e em Tomás mais do que o grotesco paquete do ditador. O ano de 1958 não encontrou ali a a

Salman Rushdie – 29.º aniversário da fatwa assassina

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Em 1989, há 29 anos, o notável escritor ateu foi condenado à morte pelo sinistro aiatola Khomeini. Serviu de pretexto o livro “Versículos Satânicos”, para que aquele demente guardião do misericordioso profeta prometesse rios de mel e 72 virgens a quem o assassinasse. Rushdie é um dos maiores escritores vivos. “Dois Anos, Oito Meses e Vinte e Oito Noites”, apesar de alguma ignorância minha sobre o imaginário oriental, proporcionou-me a leitura de um dos mais belos romances de sempre, obra-prima do realismo mágico, de quem me deliciou com “Os Filhos da Meia-Noite” e de quem tive obrigação ler “Os Versículos Satânicos”, para saber por que sem-razão foi condenado à morte pelo aiatola chalado. Assisti na TV5 (francesa), em finais do século passado, ao programa “Bouillon de Culture”, com o notável jornalista, Bernard Pivot, de cujo painel faziam parte José Saramago, Günter Grass, Umberto Eco e Salman Rushdie. Foi um notável momento de televisão. Era uma reunião de gigantes da cultu

Homenagem a Lula da Silva

«O juiz-estrela Sérgio Moro, ganha perto de 1500 euros para pagar o apartamento em Curitiba, dispondo de imóvel próprio na cidade. "É uma compensação por não termos sido aumentados", defendeu-se Moro. Compensação? Lula, preso ao discurso de que não é dono do tríplex, não se lembrou de dizer que o imóvel fora uma compensação que ele se ofereceu por ter tirado 50 milhões de compatriotas da miséria.» FIM DA LINHA PRA VOCÊ, EX-PRESIDENTE! Fim da linha pra você, ex-presidente ladrão mesmo sem provas bato panelas em prol da sua condenação isso é pra você aprender que o pobre não tem direito a mais que uma refeição Fim da linha pra você, metalúrgico boçal isso é pra você aprender a nunca mais fazer assistência social com meu dinheiro e nem se atrever a transformar em engenheira a filha do pedreiro Fim da linha pra você ex presidente aleijado não é pelo triplex que você está sendo condenado é pela sua ousadia em ajudar o garçom a virar advogado

Passos Coelho faz conferências

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O presidente do PSD disse ontem que o PCP e o BE “rosnam, mas não mordem”, numa conferência proferida na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), para que foi convidado. O convite deve ter tido como critério a máxima anarquista surgida em França, ‘Maio de 68’, “quem sabe faz, quem não sabe ensina”. Previam-se lugares comuns, medíocre formação económica e leveza intelectual de quem chegou a primeiro-ministro sem experiência adquirida, além da subalternidade a Ângelo Correia e Miguel Relvas e a administração da Tecnoforma, que o MP não conseguiu ou nem pôde investigar, e agora não quer, apesar das provas a partir das quais a UE exige a devolução de mais de 6 milhões de euros. Não desiludiu. Só não se previa a terminologia com que se referiu aos partidos que apoiam o Governo PS na AR, como se a legitimidade que lhes nega não resultasse do défice de cultura democrática, dele e do anterior inquilino de Belém. Dizer que o PCP e o BE ‘rosnam, mas não mordem’ foi a fo

Aprovados por unanimidade restaurantes empulgantes

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Não, caros leitores, não sou, ainda que na melhor prosa caia a nódoa, o prevaricador ortográfico que o título induz. Refiro-me mesmo a restaurantes empulgantes, de onde o cliente sairá desesperado, a coçar-se a caminho do banho. Consultei várias fontes, podia ser mentira, como a do juiz que pediu o atestado de saúde mental a um morto. Dessa mentira perdeu-se o pedido de desculpas do DN no vórtice de falsas notícias. Esta é verdadeira. A lei vai permitir animais de estimação em espaços de restauração. O texto, acordado na comissão de Economia da AR, foi aprovado por unanimidade. Nem um só deputado se opôs à adorável companhia dos animais nos restaurantes. Enquanto um casal mordisca entradas, na mesa ao lado baba amorosamente o dono um Lulu; um casal dá alpista ao periquito e outro serve espinhas do carapau ao bichano; para onde e se olhe, já a partir de maio, entre a sopa e o bacalhau à Brás, há alguém com a tartaruga, o papagaio, o pastor alemão ou o porquinho da Índia, enquanto

O PR e a fé

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É inegável a categoria intelectual, cultural e ética de Marcelo. As auditorias promovidas pelo PR, em 2016 e 2017, devidamente publicitadas com a sua autorização, revelam que a salubridade regressou ao Palácio de S. Belém, certificada pelo Tribunal de Contas. A qualidade dos seus discursos e a sua postura nas relações internacionais mostram um político preparado, que dignifica o País. A sua chegada foi uma lufada de ar fresco. A simpatia de que goza é um capital pessoal que conquistou por mérito, mas foi o trilho aberto com inquestionável mérito por Cavaco Silva que lhe facilitou a avenida de afetos por onde circula. Sem a aversão suscitada por Cavaco nunca seria tão grande a simpatia, que condiciona os partidos políticos. Marcelo é o amigo dos pobrezinhos nas televisões e o dos muito ricos na intimidade. A sua presidência, globalmente positiva, é uma infindável campanha eleitoral capaz de alterar o sentido de voto por quem pode prometer o que outros não podem cumprir, ao sabor

O albergue espanhol e o imbróglio catalão…

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A situação em Espanha decorrente das incertezas e deambulações do problema catalão arrasta-se penosamente. Depois da aplicação do Artº. 155º. da Constituição que suspendeu os órgãos autonómicos e realizadas novas eleições nada ficou resolvido.   A fação independentista catalã venceu as eleições mas não conseguiu obter uma expressiva maioria capaz de dar suporte político ao heterogéneo nacionalismo catalão. O Governo de Madrid, dirigido por Rajoy, defensor à ultrance de um ‘unionismo’, muito aparentado com obsoletas teses falangistas, pouco ou nada conseguiu clarificar e mais não conseguiu do que afundar-se, primeiro na Catalunha e, ao que indiciam as sondagens, ao nível do reino. Entretanto, a Catalunha continua a marcar passo. As últimas evoluções não passam de meros contorcionismos políticos para ambas as partes tentarem salvarem a honra. Não vai ser fácil. Madrid a última coisa que deseja e espera é ver Carles Puigdemont como presidente da Generalitat. Barcelona não está

O patriarca Clemente e a castidade

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D. Manuel José Macário do Nascimento Cardeal Clemente [nome canónico] é bispo da diocese de Lisboa, coadjuvado por três bispos auxiliares, e o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, pelo que as palavras deste bípede paramentado, comprometem a totalidade da Igreja católica portuguesa. Não é seguramente tão dotado quanto os seus antecessores, mas para ser tão reacionário é preciso recuar ao cardeal Cerejeira. São-me indiferentes os sacramentos que a Igreja católica reserva aos crentes ou ao seu rateio, mas não sou alheio à hipocrisia de quem liderou os interesses eclesiásticos na chantagem ao Governo, na defesa de subsídios públicos para as escolas privadas. O purpurado a quem o PR em volúpia pia beija o anelão, sem respeito pelas funções que exerce, pôs o país a rir. Foi talvez a única coisa boa que já fez, capaz de unir ateus e crentes, agnósticos e devotos da concorrência, céticos e ingénuos, num festival de riso. Segundo ele, a Igreja deve propor aos católicos recas

Notas avulsas sobre a mecânica corruptiva…

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A corrupção será provavelmente um fenómeno cuja natividade remonta ao início da vida gregária e na Grécia Antiga foi correlacionada com o fenómeno de putrefação dos corpos. Transportado, julgamos que em primeiro plano, para o ‘corpo administrativo’ encarregue de recolher os tributos (os bíblicos ‘publicanos’) e logo de seguida para o ‘ambiente político’ (das cortes imperiais, das manhosos e ardilosos ambientes majestáticos e/ou fidalgos, aos modernos gabinetes ministeriais e, ao que perece, ao foro judicial) transformou-se numa praga social com um largo percurso evolutivo. Uma caminhada paralela com a denominada “mais velha profissão do Mundo”. Na realidade, ambas as situações prostituem as relações individuais e sociais.   Quando, em 2001, o então primeiro-ministro António Guterres, após o desaire sofrido nas eleições autárquicas, resolve demitir-se e, em cima do acontecimento, produz uma histórica declaração política - que a Direita se entreteve a achincalhar - anunciando o pe