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A mostrar mensagens de janeiro, 2020

Notas Soltas – janeiro/2020

Austrália – Perdas de vidas humanas, cinco milhões de hectares de floresta ardida e estimativas que apontam para a morte de 500 milhões de animais, entre os quais 30% da população de coalas, são a antevisão da tragédia dantesca de um futuro que nos espera. EUA – A decisão de assassinar um alto dirigente de uma teocracia pouco recomendável, não menos do que a da Arábia Saudita, foi uma provocação imprudente e um crime sem atenuantes. Trump tornou-se o homem mais perigoso do Planeta. Donald Trump – Os presidentes dos EUA, por maiores que fossem os protestos às suas decisões políticas e invasões militares, eram previsíveis e, de certo modo, confiáveis. O atual, na sua imprevisibilidade e irracionalidade, mantem o mundo alarmado. Iraque – A tensão criada pelo assassinato de um general iraniano, ordenado pelo PR dos EUA, um indivíduo capaz de tudo, conduz cada vez mais países a tomarem decisões de consequências imprevisíveis e a poderem precipitar uma guerra à escala global

Viva o 31 de Janeiro!

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Delação premiada, ética e as minhas limitações

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Há tão grande excitação em torno de um larápio de dados informáticos que exigirá uma venera para o autor como reparação da injustiça da sua prisão preventiva. Talvez a minha hierarquia de valores esteja a precisar de aferição e os princípios éticos divirjam do senso comum, quiçá por um exacerbado apego aos direitos individuais e ao respeito pela inviolabilidade do domicílio, ou por rudimentar conceito de cidadania. Não consigo compreender que alguém que invada domicílios e se aproprie de bens que, afinal, eram fruto de crimes ou documentos que os provem, possa ser ilibado do assalto, reabilitado como cidadão e incensado como herói. Afinal, ele não roubou, furtou, e só lhe faltou a legitimidade policial com o respetivo mandado judicial, meras burocracias. Sem preparação jurídica nem sensibilidade para avaliar a dimensão dos benefícios que o furto pode prestar à sociedade, refugio-me no conceito rudimentar de que o furto é um roubo, quem rouba é ladrão e quem defende ladrões é

O último despacho de um crápula

Na manhã do 25 de Abril, antes do julgamento que ia ter lugar, o desembargador Morgado Florindo exarou, depois de um telefonema direto que fez à DGS, um despacho com o seguinte teor: «Tendo a Direcção-Geral de Segurança comunicado telefonicamente a impossibilidade de assegurar a condução dos réus a este tribunal, devido ao Movimento das Forças Armadas, adio “sine-die” o julgamento».

Quando terá lugar a homenagem a Marcelo Caetano?

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Ontem, quando passaram dois anos sobre a morte de Edmundo Pedro, senti a infâmia da homenagem a Antunes Varela, o ministro da Justiça da ditadura, de agosto de 1954 a setembro de 1967, e percorri esses 13 anos em que o poder do ministro era enorme e os desmandos da ditadura obscenos. Não digeri ainda a homenagem de que foi alvo, com encómios da ministra da Justiça, ao universitário e jurista, e o assustador entusiasmo do discurso do presidente do STJ. Recordei Dias Coelho, assassinado a tiro numa rua de Lisboa, Humberto Delgado morto em Espanha, as prisões de Caxias, Peniche, Aljube e Tarrafal. Antunes Varela nomeou juízes para os Tribunais Plenários, silenciou torturas e assassinatos da ditadura, a censura, as prisões arbitrárias, as penas de degredo, as violações de correspondência, as medidas de segurança, enfim, foi dos cúmplices mais próximos do ditador e de poder vir a substituí-lo, e teve a homenagem do presidente do STJ e da impoluta ministra da democracia que, no di

Auschwitz – 27 de janeiro de 1945 – 75.º aniversário

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O campo de concentração de Auschwitz era, em boa verdade, uma rede de campos de extermínio no sul da Polónia, gerida pelo Terceiro Reich e colaboracionistas polacos, com 45 campos satélites. Foram gaseados aí 2,5 milhões de homens, mulheres e crianças, e mais 500 mil mortos à fome e de doença até à libertação dos sobreviventes, em 27 de janeiro de 1945, com a entrada das tropas soviéticas. Hoje é o 75.º aniversário do dia comemorado mundialmente como Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, assim designado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o símbolo do Holocausto perpetrado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Em Auschwitz foram metódica e friamente exterminados três milhões de judeus, metade do total com que Hitler quis erradicar um povo, com a sua demência xenófoba, a crença de que os arianos eram uma raça superior e o nazismo a nova religião. Para lá do horror e da perversão, é apavorante a quantidade de fanáticos que o nazismo criou, o indiferentismo a

Jantar de 31 de janeiro de 2020 – Coimbra – às 19H30

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Evocação do 31 de Janeiro de 1891 A primeira tentativa de revolta republicana contra a monarquia teve lugar no dia 31 de janeiro de 1891, a partir do Porto. Apesar de gorada nos seus objetivos fundamentais, é uma das datas mais emblemáticas do calendário republicano. Tal tem sido assinalado, ano após ano, na cidade de Coimbra, por um grupo de republicanos mais atento, que se recusa a deixar esquecer a efeméride. Assim, convidam-se todos aqueles que queiram reunir-se num jantar para partilha de ideias e reflexões, geradoras de um debate construtivo, sobre este tema ou outros da nossa República. Restaurante – O Alfredo, Av. Dr. João das Regras – Santa Clara - Entradas; Filetes com arroz de feijão + espetadas de porco; Sobremesa; Café; Vinhos, águas, sumos ou cervejas. PREÇO: 16 euros As inscrições deverão ser realizadas até ao dia 28 de janeiro para o email: anabela8@hotmail.com ou pelo TM 917 322 645 A comissão promotora: Alice Monteiro Valente Anabela Monteiro Ca

CDS – Uma OPA bem-sucedida

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O CDS que Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa fundaram já não existia, mas é a revolta dos herdeiros contra os fundadores que ora se confirma com a vitória da Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Juventude Popular (JP), nada de centrismos, sobre o que resta do partido. O Chega deixou de estar sozinho no espaço que se alarga na Europa e que em Portugal começou a dar os primeiros passos nas últimas eleições legislativas. O VOX espanhol passou a ter dois partidos homólogos portugueses, o Chega e o CDS, este a precisar de mudar de nome. Francisco Rodrigues dos Santos é um jovem inteligente, ambicioso e reacionário, um brilhante exemplo dos líderes que têm aberto caminho ao retrocesso civilizacional, no regresso os anos Trinta do século passado e ao advento dos totalitarismos de direita. Quando Pires de Lima falou em democracia e tolerância, foi vaiado. Os congressistas pareciam toiros enfurecidos nas ruas de Pamplona ou talibãs a verem Meca invadida por porcos. A partir daí

Factos e documentos

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A propaganda anticomunista da ditadura fascista

As próximas eleições presidenciais

Enquanto Marcelo hesita se vai recandidatar-se ou não, quando o país sabe há muito que o fará e que aguarda o fim do ano para o anunciar, saem da toca os intriguistas e ressentidos do costume a procurar desestabilizar os partidos onde se viram preteridos. É natural que o PCP apresente o seu candidato, como sempre fez, que o BE avance com Marisa Matias, que terá mais votos do que o partido e ajuda a segurar o eleitorado. O PSD terá de se render a Marcelo e o PS pode não ter alternativa, mas o CDS, em vias de extinção, tem cinco candidatos a líder, 1 por cada deputado, quer mostrar que existe colocando-se contra Marcelo. André Ventura, o aventureiro que se converteu em chefe de um bando de marginais de extrema-direita vai apresentar a sua candidatura e terá aí a apoteose num eleitorado marginal seduzido por apelos racistas, xenófobos e populistas. Não será surpresa o número excessivo de votos que vai conseguir. Lamenta-se que não haja uma alternativa credível a Marcelo, que os cand

Memórias da Guarda – Minicrónica

Na Escola do Magistério houve um curso facultativo de Defesa Civil do Território que era obrigatório. Parece um paradoxo, e foi realidade para todos os alunos. Era promovido pela Legião Portuguesa, comandada na Guarda pelo ten. cor. Matos, e ministrado pelo filho deste, o médico Piçarra de Matos, e um legionário que fazia as demostrações práticas, o único homem regente escolar que conheci, sem posto escolar. Não me inscrevi para ouvir noções de primeiros socorros e aprender a colar papéis nas janelas em caso de bombardeamentos aéreos. Fui chamado ao diretor, Armando Saraiva de Melo e, pelo tom da pergunta, manifestei vontade imediata de me inscrever, e desisti de uma hora semanal de namoro para ajudar a ganhar a vida ao filho do ten. cor. Matos. No dia do ‘exame’, cuja nota era irrelevante para o curso, as respostas foram escritas no quadro e todos tivemos 100% de respostas certas e 16 valores, menos eu, que tive 15, e demorei a perceber a honra da exceção. Quando fui dar aulas

Divagando sobre sindicalismo

A minha experiência, antes e depois do 25 de Abril, não me permite duvidar do carácter político dos sindicatos, inerente à sua ação, nem dos perigos para os trabalhadores se os seus dirigentes avaliam mal a correlação de forças ou o aventureirismo os (a)trai. É o conhecimento das virtudes e dos perigos da natural politização que me leva a negar o direito de sindicalização a magistrados, membros dos órgãos de soberania, militares e, com dúvidas, a polícias. Voltarei a este assunto mais vezes, por dever cívico, na defesa da democracia que me serve de referência. Hoje, é a demissão de Carlos Silva da liderança da UGT que me move. A sua demissão é irrelevante, pois não parece que fosse um sindicalista quem, segundo as suas palavras, devia o que era ao ex-banqueiro Ricardo Espírito Santo, a quem pediu aconselho (ou autorização?), antes de assumir a liderança da central. O que me surpreende é que alegue como razão para a sua demissão, não a falta de apoio  do patrão, mas a do PS. É evi

Há 3 anos Donald Trump tomou posse como 45.º PR dos EUA

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Consummatum est.   Com a tomada de posse de Donald Trump, ficou desimpedido o caminho do abismo. Nunca um presidente americano tinha ido tão longe na renúncia aos acordos internacionais, na irresponsabilidade dos seus atos e na imprevisibilidade das decisões. Com a insensibilidade de um batráquio e a visão política de um empreiteiro, o mundo é hoje um lugar menos seguro e o seu futuro mais incerto. Tudo o que podia correr mal, correu ainda pior e da pior maneira (lei de Murphy), e não há garantias de que a sua permanência no cargo não venha a repetir-se. O ocaso do único império arrasta para a tragédia a Humanidade. Não admira, pois, que a memória do antecessor surja expurgada e apareça como a pomba em cujo ninho pousou um falcão.

A Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) à beira de um novo cisma

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A alegada luta entre Bento XVI (B16) e Francisco (F1) é apenas a ponta do iceberg que emerge depois do funesto pontificado de JP2, que os corifeus da direita mais reacionária incensaram, e da continuidade de um papa muito mais inteligente e arguto, que o temor da Cúria fez abdicar da tiara sem renunciar às crenças. O cardeal guineense Robert Sarah, que JP2 nomeou arcebispo aos 34 anos, é um clérigo profundamente reacionário. Foi apoiado pela ala mais retrógrada dos cardeais para ser o primeiro papa negro, mas um discreto jesuíta atravessou-se nos seus desígnios. Quem vê a Igreja católica sul-americana, com bispos progressistas, em contraste com o clero espanhol, italiano, húngaro, polaco, austríaco ou francês, percebe que não há só a luta pelo poder, mas um confronto ideológico que passa pela sociedade profana, onde se jogam posições geoestratégicas e a consolidação de uma direita neoliberal e fascistoide, que conquistou os EUA e grassa em numerosos países europeus. Francisco f

A vitória de Rui Rio e o PSD

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A vitória esperada de Rui Rio é mais uma derrota para Cavaco, Passos Coelho, Miguel Relvas, Marco António e Maria Luís. Montenegro teve melhor imprensa do que Rui Rio, tal como, há anos, Francisco Assis em relação a António Costa. Enquanto der jeito à direita mais à direita, os adversários têm a comunicação social à disposição, e equiparar Rui Rio a Montenegro é comparar António Costa a Passos Coelho, Mário Centeno a Maria Luís e Sampaio a Cavaco. Rui Rio é um político que prefere a genuinidade de se apresentar como é, com os seus méritos e debilidades, à hipocrisia de imitar os adversários, que escondem a vacuidade de ideias, a leveza ética e a avidez do poder. Dito isto, a vitória de Rui Rio é o pior que acontece à esquerda. O ciclo político, que lhe é desfavorável, torna precária a vitória, e a alternância, que será tanto mais rápida quanto maiores forem as lutas fratricidas da esquerda e as dificuldades da economia mundial, vão encontrar a direita radical no PSD. O País já

Ary dos Santos – 18-01-1984 (F.)

Há 36 anos apagou-se a voz do poeta que a morte levou aos 46. Ficaram versos e aquela sonoridade inconfundível de quem os dizia como ninguém, sons que resistem enquanto for nosso o tempo que tivermos e a memória que carregamos dos poemas que escreveu. Exuberante, intenso, lapidar na forma e na substância com que fez da poesia arma e dos versos balas, Ary dos Santos continua vivo nas canções de Simone de Oliveira, Amália, Carlos do Carmo e Fernando Tordo. Retrato do Herói Herói é quem num muro branco inscreve O fogo da palavra que o liberta: Sangue do homem novo que diz povo e morre devagar de morte certa. Homem é quem anónimo por leve lhe ser o nome próprio traz aberta a alma à fome fechado o corpo ao breve instante em que a denúncia fica alerta. Herói é quem morrendo perfilado Não é santo nem mártir nem soldado Mas apenas por último indefeso. Homem é quem tombando apavorado dá o sangue ao futuro e fica ileso pois lutando apagado morre aceso. Ary dos Santos, in

Miguel Torga – 25.º aniversário da sua morte

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A maior homenagem que se pode prestar a este transmontano, cujo rosto tinha esculpida a dureza da vida da terra onde nasceu e dos sítios por onde andou, é reler a vasta obra de um dos maiores e mais fecundos escritores portugueses do século XX. O médico, poeta e contista, deixou nos seus Diários, em prosa e verso, o testemunho de um criador literário de notável gabarito. Ali, na Portagem, em Coimbra, a ver da janela do seu consultório a estátua de Joaquim António de Aguiar, pensou e escreveu páginas que merecem ser abertas à fruição de quem ama a língua e a literatura portuguesas.   BRASIL Brasil onde vivi, Brasil onde penei, Brasil dos meus assombros de menino: Há quanto tempo já que te deixei, Cais do lado de lá do meu destino! Que milhas de angústia no mar da saudade! Que salgado pranto no convés da ausência! Chegar. Perder-te mais. Outra orfandade, Agora sem o amparo da inocência. Dois pólos de atracção no pensamento! Duas ânsias opostas n

É preciso avisar a malta

Um dia deparei com o José Manuel Tengarrinha na televisão e deixei-me ficar a ver um amigo com quem tive uma forte e recíproca amizade e simpatia. Ele gostava do humor e sarcasmos com que eu mimoseava o clero e o regime, e eu admirava-lhe a inteligência, a cultura e a coragem do resistente antifascista. Sabia das torturas, prisões e perseguições a que fora sujeito. Queria ouvir o que sabia e o que poderia revelar. Como interlocutor, pasme-se, tinha um ex-inspetor da Pide. Ao que se sujeitou o Zé Manel, debater com um torcionário a história do regime, a infâmia da ditadura, quarenta e oito anos de censura, prisões arbitrárias, torturas, assassinatos na via pública, massacres em Moçambique e S. Tomé, cárceres horrendos, guerra colonial, violações de correspondência, partido único e as tropelias de que o fascismo foi capaz. Em determinado momento, o Pide, com ar de gozo, disparou-lhe que o tratamento não seria assim tão mau como ele, Tengarrinha, dizia, porque tinha um ótimo aspeto. S

Crónica – Memórias da juventude

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Quando em 1961, ido da Guarda, fui colocado no Bairro dos Penedos Altos, na Covilhã, logo surgiram convites habitualmente destinados aos professores. O primeiro, com tratamento de V. Ex.ª, que me faria duvidar do destinatário, não fora a coincidência do nome, foi recusado. E os seguintes. Não me interessavam e eram pouco recomendáveis as origens. Em abril de 1963 o Papa João XXIII tinha publicado uma encíclica destinada não só aos fregueses, mas a todos os homens de boa vontade, as mulheres não mereciam referência. Recebi o convite para um colóquio, tal como as 15 docentes daquela escola onde era eu o único homem, com alusão ao tema a discutir, a Encíclica PACEM IN TERRIS. Dessa vez, por razões que o Diabo explicará, compareci à hora e no local que o convite, subscrito por um padre S. J., indicava. Um padre, culto e comunicativo, dissertou sobre a encíclica, em termos encomiásticos, e pôs o tema à discussão. Retivera que o Papa pedia aos países ricos que ajudassem os países pob

Vaticano – A guerra dos papas

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Quando o Papa Francisco procurava timidamente abrir vagas a homens casados, isto é, normais, para o múnus eclesiástico, saiu um livro com o pensamento do antecessor que, receoso da Cúria, renunciou aos sapatinhos vermelhos, à tiara e outras mordomias, num gesto sem precedentes nos últimos seis séculos, desde 1415. Francisco anunciara que na Amazónia poderiam ser ordenados padres casados, o que já acontece com trânsfugas de outras fés cristãs, mas Ratzinger, pastor alemão, conhecido por Rottweiler de Deus, surgiu como coautor de um livro, com um cardeal, a defender o celibato como virtude irrenunciável. A três meses de fazer 93 anos, inteligente, culto e indesejável, afirma que não autorizou a inclusão do seu nome no livro, com o cardeal guineense Robert Sarah, mas o mestre da dissimulação e hipocrisia, afirmou ter autorizado a publicação dos textos. Esta facada nas costas do Papa Francisco, que tratou o desertor com desvelo e respeito, está à altura da Cúria, que não tem cura,

A frase

«O povo português não fica nada seguro se Jorge Sampaio for eleito Presidente. Tenho algumas preocupações em colocar o futuro dos meus filhos nas suas mãos.» Aníbal Cavaco Silva, ao Expresso, em 13.01.1996

Tesourinho deprimente

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Um casal presidencial a apalpar os músculos do braço de um atleta cuja força reside sobretudo nas pernas.

A Igreja católica espanhola

Filha do papa Pio XI, que concedeu à sedição de Franco o carácter de Cruzada, contra a República, é a Igreja que manteve silêncio face ao genocídio que, depois de ter ganhado a guerra, o ditador praticou contra o seu povo. A Igreja que goza de pingues contribuições do Estado, isenções de impostos e, até há pouco, do direito à apropriação de bens públicos, é a Igreja que não tolera a democracia, humilha a mulher e esconjura os direitos humanos. Os clérigos são ainda, na sua maioria, filhos da falange e de pai incógnito, guerrilheiros da extrema-direita e terroristas ideológicos. São talibãs romanos, com colar ao pescoço e batina sebenta a pedir a Deus que derrube o Governo , mantenha a mulher submissa e consinta aos padres o direito a decidir sobre a sexualidade . A Igreja a quem João Paulo II criou cardeais reacionários, sagrou bispos ultramontanos e de defuntos pouco recomendáveis fez um ror de santos, continua a ser o alfobre onde germina a extrema-direita e nascem como

A Igreja da Galiza e a sexualidade

Não será só a Galiza, talvez o fenómeno seja comum em Espanha, e duvido que os bispos espanhóis sejam mais retrógrados do que os portugueses. De facto, só os celibatários empedernidos,  dinossauros da religião católica saída da Reforma, estão em condições de escrever e ensinar estas tolices.

Abertura do Ano Judicial_2

Para lá da liturgia da sessão solene ficam as palavras e a coreografia da cerimónia cuja organização cabe ao presidente do STJ, principal responsável do evento e dos bastidores do palco onde se desenrola o espetáculo mediático. Quanto aos atores e ao desempenho de cada um, o PR, além da imerecida e inoportuna comparação dos vencimentos dos magistrados ao dos políticos, fez uma despropositada referência à justiça divina, sendo as normas do direito penal celeste incompatíveis com as do direito penal terreno de países civilizados. Do presidente do STJ há a lamentar o convite ao cardeal de Lisboa que, sendo legal, até tradicional, é afrontoso à laicidade do Estado. Foi legítimo o convite, mas não foi bonita ação. Sendo proibido inquirir alguém sobre a religião que professa, salvo no censo para fins estatísticos, não se percebe o convite ao cardeal e não ao rabino da sinagoga de Lisboa ou ao sheik islâmico, a menos que este esteja ainda em inquirição por alegados maus tratos à mulher.

Orçamento do Estado - 2020

Acabo de saber que os deputados do PSD eleitos pelo círculo eleitoral da Madeira, de forma indigna, traíram o partido, ao votarem de acordo com os negócios do sátrapa do Governo Regional. A votação do OE é a principal votação que exige obediência partidária. Num dos atos mais torpes de um deputado para com o seu partido, na antevisão do que seriam partidos regionais que a CRP expressamente proíbe, os deputados eleitos pelo círculo da Madeira deram um exemplo de indignidade e corrupção política.

Minicrónica

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Quando remexo papéis e tropeço em retalhos da memória, que era apaziguador olvidar, salta a raiva de um tempo onde os bufos e rebufos andavam à solta a vigiar as pessoas e a controlar-lhes o pensamento. Quando somos apenas nós que estamos em causa, é fácil esquecer os esbirros, sobretudo quando são cadáveres que já não fedem, mas quando a figura da mãe surge no contexto das perseguições, mistura-se o luto que nunca termina e a raiva por quem a perseguiu ou lhe devassou os sentimentos. A Guarda é a cidade que está no meu devocionário, a urbe onde conhecia quase toda a gente, e onde os facínoras da ditadura espiavam e perseguiam quem não era devoto da ditadura. Os documentos que restam da longa noite são o ferrete que acicata o desprezo por uma época onde o despotismo era a norma, a delação um hábito e a canalhice o emprego. Ali, a 10 km da Guarda, sem água canalizada, telefone ou luz elétrica, com 40 alunos para ensinar e quatro filhos para criar, com horta, uma cabra e numerosas

A guerra EUA/ Irão

O assassinato ordenado por Trump, contra o general sírio Qasem Soleimani, chefe da Força Revolucionária da Guarda Quds do Irão, em Bagdad, demonstrou a insânia de um demente e a arrogância de um déspota. A posterior ameaça de destruir o rico património histórico da civilização persa, ameaça de que já recuou, revela a sua indigência cultural e a indiferença perante mais um crime previsto nas leis internacionais. A execução do importante general e de mais oito pessoas, no país ocupado pelos EUA, a convite das autoridades locais, foi um crime para aliviar a pressão do “impeachment”, em apreciação, que os seus ataques reiterados à legalidade e à ética exigiram. Este crime é uma afronta à legalidade internacional de alguém, com um poderio brutal, capaz de tudo para garantir a reeleição e a impunidade à sua conduta. A transferência da embaixada de Telavive para Jerusalém foi uma provocação gratuita aos muçulmanos, ao arrepio dos países tradicionalmente aliados dos EUA, e só serviu para a

Justiça

«Carlos Alexandre insiste no depoimento presencial de Costa. Belém não recebeu qualquer novo pedido nesse sentido Alexandre considera que o testemunho presencial de António Costa na instrução do processo de Tancos é indispensável e discorda da decisão do Conselho de Estado. Mas ainda não solicitou nada a Belém.» (Título de caixa alta do Observador) A ser verdade, Quando um juiz de instrução reiteradamente avisa a comunicação social do que decide, antes de o comunicar aos órgãos de soberania visados, e se permite tornar pública a sua discordância com o Conselho de Estado, não é a sua independência que está em causa, é o abuso da autoridade com que afronta os outros órgãos de soberania, é a insuportável arrogância, indigna de um Estado de direito, a pequenez de quem se julga ungido para todas as afrontas e a ameaça de uma ditadura de Juízes que a Assembleia da República, o Governo e o PR não podem consentir. É assustador imaginar do que este juiz é capaz e faz pensar em pessoas o

Trump e o Irão

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Depois do cobarde e criminoso assassinato de um general iraniano ordenado pelo louco dos EUA, a teocracia iraniana atacou uma base americana   onde morreram 80 soldados americanos. O funeral da vítima, um algoz pouco recomendável, criou um herói e o estado de espírito para a retaliação. A tragédia vem a caminho. Coimbra, 8 de janeiro de 2020, às 00H05. Apostila - não se confirmaram os mortos referidos. A minha passagem pela guerra e a experiência de vida deviam ter-me alertado para o risco de aceitar como boa a contrapropaganda iraniana. Peço desculpa aos leitores. 13H45.

No terceiro aniversário da sua morte

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Recordar o homem que melhor encarnou as grandezas e misérias do povo que somos, é prestar homenagem ao maior vulto desta segunda República, de uma democracia que o MFA nos ofereceu numa madrugada de Abril. Obrigado, Mário Soares.

Abertura do Ano Judicial – Marcelo esqueceu-se de que era o PR

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Marcelo é desconcertante, capaz do melhor e do pior, de tocar às campainhas das portas para comprometer um amigo, de inventar uma ementa com Vichyssoise para ludibriar um jornalista, de se baixar a oscular o anel de um bispo ou enternecer um sem-abrigo com a afetividade, deliciar jornalistas como comentador de todas as questões e manter quatro anos sucessivos de frenética atividade a promover a recandidatura a Belém. Mistura a sua invulgar cultura, inteligência e argúcia com o populismo e o narcisismo. Marcou a abertura do ano judicial com a leveza do constitucionalista que se esquece da hierarquia do Estado e se embrenha na defesa de uma grelha salarial, sobre quem pode e deve beneficiar de altos salários e de quem não pode nem deve ser equiparado. Defendeu que os magistrados merecem ter um teto salarial superior ao do PM, enquanto os políticos terão de esperar, como se não houvesse hierarquia do Estado e a questão das remunerações fosse assunto seu. Esqueceu o PR que o PM pre

Recordar o passado

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A direita, na sua matriz caceteira, odiou sempre o 25 de Abril. Na sua vertente urbana e civilizada, considerou que podíamos ter esperado. Ainda nos primórdios da democracia já queria impor ao País, como PR, o ex-comandante do Campo de S. Nicolau, Angola, o general Soares Carneiro que foi candidato a PR da direita urbana. A outra queria Kaulza de Arriaga. Um torcionário já servia à urbana, imagine-se de quem gostaria a outra. Ramalho Eanes, honradamente, derrotou-o sem apelo nem agravo, com votos dos que recusaram a viagem de regresso a um regime musculado com partidos selecionados. Qualquer militar que tivesse concorrido a PR, isto é, que tivesse entrado na luta política, jamais poderia eticamente regressar às Forças Armadas. O PM Cavaco Silva empossou-o depois como CEMGFA. Nem precisava de tão negro passado. Com essa atitude, Cavaco subverteu as regras democráticas, afrontou o PR e mostrou a fibra de que era feito. Só um eleitorado distraído e que esquece depressa podia ter fe

O SNS e a campanha demolidora em marcha

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No Natal, um dos meus melhores amigos, com laços vindos da infância e preservados ao longo de toda a vida, conterrâneo e condiscípulo no liceu, teve um AVC nas terras de origem, onde se deslocara para a tradicional Festa da Família. A mulher, deu-se conta das perturbações da fala, locomoção e desorientação do marido, e chamou imediatamente os bombeiros. Uma hora depois estava no Hospital da Guarda, um hospital da periferia, onde – disse-me o próprio –, foi atendido de forma exemplar. Sei que as primeiras horas de um AVC são fundamentais para a recuperação e que delas depende a limitação dos danos e a natureza do prognóstico. O que não sabia era que as novas tecnologias permitem ao hospital da Guarda estar em contacto com as unidades de AVC de Coimbra e Porto. A qualidade do atendimento, o desvelo dos profissionais e os meios disponíveis do SNS permitiram o rápido restabelecimento de um “rapaz da minha idade”, tratado da mesma forma que os outros doentes e que, segundo ele, não se

Há 8 anos

Quando eram outros os governantes que nos calharam em sorte, quiçá por desgraça, era mais branda a comunicação social e clemente a opinião pública para os dislates, que então surgiam, e a arrogância que era apanágio dos figurantes e figurões de um bando sequioso que acabara de chegar ao poder. Enviadas, em 2013, por um amigo que acabara de ser despedido da SIC, aqui ficam para gáudio dos amigos e azedume dos masoquistas que frequentam este mural com a beata regularidade com que os beatos, há um século, visitavam 7 igrejas na quinta-feira santa: FRASES CÉLEBRES DA «MALTA DOS BIFES», EM 2012 «Tudo somado, o que irei receber do Fundo de Pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas porque, como sabe, eu também não recebo vencimento como Presidente da República». (Cavaco Silva, 20 de janeiro, durante uma visita ao Porto) *** «Quando se pergunta se o País aguenta mais austeridade, ai aguenta, aguenta.

A direita, os trauliteiros de serviço e o Governo

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Enquanto o PSD mais ou menos polido se digladia no duelo em que o mais rústico leva vantagem e o CDS apresenta um candidato a líder por deputado, com a ala mais radical a liderar, com Nuno Melo em disputa com o bando de nazis do Chega, os jornalistas da direita, à falta de rumo e de líder, limitam-se a produzir ruído nos jornais onde militam. Os jornalistas profissionais dão notícias, mas a maioria vive da opinião que lhes garante o vencimento e a estabilidade pela hostilidade com que ofendem os governantes. O ministro do Ambiente adverte os moradores de locais inundados, que o Estado teve de evacuar, para a necessidade de habitarem sítios mais seguros, e a matilha pede a sua demissão, não porque o alerta seja inadequado, mas porque devia fazê-lo em período de incêndios, e não com os inundados deslocados. Agora era o tempo de prevenir os donos das habitações entre manchas de pinhal e de eucaliptos. O ministro dos Negócios Estrangeiros referiu que a qualidade da gestão das empre

Marcelo no Brasil, há 1 ano

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“Como eu disse e como disse o Presidente Bolsonaro, era uma reunião entre irmãos e entre irmãos o que há a dizer se diz rápido, como se diz em família”. Era preferível ser filho único. No ano que ora começou esteve melhor. A partir da ilha do Corvo, serviu aos portugueses uma mensagem de Ano Novo equilibrada e um banho de mar onde reexibiu a ginecomastia bilateral, reduzida a peles descaídas a emergirem do mar.

Notas Soltas – dezembro/2019

Aquecimento Global – Até ao final do século a subida das águas submergirá as terras onde agora vivem 200 milhões de pessoas. Há governantes insensíveis e, até lá, muitos partilharão o desespero com os filhos e netos desses irresponsáveis. Só há um Planeta. Rio de Janeiro – Até dezembro a polícia matou 1.546 pessoas, mais 18% do que em 2018. Bolsonaro quer militares nas ruas com ordem para matar. Finalmente, o terror das forças da ordem e o dos criminosos equilibra-se com a chegada a PR de um dos últimos. Caridadezinha – A Dr.ª Isabel Jonet, experiente profissional da caridade, comandou o peditório da campanha do Banco Alimentar contra a Fome, coadjuvada pelo PR, tendo recolhido muitas toneladas de alimentos. Estão de parabéns os pobrezinhos. Greta Thunberg – A jovem sueca, com síndrome de Asperger, que a torna obsessiva e irritante, é uma referência mundial, eficaz a mobilizar multidões na defesa do Planeta, onde a vida está em perigo com as alterações climáticas e a ag