A Igreja católica espanhola
Filha do papa Pio XI, que concedeu à sedição de Franco o
carácter de Cruzada, contra a República, é a Igreja que manteve silêncio face ao
genocídio que, depois de ter ganhado a guerra, o ditador praticou contra o seu
povo.
A Igreja que goza de pingues contribuições do Estado,
isenções de impostos e, até há pouco, do direito à apropriação de bens
públicos, é a Igreja que não tolera a democracia, humilha a mulher e esconjura
os direitos humanos.
Os clérigos são ainda, na sua maioria, filhos da falange e
de pai incógnito, guerrilheiros da extrema-direita e terroristas ideológicos.
São talibãs romanos, com colar ao pescoço e batina sebenta a pedir a Deus que derrube
o Governo, mantenha a mulher submissa e consinta aos padres o direito a decidir
sobre a sexualidade.
A Igreja a quem João Paulo II criou cardeais reacionários, sagrou
bispos ultramontanos e de defuntos pouco recomendáveis fez um ror de santos, continua
a ser o alfobre onde germina a extrema-direita e nascem como cogumelos quadros
para o VOX, saudosistas de Franco e falangistas fora de prazo.
A tomada de posse do novo primeiro-ministro, Pedro Sánchez,
sem bíblia e crucifixo, deixou aquele bando de parasitas de Deus a espumar de
raiva, a uivar imprecações, a ruminar vinganças, e a pedir ao seu Deus que amaldiçoe
estes governantes, derrube o governo e faça ajoelhar a Espanha aos seus pés.
O cristo-fascismo está vivo na horda de clérigos saudosos da
ditadura e da Reforma, a sonharem com a Inquisição e os autos-de-fé, enquanto
rezam o breviário e, em êxtase, relembram bênçãos que em gozo místico lançavam
aos fuzilados franquistas nas praças de touros.
É desta fauna clerical que se alimenta a contrarrevolução
espanhola que só a pertença à União Europeia impede de porem em marcha.
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João Pedro