Notas Soltas – janeiro/2020
Austrália – Perdas de vidas humanas, cinco milhões de
hectares de floresta ardida e estimativas que apontam para a morte de 500
milhões de animais, entre os quais 30% da população de coalas, são a antevisão
da tragédia dantesca de um futuro que nos espera.
EUA – A decisão de assassinar um alto dirigente
de uma teocracia pouco recomendável, não menos do que a da Arábia Saudita, foi
uma provocação imprudente e um crime sem atenuantes. Trump tornou-se o homem
mais perigoso do Planeta.
Donald Trump – Os presidentes dos EUA, por maiores que
fossem os protestos às suas decisões políticas e invasões militares, eram
previsíveis e, de certo modo, confiáveis. O atual, na sua imprevisibilidade e
irracionalidade, mantem o mundo alarmado.
Iraque – A tensão criada pelo assassinato de um
general iraniano, ordenado pelo PR dos EUA, um indivíduo capaz de tudo, conduz
cada vez mais países a tomarem decisões de consequências imprevisíveis e a
poderem precipitar uma guerra à escala global.
Espanha – A coligação governamental é uma
experiência exigida pelas circunstâncias, substancialmente diferente do acordo
do anterior governo português, com a fragilidade de depender de deputados
autonomistas, e merece ter êxito.
Croácia – A vitória social-democrata é uma prova de
que a Europa não está condenada a governos de direita, cada vez mais radicais. É
um alento para quem não compreende a democracia sem preocupações sociais.
Aquecimento global – É irónico que os países vítimas dos mais
devastadores incêndios florestais, EUA, Brasil e Austrália, sejam governados
por negacionistas, sabendo-se que a solução é obrigatoriamente política e os
bombeiros são incapazes de os combater.
Austrália_2 – O país maior exportador de carvão fóssil, o
fóssil mais perigoso para o ambiente, com um líder que nega o aquecimento
global, viu a floresta reduzida a carvão vegetal e este a cinzas. É uma
tragédia irreparável para a maior ilha da Oceânia.
Brasil – A desflorestação da Amazónia, para lá de
todos os dislates de um PR incapaz e sem qualquer senso ou projeto, ficará como
a marca mais dramática de um líder que foi eleito com a cumplicidade de
corruptos e a influência da IURD.
Pedro Sanchez – A tomada de posse com juramento sobre a
Constituição, pela primeira vez, em Espanha, sem iconografia religiosa,
manifestou respeito por todos os espanhóis, independentemente da crença de cada
um ou da ausência dela. Dignidade institucional.
Médio Oriente – A invasão do Iraque, 2003, foi um crime e
a mais desastrada decisão das democracias ocidentais. Seguiu-se agora um
assassinato, como arma de guerra não declarada, a corroer a superioridade moral
das democracias sobre as ditaduras.
Irão – O assassinato do general Soleimani uniu o país
em torno de Ali Khamenei, com danos nos sectores laicos e reformistas, mas o
derrube do avião ucraniano, com 176 mortes, fragilizou o poderoso ayatollah, obrigando-o
a reprimir os protestos que gerou.
Joacine Katar Moreira – A escolha da deputada foi um erro que
custou a reputação do Livre e, talvez, a sua sobrevivência. Um partido
ecologista, com excelentes propostas e iniciativas, trocou bons candidatos por
uma radical que desvirtuou o ideário do partido.
Roberto Alvim – A demissão do nazi brasileiro, secretário
de Estado da Cultura, não adveio do pensamento igual ao de Goebbels, um dos
mais sinistros e sectários sequazes de Hitler, mas do plágio das palavras e da associação
simbólica da música de Wagner.
Venezuela – Quando 3,5 milhões de pessoas fogem de um
país, não há argumentos que defendam o regime nem descupas que justifiquem a
incapacidade dos governantes para assegurar a tranquilidade e a subsistência do
seu povo.
Angola – Foi preciso a imprensa internacional
denunciar a origem da fortuna de Isabel dos Santos e as cumplicidades
portuguesas para serem notícia em Portugal, e foi rápida a tentativa de fuga
dos ratos do barco que se afunda, com prejuízos para o País.
PSD – A vitória de Rui Rio foi a derrota do
candidato de Cavaco e Passos Coelho. Saiu favorecido o PSD e prejudicado o
Governo. Montenegro unia os partidos de esquerda, assustava o eleitorado
moderado e faria definhar o partido.
Portugal – Era tão evidente a necessidade de um novo
aeroporto como previsível a sua contestação onde quer que se localizasse.
Difícil é negociar as condições que usufrui a concessionária da ANA, obtidas
numa das mais ruinosas e levianas privatizações.
CDS – O 28.º Congresso teve de optar entre a recuperação
dos eleitores moderados, que fugiram para o PSD de Rui Rio, e a deriva
extremista onde o eleitorado pode preferir os extremistas genuínos do Chega e a
ala liberal a Iniciativa Liberal. Optou pela última.
Francisco Rodrigues
dos Santos – A vitória do novo
líder do CDS é a derrota política de Paulo Portas que começou a desenhar-se
quando Pires de Lima falou em democracia e tolerância e foi vaiado. Situado bem
à direita, o PP vai competir com o Chega.
Assunção Cristas – A ovação do Congresso foi o adeus, que ora
se faz nos funerais, a quem viu nos resultados autárquicos de Lisboa, um castigo
a Passos Coelho, uma vitória pessoal e do CDS que a enganou até às derrotas nas
europeias e legislativas.
Auschwitz – O 75.º aniversário da libertação, dia 27, recordou
os 3 milhões de judeus aí assassinados, metade do total com que Hitler quis
erradicar um povo, na sua demência e na crença de que os arianos eram uma raça
superior e o nazismo a nova religião.
China – O coronavírus, potencial perigo global,
pode ter um benefício colateral, evitar que Xi Jinping venha a ser outro Mao. O
ditador pode cair com a pandemia e corrupção da mulher, maioritária no fundo
Fosun. Surgiu a oposição na comissão central do PCC.
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