O luxo do carro e o lixo da notícia

Cavaco Silva, cuja gestão do palácio de Belém deve ter confiado à omnipresente prótese conjugal, comprou a viatura de alta gama. O sucessor, com outro sentido ético, não quis usá-la e, para se livrar dela, propô-la a Jorge Sampaio que, como ex-PR, goza do direito a viatura de Estado e podia trocar a atual. Por pudor republicano, não a aceitou. Marcelo decidiu então entregá-la à presidência do Governo onde a receção a altos dirigentes estrangeiros justifica a sua utilização.

Notícia da comunicação social e das redes sociais: «luxuoso carro comprado por Cavaco para o seu sucessor, foi recusado por Marcelo e aceite por António Costa».

Quando o novo ciclo político levou a Belém um português que, em termos pessoais, não teve permutas de terrenos sem tornas, transações de ações não cotadas em Bolsa e, tudo leva a crer, jamais usaria manobras dilatórias para empossar um Governo saído da AR, quando à liderança do Governo chegou um cidadão incapaz de fugir com contribuições à Segurança Social e o número 2 é um honrado professor universitário que jamais geriu uma empresa de sondagens onde faltassem recibos e clareza fiscal, é natural que o luxo de um carro se transforme em lixo de informação.

E todos somos poucos para desmascarar tanta desinformação e intriga reacionárias.

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