Bancos: o hipotecar da confiança...
Os portugueses não pretendem dissecar a situação do sector bancário. Não têm formação curricular de gestão, económica e financeira para analisar uma situação tão complexa e recheada de pormenores técnicos.
Embora as crises bancárias persigam, desde o início de crise, os contribuintes nacionais em catadupa estas deixam no ar imensas interrogações. Existe a genérica sensação de que os problemas mais graves residem nos chamados bancos de investimento. A partir desta evidência tudo é nebuloso.
É sabido, também, que nada foi feito de eficaz para supervisionar e regular a actividade bancária. Esta para além dos depósitos (de diversos tipos) e empréstimos (com ou sem garantias) que são as actividades tradicionais do sistema convive com problemas mais graves que resultarão da chamada 'carteira de investimentos' que não são reflectidas de modo inteligível nos tradicionais balanços apresentados publicamente.
Isto é, situações como forwards, futuros, swaps, etc., não são perceptíveis para o comum dos mortais. Todavia, persiste a sensação que a actividade é uma situação de elevado risco. Aos riscos de mercado como, por exemplo, trading, bolsa e o imobiliário somam-se outros mais latos como sejam, liquidez, solvência, etc..
É de facto uma actividade muito complexa e tudo o que é incompreensível torna-se em princípio uma situação preocupante. Situações como a falência do Lehman Brothers (EUA - 2008) ou do Laiki Bank (Chipre- 2013) encheram as páginas dos jornais e os écrans televisivos. Mais pequenos e mais modestos os nossos casos do BPN, BPP, BES e BANIF não tiveram grande repercussão internacional mas doeram muito cá dentro quer para os depositantes quer para os contribuintes enquanto forçados ‘resgatadores’.
Mas a este quadro já de si insuportável é necessário acrescentar outros factos que recentemente tivemos conhecimento.
Trata-se de bancos que indirectamente estão ou estarão ligados ao nosso País. Estão sediados em Cabo Verde mas tem tentáculos que se estendem pelos PALOPs. Lisboa não fica imune a esta ameaça.
Em destaque está o Banco Efisa (ex-BPN) e o Banco Internacional de Cabo Verde (ex-BES/Novo Banco). Não se tratam, portanto, de procedimentos resolutivos aleatórios. O azar não é para aqui chamado. Existe, isso sim, um largo conluio que não sabemos onde começa e onde acaba(rá).
O Efisa conta como accionista Miguel Relvas e o Banco Internacional José Veiga um empresário do futebol com negócios em África e nos offshores e hoje em prisão preventiva…
Bem, continuamos a não perceber de bancos mas os mais recentes personagens envolvidos nestas actividades são uma ameaça devastadora. Não há credibilidade que resista a mais este episódio que se desenha…
A crença (confiança) lusitana no sistema é, pois, um terreno onde, financeira e eticamente, está tudo hipotecado.
Comentários