A ética, a legalidade e as eleições

A valentinização eleitoral, à semelhança das ofertas de frigoríficos pelo inefável major Valentim Loureiro, mais habituado a receber do que a dar, desde os tempos em que foi responsável pela compra de batatas para o exército, parece ser um expediente em franca expansão.

Luís Filipe Meneses, paga contas da luz e água, a gente pobre e Fernando Ruas, o ainda autarca de Viseu, oferece cheques da Câmara à porta das missas e, segundo as contas dos candidatos dos outros partidos, as ofertas totalizam 70 mil euros.

Há quem veja nas atitudes uma condenável e demagógica campanha eleitoralista, digna do terceiro mundo e passível de sanção penal mas pode não passar de espírito caritativo, num caso, e de devoção pia, noutro.

Os adros das igrejas eram locais de arrematação de oferendas dos fiéis quando abundava a fé. Hoje, minguada a devoção e a generosidade, o livro de cheques da autarquia pode ser o substituto dos pés de porco e orelhas do dito que, em dias de festa, se entregavam a quem desse mais.

A nostalgia do salazarismo acorda tiques que se estendem do interior do Cavaquistão até às zonas degradadas de uma cidade cosmopolita como o Porto.

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