Rajoy - [de] barba [e com] cenas…

O espectáculo que Mariano Rajoy levou à cena no parlamento espanhol é simultaneamente impressionante e desolador.

Em Fevereiro quando começaram a ser publicados os primeiros documentos na comunicação social sobre o affair Bárcenas apareceu a afirmar: é falso! link

Ontem, decorridos quase 6 meses sobre esta reacção inicial, mudou a versão: equivocou-se acerca de Bárcenas. Afinal, o ex-tesoureiro do PP era (foi?) um delinquente. Sem que, ao que que pretende transmitir, alguém tenha beneficiado dos seus delitos. Mas tentou dar a volta ao texto.

A ladainha cantada no Parlamento está ferida de insanáveis contradições e condenada a ser uma justificação atabalhoada, efémera e insuficiente.

Veja-se link:

“Fizeram-se pagamentos? Sim.


Pagaram-se remunerações complementares em virtude dos cargos? Sim.

Pagaram-se verbas por gastos inerentes ao desmepenho dos cargos? Também, como em todo o lado. “

E acrescentou à laia de desculpa:

É justo. Pagou-se por um trabalho, pagou-se e incluía-se o pagamento na contabilidade”…

Baseando-se num princípio universal de jurisprudência entende que não tem de demonstrar a sua inocência. Os ‘outros’ é que têm de provar as acusações. E até lá vou governando cheio de ‘espírito ganhador’ e na esperança que a justiça tarde em esclarecer o escândalo.

Entre estes ‘outros’ está o seu colaborador, agora 'delinquente', que amanhã será um alienado ou um cretino. Isto é, a campanha de branqueamento do ‘chefe’ avança a cavalo da destruição da idoneidade do ‘companheiro’ de mais de uma dezena de anos.

A Direita no seu melhor!

Ontem, pudemos observar como o presidente do PP enjeita responsabilidades sobre o que acontece no seu partido e enquanto presidente de um Governo não é capaz de retirar consequências dos dramáticos equívocos que lhe retiram toda a credibilidade.
Só que, para a Direita, os equívocos - mesmo que escabrosos - são transformados em acidentes 'inocentes'. Esta julga-se imbuída da missão de governar por ‘direito divino’ e tem dificuldade em compreender a necessidade de prestação de contas ao comum dos mortais (cidadãos).

Resta acrescentar vertente ética das 'confissões' ontem reveladas no Parlamento. Na verdade, é nítido que este Governo arvorou-se no ‘esmifrador’ do valor do trabalho dos espanhóis, no 'acelerador' da perda de milhares de postos de trabalho e agora no 'ocultador' de donativos (tudo menos inocentes) para engordar os cofres do partido e subsidiar o 'assalto ao poder', compondo pelo meio as finanças pessoais e, deste modo, elaborou uma atitude inaceitável. Mais do que isso: democraticamente intolerável.
Suceda o que suceder a Direita, uma vez conquistado o poder, aparecerá sempre a exibir os resultados das 'suas' eleições como inalienáveis, imperturbáveis e inflexíveis.
Onde temos ouvido, repetidamente, esta alegoria?

O esquema ‘popular’ (melhor dizendo: 'populista') é assim: passas-me cheques em branco e ao fim de 4 anos autorizamos que verifiques o saldo.
Quem aceita submeter-se a este dislate?

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