Eleições autárquicas e poluição publicitária

Com a dívida pública descontrolada, o desemprego que cresce, a miséria que grassa e o futuro cada vez mais negro e incerto, espantam o lixo e o luxo espalhados pelo país, em painéis caríssimos, com caras a que os símbolos partidários não retiram o ar patibular de foragidos procurados pela polícia.

Em 308 concelhos, onde nenhum partido teve a coragem de propor  fusões, e milhares de freguesias, erguem-se cartazes com fotografias gigantes e frases repetidas, sem que um só candidato prometa reduzir a dívida do município a que concorre.

Os cartazes, que arruínam as finanças partidárias e resultam de ligações suspeitas entre empresas e partidos, são a obscena exibição do desperdício, num país falido, e a mais despudorada manifestação do desinteresse dos candidatos pelas angústias dos eleitores.

As frases ridículas que acompanham as fotos dos candidatos podiam, com vantagem, ser, pelo menos, substituídas por uma ideia ou um propósito honesto, por exemplo, «eu só prometo não aumentar a dívida camarária».

A obscena provocação de campanhas dispendiosas devia ser punida por um eleitorado civicamente consciente. Não há um módico de moralidade e decência que desmotive os milhares de aspirantes a vencimentos indexados ao do PR, contando com as máquinas partidárias para obterem os benefícios dos cargos a que concorrem.

Podiam, pelo menos, moderar-se nos gastos e nas cumplicidades que os comprometem.

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