Taxa de desemprego, mini-jobs e empobrecimento colectivo…



“A taxa de desemprego estima-se para o segundo trimestre de 2013 de 16,4%. Este valor é superior em 1,4 pontos percentuais ao do trimestre homólogo de 2012 e inferior em 1,3 pontos percentuais ao do trimestre anterior” link.

Muito embora as reacções dos ministros Pires de Lima e Mota Soares fossem pautadas pela prudência na análise destes dados divulgados pelo INE o mesmo não pode dizer do agressivo embandeirar em arco do PSD link.

É que a notícia veiculada pelo INE acrescenta o seguinte pormenor que foi ofuscado (ou varrido) em da análise do partido governamental: “E para esta queda contribuíram todos os escalões de rendimento, à excepção dos salários líquidos inferiores a 310 euros, que registaram um aumentou de 5,2%. Já a maior quebra (25,6%) em relação a igual período de 2012 verificou-se no escalão de rendimentos entre os 1.800 a 2.500 euros”.

Ficamos, portanto, sem conhecer com rigor se os salários abaixo dos 310 euros, onde se entronca a tal redução estatística do desemprego no 2º. trimestre de 2013, dizem respeito a trabalho sazonal (em part-time e temporário), como salientaram as centrais sindicais ou, o que é muito grave, representam uma nova desvalorização do vector trabalho, muito ao jeito dos falados ‘mini-jobs’, tão do agrado da Srª. Merkel link, configurando uma desvairada caminhada para ‘resolver’ (mascarar) o endémico desemprego à custa de um abissal empobrecimento. 

De facto, os salários líquidos mensais inferiores a 310 euros, os tais que fizeram a taxa de desemprego descer, estão nitidamente abaixo do limiar da pobreza (estabelecido em 5040 euros/ano ou 420 euros/mês) link.

Seria bom que o Governo e as forças políticas ab initio (i. e., mesmo antes de aguardarem o expurgo destes novos dados das condicionantes envolventes) explicassem aos portugueses, em termos de futuro, para onde o País está a caminhar. 

Isto é, que não se fixassem na árvore próxima, mas que olhassem para a floresta…