Passos Coelho (PPC) interrompeu a docência e a decência
Aliviado do pelo no coiro e, na lapela, do PIN da bandeira
da República a que apagou o feriado, o catedrático de Gestão, no hiato de doutoramentos
e mestrados que ora orienta, surgiu de supetão nas televisões a acusar o atual Governo
de fugir às responsabilidades.
Quem se esquecia de pagar à Segurança Social e ao Fisco, em
sucessivas fugas às suas responsabilidades, não é o mais indicado para as
acusações que teceu, inspirado em Frei Tomás, à espera de que o Governo faça o
que ele diz, esquecido do que faz e fez.
PPC chegou ao Governo, imposto pelo Dr. Miguel Relvas,
através do chumbo do PEC4, programa que evitava a intervenção da troika em
Portugal e fora aprovado na Comissão Europeia e no Conselho Europeu, já apoiado
pela Alemanha e BCE, que queriam evitar um novo resgate e os sacrifícios,
depois dos infelizes resgates da Grécia e da Irlanda.
Foi mais forte a tentação do poder para quem não estava
preparado do que os interesses do País, opondo-se ao acordo, única forma de ser
ele a chegar a PM, incapaz de prever o sofrimento que a troika traria e que a
Espanha de Zapatero e, depois, de Rajoy, evitou com um acordo semelhante.
O ex-administrador da Tecnoforma recebeu pingues fundos do ex-secretário
de Estado, Miguel Relvas, cuja devolução, por burla, a União Europeia exigiu ao
Estado português. A PGR Joana Marques Vidal, com as provas da UE, admitiu abrir
um processo, de que se esqueceu, talvez inquieta com alguma procissão onde
exibiria as insígnias de PGR, como fizera na procissão do Senhor Santo Cristo, em
Ponta Delgada, onde desfilou com as vestes de Procuradora Geral Adjunta,
presença que o Senhor Santo Cristo certamente registou para iluminar Passos
Coelho a indigitá-la PGR e Cavaco Silva a nomeá-la.
PPC veio condenar a injeção de dinheiro na TAP. Até pode ter
razão, mas mingua-lhe a autoridade pois, salvo a venda a preços de saldo das
empresas do Estado, na tentativa de o desmantelar, foi ruinosa a sua passagem
pelo governo onde Cavaco Silva, então PR e seu devoto notário, protagonizou o
insólito ato que registo neste texto, deixando para outros escritos a tentativa
indeferida de receber vencimentos de deputado em dedicação exclusiva, por ser
falsa a declaração, e outras tropelias, dentro e fora do Governo.
Andava o Governo em dificuldades com a saída de um académico
ilustre, que fracassou na gestão do ministério das Finanças, quando PPC o substituiu
pela sua antiga docente, Maria Luís, a quem Paulo Portas ignorava o mérito, levando-o
à demissão irrevogável, assim como de todos os membros do CDS.
Caído o Governo, Cavaco e PPC fingiram não saber, e, na falta
do CDS, remodelaram o que restava, com a promoção da Dr.ª Maria Luís. O pífio
espetáculo não contou com os demissionários, mas a cumplicidade do PR e PM lá induziram
os ausentes ao regresso e a outra remodelação, com poder acrescido de Paulo
Portas para pôr freio ao PM e ordem no Governo, na qualidade de
vice-primeiro-ministro.
A assombração Passos Coelho veio só confirmar o que Marques
Mendes, cartomante de Fafe, com consultório na SIC, pressagiou uns dias antes:
“Mais ano menos ano, Passos vai regressar à política”, desejo logo reiterado
pelo seu dileto candidato fascista.
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