Eleições presidenciais – os candidatos relevantes
Não penso que a minha opinião influencie quem quer que seja, mas faz parte da minha intervenção cívica manifestá-la, sem a grosseria que alimenta as redes sociais e insultos que substituem os argumentos. Não é a injúria a um/a candidato/a de vasto currículo cívico, político e democrático, que menoriza a candidatura, é preciso que sejam sólidos os argumentos e honesta a crítica para valorizar o/a candidato/a que preferimos face aos adversários. Depreciar os candidatos com insultos, só revela a baixeza de quem o faz.
Esqueço o dia de ontem do PR, as declarações infelizes de
analista e decisor, nas vestes de líder do poder executivo que a CRP não lhe
confere; a tentativa de exonerar o MAI, depois da crueldade e injustiça, quando
dos incêndios de Pedrógão, para com a ministra de então; e a desajustada
referência pública a uma força policial, na primeira e tardia declaração sobre
o execrável crime de agentes seus. A deceção de não ficar na História como o
mais popular PR da segunda República e a incontinência verbal habitual, agora
que é recandidato, tardiamente anunciado, podem tê-lo instabilizado.
Contrariamente ao que é comummente dito, exceção feita ao
marginal da democracia, racista, xenófobo, defensor da pena de morte e com
vocação de capador, os candidatos às próximas eleições presidenciais são do
melhor que a democracia tem produzido.
Desde as eleições em que estiveram em confronto Salgado
Zenha, Mário Soares e Maria de Lurdes Pintasilgo, à esquerda, contra Freitas do
Amaral, à direita, com uma segunda volta épica entre duas grandes figuras da
nossa democracia, Soares e Freitas do Amaral, não voltámos a ter tantos e tão
insignes candidatos a disputar todo o espaço eleitoral.
A direita tem o melhor candidato de todos, culto,
inteligente, empático e em campanha de sedução eleitoral ininterrupta de muitos
anos, conseguindo numerosos votos de todos os quadrantes por ser democrata e
não pôr em causa a CRP e a democracia.
À esquerda aparecem três excelentes candidatos, também
cultos, inteligentes e honestos, todos com invejável percurso cívico e
qualidade política, dignos do voto de quem não se revê no candidato de direita,
e onde é fácil votar em quem, ainda que ideologicamente distante, contribua
para equilibrar os votos que atrai a inércia, a notoriedade e a convicção de
que o candidato de direita fará um segundo mandato isento.
Não há, pois, motivos para abstenção, votos nulos ou em
branco. Qualquer atitude nesse sentido é uma demissão do dever cívico e uma
ofensa à democracia.
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