As eleições presidenciais – A excelência dos candidatos

Partir do princípio de que será reeleito o atual PR é uma presunção de quem desvaloriza a campanha eleitoral, aumentando a abstenção, e pretende retirar do debate o escrutínio dos candidatos, o combate ideológico e a análise da personalidade dos candidatos.

Não há vencedores saídos das sondagens e do conservadorismo dos eleitores, e o mérito dos excelentes candidatos que estão anunciados merece ser apreciado na campanha que, sem começar, está a beneficiar de forma desmesurada o atual inquilino de Belém.

Há quem, na estreiteza de pensamento, por sectarismo ou maniqueísmo, este herdado de Tomás de Aquino, que impregnou a filosofia cristã do século 13, e ainda hoje marca indelevelmente o pensamento de muitos, só considere excelente o/a candidato/a em quem vota, depreciando todos os outros.

Abro um parêntese para recordar dois excelentes candidatos que protagonizaram o mais dramatizado combate eleitoral da democracia, Mário Soares e Freitas do Amaral.

Quem negará a dimensão intelectual, política e patriótica desses dois vultos que nos honraram e prestaram à democracia um inestimável serviço? Nenhum deles fora a minha primeira escolha, e Salgado Zenha e Maria de Lourdes Pintasilgo não deixaram de ser excelentes. Foi, aliás, perda irreparável que Freitas do Amaral por falta de coragem ou ambição não tenha apresentado a sua candidatura antes da de Cavaco Silva a quem faltava dimensão cultural, ética e democrática para o lugar que ocupou durante uma década.

Nas eleições de 2021 temos excelentes candidatos, a começar no da direita democrática, sem esquecer Ana Gomes, Marisa Matias e João Ferreira. Será estimulante ver como se comportam no confronto com quem votou contra o SNS, a despenalização do aborto e a cumplicidade na promoção de Cavaco Silva a líder do PSD e a PR.

É bom lembrar que o candidato Marcelo Rebelo de Sousa não quis na última campanha Passos Coelho e Paulo Portas, ativos tóxicos, e que deve a simpatia de que goza à diferença abissal que o separa do seu antecessor e à permanente campanha eleitoral de 5 anos de mandato.

Não menosprezemos a capacidade de confronto dos adversários para que o unanimismo de alguns setores de esquerda e de direita democrática se desfaça, e desmascare o bloco central que o candidato de direita representa para colocar o segundo mandato ao serviço da sua direita.

A democracia é servida pelos que ganham e pelos que perdem as eleições e jamais pelos que se abstêm ou alimentam as campanhas de ódio contra os políticos.