O dilúvio na freguesia de Ponta Delgada, na Madeira
As tragédias madeirenses merecem pouco mais atenção do que os governos autocratas do PSD que têm assinatura onde o salazarismo tinha raízes. Terminaram as provocações de Jardim, mas a autocracia continua e o Continente serve apenas como inimigo para a propaganda eleitoral, participação nos orçamentos e fiador dos desmandos financeiros.
Neste Natal, a freguesia de Ponta Delgada, no concelho de S.
Vicente, no norte da ilha da Madeira, foi fustigada com 30 horas ininterruptas
de chuva diluviana, enquanto a montanha se desfazia em derrocadas sobre a fajã
em que a pequena vila se localiza.
A chuva irrompeu pelas casas e estradas, desfez o cemitério
e deixou sem água, luz e comunicações a população. Falharam as previsões do
Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que apenas tinha divulgado um
benigno aviso amarelo, apesar do investimento de mais de três milhões de euros
num sofisticado radar meteorológico, inaugurado em janeiro com pompa e
circunstância. Uma obra pública em curso agravou a situação geral e aprisionou
oito turistas num túnel.
A noite do dia 24 foi de chuva intensa que se intensificou
na madrugada e prolongou no dia de Natal, perante o pânico generalizado e a
impotência da Proteção Civil.
O presidente da RAM já lá foi a garantir resposta rápida para
uma situação cujo nível de destruição o não consente. Enquanto 27 pessoas
continuam desalojadas, usam-se todos os meios para reabrir as vias de
comunicação, repor a canalização de água potável e o abastecimento elétrico.
Felizmente não se perdeu uma única vida, mas o pânico ainda
não abandonou aqueles portugueses que viveram a mais aterradora consoada das
suas vidas.
Curiosamente o PR não se deslocou à povoação mártir e,
enquanto se exibem os braços e os troncos dos vacinados do continente, esquecem-se
os rostos apavorados das pessoas da freguesia de Ponta Delgada, na Madeira.
Se o horror tivesse sido em Trás-os-Montes ou nas Beiras, o candidato
Marcelo teria ido confortar as vítimas e, decerto, já teria dito «é preciso
apurar o que se passou» e pedido a demissão do MAI e do ministro das
Infraestruturas e da Habitação.
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